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Prof. Dr. Anderson Sanches de Melo

Médico especialista em Reprodução Humana pelo Hospital das Clínicas da HC FMRP-USP. CRM-SP 104.975
Homem sentado, em consulta.

Enfrentar dificuldade para engravidar é uma situação mais comum do que parece. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a cada seis casais, um tem ou terá problemas com fertilidade. 

Estudos mostram que geralmente 30-35% das causas da infertilidade estão ligadas a fatores femininos e 30-35% a fatores masculinos. Além disso, cerca de 20% das causas da infertilidade podem ser de causas combinadas do casal. E ainda, 10% dos casos não é possível identificar o fator causador da infertilidade (esterilidade sem causa aparente).

Por isso, embora a infertilidade masculina ainda seja um assunto que gera muitas dúvidas e seja envolvido de preconceitos e tabu, é preciso que seja discutido para desmitificar o assunto a auxiliar no enfrentamento da doença. Vale lembrar que infertilidade e potência sexual são cenários que podem fazer parte da mesma doenças, mas ter dificuldade para gerar um bebê espontaneamente não reduz a sexualidade e/ou masculinidade. 

Quer entender mais sobre os aspectos gerais da infertilidade masculina e como funciona o tratamento? Então siga a leitura! 

Como é realizado o diagnóstico?

Casais com relações sexuais regulares (1-2 vezes/semana) que não conseguem engravidar tem o diagnóstico de infertilidade. Este tempo de espera deve ser de seis meses no caso de mulheres com 35 anos ou mais ou na presença de doenças que reduzam a fertilidade (endometriose, síndrome dos ovários policísticos, obstrução tubária unilateral, etc); a investigação deve ser imediata quando a mulher atinge 40 anos. As principais causas de infertilidade masculina são:

  • Idiopático (sem uma causa conhecida)
  • Varicocele (é a causa mais frequentemente diagnosticável)
  • Infecção
  • Endócrino
  • Iatrogênico (medicamentos, anabolizantes, etc)
  • Neoplasia (Câncer) e seu tratamento (quimioterapia, radioterapia)
  • Cirurgia – vasectomia
  • Genética (Síndrome de Klinefelter, Kallmannn)
  • Trauma
  • Hábitos inadequados (fumo, sedentarismo)

O diagnóstico é realizado pela história clínica e a realização do espermograma. Neste exame, a variável mais importante é a quantidade de espermatozoides móveis, pois são estas células que têm melhor potencial reprodutivo. 

Estudo genético (cariótipo), ultrassonografia dos testículos, biópsia testicular, dosagem de hormônios, fragmentação do DNA também representam exames que podem ser solicitados na investigação dos problemas na fertilidade masculina. 

E a azoospermia?

Azoospermia é o termo para se referir à ausência de espermatozoides no sêmen ejaculado. Para a obtenção da gestação, obrigatoriamente, o casal necessitará recorrer à injeção intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI). Há dois tipos de azoospermia: 

  • Obstrutiva (os espermatozoides são produzidos normalmente nos testículos, mas não exteriorizam na ejaculação porque há obstrução nos condutos, impedindo a sua saída. É o caso de homens que foram submetidos a vasectomia, por exemplo); 
  • Não obstrutiva (há redução ou ausência na produção dos espermatozoides devido a alterações hormonais, fatores genéticos, criptorquidia (localização do testículo fora da bolsa escrotal), entre outros fatores). 

Dependendo do tipo de azoospermia, pode-se obter espermatozoides do testículo (órgão produtor dos espermatozoides) ou do epidídimo (órgão que armazena espermatozoides). Além disso, pode ser necessário fazer o estudo genético para verificar se o problema pode ser hereditário, inclusive com risco de transmissão para os filhos. 

As técnicas para a obtenção de espermatozoides são procedimentos ambulatoriais realizados sob sedação. Previamente ao procedimento, o médico indicará qual a técnica mais adequada para cada caso. Em alguns casos, será necessário realizar a PESA, TESA e TESE sequencialmente se em cada procedimento não for possível recuperar espermatozoides. 

A seguir será apresentado um resumo sobre outros procedimentos:

  • PESA: neste caso, o epidídimo será puncionado com uma seringa e uma agulha fina. O material será examinado no laboratório.
  • TESA: é realizada a aspiração do testículo com seringa e agulha fina. A amostra será avaliada no laboratório. 
  • TESE: realiza-se a retirada de fragmento testicular para análise no laboratório. 
  • Micro-TESE: é um procedimento cirúrgico aberto, ou seja, é realizada uma incisão no escroto. Para isto, é necessária internação (hospital-dia) com anestesia do tipo bloqueio (raqui ou peridural) ou anestesia geral.

Além da obtenção cirúrgica de espermatozoides, existem outros tratamentos?

O tratamento para a infertilidade masculina dependerá da causa do problema. Por exemplo, se detectada a varicocele, existe tratamento cirúrgico para a correção. O uso de hormônios pode ser uma estratégia no caso da síndrome de Kallmann.

O uso de vitaminas e hormônios apresenta resultados discutíveis e ainda não há consenso sobre o uso nos casos de infertilidade masculina. É importante consultar um especialista para uma avaliação personalizada. 

Se você possui dúvidas a respeito da infertilidade masculina e deseja realizar uma avaliação detalhada, entre em contato conosco. O CEFERP é uma clínica de fertilização completa, contamos com uma equipe qualificada e preparada para atender você!

Acupuntura imagem

A acupuntura é uma terapia milenar que surgiu na China com o objetivo de tratar vários tipos de doenças e restaurar a energia/equilíbrio do corpo.

