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cuidado pós transferência dos embriões

Chegado um dos dias mais esperados do tratamento, após realizar a fertilização in vitro (FIV): a transferência embrionária. Tendo concluído o procedimento e depois de muita preparação, eis que surgem dúvidas de quais cuidados devem ser tomados. 

Existem vários mitos a respeito do que pode ou não ser realizado e quais as precauções após a transferência de embriões. Continue a leitura e entenda quais as recomendações após a realização da transferência embrionária! 

Etapa de transferência do embrião 

A transferência embrionária é a última etapa da FIV. Depois da estimulação ovariana por meio de medicamentos hormonais, a captação dos óvulos e a fertilização dos embriões em laboratório, os embriões são transferidos para o útero. 

A transferência é um procedimento indolor e tranquilo, costuma durar cerca de 15 a 20 minutos e logo após a mulher é liberada. O objetivo desse procedimento é inserir os embriões de forma eficiente na cavidade uterina, sendo necessário o preparo do endométrio para a sua realização.

É necessário fazer repouso após a transferência?

Não há nenhuma comprovação científica de que o descanso auxilie de alguma forma no processo de implantação do embrião.

Esse é um dos maiores mitos após a transferência embrionária. Assim como numa gestação natural, não existe nenhuma maneira dos embriões se deslocarem, pois eles ficam “aprisionados” no endométrio da mulher.

O descanso pode oferecer benefícios emocionais, no sentido de trazer conforto e segurança após o procedimento, no entanto, não interfere nas chances de sucesso. 

Além disso, o repouso em excesso pode ser até prejudicial para a paciente, pois pode provocar, de maneira desnecessária, sentimentos de ansiedade e angústia. Logo tente apenas relaxar e pensar de forma positiva! 

Posso fazer exercícios físicos após a transferência? 

Outro ponto de dúvida após a transferência de embriões é em relação às atividades físicas. 

Essa questão depende muito de cada paciente. Em geral, se os exercícios físicos já forem parte da sua rotina, ou caso sejam iniciados nessa fase e forem de leve intensidade, como yoga, alongamentos, hidroginástica, podem ser realizados sem nenhum problema. É importante antes conversar com o seu médico, pois cada organismo pode reagir de um jeito diferente. 

Muitas pacientes possuem dúvidas se podem fazer compras, voltar ao trabalho ou exercer outras atividades no dia do procedimento, e sim, essas atividades podem ser realizadas normalmente, pois não alteram a eficiência do procedimento. 

E quais os cuidados tomar com a alimentação?

É extremamente importante manter uma dieta saudável durante todo o procedimento, pois o estilo de vida  e a alimentação adequados são essenciais para alcançar o tão sonhado positivo. 

No entanto, nesse dia, após a transferência embrionária, os seus hábitos alimentares não precisam ser modificados – mas de forma alguma consuma bebidas alcoólicas. 

Posso realizar relações sexuais nesse período? 

O recomendado é que a vida sexual do casal continue normalmente, não há qualquer restrição e nenhum risco para o sucesso do procedimento. 

Posso pintar o cabelo após a FIV? 

Essa também é uma dúvida comum de pacientes após a FIV. Não está permitido utilizar produtos químicos nos cabelos, principalmente nas primeiras 12 semanas. Após esse período é recomendável ver a orientação do obstetra que faz seu seguimento. 

E quanto às medicações?

É importante mencionar ao médico quais medicamentos você utiliza antes do procedimento para que possam ser ajustadas. Se houver necessidade de alguma medicação após transferir, as recomendações são as mesmas dadas para as gestantes. Pergunte antes de utilizar! Reforçamos que a automedicação em qualquer momento não é recomendada. 

E você, ficou com mais alguma dúvida sobre quais cuidados após a transferência de embriões adotar? Aproveite e deixe nos comentários que responderemos assim que possível!

Gravidez ectópica

Sendo uma condição pouco frequente entre a população, a gravidez ectópica acontece quando o embrião (óvulo já fecundado) é implantado de forma equivocada fora da cavidade uterina. 

A gravidez extrauterina afeta cerca de 2 a cada 100 gestações diagnosticadas no Brasil, e se não for tratada a tempo pode trazer sérios riscos à saúde e à fertilidade da mulher.

Quer saber mais sobre a gravidez ectópica, quais os principais sintomas, por que ela ocorre e como são os tratamentos disponíveis? Leia nosso artigo e entenda! 

Por que ocorre a gravidez ectópica? 

Na gravidez uterina, o processo que normalmente ocorre é a fecundação do óvulo pelo espermatozoide nas trompas de Falópio, a partir de uma relação sexual. 

Em seguida o embrião se deslocará até o útero, acontecendo então o processo de nidação, que se trata da implantação do embrião no endométrio, marcando o início de uma gestação. 

Numa gravidez ectópica, a implantação do saco gestacional ocorre em outro local que não a cavidade uterina. Geralmente, a gravidez extrauterina ocorre em uma das trompas – na forma de gravidez tubária, mas também pode acontecer em outras partes, como ovários, colo do útero, na cavidade pélvica ou abdominal. 

A gravidez ectópica pode ser unilateral – em apenas uma das trompas de Falópio (podendo ser gemelar ou não), ou bilateral que é uma das formas de gestação gemelar mais raras, quando acontece em ambas as trompas.

Infelizmente, caso o embrião se fixe fora da cavidade uterina, ele não possui as condições necessárias para se desenvolver. 

A gravidez ectópica pode trazer sérios riscos à saúde da mulher, pois pode causar hemorragia, fortes dores abdominais e em alguns casos danos aos órgãos, podendo provocar até mesmo a morte. Por isso, quando há suspeita de gravidez e o teste dá positivo é importante consultar com um ginecologista e realizar um exame de ultrassonografia. 

Possíveis causas 

A gravidez extrauterina é um evento que pode acontecer com qualquer mulher em idade reprodutiva, no entanto, alguns fatores podem influenciar no surgimento. 

Algumas condições como infecções ou cicatrizes nas trompas uterinas, assim como a má formação, são fatores que podem prejudicar o deslocamento do feto até o útero. 

Outros principais fatores descritos na literatura médica que podem influenciar numa gravidez ectópica são:

Importante destacar que a presença de tais fatores podem aumentar a chance de uma gestação fora do útero, mas não são determinantes para a ocorrência. É necessário que seja realizada uma investigação médica aprofundada e individualizada conforme o histórico da paciente.

Sinais e sintomas

A gravidez ectópica corresponde a cerca de 1 a 2% de todas as gravidezes, sendo que o diagnóstico pode ser realizado em torno da oitava semana de gravidez. 

Os sintomas desse tipo de gestação variam, sendo inicialmente semelhantes aos de qualquer outra gravidez. A maioria das pacientes relata dor pélvica, cólicas e sangramento vaginal. Os sintomas podem muitas vezes ser ausentes, até a ruptura da estrutura que contém o embrião, que é uma situação bastante grave.

Sintomas de gravidez ectópica sem sinais de ruptura nas trompas:

  • dor ou desconforto na região abdominal;
  • sangramento vaginal irregular;
  • dor durante o exame pélvico;
  • dor às relações sexuais;
  • beta hCG  positivo.

Sintomas de gravidez ectópica com ruptura:

  • dor abdominal intensa;
  • fraqueza e desmaios;
  • sensação de peso na vagina;
  • forte dor à palpação do útero;
  • beta hCG positivo. 

Como é feito o diagnóstico 

Para ser diagnosticada, em caso de suspeita de gravidez ectópica o médico solicitará alguns exames que podem incluir:

  • nível sérico de beta-gonadotrofina coriônica humana (beta hCG);
  • ultrassonografia pélvica;

A gestação ectópica não pode progredir e chegar ao final, mas se diagnosticada e tratada antes de ocorrer a ruptura, os danos à saúde materna são raros. Caso haja a ruptura, o atendimento médico precisa ser imediato.

