O que é blastocisto?

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Para que o início da gravidez aconteça, o espermatozoide encontra o óvulo, e assim ocorre a fecundação. Em seguida, o óvulo fertilizado, que agora recebe o nome de zigoto, continua seu desenvolvimento e torna-se um embrião. Ao longo de seu desenvolvimento, o embrião passa por diferentes estágios até se tornar o bebê que toda mamãe sonha segurar no colo.

Um dos estágios, que acontece por volta do quinto dia de desenvolvimento embrionário, é chamado de blastocisto. Esse desenvolvimento acontece tanto na gravidez natural quanto nos tratamentos de reprodução humana.

Além de ser um dos momentos mais fascinantes da reprodução humana, os estágios de desenvolvimento embrionário são muito discutidos e constantemente estudados. Quer entender mais sobre este assunto e por que ele é tão comentado pelas tentantes? Leia o artigo completo para entender o que é blastocisto e sua importância na FIV.

Estágios de desenvolvimento do embrião

No momento em que o óvulo e o espermatozoide se encontram, havendo interação adequada entre estes gametas, inicia-se a fecundação e assim surge o embrião, tanto no útero da mamãe quanto no laboratório de reprodução humana.

O desenvolvimento embrionário em laboratório é contado e nomeado em dias (mas até mesmo algumas horas fazem muita diferença na avaliação embrionária). Na nomenclatura, geralmente utilizamos a letra D (abreviação para dia) + o número de dias de desenvolvimento (exemplo: D3 é um embrião no terceiro dia do desenvolvimento). Tudo se inicia no D0 e pode ir até o D7 (em alguns casos). Mas, enfim, o que são essas etapas e quais suas principais características? Entenda melhor sobre elas abaixo!

– D0: dia do encontro entre óvulo e espermatozoide; no caso da FIV, é o dia em que é feita a coleta de óvulos e de espermatozoides, já que este encontro ocorre algumas horas após a coleta de óvulos. Importante lembrar que em alguns casos, os espermatozoides podem ter sido congelados previamente (como quando é utilizado sêmen de doador, ou casos em que tenha sido necessário congelamento seminal seriado, por exemplo). Nestes cenários, os espermatozoides são descongelados no mesmo dia para se encontrarem com os óvulos;

– D1: é o dia de checar se houve a fertilização do óvulo, ou seja, se realmente houve interação entre os gametas. Isto é possível graças à observação de algumas estruturas, como os pronúcleos e os corpúsculos polares;

– D2: iniciam as divisões celulares (clivagem) e o embrião pode ter em torno de 4 células;

– D3: neste estágio, o embrião tem cerca de 8 células, chamadas de blastômeros. Estas células são iguais, ou seja, indiferenciadas até este momento do desenvolvimento. Os estágios de clivagem (D2 ou D3) são uma das opções para transferência ou congelamento dos embriões;

– D4: geralmente neste momento forma-se a mórula, conforme o embrião aumenta ainda mais seu número de células;

– D5 – D7: momento no qual o embrião chega ao estágio de blastocisto, sendo caracterizado pela presença de uma cavidade em seu interior (a blastocele) e diferenciação entre as células da massa celular externa e massa celular interna.

Portanto, como vimos acima, o blastocisto é um estágio do desenvolvimento, que pode ser atingido do quinto até o sétimo dia de desenvolvimento do embrião. Desta forma, não necessariamente pelo fato de o embrião estar no quinto dia de cultivo haverá formação do blastocisto, podendo ser necessário aguardar um pouco mais para esta evolução completa.

Para ajudar a entender cada um dos estágios de desenvolvimento do embrião, baixe o nosso infográfico, que tem cada uma das etapas ilustradas.

Ainda não existe tecnologia laboratorial que permita o desenvolvimento embrionário após o estágio de blastocisto fora do útero. Então, embriões gerados por meio da fertilização in vitro (FIV), quando atingem este estágio, devem ser transferidos para o útero da futura mamãe ou criopreservados.

Particularidades do blastocisto na FIV

Agora que entendemos melhor o desenvolvimento embrionário no laboratório, podemos abordar alguns pontos específicos relacionados ao blastocisto e seu papel na FIV.

Antes de entrar nestes aspectos, vamos entender de forma resumida um passo a passo sobre a Fertilização in Vitro.

Como é feita a Fertilização in Vitro (FIV)?

A Fertilização in Vitro é um tratamento de reprodução humana no qual são coletados os óvulos da mulher e fertilizados com o espermatozoide dentro do laboratório, por isso o termo in vitro.

As principais etapas deste tratamento são:

  • Estimulação Ovariana Controlada: durante essa etapa a mulher toma medicações que estimulam o crescimento dos folículos (estruturas que armazenam os óvulos), para prepará-los para a captação dos óvulos.
  • Captação dos óvulos: nesta etapa a futura mamãe passa pela coleta dos óocitos, procedimento realizado no centro cirúrgico com sedação leve, sob supervisão de um médico anestesista. A coleta é feita por ultrassonografia transvaginal, com uma agulha fina acoplada a um guia. O procedimento é rápido e a presença do anestesista durante sua realização garante conforto e segurança.
  • Coleta dos espermatozoides: pode acontecer no mesmo dia da captação dos óvulos ou eles podem já estar congelados no laboratório (amostras de sêmen de doador, por exemplo, ou parceiros que tenham realizado procedimentos cirúrgicos para obtenção de espermatozoides previamente).
  • Fertilização in vitro: etapa em que ocorre o encontro propriamente dito dos gametas, óvulos e espermatozoides; no CEFERP, este encontro ocorre através da Super ICSI (injeção intracitoplasmática do espermatozoide, através de microscópio de alta magnificação) e as etapas de desenvolvimento que conhecemos anteriormente se iniciam, sendo este o D0.
  • Transferência embrionária: procedimento para levar os embriões ao útero da mulher. Geralmente, esta etapa é tranquila e indolor, sem necessidade de sedação. É feita através de exame ginecológico e os embriões são depositados gentilmente na cavidade uterina por um cateter flexível, guiado por ultrassonografia abdominal. Caso não seja possível a transferência a fresco (logo após a formação dos embriões), eles são congelados e aguardarão por tempo indeterminado o momento oportuno para transferência.