Embora controverso, existem evidências de que a acupuntura auxilia na fertilidade com a finalidade de melhorar o bem-estar e o resultado da fertilização in vitro (FIV).

Quer entender mais sobre os benefícios da acupuntura para a FIV? Continue a leitura e entenda!

Como funciona a acupuntura?

A acupuntura é realizada através da aplicação de finas agulhas em pontos do corpo chamados de meridianos. Cada ponto é considerado um canal de energia do corpo, sendo possível regularizar e tratar diferentes sintomas e desequilíbrio do organismo, inclusive questões relacionadas à fertilidade.

Por meio da ativação de pontos no corpo, a acupuntura gera estímulos locais e atua no sistema nervoso central (medula e cérebro) liberando neurotransmissores que são os responsáveis pelos benefícios da técnica.

As agulhas são finas e indolores, além de serem descartáveis e de uso individual. A acupuntura vem sendo utilizada com diversos fins de tratamento, entre eles estão:

  • diminuição da ansiedade;
  • melhora do fluxo sanguíneo;
  • redução da cefaleia e enxaqueca;
  • redução de náuseas e vômitos;
  • tratamento para depressão e ansiedade;
  • dor menstrual;
  • dor crônica;
  • alterações hormonais;
  • fibromialgia;
  • dificuldade para engravidar.

Como a acupuntura pode auxiliar mulheres com dificuldade para engravidar?

Alívio do estresse e ansiedade

Tanto para a futura mamãe como para gestantes, todo o processo para alcançar o positivo pode ser um momento de muito estresse e ansiedade, podendo até mesmo prejudicar o tratamento de reprodução assistida.

Por meio da acupuntura é possível aliviar os sintomas de ansiedade e estresse. Nessa situação, é recomendado buscar o tratamento o mais breve possível. Estudos recomendam que seja iniciada entre 6 a 8 semanas antes da fase da estimulação hormonal.

No entanto, mesmo que não seja possível realizar antes do tratamento da FIV, outros estudos demonstram o aumento das taxas de gravidez em procedimentos de reprodução assistida apenas com a sessão na véspera e no dia da transferência de embriões (Protocolo de Paulus).

Como é o tratamento de acupuntura para mulheres que vão fazer a FIV?

Primeiramente, deve ser realizada a consulta médica para o profissional analisar o histórico da e exame físico para que seja realizado o diagnóstico e o plano de ação da acupuntura.

Dessa forma, o profissional irá indicar quantas sessões são necessárias e a periodicidade do tratamento.

A acupuntura pode trazer bem-estar e equilíbrio para mulheres gestantes e futuras mamães. Entre os principais benefícios para quem está tentando engravidar estão:

  • melhora no desenvolvimento dos folículos;
  • a terapia pode agir na qualidade dos óvulos e na implantação por aliviar ansiedade e estresse;
  • melhora do fluxo sanguíneo do aparelho reprodutivo feminino como útero e ovários;
  • reduz os efeitos da variação hormonal;
  • auxilia na regulação o ciclo menstrual feminino;
  • melhora na qualidade do endométrio;
  • melhora nas taxas de ovulação;
  • benefícios para mulheres que possuem a síndrome dos ovários policísticos (SOP) e endometriose.

Além disso, como falamos acima, vários estudos já identificaram os benefícios da acupuntura para a FIV. Um dos estudos mostrou que o grupo de mulheres que passaram pelo tratamento de reprodução assistida com a acupuntura obteve um índice de gravidez de 15 a 20% maior do que o grupo que não fez a terapia chinesa. Também há evidências de melhora da qualidade seminal entre os homens que fizeram acupuntura vs. quem não fez este tratamento.

Existe alguma contraindicação?

Não há contraindicações em fazer acupuntura tanto para gravidez como para infertilidade, exceto pessoas que com doenças hematológicas relacionadas à coagulação ou portadores alergia a metais.

Conclusão

A acupuntura pode ser uma terapia complementar ao tratamento de reprodução humana e pode ser realizada no casal. É importante realizar a terapia com um profissional qualificado, com registro profissional e em clínicas certificadas.

Quer ler mais conteúdos sobre infertilidade e tratamentos de reprodução humana? Assine a newsletter do CEFERP e acompanhe nosso podcast Papo de Tentante no Spotify e Youtube!

Espermatozoides

A qualidade seminal está associada à quantidade e à qualidade dos espermatozoides, sendo que é muitas vezes um dos motivos de dificuldade para engravidar.

Logo, entender o que determina a qualidade do sêmen é essencial, pois existem vários fatores que podem influenciar no aumento ou redução da capacidade reprodutiva.

Leia este artigo e entenda quais alterações influenciam na qualidade seminal e como isso se relaciona com a fertilidade masculina.

O que é qualidade seminal?

O sêmen ou esperma é um líquido esbranquiçado expelido pelo canal da uretra e secretado pelos testículos, glândulas bulbouretrais, próstata e vesícula seminal durante a ejaculação.

Fertilidade masculina diminuindo no mundo

Estudos realizados em diversos países mostraram que a qualidade do sêmen vem caindo desde a década de 1930, sendo que a metade dos casos de infertilidade conjugal tem como causa algum problema masculino. A tendência é que os números continuem aumentando, dado o estilo de vida do homem nos dias atuais. Uma das principais suspeitas recaem sobre o álcool, cigarro e substâncias químicas presentes em pesticidas, solventes e recipientes de plástico e má alimentação.

No Brasil também foi realizado um estudo inédito sobre a qualidade do sêmen pela Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). No resultado foi concluído que houve um declínio significativo na qualidade do sêmen nos últimos 27 anos na região de Campinas. O estudo foi realizado com cerca de 9.495 homens com queixas de dificuldade de alcançar a paternidade. Outro fator já conhecido que influencia na queda da qualidade seminal observado pela pesquisa foi a obesidade, situação que pode levar à infertilidade.