Tratamento 

O tratamento para a gestação ectópica pode ser realizado de algumas formas: por meio do uso de medicamentos que induzem o aborto, por meio de cirurgia para a retirada da estrutura acometida ou mesmo conduta expectante. A escolha do tratamento depende das características (localização, tamanho, fluxo sanguíneo, entre outros) avaliadas ao exame. 

O diagnóstico precoce é importantíssimo para que o tratamento possa ser menos invasivo e a recuperação mais simples, e o objetivo do tratamento é sempre na tentativa de preservar a fertilidade.

Leia também: Engravidar com uma trompa: descubra agora se é possível 

Como a reprodução humana pode auxiliar mulheres que já tiveram gestação ectópica?

Primeiramente, é importante destacar que é possível engravidar após uma gravidez ectópica. Uma mulher que passou por uma gestação ectópica continuará a ovular, sendo capaz de obter uma gestação natural ou com o auxílio da medicina reprodutiva. 

O sucesso de uma nova gestação dependerá dos danos que a gravidez fora do útero ocasionou ao aparelho reprodutor feminino. Por exemplo, no caso de gravidez tubária em que a mulher tenha perdido a trompa, uma nova gestação pode ficar mais difícil, mas é possível. Caso haja lesão de ambas as trompas, não é possível engravidar naturalmente, sendo necessário recorrer à fertilização in vitro

A gravidez ectópica pode acontecer em procedimentos de reprodução humana? 

Este tipo de gestação pode ocorrer no procedimento de reprodução humana de fertilização in vitro (FIV).

Embora os embriões sejam transferidos diretamente para a cavidade uterina, patologias nas trompas uterinas, tipos de tratamento realizado e microcontrações uterinas, além de outros fatores como idade materna avançada e tabagismo são alguns possíveis motivos de  gestação ectópica em mulheres submetidas ao procedimento. 

A gravidez fora do útero pode acontecer por diversas outras questões, pois possui vários fatores de risco associados, dessa maneira, é difícil atribuir a apenas uma causa isolada. 

Uma das formas de diminuir a incidência de gestação ectópica em procedimentos de FIV é a redução do número de embriões transferidos, além da transferência em estágio de blastocisto (embrião no 5° dia). 

Gostou do nosso artigo sobre gravidez ectópica? Caso ainda esteja com dúvidas entre em contato conosco ou deixe um comentário abaixo! 

Histerossonossalpingografia

A Histerossonossalpingografia trata-se de um exame ginecológico realizado com o objetivo de avaliar a permeabilidade das trompas uterinas e útero e permite o diagnóstico de alguma patologia na região.

O exame pode ser um grande aliado na investigação das causas de infertilidade de um casal, por fornecer informações importantes das trompas e cavidade uterina. É importante lembrar que as trompas são responsáveis pelo transporte do óvulo desde o ovário até a cavidade uterina, além de serem a região onde ocorre o encontro entre óvulo e espermatozoide. Por isso, é importante conhecer mais sobre estas estruturas.

Continue a leitura deste artigo e entenda mais detalhes sobre o exame de histerossonossalpingografia.

Como funciona este exame?

A histerossonossalpingografia é um exame com mecanismo muito semelhante à histerossalpingografia, sendo este último bastante conhecido pelas tentantes. O processo, nos dois exames, consiste na injeção de líquido pela cavidade uterina e observação da passagem deste conteúdo pelo útero, trompas, até chegar na cavidade abdominal.

No caso da histerossonossalpingografia, esta avaliação é feita por ultrassom transvaginal. Para sua realização, é inserido um cateter através da vagina até o útero e injetada uma solução específica, que facilita a visualização do útero e a identificação de possíveis lesões e demais alterações na região.

A realização do exame pode se associar a um leve desconforto, devido à passagem do cateter pelo útero e pela pressão exercida na injeção da solução na cavidade uterina. O grau de desconforto é variável e depende muito do limiar de dor de cada pessoa. Algumas pacientes podem não apresentar sintomas antes ou após a realização, enquanto outras podem necessitar de uso de medicações sintomáticas antes e após o exame.

Através da injeção da solução salina é possível visualizar os contornos do endométrio (camada interna do útero) e as trompas, enquanto ocorre a dispersão do líquido na região.

O processo dura em média 20 a 30 minutos e pode ser realizado em hospitais e clínicas de imagem. Atualmente, é possível realizar esse exame no CEFERP via agendamento, associado ou não à sedação, na presença de anestesista.

Como vimos anteriormente, existem outros meios de avaliação das trompas e cavidade uterina. Alguns exames podem também trazer informações importantes neste assunto, como a histerossalpingografia, videolaparoscopia com realização de cromotubagem e a histeroscopia.

Quando o exame de histerossonossalpingografia é indicado?

A principal indicação do exame é como parte da investigação na infertilidade conjugal. Após uma análise médica da saúde reprodutiva do casal, serão solicitados exames para ambos e um dos fatores a serem analisados é a permeabilidade das trompas e as condições do útero da mulher.

Em alguns casos, o exame pode não ser solicitado na avaliação inicial. Um exemplo desta situação é quando já há indicação de tratamento de fertilização in vitro por outros motivos (como, por exemplo, fator masculino severo). Como os casais que farão a fertilização in vitro terão a formação dos embriões no laboratório, e não nas trompas, não é obrigatória a avaliação da permeabilidade destas estruturas. Porém, caso haja suspeita de outras patologias tubárias, como a hidrossalpinge, continua sendo mandatória a melhor avaliação das trompas para programar a correção dos achados.

Por meio do exame de histerossonossalpingografia é possível verificar as condições das trompas e do útero, e obter alguns diagnósticos, como:

  • obstrução unilateral ou bilateral das trompas de Falópio;
  • hidrossalpinge (trompa dilatada);
  • alterações uterinas sugestivas de miomas submucosos ou pólipos;
  • anomalias anatômicas, como septos uterinos, entre outros achados.

Qual a diferença entre histerossalpingografia e histerossonossalpingografia?

A histerossalpingografia, assim como a histerossonossalpingografia, é um método que permite o diagnóstico de fatores uterinos e tubários.

A histerossalpingografia é um exame de raio-X. Nesse exame, o médico injeta um contraste no útero, com o auxílio de um cateter, e após realiza algumas radiografias com o objetivo de observar o trajeto do líquido no útero em direção às tubas uterinas.

A histerossonossalpingografia é um exame mais recente, com princípio semelhante, e em alguns casos é uma boa opção à histerossalpingografia. Isso porque ela pode se apresentar como um exame mais prático, pois pode ser realizado no consultório pela equipe médica, sem a necessidade de um suporte radiológico específico como a histerossalpingografia.

Devido à utilização de ultrassom em substituição ao raio X, a histerossonossalpingografia também tende a ter uma duração um pouco menor, tentando reduzir o desconforto da paciente na realização do exame.

A escolha da histerossonossalpingografia é bastante frequente entre os ginecologistas, uma vez que esse procedimento apresenta pouquíssimas chances de complicações e tem uma confiabilidade bastante relevante. Além disso, o procedimento é também menos invasivo do que um exame por laparoscopia, por exemplo, que consiste em uma cirurgia realizada por vídeo e que, portanto, é mais invasiva e necessita de anestesia.

Como se preparar para o exame?

A preparação da paciente para a histerossonossalpingografia é muito importante para minimizar os possíveis desconfortos e evitar complicações e resultados distorcidos.