Alguns cenários podem requerer que os embriões atinjam o estágio de blastocisto e sejam congelados, para transferência apenas em ciclo seguinte. O mais importante destes cenários é quando há a necessidade de biópsia embrionária para estudo genético.

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Análise genética do embrião

Para realizar a análise genética, afim de avaliar possíveis alterações genéticas ou gênicas (em genes específicos), é necessário que o embrião atinja o estágio de blastocisto.

Neste estágio o embrião possui diferenciação entre as estruturas que irão gerar a placenta e anexos (massa celular externa) e as que irão gerar o bebê (massa celular interna).

Assim, é possível que a biópsia seja realizada com mais segurança, já que as células são retiradas da massa celular externa, também conhecida como trofoectoderma.

Outro ponto importante é que neste estágio o embrião já tem mais de 100 células. Portanto, é possível obter uma amostragem melhor de células para análise, fazendo com que o resultado seja mais confiável. Entenda mais sobre análise genética neste vídeo, onde nosso Diretor de Laboratórios explica o procedimento.

Diminuição na quantidade de embriões

Outra particularidade em relação ao cultivo de embriões até blastocisto na FIV é a de que se espera que haja menor número de embriões neste estágio. Estima-se que dos embriões em estágio inicial de desenvolvimento, aproximadamente 50-60% poderão chegar a blastocisto.

Porém, é importante ressaltar que essa previsão pode variar devido a múltiplos fatores, como idade da mulher, qualidade morfológica dos embriões, qualidade dos meios e materiais do laboratório, entre outras questões.

Em um primeiro momento, este pode parecer um ponto negativo, mas podemos analisar a diminuição do número de embriões sob outra ótica:

Menos embriões a serem armazenados

De acordo com a última resolução do Conselho Federal de Medicina que rege a Reprodução Humana, os embriões excedentes devem ser criopreservados e não podem ser descartados antes de 3 anos. Portanto, ao realizar um tratamento de FIV, caso o casal não queira manter muitos embriões armazenados, deve-se ter cautela no número de embriões formados.

Desta forma, uma boa estratégia pode ser manter os embriões formados em cultivo até blastocisto, já que se espera uma redução do número total de embriões. Vale ressaltar que os embriões excedentes podem também ser doados para pesquisa ou doados para outro(a) paciente ou casal, respeitando-se algumas condições.

Menor número de transferências

O caminho percorrido em um tratamento de reprodução humana passa por perdas naturais ao longo das etapas envolvidas, o que chamamos de funil da fertilidade. Desde as etapas iniciais, como a contagem de folículos antrais e início da estimulação dos ovários, até o nascimento de bebês, é esperado que haja uma redução gradual, decorrente de limitações reprodutivas próprias de nossa espécie humana.
Funil da Fertilidade

Portanto, este fenômeno também ocorre quando os embriões são mantidos em cultivo até blastocisto, e inclusive é a etapa onde esperamos um dos maiores “estreitamentos” deste funil.

Teoricamente, isto permite maior seletividade dos embriões a serem transferidos. Portanto, havendo menos embriões, consequentemente há menor número de transferências embrionárias. Desta forma, pode ser possível diminuir a dor do negativo, pois não realizamos a transferência de embriões que não chegariam no estágio de blastocisto e possivelmente levariam a um teste de gravidez negativo.

Entretanto, manter embriões em cultivo até este estágio pode também aumentar o risco de cancelamento da transferência, caso nenhum embrião evolua. Em alguns cenários em que é necessário otimizar o desenvolvimento do embrião, é optado por transferi-lo em D2 ou D3, pois por melhores que sejam as condições laboratoriais, o útero tende a ser o melhor ambiente para o desenvolvimento embrionário.

Então é melhor transferir blastocisto?

Depende!

O estágio de desenvolvimento em que o embrião será transferido ao útero é uma decisão muito importante, que deve ser tomada em conjunto entre o casal e a equipe de especialistas (médicos e embriologistas).

Cada estratégia traz vantagens e desvantagens, assim como cada pessoa e casal são únicos em suas histórias e anseios. Portanto, nós do CEFERP consideramos que nunca podemos generalizar definições tão importantes acerca do tratamento.

Dessa forma, em nossa prática clínica entendemos que existem benefícios para ambas as estratégias, e fizemos um texto só para auxiliar neste entendimento, você pode acessá-lo aqui.

Assim como sua história é única, seu tratamento e inclusive esta decisão também devem ser, para que seja possível um caminho mais transparente e seguro rumo ao nascimento do bebê!

Conseguiu entender o que é o blastocisto? Ficaram claras algumas de suas particularidades no tratamento e na gestação? Saiba mais sobre os tratamentos e taxas de sucesso em nosso ebook.

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Dra. Camilla Vidal

Médica ginecologista com especialização em Reprodução Humana na HCFMRP – USP. CRM-SP 164.436
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