Estima-se que atualmente 40% da infertilidade seja por causa feminina, 40% causa masculina e 20% para ambos. A infertilidade já afeta 15% da população mundial e a estimativa é que no Brasil sejam mais de 200 mil casais que apresentam dificuldades para gerar um bebê.

Como se avalia a qualidade do esperma?

O espermograma é o exame que avalia o potencial reprodutivo masculino. Em alguns casos, esta avaliação pode ser complementada pela cultura do esperma, avaliação da fragmentação do DNA espermático e da capacitação espermática.

Azoospermia:

A azoospermia trata-se de uma condição em que ocorre a ausência de espermatozoides no sêmen ejaculado. A ausência dos gametas no esperma pode ocorrer em função de uma falha na produção, no armazenamento ou na passagem dos espermatozoides.

Existem técnicas específicas para proporcionar a paternidade nos casos de azoospermia a depender se o problema é obstrutivo ou não obstrutivo.

Oligospermia:

A oligospermia ocorre quando há baixa quantidade de espermatozoides no esperma (mnos de 15 milhões/mL). Pode acontecer por fatores hormonais, ambientais, varicocele, assim como doenças sexualmente transmissíveis e hábitos inadequados.

Necrospermia:

A necrospermia é uma condição associada à redução da quantidade de espermatozoides vivos. A condição é rara e atinge cerca de 0,5% homens no mundo.

Teratospermia:

A teratospermia acontece quando há um aumento no número de espermatozoides com alteração do formato/morfologia, condição geralmente associada ao uso de drogas, inflamações e alterações congênitas ou varicocele.

Leia mais: entenda o que é espermograma com morfologia de Kruger 

Outros exames podem ser solicitados para analisar problemas de fertilidade masculina, tais como:

  • exames hormonais;
  • ultrassonografia testicular;
  • cariótipo;
  • pesquisa de microdeleção do cromossomo Y;
  • pesquisa de mutação do gene da fibrose cística.

Existem fatores que podem influenciar na qualidade do sêmen?

Sim, existem condições que podem comprometer a saúde masculina, além de reduzir as chances de gravidez. Entre elas estão:

  • idade: a idade paterna maior do que 45 anos pode estar associada a redução da quantidade de espermatozoides e aumento do risco de filhos com autismo e esquizofrenia;
  • exercícios físicos em excesso ou esportes radicais podem afetar a qualidade seminal (informação ainda controversa), assim como o uso de esteroides e anabolizantes;
  • sedentarismo: um estilo de vida sedentário, aliado a obesidade pode comprometer a fertilidade;
  • uso de entorpecentes: abuso de substâncias como álcool, drogas e cigarro podem reduzir a quantidade de espermatozoides;
  • doenças: condições de saúde como infecções, ou ligadas a problemas cardíacos, pressão arterial e colesterol, assim como doenças sexualmente transmissíveis afetam a fertilidade do homem;
  • outros fatores, ligados ao ambiente, comportamento e estilo de vida.

É importante adotar um estilo de vida saudável, sem estresse, vícios e evitando o sedentarismo e obesidade para uma boa saúde como um todo.

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Se você ainda possui dúvidas e enfrenta problemas ligados à fertilidade e à qualidade seminal entre em contato conosco!

Saúde e fertilidade

Sedentarismo, obesidade, fumo, estresse… Estes são alguns dos fatores que podem afetar a saúde geral e, consequentemente, a fertilidade do casal.

E se não bastasse as dificuldades do dia-a-dia, muitas pessoas deixaram de cuidar da sua saúde após o isolamento social decorrente da pandemia do coronavírus!

Se você quer entender sobre a relação entre os hábitos de vida e a fertilidade, continue a leitura!

Como o estilo de vida está associado a uma boa fertilidade?

Atualmente, o estilo de vida saudável é o grande aliado na jornada da fertilidade. Para as mulheres, a adequação do peso pode promover restabelecimento da ovulação e também do metabolismo do óvulo. De todas as causas de infertilidade feminina, a obesidade e a síndrome dos ovários policísticos são os dois grupos com maior benefício da modificação do estilo de vida.

O estilo de vida saudável pode reduzir complicações na gravidez para a futura mamãe e para o o bebê, tais como: diminuição do risco de pressão alta e diabetes na gestação, prematuridade, aborto, nascimento de bebês com peso inadequado, morte neonatal. Então, as mulheres tem um motivo adicional para a modificação do estilo de vida!

No caso da infertilidade masculina, hábito de vida saudável pode melhorar a fragmentação do dano ao DNA do espermatozoide, pode reduzir risco de impotência sexual e melhorar os parâmetros do espermograma.

Quais são os principais hábitos de vida saudável?

Cessar com o tabagismo e alcoolismo

Um estudo recente da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) mostrou que fumantes possuem três vezes mais chance de apresentarem quadro de infertilidade quando comparado a pessoas não fumantes.

O cigarro é um dos principais vilões da fertilidade para casais que buscam engravidar, pois, pode ocasionar a diminuição do nível de estrogênio e da reserva ovariana, além da diminuição da taxa de ovulação.

Em homens, o tabagismo pode ser o responsável pela alteração do volume seminal e ainda prejudicar a qualidade dos espermatozoides.

O consumo regular de bebidas alcoólicas também pode comprometer a fertilidade e a qualidade dos gametas, pois o álcool em excesso, além de ser prejudicial à saúde pode causar a diminuição da ereção, provocar alterações hormonais e problemas no fígado.