O recomendável é que o exame seja realizado após finalizar o período de sangramento menstrual intenso e até o 12° dia do ciclo menstrual, pois idealmente é o período que corresponde ao intervalo entre o fim da menstruação e ovulação. Em caso de dúvida, a paciente deve informar a equipe médica e pode ser necessário aguardar o próximo ciclo menstrual.

Caso não seja optado por realizar o procedimento com sedação, não é obrigatório jejum para realizar o exame. Em alguns casos, a paciente receberá orientação para utilizar alguma medicação para dor antes ou depois da histerossonossalpingografia.

A histerossonossalpingografia ajuda a engravidar?

É bastante frequente que pacientes procurem a realização da histerossonossalpingografia com o objetivo de desobstrução das trompas, buscando, assim, a ampliação das chances de sucesso para engravidar. Contudo, não há evidência científica que leve a crer que esse exame deva ser feito com o propósito terapêutico, mas sim de diagnóstico de possíveis alterações.

É importante ressaltar que o líquido injetado auxilia na identificação de dilatações ou obstruções que possam impedir ou dificultar os processos de gravidez. Porém, não se pode afirmar que a passagem do líquido por aquela região possa desencadear algum efeito que possibilite a correção de qualquer processo que esteja impedindo a passagem pelas trompas de Falópio.

Assim, ao optar pela realização do exame, o objetivo deve ser o de identificar possíveis alterações para melhor orientação de tratamentos específicos posteriormente, sempre levando em consideração o histórico individual e conjugal, idade, reserva ovariana da mulher, dentre outros fatores.

Tirou suas dúvidas sobre a histerossonossalpingografia? Entre em contato com o CEFERP e agende sua consulta!

desenvolvimento do embrião

A fertilização in vitro (FIV) é uma técnica de alta complexidade recomendada para casais que enfrentam dificuldades para engravidar. Entre algumas das etapas da FIV está o cultivo embrionário, onde ocorre o desenvolvimento do pré-embrião.

Como a fecundação do embrião é realizada em laboratório, ou seja, fora do corpo feminino, o desenvolvimento do embrião é acompanhado de perto por embriologistas até o momento da transferência dos embriões para o útero ou o congelamento dos mesmos.

Entenda mais neste artigo como funcionam as etapas do desenvolvimento do embrião!

Fertilização ou dia zero

As etapas de desenvolvimento do embrião em laboratório acontecem durante o período de no máximo sete dias, até por fim serem transferidos para o útero (ou congelados). Essa fase de desenvolvimento e cultivo é muito importante e o monitoramento é fundamental para identificar possíveis alterações, e dessa forma, escolher o embrião mais viável para a transferência uterina.

O processo se inicia com a coleta dos gametas femininos (óvulo) e masculino (espermatozoide), onde se tem a formação do zigoto podendo durar em média de 2 a 7 dias. Esse processo de fertilização é conhecido como dia zero.

A fertilização pode ser realizada por meio da fertilização in vitro convencional onde é colocado uma quantidade de espermatozoides na placa que contém o óvulo, ou por meio da técnica de injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI), que como o próprio nome diz, consiste na injeção de um espermatozoide dentro do citoplasma de um óvulo.

Como acontece o cultivo do embrionário

Depois da etapa da fertilização os embriões vão para o chamado cultivo embrionário. Nessa etapa do desenvolvimento do embrião, eles ficarão em ambiente controlado, no qual são reproduzidas as condições ideais de temperatura, pH e mistura de gases.

A combinação desses fatores é necessária para favorecer o desenvolvimento do embrião, sendo constantemente monitorado por embriologistas, profissionais altamente qualificados. Quanto mais adequado o ambiente e acompanhamento, maior será a taxa de sucesso do procedimento.

Logo, no dia um, após 16-18h da fertilização, já é possível verificar se o óvulo foi fertilizado e se é possível constatar por meio de estruturas morfológicas que há um pré-embrião. Confira aqui o vídeo sobre as etapas do desenvolvimento embrionário que produzimos com o diretor dos laboratórios do CEFERP, Dr. Marcelo Rufato.

Início do processo de divisão celular

No segundo dia das etapas de desenvolvimento do embrião é esperado que ocorra o processo de clivagem, que se trata da divisão celular do embrião. Nessa fase, o embrião pode ter em média de duas a quatro células (ou blastômeros).

No terceiro dia de desenvolvimento embrionário continuam as sequências do processo de divisão celular com a multiplicação das células. Nessa etapa será necessário o embriologista analisar o número de células, assim como o tamanho, simetria e a fragmentação do embrião, entre outros parâmetros que possibilitam verificar o desenvolvimento. Nessa fase, espera-se que o embrião tenha em torno de 8 células.

Esses três dias de desenvolvimento embrionário são importantíssimos, pois constata-se uma média de fertilização de 80% e de embriões clivados de 90 a 95%.

Após o cultivo embrionário algumas possibilidades surgem: o congelamento do embrião (vitrificação) ou a transferência embrionária.

No quarto dia, caso o embrião não tenha sido transferido ou congelado ele seguirá o desenvolvimento na incubadora até o dia máximo de limite de desenvolvimento em laboratório. Sendo assim, as divisões celulares continuam, com o embrião se desenvolvendo em mórulas e blastocistos.

Condições favoráveis para o desenvolvimento do embrião

Com os avanços tecnológicos nas técnicas de fertilização in vitro e equipamentos, atualmente é possível levar o embrião ao máximo de desenvolvimento embrionário in vitro até ele ser transferido para o útero, podendo ser deixado em cultivo até o sétimo dia.

Isso é importante, pois quanto mais avançado é o desenvolvimento embrionário, maior a chance de gravidez por transferência, aumentando assim a chance do casal engravidar.

Durante o cultivo embrionário é possível selecionar os melhores embriões para a transferência.

Etapa de blastocisto

No quinto dia o embrião atinge a etapa de blastocisto, sendo o estágio máximo de desenvolvimento do embrião no laboratório, em alguns casos pode ser necessário aguardar até o sétimo dia.

Em todas essas etapas do desenvolvimento embrionário ainda não existe uma diferenciação celular em órgãos e tecidos complexos. Nessa fase, o embrião ainda é um amontoado de células onde temos a massa celular interna, que é possível prever a quantidade de células que vai dar origem ao bebê e o trofectoderma que dá origem à placenta.

Após o sétimo dia, caso o embrião não tenha sido transferido para o útero da mãe ele será criopreservado para uma transferência futura. Logo, o crescimento é pausado por tempo indeterminado.

Quantos embriões podem ser transferidos?

O número de embriões a serem gerados (máximo oito) e transferidos é determinado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) de acordo com a idade da mulher:

  • mulheres até 37 anos: até 2 embriões;
  • mulheres acima de 37 anos: até 3 embriões.

Depois de 10 a 14 dias da transferência embrionária a mulher deve realizar um teste de gravidez. Caso o resultado seja positivo, cerca de 10 dias depois é possível realizar um ultrassom transvaginal que permite visualizar o saco gestacional e confirmar a ocorrência da gravidez.

Cada etapa da FIV é muito importante para o sucesso do tratamento. Graças ao procedimento muitos casais com dificuldade de engravidar conseguem realizar o sonho de gerar o seu bebê.

Gostou do nosso artigo sobre as etapas do desenvolvimento do embrião? Aproveite e baixe também o infográfico que fizemos com as etapas resumidas!  Continue acompanhando o blog do CEFERP para mais dicas e novidades!

Folículo

A cada ciclo menstrual acontece o processo de ovulação, sendo esse um elemento chave para que uma gravidez ocorra.

Logo no início de cada ciclo menstrual, em um ciclo ovulatório natural,  os folículos primordiais localizados em um dos ovários começam a se sobressair para amadurecer. Quando um dos folículos atinge mais de 10 milímetros e se torna dominante, ele irá continuar crescendo para se romper em condições hormonais ideais  e assim ocorrer a liberação do óvulo.

Continue a leitura e entenda tudo sobre o folículo dominante e, porque no tratamento de reprodução assistida a presença dele pode ser prejudicial.

Como funciona o ciclo ovulatório no ciclo menstrual

Todos os meses acontece o ciclo menstrual responsável por preparar a parede uterina para o recebimento de um embrião.

O ciclo menstrual é regulado por diversos hormônios, como os produzidos pelos ovários, durante o ciclo ovulatório. Os ovários são as gônadas femininas, responsáveis por produzir os gametas femininos, bem como os hormônios sexuais – estrógeno e progesterona, além da testosterona.

O ciclo ovariano inicia-se com a liberação do hormônio liberador de gonadotrofinas pelo hipotálamo, que estimula a hipófise a secretar os hormônios folículo estimulante (FSH) e luteinizante (LH). O FSH auxiliado pelo LH irá estimular o crescimento dos folículos que passam a secretar pequenas quantidades de estradiol. Com isso, o folículo cresce e o futuro óvulo amadurece.

Quando a secreção do estradiol aumenta ocorre também um aumento nos níveis de FSH e de LH, levando a um pico nos níveis de LH. Em resposta a esse aumento de níveis hormonais, o folículo e a parede adjacente do ovário se rompem liberando assim o óvulo do interior do folículo dominante.

O que acontece no corpo após a ovulação?

Após a liberação do folículo dominante, o tecido folicular deixado no ovário transforma-se em corpo-lúteo sob a ação do LH e secreta a progesterona. A liberação desses hormônios desencadeia a redução do LH e FSH, evitando assim a maturação de um novo folículo.

Após a ovulação é possível que ocorram duas situações:

  • Gravidez: aqui o óvulo já na trompa encontrou o espermatozoide e ocorreu a fertilização. Em cerca de 4 a 5 dias após a ovulação o pré-embrião chega à cavidade uterina e implanta-se no endométrio.
  • Menstruação: nesse caso o óvulo não encontra o espermatozoide, logo o corpo lúteo se degenera e os níveis hormonais caem, levando à descamação do endométrio e à menstruação. Com isso um novo ciclo se inicia.

Folículo dominante e tratamento de reprodução humana

A estimulação ovariana e a indução da ovulação são procedimentos que clínicas de fertilidade realizam para aumentar as chances de concepção. Esses procedimentos podem ser realizados tanto via relação sexual programada (RSP), como na inseminação artificial (IA) e fertilização in vitro (FIV).

Como foi possível ver acima, no ciclo ovulatório natural a mulher libera mensalmente apenas um óvulo, embora diversos folículos sejam recrutados e iniciem o crescimento.

Quando a mulher realiza o tratamento de reprodução humana e desejamos o crescimento de mais de um folículo, a presença de apenas um folículo dominante no ciclo ovulatório pode ser prejudicial, pois ele tende a responder mais rápido do que os demais folículos e impedir esse crescimento multifolicular.

Por essa razão,  muitas vezes é  preciso aguardar um novo ciclo para o início do tratamento, sendo realizado o processo de indução da ovulação quando todos os folículos estão em estágio antral, para estimular seu crescimento e, por seguinte, a fase de maturação.

Todo esse processo de estimulação ovariana na reprodução assistida ocorre com o uso de medicamentos hormonais, sendo geralmente usado gonadotrofinas que  permitem o amadurecimento de um número maior de óvulos.

Protocolo Individualizado

A depender do protocolo a ser utilizado, são aplicadas injeções diárias, em dias alternados ou mesmo uma aplicação única de liberação prolongada de gonadotrofina, o protocolo é sempre realizado pelo médico de forma individualizada.

No tratamento de reprodução assistida, essa fase dura em torno de dez a doze dias e será acompanhada por ultrassons transvaginais periódicos.

Ainda no tratamento, também são utilizados medicamentos que visam o bloqueio da hipófise para impedir o pico de LH, o que poderia causar uma ovulação inesperada comprometendo a coleta dos gametas.

O acompanhamento dos crescimentos dos folículos na reprodução assistida é feito de perto por meio de ultrassonografias, quando os folículos maiores atingem um determinado tamanho é aplicado um outro hormônio na paciente para que a coleta seja realizada.

Ultrassonografia transvaginal

A primeira etapa da estimulação ovariana se inicia com a realização do ultrassom transvaginal para avaliar o útero e ovários, endométrio e também fazer a contagem dos folículos antrais em cada ovário.

Na ultrassonografia é possível descartar a presença de folículos dominantes e também a presença de cistos patológicos, como o endometrioma (endometriose no ovário) ou tumores ovarianos.

O processo de contagem dos folículos é realizado na fase folicular inicial (primeiros dias do ciclo menstrual), sendo possível assim avaliar a quantidade de folículos que podem ser estimulados durante o tratamento de reprodução assistida. Quanto mais jovem a mulher, maior tende a ser a reserva ovariana.

Caso o ultrassom não identifique nenhum um problema que comprometa os procedimentos de reprodução humana, segue-se para a etapa seguinte que é a administração de medicamentos hormonais com o objetivo de promover crescimento e amadurecimento dos folículos.

A contagem de folículos também é uma questão importante para o diagnóstico da síndrome dos ovários policísticos (SOP).

Gostou do nosso artigo sobre folículo dominante? Leia mais sobre fertilidade e tratamento de reprodução humana assinando a nossa newsletter!

Bandeira

Um assunto ainda pouco discutido e retratado na mídia é a gravidez trans. Sim, pessoas transgênero tem a possibilidade de terem filhos biológicos, afinal a identificação com o sexo oposto do nascimento não interfere na vontade de ser pai ou mãe.

Pessoas trans podem passar por cirurgias e terapias hormonais podendo levar a infertilidade temporária ou total, por isso é muito importante pensar sobre ter filhos ou não, antes mesmo de iniciar a transição de gênero.

Leia nosso artigo e entenda mais sobre a gravidez trans, além de trazermos informações relevantes sobre os procedimentos disponíveis, também vamos tratar sobre a nova resolução n° 2.294 do Conselho Federal de Medicina (CFM)!

O que é ser transgênero?

Uma pessoa transgênero ou trans pode identificar-se como homem, mulher, trans-homem, trans-mulher, como pessoa não-binária ou com outros termos. A identidade de gênero é diferente da orientação sexual, logo pessoas trans podem ter qualquer orientação sexual, incluindo heterossexual, homossexual, bissexual e assexual.

A identidade de gênero refere-se à experiência de uma pessoa com o seu próprio gênero. Pessoas trans possuem uma identidade de gênero que é diferente do sexo que lhes foi designado no momento do nascimento.

Como funciona a gravidez trans na reprodução assistida?

No CEFERP nosso objetivo é ajudar famílias a realizarem o seu sonho de gerar um bebê por meio da reprodução assistida, independente da orientação sexual ou gênero dos progenitores.

Homem trans e reprodução assistida

Homens transgênero podem engravidar naturalmente, pois possuem o aparelho reprodutor feminino. No entanto, é necessário pausar a medicação hormonal que auxilia na transição durante todo o período de tratamento (se necessitar reprodução assistida – RA)  e também durante a gestação.

Ainda não existem estudos que demonstram o impacto da testosterona na quantidade de óvulos no organismo. No entanto, ao parar o tratamento hormonal os sinais masculinos irão regredir, dessa forma voltará o ciclo menstrual, a ovulação e a possibilidade de engravidar.

Quando o casal é formado por homem transgênero + mulher CIS (identidade de gênero idêntica ao sexo que nasceu) o tratamento de reprodução assistida é o mesmo de um casal homoafetivo feminino.