A mudança de hábitos não acontece do dia para noite, por isso é necessário paciência, planejamento e disciplina para que funcione, além do auxílio de equipe multiprofissional para que logo seja restabelecida a fertilidade.

Mudança na alimentação

Alimentação saudável também é importante para que o casal esteja com a fertilidade em dia.

Atualmente, a dieta de padrão mediterrâneo é a que mais traz benefícios a fertilidade. Esta dieta é composta principalmente de creais, grãos, azeito, verduras, frutas, legumes e carnes brancas.

Uma forma de dar mais atenção à alimentação é buscar auxílio de profissionais como nutricionistas e nutrólogos que podem realizar uma avaliação personalizada sobre os hábitos alimentares do casal.

Movimente-se

A prática de exercícios físicos estimula o funcionamento adequado das glândulas, entre elas a hipófise, que controla a produção de hormônios sexuais.

Um estudo realizado pela Universidade Harvard mostrou que homens que treinam regularmente apresentam contagem de espermatozoides 33% maior que homens sedentários.

Para as mulheres, o sedentarismo pode gerar um desequilíbrio metabólico e hormonal, provocando alterações no ciclo menstrual e fertilidade.

Portanto, para que um casal tenha bons hábitos de vida e fertilidade saudável, é necessário que seja modificado o estilo de vida, adotando uma alimentação balanceada, eliminando excessos como tabagismo, alto consumo de álcool e obesidade e praticando a atividade física.

Gostou das nossas dicas sobre hábitos de vida e fertilidade para o casal? Então, assine a nossa newsletter e receba mais conteúdos com esse no seu e-mail!

Ausência de menstruação (amenorreia): posso engravidar?

O atraso menstrual é o sonho de toda futura mamãe! Isto porque a ausência de menstruação pode estar associada a concretização do grande sonho de ter um bebê! Entretanto, existem situações de atraso menstrual prolongado que podem indicar a presença de algum distúrbio hormonal e ausência de ovulação, tornando a maternidade um sonho distante!

Mulheres com ciclos menstruais regulares têm duração de 28 dias (pode haver atraso ou antecipação de 3 dias), sangramento durante 2 a 7 dias, sendo que na metade desse período ocorre a ovulação, processo fundamental para que ocorra a gravidez.

Se você está com dúvidas sobre a relação entre ausência de menstruação e dificuldades para engravidar continue a leitura e entenda! 

O que é a amenorreia? 

A amenorreia é um sintoma caracterizado pela ausência total da menstruação na puberdade ou durante o período reprodutivo da mulher. 

A ausência de menstruação pode ser primária, quando a primeira menstruação não ocorre até os 13 anos e não há o aparecimento de características sexuais, como o crescimento de mamas e pelos nas axilas e púbis, ou a menina não menstrua até os 16 anos, mas desenvolve as características normalmente. 

A amenorreia também pode ser de origem secundária que se caracteriza pela ausência de menstruação por no mínimo três ciclos menstruais ou seis meses seguidos em mulheres que menstruavam com regularidade. Será este tipo de amenorreia que vamos tratar abaixo. 

O que causa a ausência de menstruação?  

A primeira medida que necessita ser investigada nos casos de atraso menstrual é o diagnóstico de gravidez. Uma vez descartada a gestação, o próximo passo é verificar o uso de medicamentos que possam interferir no ciclo menstrual, como os contraceptivos hormonais, por exemplo. 

Depois da gravidez, a causa mais frequente de atraso menstrual são as alterações emocionais como a ansiedade e estresse. Nestas situações, o ciclo volta às características habituais depois que a mulher passa pela fase do estresse. Por isso, as alterações do ciclo menstrual só devem ser investigadas após 03 meses de atraso menstrual (amenorreia).

Com já foi dito, a amenorreia é comum na gravidez, amamentação e menopausa, nas usuárias de contraceptivos oral, injetável, sob forma de adesivos, implantes e do DIU hormonal, como o DIU mirena, por exemplo. 

Outros fatores que podem ocasionar amenorreia são: 

  • Desequilíbrios hormonais: doenças como a síndrome dos ovários policísticos (SOP), doenças da tireoide, tumor hipofisário, falência ovariana prematura (FOP), etc; 
  • Problemas estruturais:  aderências uterinas como consequência de curetagem, inflamações, ou infecções ou anormalidade da vagina, neste caso é avaliado se há obstruções que podem bloquear o fluxo menstrual impedindo a saída; 
  • Distúrbios alimentares como bulimia e anorexia ou obesidade;
  • Prática exaustiva de exercícios físicos;
  • Baixo peso corporal;
  • Uso de certos medicamentos como antidepressivos, antialérgicos, anti-hipertensivos, etc.
  • Tumores e cistos nos ovários ou hipófise;
  • Estresse em excesso;
  • Quimioterapia ou radioterapia;
  • Alterações nos níveis de hormônios produzidos pelo hipotálamo ou pela hipófise. 

Sintomas mais comuns 

Os sintomas que podem surgir associados à amenorreia variam conforme a causa do transtorno. 

Alguns dos sintomas mais comuns que podem surgir além da ausência da menstruação são dor abdominal e de cabeça, irritabilidade, retenção de líquidos, aumento da quantidade de pelos pelo corpo, ganho ou perda de peso inexplicável, variações de humor, dificuldade em engravidar, acne, saída de leite pelas mamas (galactorréia), ondas de calor, sudorese noturna, entre outros. 

Qual o impacto da ausência de menstruação na fertilidade?

A amenorreia pode ser um indicativo de distúrbio na ovulação, caracterizado por dificuldade no desenvolvimento, amadurecimento e ruptura do folículo (anovulação crônica). Assim, a principal causa de infertilidade associada a amenorreia é a anovulação crônica. 