Nesse caso, o mais recomendado é a mulher CIS doar os óvulos para o procedimento de fertilização in vitro (FIV), por conta das medicações hormonais que o homem trans utiliza.

Já tratamos aqui no blog do CEFERP sobre como funciona o tratamento de reprodução assistida para casais homoafetivos, clique aqui e leia mais.

Caso o homem trans deseje engravidar em algum momento da vida, ou deseje doar ou preservar seus óvulos, recomendamos o processo de congelamento de óvulos, se possível antes mesmo da transição.

Se a pessoa possui óvulos congelados mas não desejar gerar o bebê, também é possível recorrer a um útero solidário. Nesse caso, a fecundação é realizada em laboratório por meio da FIV e após o embrião será implantado na parceira ou útero solidário.

Mulheres trans e reprodução assistida

No caso de mulheres transgênero também é possível ter filhos biológicos, porém não há a possibilidade dela gestar o bebê por conta do aparelho reprodutor masculino.

Por meio da reprodução assistida, seja pela coleta de espermatozoides para inseminação artificial, ou fertilização in vitro é possível que ocorra uma gravidez, sendo necessária uma doação de útero para gerar o bebê, caso o casal não seja formado por mulher trans + mulher CIS.

Quais são os procedimentos disponíveis na gravidez trans?

Os procedimentos disponíveis de reprodução assistida para gravidez trans são os mesmos que para casais heterossexuais.

Ou seja, a partir da definição de quem irá doar o óvulo ou o espermatozoide e quem irá gestar o bebê, serão solicitados alguns exames para que uma avaliação clínica seja realizada. As opções disponíveis de tratamento são:

Inseminação Artificial:

Este é um tratamento de baixa complexidade em que o sêmen é depositado na cavidade uterina e a fecundação acontece no útero da pessoa que irá gestar o bebê com o seu próprio óvulo. Entenda melhor sobre o tratamento aqui.

Fertilização in vitro:

Tratamento de alta complexidade em que os embriões são formados em laboratório a partir da fecundação do óvulo pelo espermatozoide.

É possível que homens transgênero utilizem no procedimento espermatozoide de doador anônimo de banco de sêmen. Aqui no CEFERP damos assistência durante o processo de escolha do sêmen do doador anônimo com cadastro em Bancos de Sêmen Nacional e Internacional. Entenda melhor sobre o procedimento aqui.

Também é possível que mulheres transgênero utilizem o óvulo de sua parceira ou de banco de óvulos próprios da clínica, ou de banco internacional na FIV.

Resolução do CFM N° 2.294

Pessoas transgênero foram recentemente incluídas oficialmente na resolução do CFM n° 2.294 como beneficiárias da técnica de reprodução assistida. Vejamos abaixo o que diz a nova resolução que trata sobre pacientes beneficiários das técnicas de reprodução assistida (RA):

II – PACIENTES DAS TÉCNICAS DE RA

  1. Todas as pessoas capazes que tenham solicitado o procedimento e cuja indicação não se afaste dos limites desta resolução podem ser receptoras das técnicas de RA, desde que os participantes estejam de inteiro acordo e devidamente esclarecidos, conforme legislação vigente.
  2. É permitido o uso das técnicas de RA para heterossexuais, homoafetivos e transgêneros.
  3. É permitida a gestação compartilhada em união homoafetiva feminina. Considera-se gestação compartilhada a situação em que o embrião obtido a partir da fecundação do(s) oócito(s) de uma mulher é transferido para o útero de sua parceira.

Procure uma clínica de fertilidade de confiança

Uma forma de o casal assegurar seus direitos e ainda esclarecer todas as dúvidas sobre o tema é procurar por uma clínica de reprodução assistida que oferece assessoria.

Contar com uma clínica de reprodução assistida de confiança é fundamental para que sejam esclarecidos todos os detalhes quanto ao procedimento de reprodução humana, assim como as questões jurídicas envolvidas.

O casal deve ficar atento se a clínica conta com profissionais especializados e credenciados pelo Conselho Regional de Medicina, além de verificar a credibilidade da instituição.

Gostou do nosso artigo sobre gravidez trans? Se você é transgênero e pretende ter filhos, procure uma clínica de reprodução assistida de confiança!

Fontes:

https://www.unfe.org/wp-content/uploads/2017/05/Transgender-PT.pdf

https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2021/01/05/sou-homem-trans-e-estou-ha-3-meses-usando-testosterona-posso-engravidar.htm

https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-cfm-n-2.294-de-27-de-maio-de-2021-325671317

https://ceferp.com.br/tratamentos/gravidez-homoafetiva/

https://ceferp.com.br/blog/reproducao-homoafetiva/

http://lifesearch.com.br/tratamento-de-fertilidade-para-transgeneros/

Utero

O endométrio trata-se de uma camada que reveste a parede interna do útero e que possui extrema importância para que uma gestação ocorra.

Esse tecido é carinhosamente chamado também de “cama do embrião”, pois é ele que o recepciona para a devida implantação e desenvolvimento. Portanto, o endométrio passa por toda uma preparação no corpo da mulher, seguindo as fases do ciclo menstrual. Sendo assim, nos tratamentos de reprodução humana, o endométrio também precisa estar preparado para recepcionar o embrião, e este preparo pode ocorrer de diversas formas. Uma destas formas é o preparo em um ciclo natural da mulher.

Se você possui dúvidas ou curiosidades sobre o ciclo natural no preparo do endométrio, quais suas etapas e como ele é feito na Fertilização In Vitro (FIV), continue a leitura!

O que é o preparo do endométrio?

Todos os meses, o endométrio sofre alterações em sua espessura e, caso não ocorra uma fecundação e implantação, ele descama, dando origem à menstruação.

Durante cada ciclo menstrual, o endométrio é estimulado pela ação de hormônios. Eles tem o objetivo de induzir um aumento da espessura endometrial e também uma transformação nas características deste tecido. Como ele é parte importante do fenômeno de implantação embrionária, o devido preparo é fundamental para a melhor interação possível entre embrião e endométrio e, propiciar, desta forma, melhores chances de gravidez.

Portanto, na gestação espontânea e inclusive na FIV é preciso que o endométrio esteja devidamente preparado e receptivo para o momento da chegada do embrião ao útero.

Na FIV, como dissemos anteriormente, existem diversas formas em que o endométrio pode se preparar para a transferência. Nos casos em que a transferência embrionária ocorre logo nos próximos dias da coleta de óvulos, por exemplo, a própria estimulação dos ovários leva a uma cascata de eventos que também preparam o endométrio. Já nos casos em que não tenha sido realizada estimulação ovariana recente, este preparo pode ocorrer de forma artificial ou natural. Em um ciclo de preparo artificial são administrados medicamentos hormonais, enquanto no ciclo natural o preparo ocorre com os hormônios do corpo da mulher. Alguns cenários envolvem estratégias mistas, preparo conhecido como ciclo natural modificado.

Como é o preparo do endométrio no ciclo natural?

Para entender melhor o funcionamento do preparo do endométrio em ciclo natural é preciso saber como funciona o ciclo menstrual.

O ciclo se inicia no primeiro dia da menstruação e termina com a chegada da menstruação do mês seguinte. Ele é composto por fases, que podem receber denominações diferentes.

A primeira fase, conhecida como fase folicular, é onde ocorre o crescimento dos folículos (estruturas que armazenam os óvulos) até a seleção do folículo dominante, que crescerá mais rápido que os demais e culminará na ovulação. Este crescimento faz com que haja aumento dos níveis do hormônio estrogênio, responsável pelo espessamento do endométrio.

Após este recrutamento de folículos e crescimento adequado do folículo dominante, alguns mecanismos hormonais fazem com que ocorra a ovulação. A partir deste momento, se inicia a segunda fase do ciclo, também chamada de fase lútea. Neste período, ocorre aumento dos níveis de progesterona, hormônio responsável por manter e modificar o endométrio para a possível gravidez.

Portanto, no preparo em ciclo natural é importante que seja possível acompanhar estas fases. Também é importante enfatizar que a ovulação desempenha papel crucial no preparo em ciclo natural, já que são os fenômenos ovarianos que produzirão os hormônios necessários para o endométrio. Este acompanhamento é realizado através de ultrassonografia transvaginal. Como em ciclo natural dependemos do comportamento adequado do ovário, podem ser necessários mais exames de ultrassonografia para acompanhamento do ciclo.

Este acompanhamento ultrassonográfico permitirá identificar o melhor momento para programar a transferência, período conhecido como janela de implantação.

Qual a diferença entre o preparo do endométrio natural e artificial?

No preparo do endométrio em ciclo artificial as mudanças necessárias no endométrio são causadas por hormônios administrados externamente, com o objetivo de simular o que ocorre em um ciclo natural.

Esta situação costuma trazer maior flexibilidade e praticidade para a paciente, pois como os hormônios são administrados, isto permite ajustes de tipo de medicação, dose, tempo de uso, dentre outros fatores, o que geralmente não é possível em ciclo natural, pois é o ovário quem determina a produção hormonal. Por outro lado, em ciclo natural, é necessário acompanhar o “trabalho” do ovário, o que pode fazer ser necessário maior número de idas à clínica para acompanhamento ultrassonográfico.

Preparamos um artigo no blog do CEFERP exclusivo buscando explicar todas as dúvidas sobre o preparo do endométrio em ciclo artificial na FIV.

O preparo do endométrio no ciclo natural é melhor que o artificial?

Cada tipo de preparo tem suas indicações, vantagens e potenciais desvantagens. Portanto, deve-se individualizar a decisão de acordo com o caso, características do ciclo menstrual ou até mesmo preferências da paciente ou casal. Por exemplo, enquanto o preparo em ciclo artificial pode trazer maior flexibilidade ao tratamento, o preparo em ciclo natural pode se associar a menor uso de medicações, portanto menos efeitos colaterais associados.

Questões como a presença ou não de ovulação, diagnóstico de menopausa, entre outras, influenciam na escolha da melhor forma.

Em linhas gerais, não existe evidência de superioridade de um tipo de preparo sobre o outro. Porém, como mencionamos, cada decisão deve ser avaliada com suas particularidades.

O que é ciclo natural modificado?

Muitas vezes na FIV quando falamos sobre preparo do endométrio em ciclo natural as pacientes supõem que não será aplicado nenhum tipo de medicamento.

No entanto, em alguns casos é necessário realizar alguns ajustes para ter um maior controle do ciclo. Um exemplo comum é a possível necessidade do uso de medicamentos para desencadear a ovulação. Outro hormônio que pode ser administrado é a progesterona, mesmo tendo sido realizado ciclo natural. Essas indicações também devem ser discutidas com a equipe que faz o seu seguimento, de forma individual.

Este tipo de preparo com uma estratégia mista, ou seja, através dos hormônios do próprio organismo da mulher, porém com auxílio de outros hormônios externos, é denominado de ciclo natural modificado. Ele pode trazer algumas vantagens, como a tentativa de maior precisão para identificar o momento da transferência embrionária, além de utilizar menos medicamentos em comparação a um ciclo artificial.

Para saber qual a melhor estratégia para o seu caso específico, é fundamental que converse com o seu médico e a equipe responsável pelo seu acompanhamento, pois cada tratamento deve ser feito de maneira individualizada.

Gostou do nosso artigo sobre como funciona o preparo do endométrio no ciclo natural? Então assine nossa newsletter e acompanhe todas as novidades do CEFERP.

Estetoscópio em cima de um livro

Vou fazer a FIV e gostaria de escolher o sexo do bebê! Quero ficar com muitos embriões congelados! No meu tratamento, quero ter gêmeos e gostaria de transferir 03 embriões de uma só vez! Não tenho infertilidade e gostaria de fazer a FIV para escolher a cor dos olhos do meu filho!

Na prática clínica da reprodução assistida muitas vezes chegam dúvidas deste tipo. Por isso, o Conselho Federal de Medicina (CFM) publica resoluções para orientar, do ponto de vista ético, a realização das técnicas de reprodução assistida (RA). Em junho de 2021 foi publicada uma atualização, a resolução CFM n° 2.294/ 2021.

Neste artigo vou vai conferir quais foram as principais mudanças e como elas impactam no tratamento de reprodução assistida!

Quais são as principais novidades da resolução CFM n° 2.294?

A nova resolução do CFM já está em vigor e trouxe alterações de grande impacto na reprodução assistida! Algumas novidades foram positivas, no sentido de facilitar os procedimentos; outras menos atrativas, porque interferiram na autonomia de quem precisa da FIV para engravidar.

De maneira resumida, entre as principais mudanças estão:

  • O número total de embriões armazenados no laboratório não poderá exceder a 8/ciclo;
  • Alteração no número máximo de embriões a serem transferidos por idade: até 37 anos, máximo 02 embriões; 37 anos ou mais, até 03 embriões.
  • Máximo de embriões euplóides/ciclo a serem transferidos: 02, independentemente da idade da mulher.
  • Possibilidade de doação de gametas para parentesco de até 4º grau (mãe, irmã, tia, prima sobrinha, filha), desde que não haja consanguinidade;
  • Idade limite para doação de óvulos de 37 anos;
  • Não será permitido constar o sexo dos embriões no laudo da análise genética, exceto em casos de doenças ligadas ao cromossomo X ou Y;
  • Autorização judicial para descarte dos embriões após 03 anos do armazenamento;
  • Na doação temporária do útero, a futura gestante deve obrigatoriamente ter um filho vivo;
  • A reprodução assistida poderá ser realizada em pessoas transgêneros.

Confira também a live que fizemos com a Dra. Camilla Vidal esclarecendo todas as dúvidas a respeito da nova resolução do CFM:

 

Reprodução assistida post mortem

Outra novidade com a nova normativa é a possibilidade de realização de técnicas de reprodução assistida post mortem, desde que seja autorizado de forma específica pelo (a) falecido (a).

O tema teve repercussão recentemente após um julgamento no Superior Tribunal de Justiça STJ que impediu uma viúva de realizar a implantação de embriões sem autorização prévia do marido.

Em países como Portugal, Espanha e o Reino Unido se exige autorização prévia formal e específica autorização do parceiro. Já o ordenamento jurídico segue sem regra expressa sobre a temática no Brasil.

Inserção de transgêneros como beneficiários das técnicas de RA

A nova resolução também garante oficialmente o direito às técnicas de RA aos transgêneros e permanece com o destaque à gestação compartilhada em união homoafetiva feminina. Em normativas anteriores, pessoas trans não eram citadas.

Cessão temporária de útero

Outro ponto diz respeito à barriga de aluguel, denominada cessão temporária de útero. O CFM manteve a versão anterior que limitava a possibilidade a pessoas com vínculo familiar de até quarto grau de parentesco, a exigência nova é que, além disso, a pessoa cedente já possua um filho biológico vivo.

A nova resolução reforça a idade máxima para candidatas à gestação de 50 anos, podendo haver exceções sujeitos à avaliação e autorização do Conselho Regional de Medicina.

Mudança no limite máximo de embriões a serem formados

Outra mudança foi o número de embriões a serem transferidos. Na resolução anterior não havia número máximo de embriões formados em laboratório. Agora, o total não poderá exceder a oito embriões.