É fundamental a procura de orientação médica caso ocorra a interrupção do fluxo menstrual por três meses consecutivos ou mais quando há ciclos menstruais regulares. Na presença de irregularidade menstrual, a amenorreia é definida após 6 meses da ausência do fluxo. 

Na maioria das vezes as condições que provocam a ausência de menstruação possuem tratamento do quadro de infertilidade, sendo possível também recorrer a técnicas de reprodução assistida

Algumas das técnicas de reprodução assistida que auxiliam mulheres com problemas de engravidar são:

 

Os procedimentos estimulam o desenvolvimento e amadurecimento dos folículos no ovário, aumentando dessa forma, as chances de gravidez. 

Como é feito o diagnóstico 

O diagnóstico da amenorreia leva em conta o histórico familiar da paciente, bem como a avaliação clínica de sintomas e sinais clínicos, laboratorial (FSH, prolactina, TSH, pefil androgênico, teste de gravidez) e ultrassonografia. Em alguns casos de suspeita de tumor hipofisário, a ressonância magnética e a campimetria visual devem ser realizados.. 

Tratamentos e restauração da fertilidade 

Em alguns casos é necessário a indicação de hormônios para a paciente ou pílulas anticoncepcionais, tudo dependerá da causa e do objetivo ou não de engravidar.

Em alguns casos, como neoplasias ovarianas e suprarrenal, entre outros, pode ser necessário o tratamento cirúrgico. 

Mulheres com insuficiência ovariana prematura, a gravidez é possível com óvulo de doadora, sendo necessário buscar orientações em clínicas de fertilidade

Conclusão 

A amenorreia é um sintoma de múltiplos fatores etiológicos, sendo relativamente comum na população. A gravidez deve ser o primeiro diagnóstico a ser confirmado ou afastado.

É preciso buscar auxílio médico para que a paciente seja avaliada e examinada para investigação médica. O problema pode sim, gerar preocupações a respeito da fertilidade, tudo dependerá do diagnóstico da paciente. 

Gostou do nosso artigo sobre ausência de menstruação e dificuldades para engravidar? Confira outros textos em nosso blog e em caso de dúvidas entre em contato conosco

Qualidade Seminal

A qualidade seminal está associada à quantidade e à qualidade dos espermatozoides, sendo que a alteração seminal é muitas vezes um dos motivos para não conseguir engravidar. Um terço dos casos de infertilidade tem como causa o fator masculino.

Logo, entender a fertilidade masculina é essencial, pois existem vários fatores que podem influenciar no aumento ou redução da capacidade de fertilização. 

Neste artigo será discutido sobre qualidade seminal e como isso se relaciona com a fertilidade masculina!

O que é qualidade seminal e como avaliar a fertilidade masculina? 

O sêmen ou esperma é um líquido esbranquiçado expelido pelo canal da uretra e secretado pelos testículos, próstata, vesícula seminal e epidídimo durante a ejaculação. 

A qualidade do esperma é fundamental para que um casal alcance o tão sonhado positivo. O principal exame que estudo a fertilidade masculina é o espermograma. Nesta avaliação alguns parâmetros são avaliados, como o pH, o volume, a densidade, a coloração. a concentração de espermatozoides, a motilidade (movimentação dos espermatozoides), a morfologia (formato), a vitalidade (sobrevivência), entre outros fatores. Um outro exame que avalia a qualidade espermática é a fragmentação do DNA.

Outros exames também podem ser solicitados:

Porque está aumentando os casos de infertilidade masculina?

Estudos realizados em diversos países mostraram que a qualidade do sêmen vem caindo desde a década de 1930, sendo que a 1/3 a metade dos casos de infertilidade conjugal tem como causa algum problema masculino. A tendência é que os casos de infertilidade masculina continuem aumentando, dado o estilo de vida do homem nos dias atuais. Uma das principais suspeitas recaem sobre o álcool, cigarro, sedentarismo, alimentação industrializada e substâncias químicas presentes em pesticidas, solventes e recipientes de plástico.

No Brasil também foi realizado um estudo inédito sobre a qualidade do sêmen pela Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). No resultado foi concluído que houve um declínio significativo na qualidade do sêmen nos últimos 27 anos na região de Campinas. O estudo foi realizado com cerca de 9.495 homens com queixas de dificuldade de alcançar a paternidade. Outro fator já conhecido que influencia na queda da qualidade seminal observado pela pesquisa foi a obesidade.

Dicionário da infertilidade masculina 

Azoospermia: 

A azoospermia é uma condição  que indica ausência de espermatozoides na ejaculação. A ausência dos gametas no esperma pode ocorrer em função de uma falha na produção, no armazenamento ou na passagem dos espermatozoides. 

Em alguns casos, é possível obter espermatozoides através da punção do epidídimo ou testículo. Outras vezes será necessário recorrer ao uso do sêmen de doador.

Oligospermia: 

A oligospermia ocorre quando há baixa quantidade de espermatozoides no espermograma. Pode acontecer por fatores hormonais, ambientais, varicocele, assim como doenças sexualmente transmissíveis, hábitos inadequados, ciclismo, etc. Na maioria dos casos, não é possível identificar um fator (idiopático).

Necrospermia: 

A necrospermia é a redução de espermatozoides vivos. A condição é rara e atinge cerca de 0,5% homens no mundo. Espermatozoides obtidos por punção em homens vasectomizados pode ser uma causa de necrozoospermia. 