A resolução alterou tanto a faixa etária quanto o número máximo de embriões a serem transferidos para o útero. A antiga determinava:

  • até 2 embriões para mulheres com até 35 anos;
  • até 3 embriões para mulheres entre 36 e 39 anos;
  • e até 4 embriões para mulheres a partir dos 40 anos.

Agora, a nova resolução CFM n° 2.294 determina:

  • Mulheres com 37 anos ou mais: até 3 embriões;
  • Mulheres com menos de 37 anos: até 2 embriões;
  • Em caso de embriões euploides ao diagnóstico genético: até 2 embriões, independentemente da idade; e,
  • Nas situações de doação de oócitos, considera-se a idade da doadora no momento de sua coleta.

Alterações quanto à doação de gametas

Também ocorreram mudanças importantes relacionadas à doação de gametas. Assim como determinado na antiga resolução, a nova reforça que a doação de gametas não pode ter caráter lucrativo ou comercial.

Deve ser mantido o anonimato de doadores de gametas e embriões, bem como de receptores exceto na doação de gametas para parentesco de até 4º (quarto) grau, de um dos receptores (primeiro grau – pais/filhos; segundo grau – avós/irmãos; terceiro grau – tios/sobrinhos; quarto grau – primos), desde que não incorra em consanguinidade.

Para que os pacientes se utilizem dessa exceção, será necessário comprovar o grau de parentesco junto à clínica. Estes documentos deverão fazer parte do prontuário médico.

A idade limite também foi alterada na resolução de 2021, sendo de 37 anos para mulher e 45 anos para homens.

Descarte de embriões

A resolução impõe como requisito para o descarte de embriões que exista autorização judicial, além do consentimento registrado pelos pacientes.

Além disso, o período mínimo de criopreservação permanece de 3 anos, se for o desejo do casal, no entanto, acrescenta a necessidade de autorização judicial para o descarte.

O Brasil ainda não possui um estatuto ou leis voltadas à reprodução humana assistida, sendo assim, as resoluções são constantemente substituídas pelo Conselho Federal de Medicina tendo em vista as atualizações necessárias para a área.

Gestante sendo vacinada

A vacinação contra a COVID-19 está avançando em todo o mundo. No estado de São Paulo, a previsão é que a população acima de 18 anos deva receber a primeira dose até o final de setembro. A perspectiva de ser vacinado traz otimismo, mas ao mesmo tempo gera dúvidas, principalmente para as tentantes e também para as gestantes.

“Me programei para o início da minha fertilização in vitro (FIV), posso me vacinar?”. “Postergo o início do meu tratamento?”. “Já recebi a vacina, posso prosseguir com o tratamento?”. “Consegui meu tão sonhado positivo e estou grávida, devo tomar a vacina?”. “Tomei a primeira dose, devo esperar para transferir os embriões?”. Esses são alguns dos questionamentos que recebemos aqui no CEFERP.

Antes de abordarmos alguns esclarecimentos, é importante frisar que por ser um assunto relativamente recente, existem vários posicionamentos que podem diferir em alguns pontos diante do assunto, e nenhuma fonte de informação substitui a avaliação individualizada do caso, considerando todas as variáveis e a tomada de decisão pelo médico em conjunto com a paciente.

Para te ajudar a entender um pouco mais sobre as recomendações, ou ainda qual a relação entre o tratamento e a vacinação, preparamos este post com as principais dúvidas. Confira!

Estou programando meu tratamento, posso me vacinar?

No início de fevereiro de 2021, a Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA), em conjunto com a Rede Latinoamericana de Reprodução Assistida (REDLARA) e diversas outras instituições em reprodução humana publicaram um posicionamento conjunto para auxiliar nesta e outras discussões. O texto segue em concordância com as principais outras fontes citadas neste artigo. Um fator importante pontuado pela nota é o de que “a vacinação tem efetividade e não induz a risco aumentado de contrair a infecção por Covid-19. Embora ainda não haja estudos humanos de longo prazo sobre a vacinação contra Covid-19 e gravidez, nenhuma das vacinas contém vírus SARS-CoV-2 vivo”. Gestantes vacinadas ao redor do mundo tem comprovado a eficiência e necessidade da vacina neste grupo.

Sendo assim, a nota orienta que para indivíduos que apresentem alto risco de infecção ou morbidade pelo Covid-19 (grupo no qual encontram-se as grávidas), não receber a vacina supera o risco da vacinação, previamente ou durante a gravidez.

No Brasil, desde março de 2021, as gestantes vem sendo incluídas nos grupos prioritários para vacinação contra o Covid. Em abril de 2021, o Ministério da Saúde publicou uma nota recomendando a inclusão de todas as gestantes e puérperas (mulheres no período pós parto) neste grupo. Já em junho do mesmo ano, a ANVISA e o Programa Nacional de Imunizações orientaram interromper temporariamente o uso da vacina AstraZeneca-Oxford/Fiocruz em gestantes e puérperas, devido à notificação de um caso de trombose com possível associação causal com a vacina, no Rio de Janeiro. Porém, devido à importância da manutenção da imunização deste grupo, e também por conta do aumento da mortalidade materna por Covid-19, a SOGESP (Sociedade de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo) emitiu uma nota recomendando a vacinação de todas as gestantes de São Paulo, com as vacinas Coronavac ou Pfizer, recomendação também feita pela FEBRASGO (Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia).

A Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia (European Society of Human Reproduction and Embryology – ESHRE) publicou um guideline em janeiro de 2021 com algumas recomendações específicas sobre a vacinação e tratamentos de reprodução assistida. Uma das considerações é a de que faltam informações sobre o possível efeito da vacina contra a COVID-19 em pessoas que estão passando por tratamentos ou programando uma gestação futura.

Dessa forma, não é possível fazer recomendações únicas sobre se os homens e mulheres que tentam engravidar por meio de tratamentos de reprodução assistida devem ou não receber a vacina antes de iniciarem o tratamento em si.

O que a ESHRE recomenda é que os casos sejam avaliados individualmente pelo médico. Para mulheres com comorbidades que as colocam em maior risco ao contrair COVID-19 e / ou gravidez com complicações, a instituição afirma que deve se considerar o incentivo à vacinação antes de tentar a concepção. O mesmo se aplica a mulheres nas quais o risco de exposição à infecção pelo vírus é alto e não pode ser evitado. Estas recomendações também estão de acordo com a última nota publicada pela SBRA, que orienta a decisão compartilhada entre paciente e médico quanto a receber as vacinas.

A Sociedade Americana para a Medicina Reprodutiva (American Society for Reproductive Medicine – ASRM) também organizou um “comitê” (Task force) para informação quanto aos impactos do Coronavírus nas pacientes e tratamentos de reprodução humana. Um dos assuntos abordados foi a respeito da imunização contra o Coronavírus. Sobre o assunto, a ASRM publicou um documento, que vem sendo constantemente atualizado. A última atualização até o momento foi de 18 de janeiro de 2021. Neste guideline, a ASRM menciona que “a vacinação contra a COVID-19 é recomendada para mulheres contemplando gestação”. Ainda segundo o documento, os benefícios conhecidos e potenciais das vacinas ultrapassam os riscos potenciais e conhecidos.

Importante frisar uma informação fundamental, que também é abordada nas atualizações fornecidas pela ASRM, que é a recomendação de se levar em consideração a transmissão local da COVID-19 e o risco de a paciente ser infectada pelo vírus, os riscos da doença para a paciente e também os potenciais riscos para o feto, além de entender a eficácia da vacina disponível e os efeitos colaterais conhecidos. Ou seja, devemos tomar cuidado na interpretação dos diversos dados, pois fatores epidemiológicos precisam ser levados em consideração, bem como as vacinas disponíveis.