Teratospermia: 

A teratospermia acontece quando há um aumento no número de espermatozoides com alteração da forma, condição geralmente associada ao uso de drogas, inflamações e alterações congênitas ou varicocele, etc

Existem fatores que podem influenciar na qualidade do sêmen? 

Sim, existem condições que podem comprometer a saúde masculina, além de reduzir as chances de fecundação. Entre elas estão:

  • idade: a idade avançada da paternidade pode influenciar na qualidade do esperma; a fertilidade masculina começa a declinar após 40-45 anos.
  • uso de esteroides e anabolizantes e ciclismo em nível de competição
  • sedentarismo: um estilo de vida sedentário, aliado a obesidade pode comprometer a fertilidade;
  • uso de entorpecentes: abuso de substâncias como álcool, drogas e cigarro podem reduzir a quantidade de espermatozoides;
  • doenças: condições de saúde como infecções, ou ligadas a problemas cardíacos, pressão arterial e colesterol, assim como doenças sexualmente transmissíveis afetam a fertilidade do homem;
  • outros fatores, ligados ao ambiente, comportamento e estilo de vida. 

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Se você ainda possui dúvidas e enfrenta problemas ligados à fertilidade e à qualidade seminal entre em contato conosco!

Estetoscópio em cima de um livro

Vou fazer a FIV e gostaria de escolher o sexo do bebê! Quero ficar com muitos embriões congelados! No meu tratamento, quero ter gêmeos e gostaria de transferir 03 embriões de uma só vez! Não tenho infertilidade e gostaria de fazer a FIV para escolher a cor dos olhos do meu filho!

Na prática clínica da reprodução assistida muitas vezes chegam dúvidas deste tipo. Por isso, o Conselho Federal de Medicina (CFM) publica resoluções para orientar, do ponto de vista ético, a realização das técnicas de reprodução assistida (RA). Em junho de 2021 foi publicada uma atualização, a resolução CFM n° 2.294/ 2021.

Neste artigo vou vai conferir quais foram as principais mudanças e como elas impactam no tratamento de reprodução assistida!

Quais são as principais novidades da resolução CFM n° 2.294?

A nova resolução do CFM já está em vigor e trouxe alterações de grande impacto na reprodução assistida! Algumas novidades foram positivas, no sentido de facilitar os procedimentos; outras menos atrativas, porque interferiram na autonomia de quem precisa da FIV para engravidar.

De maneira resumida, entre as principais mudanças estão:

  • O número total de embriões armazenados no laboratório não poderá exceder a 8/ciclo;
  • Alteração no número máximo de embriões a serem transferidos por idade: até 37 anos, máximo 02 embriões; 37 anos ou mais, até 03 embriões.
  • Máximo de embriões euplóides/ciclo a serem transferidos: 02, independentemente da idade da mulher.
  • Possibilidade de doação de gametas para parentesco de até 4º grau (mãe, irmã, tia, prima sobrinha, filha), desde que não haja consanguinidade;
  • Idade limite para doação de óvulos de 37 anos;
  • Não será permitido constar o sexo dos embriões no laudo da análise genética, exceto em casos de doenças ligadas ao cromossomo X ou Y;
  • Autorização judicial para descarte dos embriões após 03 anos do armazenamento;
  • Na doação temporária do útero, a futura gestante deve obrigatoriamente ter um filho vivo;
  • A reprodução assistida poderá ser realizada em pessoas transgêneros.

Confira também a live que fizemos com a Dra. Camilla Vidal esclarecendo todas as dúvidas a respeito da nova resolução do CFM:

 

Reprodução assistida post mortem

Outra novidade com a nova normativa é a possibilidade de realização de técnicas de reprodução assistida post mortem, desde que seja autorizado de forma específica pelo (a) falecido (a).

O tema teve repercussão recentemente após um julgamento no Superior Tribunal de Justiça STJ que impediu uma viúva de realizar a implantação de embriões sem autorização prévia do marido.

Em países como Portugal, Espanha e o Reino Unido se exige autorização prévia formal e específica autorização do parceiro. Já o ordenamento jurídico segue sem regra expressa sobre a temática no Brasil.

Inserção de transgêneros como beneficiários das técnicas de RA

A nova resolução também garante oficialmente o direito às técnicas de RA aos transgêneros e permanece com o destaque à gestação compartilhada em união homoafetiva feminina. Em normativas anteriores, pessoas trans não eram citadas.

Cessão temporária de útero

Outro ponto diz respeito à barriga de aluguel, denominada cessão temporária de útero. O CFM manteve a versão anterior que limitava a possibilidade a pessoas com vínculo familiar de até quarto grau de parentesco, a exigência nova é que, além disso, a pessoa cedente já possua um filho biológico vivo.

A nova resolução reforça a idade máxima para candidatas à gestação de 50 anos, podendo haver exceções sujeitos à avaliação e autorização do Conselho Regional de Medicina.

Mudança no limite máximo de embriões a serem formados

Outra mudança foi o número de embriões a serem transferidos. Na resolução anterior não havia número máximo de embriões formados em laboratório. Agora, o total não poderá exceder a oito embriões.

A resolução alterou tanto a faixa etária quanto o número máximo de embriões a serem transferidos para o útero. A antiga determinava:

  • até 2 embriões para mulheres com até 35 anos;
  • até 3 embriões para mulheres entre 36 e 39 anos;
  • e até 4 embriões para mulheres a partir dos 40 anos.

Agora, a nova resolução CFM n° 2.294 determina:

  • Mulheres com 37 anos ou mais: até 3 embriões;
  • Mulheres com menos de 37 anos: até 2 embriões;
  • Em caso de embriões euploides ao diagnóstico genético: até 2 embriões, independentemente da idade; e,
  • Nas situações de doação de oócitos, considera-se a idade da doadora no momento de sua coleta.

Alterações quanto à doação de gametas

Também ocorreram mudanças importantes relacionadas à doação de gametas. Assim como determinado na antiga resolução, a nova reforça que a doação de gametas não pode ter caráter lucrativo ou comercial.

Deve ser mantido o anonimato de doadores de gametas e embriões, bem como de receptores exceto na doação de gametas para parentesco de até 4º (quarto) grau, de um dos receptores (primeiro grau – pais/filhos; segundo grau – avós/irmãos; terceiro grau – tios/sobrinhos; quarto grau – primos), desde que não incorra em consanguinidade.

Para que os pacientes se utilizem dessa exceção, será necessário comprovar o grau de parentesco junto à clínica. Estes documentos deverão fazer parte do prontuário médico.

A idade limite também foi alterada na resolução de 2021, sendo de 37 anos para mulher e 45 anos para homens.

Descarte de embriões

A resolução impõe como requisito para o descarte de embriões que exista autorização judicial, além do consentimento registrado pelos pacientes.

Além disso, o período mínimo de criopreservação permanece de 3 anos, se for o desejo do casal, no entanto, acrescenta a necessidade de autorização judicial para o descarte.

O Brasil ainda não possui um estatuto ou leis voltadas à reprodução humana assistida, sendo assim, as resoluções são constantemente substituídas pelo Conselho Federal de Medicina tendo em vista as atualizações necessárias para a área.

Mulher sentada com as mãos no rosto

Também conhecido como o hormônio da produção do leite humano, a prolactina é um hormônio naturalmente sintetizado pelo corpo humano, secretado pela glândula hipófise.

A prolactina tem a função de estimular o crescimento e o desenvolvimento das glândulas mamárias durante a gravidez, assim como a produção do leite materno.

Mas você sabia que caso ocorra uma disfunção na produção desse hormônio a fertilidade pode ser comprometida? Continue a leitura do artigo e entenda qual a relação da prolactina alterada e a fertilidade!

O que é a disfunção da prolactina no organismo?

Também conhecida como hiperprolactinemia, a produção elevada do hormônio da prolactina fora do ciclo gravídico-puerperal é encontrada em aproximadamente 0,5% da população geral e em aproximadamente 15 a 20% de mulheres que apresentam infertilidade.

A prolactina alterada no organismo pode comprometer tanto a fertilidade feminina como masculina, visto que este hormônio também é encontrado no organismo de homens em idade adulta e fértil.

As causas da prolactina alterada no organismo são:

  • Estresse
  • Atividade física
  • Alteração do padrão do sono
  • Tumores na glândula da hipófise
  • Hipotireoidismo
  • Insuficiência renal e hepática
  • Síndrome dos ovários policísticos
  • Queimadura da parede torácica
  • Uso de medicamentos: metroclopramida, metildopa, domperidona, alguns antidepressivos e antipsicóticos

Qual os sintomas da prolactina alterada?

Os sintomas da prolactina elevada podem variar conforme cada caso, em mulheres muitas vezes a hiperprolactinemia pode apresentar-se assintomática ou alguns sintomas mais evidentes, como:

Qual a relação da alteração da prolactina e a fertilidade?

A prolactina é um importante hormônio regulador sexual. Caso esteja alterada, pode causar infertilidade, pois promove alterações na produção dos hormônios FSH (folículo estimulante) e LH (hormônio luteinizante), hormônios responsáveis pela estimulação das gônadas – testículos e ovários. Como a prolactina inibe a secreção desses hormônios que são reponsáveis por estimular o crescimento dos folículos, a hiperprolactinemia pode desencadear ausência de ovulação, mesntruação irregular e infertilidade.

Como é feito o diagnóstico da hiperprolactinemia?

Para detectar alterações na prolactina tanto no homem como na mulher é preciso realizar a dosagem da prolactina no sangue.

Os valores de referência da prolactina podem variar conforme o método de análise. De um modo geral, valores considerados normais são até 20 ng/mL em homens e 30 ng/mL em mulheres não grávidas. Valores abaixo de 25 ng/mL costumam excluir a hiperprolactinemia.

Como funciona o tratamento?

O tratamento depende da causa da hiperprolactinemia. Na maior parte dos casos, o tratamento é realizado por medicamentos que normalizam os níveis de prolactina.  Em alguns casos há a necessidade de fazer cirurgia ou radioterapia. Em outras situações é importante atuar na causa como, por exemplo, a hipotireoidismo. A suspensão/troca do medicamento associado ao aumento da prolactina pode conduzir a melhora do quadro.

Ao perceber algum desses sintomas, principalmente a infertilidade, é essencial que o casal que deseja engravidar procure auxílio médico para que o tratamento seja realizado com antecedência.

Gravidez e prolactina alterada

A prolactina alta é bastante comum na gravidez e na amamentação, sendo considerada normal sem a necessidade de tratamento.

Após o parto a prolactina é liberada pela hipófise como um sinal para a amamentação.  A prolactina nesse período pode aumentar até 20 vezes em relação ao seu nível normal.

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Aneuploidia

A maior parte dos embriões humanos formados na concepção natural ou através da fertilização in vitro (FIV) apresentam aneuploidia. Por isto, a maioria das gestações não evoluem além da menstruação. Como não há atraso menstrual, não existe suspeita da gravidez e a mulher não faz o teste. Estas perdas iniciais são conhecidas por “perda invisível” ou popularmente “microabortos”.

Mulheres com mais de 40 anos, casais com abortamento de repetição, pessoas com alterações genéticas estruturais ou mosaicismo são os grupos que mais se beneficiam do estudo genético embrionário.