Fui vacinada (o), devo adiar meu tratamento?

A ESHRE recomenda ser prudente adiar o início dos tratamentos de reprodução assistida por pelo menos alguns dias após a conclusão da vacinação, ou seja, após a segunda dose, para permitir que a resposta da pessoa imune se estabeleça.

Como não há ainda informações sobre o efeito da vacina nos óvulos, espermatozoides, na implantação de embriões e nos estágios iniciais da gravidez, a abordagem mais cautelosa considerada pela ESHRE seria a de adiar o início do tratamento de reprodução humana desde alguns dias a até dois meses. Porém, isso deve ser avaliado pelo médico, de acordo com a individualidade de cada caso.

As mulheres grávidas devem ser vacinadas?

Em documentos anteriores, a ESHRE já havia afirmado que pacientes grávidas infectadas pela COVID-19 estão em um maior risco de complicações do que as mulheres não grávidas.

Entretanto, como a segurança das vacinas contra a COVID-19 na gravidez humana não foi avaliada até o momento, a instituição recomenda que a decisão de uso da vacina em mulheres grávidas deve ser feita em consulta com o médico após considerar benefícios e riscos individuais.

A instituição afirma que “mulheres grávidas devem ser informadas sobre a falta de estudos humanos de longo prazo sobre a vacinação contra a COVID-19, mas não devem ser excluídas dos programas de vacinação”.

No Brasil, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) emitiu uma recomendação em que afirma que “para as gestantes e lactantes pertencentes ao grupo de risco, a vacinação poderá ser realizada após avaliação dos riscos e benefícios em decisão compartilhada entre a mulher e seu médico”.

Gestantes que tomaram a primeira dose da Astrazeneca podem vacinar com outra na segunda dose?

Em 26 de Julho de 2021 o Ministério da Saúde publicou uma nota técnica sobre a possibilidade de intercambialidade das vacinas contra o Covid-19 nos casos em que não é possível manter o mesmo agente imunizante nas duas aplicações. A nota enfatiza a importância da vacinação com o esquema completo de doses.

A indicação contida no documento é de realizar a segunda dose, preferencialmente, com a Pfizer, por possuir mais estudos no momento. Porém, caso não seja possível a aplicação desta, deve-se discutir a utilização da Coronavac como segunda dose.

Ficou com alguma dúvida sobre a vacinação contra a COVID-19 em tentantes e mulheres grávidas? Deixe sua pergunta abaixo, nos comentários.

Aneuploidia

A maior parte dos embriões humanos formados na concepção natural ou através da fertilização in vitro (FIV) apresentam aneuploidia. Por isto, a maioria das gestações não evoluem além da menstruação. Como não há atraso menstrual, não existe suspeita da gravidez e a mulher não faz o teste. Estas perdas iniciais são conhecidas por “perda invisível” ou popularmente “microabortos”.

Mulheres com mais de 40 anos, casais com abortamento de repetição, pessoas com alterações genéticas estruturais ou mosaicismo são os grupos que mais se beneficiam do estudo genético embrionário.

O risco de alteração genética embrionária aumenta com o avanço da idade da mulher: aos 25 anos, o risco de nascer um bebê com Síndrome de Down é de 1 bebê a cada 1200 nascimentos; aos 40 anos é de 10 bebês a cada 1000 nascimentos. Na maioria das vezes em que se forma um embrião aneuplóide, a gravidez não evolui ou resulta em um aborto. Na FIV, o resultado negativo está associado a alteração genética embrionária em 80% das falhas.

Mas, o estudo genético do embrião pode modificar o resultado da FIV? É possível reduzir o impacto das aneuploidias no sucesso da reprodução assistida? Neste artigo, você poderá esclarecer estas dúvidas!

O que é aneuploidia? Qual é o tipo mais frequente?

Aneuploidia é definida pela alteração numérica dos cromossomos. Quando há um cromossomo a mais, a anomalia é a trissomia; quando falta um cromossomo, a alteração é a “monossomia”. O principal tipo de aneuploidia é a trissomia do 21 (Síndrome de Down) e depois a monossomia do X (Síndrome de Turner).

Como é realizado o diagnóstico das aneuploidias?

Para identificar as aneuploidias é realizado o teste genético pré-implantacional para aneuploidias (PGT-A). Para realizar o procedimento é necessário realizar a FIV e o embrião deverá ser avaliado em meio de cultivo no laboratório até o estágio de blastocisto (quinto-sétimo dia de desenvolvimento).
Nesta fase, é realizada a retirada de 3 a 10 células da região do trofoblasto (parte externa do embrião que irá originar a placenta e os anexos da gravidez).

A seguir, os embriões são congelados em nitrogênio líquido a -196ºC e as células são congeladas e identificadas separadamente para envio posterior ao laboratório de análise genética.

Após a análise, o laboratório de genética envia um laudo que constará as alterações genéticas identificadas no estudo para posterior orientação da transferência embrionária.

Recentemente, uma nova técnica não invasiva de estudo genético embrionário (NIPT) que utiliza a amplificação do DNA presente no meio de cultivo está em implementação, mas por enquanto a técnica é considerada experimental.

O que diz a nova resolução do Conselho Federal de Medicina sobre o estudo genético embrionário?

Em junho/2021, o Conselho Federal de Medicina publicou uma nova resolução que regulamenta a prática da medicina reprodutiva no Brasil. Neste documento, o PGT-A; está autorizado, mas não é autorizada a identificação do sexo do embrião (exceto se houver doenças ligadas ao cromossomo X ou Y).

Outro ponto muito discutível é que atualmente só é possível formar até 8 embriões/ciclo de tratamento. Isto pode ser um problema em mulheres com idade mais avançada em que a taxa de aneuploidia é maior; consequentemente, poderá ocorrer um número menor de embriões disponíveis para a transferência.

Ainda de acordo com esta resolução, o número máximo de embriões euplóides a serem transferidos simultaneamente é 2 (dois), independentemente da idade da mulher.

O estudo genético aumenta a taxa de sucesso da FIV?

O principal marcador de sucesso da FIV reconhecido internacionalmente é a taxa de nascimentos de bebês/ciclo de estimulação ovariana. Quando se analisa esta variável, o estudo genético embrionário não aumenta as chances de gravidez.

Imagine dois cenários de um mesmo casal com 5 embriões:

Estudo genético realizado: dois embriões saudáveis após análise por PGT-A. Este casal irá ter uma ou duas transferências.
Estudo genético não realizado: cinco embriões disponíveis. Este casal poderá ter de três a cinco transferências.

Como se pode observar, os embriões serão os mesmos. A diferença é que a informação é mais detalhada no caso do PGT-A. Entretanto, se o embrião saudável implanta, ele também evoluiria sem o estudo genético. Assim, o estudo genético não aumenta o sucesso da FIV, mas pode reduzir o número de transferências.

Pelo exposto, pode-se dizer que o estudo genético:
– Não aumenta a taxa de nascimento de bebês/ciclo de estimulação ovariana.
– Pode reduzir o número de transferências.
– Pode reduzir o número de abortos, mas pode ser que parte dos casais não tenha embriões para transferir.
– Pode aumentar o custo do tratamento.

Vale lembrar, que parte dos pesquisadores considera que a manipulação do embrião pode causar algum prejuízo ao mesmo e isso reduzir a chance de gravidez. Entretanto, a ciência não leva em consideração a experiência do embriologista que faz o procedimento.

Converse com o seu médico e coloque na balança prós e contras do estudo genético embrionário. Em algumas situações, menos intervenções pode ser mais resultado; em outras, o estudo genético é fundamental para alcançar a gestação.

Perfil no Doctoralia
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