O risco de alteração genética embrionária aumenta com o avanço da idade da mulher: aos 25 anos, o risco de nascer um bebê com Síndrome de Down é de 1 bebê a cada 1200 nascimentos; aos 40 anos é de 10 bebês a cada 1000 nascimentos. Na maioria das vezes em que se forma um embrião aneuplóide, a gravidez não evolui ou resulta em um aborto. Na FIV, o resultado negativo está associado a alteração genética embrionária em 80% das falhas.

Mas, o estudo genético do embrião pode modificar o resultado da FIV? É possível reduzir o impacto das aneuploidias no sucesso da reprodução assistida? Neste artigo, você poderá esclarecer estas dúvidas!

O que é aneuploidia? Qual é o tipo mais frequente?

Aneuploidia é definida pela alteração numérica dos cromossomos. Quando há um cromossomo a mais, a anomalia é a trissomia; quando falta um cromossomo, a alteração é a “monossomia”. O principal tipo de aneuploidia é a trissomia do 21 (Síndrome de Down) e depois a monossomia do X (Síndrome de Turner).

Como é realizado o diagnóstico das aneuploidias?

Para identificar as aneuploidias é realizado o teste genético pré-implantacional para aneuploidias (PGT-A). Para realizar o procedimento é necessário realizar a FIV e o embrião deverá ser avaliado em meio de cultivo no laboratório até o estágio de blastocisto (quinto-sétimo dia de desenvolvimento).
Nesta fase, é realizada a retirada de 3 a 10 células da região do trofoblasto (parte externa do embrião que irá originar a placenta e os anexos da gravidez).

A seguir, os embriões são congelados em nitrogênio líquido a -196ºC e as células são congeladas e identificadas separadamente para envio posterior ao laboratório de análise genética.

Após a análise, o laboratório de genética envia um laudo que constará as alterações genéticas identificadas no estudo para posterior orientação da transferência embrionária.

Recentemente, uma nova técnica não invasiva de estudo genético embrionário (NIPT) que utiliza a amplificação do DNA presente no meio de cultivo está em implementação, mas por enquanto a técnica é considerada experimental.

O que diz a nova resolução do Conselho Federal de Medicina sobre o estudo genético embrionário?

Em junho/2021, o Conselho Federal de Medicina publicou uma nova resolução que regulamenta a prática da medicina reprodutiva no Brasil. Neste documento, o PGT-A; está autorizado, mas não é autorizada a identificação do sexo do embrião (exceto se houver doenças ligadas ao cromossomo X ou Y).

Outro ponto muito discutível é que atualmente só é possível formar até 8 embriões/ciclo de tratamento. Isto pode ser um problema em mulheres com idade mais avançada em que a taxa de aneuploidia é maior; consequentemente, poderá ocorrer um número menor de embriões disponíveis para a transferência.

Ainda de acordo com esta resolução, o número máximo de embriões euplóides a serem transferidos simultaneamente é 2 (dois), independentemente da idade da mulher.

O estudo genético aumenta a taxa de sucesso da FIV?

O principal marcador de sucesso da FIV reconhecido internacionalmente é a taxa de nascimentos de bebês/ciclo de estimulação ovariana. Quando se analisa esta variável, o estudo genético embrionário não aumenta as chances de gravidez.

Imagine dois cenários de um mesmo casal com 5 embriões:

Estudo genético realizado: dois embriões saudáveis após análise por PGT-A. Este casal irá ter uma ou duas transferências.
Estudo genético não realizado: cinco embriões disponíveis. Este casal poderá ter de três a cinco transferências.

Como se pode observar, os embriões serão os mesmos. A diferença é que a informação é mais detalhada no caso do PGT-A. Entretanto, se o embrião saudável implanta, ele também evoluiria sem o estudo genético. Assim, o estudo genético não aumenta o sucesso da FIV, mas pode reduzir o número de transferências.

Pelo exposto, pode-se dizer que o estudo genético:
– Não aumenta a taxa de nascimento de bebês/ciclo de estimulação ovariana.
– Pode reduzir o número de transferências.
– Pode reduzir o número de abortos, mas pode ser que parte dos casais não tenha embriões para transferir.
– Pode aumentar o custo do tratamento.

Vale lembrar, que parte dos pesquisadores considera que a manipulação do embrião pode causar algum prejuízo ao mesmo e isso reduzir a chance de gravidez. Entretanto, a ciência não leva em consideração a experiência do embriologista que faz o procedimento.

Converse com o seu médico e coloque na balança prós e contras do estudo genético embrionário. Em algumas situações, menos intervenções pode ser mais resultado; em outras, o estudo genético é fundamental para alcançar a gestação.

Cavidade Uterina

Com o objetivo de realizar visualização detalhada da cavidade do útero para identificar possíveis alterações, o exame de histeroscopia é bastante recomendado por médicos ginecologistas e também por especialistas em reprodução humana em situações específicas.

O exame é solicitado quando é preciso realizar uma avaliação da cavidade uterina para o diagnóstico e tratamento de lesões endometriais.

Se você quer entender mais sobre esse exame, o que é, quando é indicado e qual a relação da fertilidade continue a leitura!

O que é o exame de histeroscopia?

A histeroscopia é um exame que permite a visualização da cavidade uterina através de uma câmera (óptica) que é introduzida pelo canal vaginal e orifício do colo do útero. Para a realização do exame é necessária a insuflação com gás a injeção de líquido na cavidade do útero. Neste exame é possível avaliar a presença de lesões endometriais, os óstios tubários (“entrada” da trompa no útero) e a amplitude (tamanho) da cavidade uterina. Algumas malformações uterinas podem ser diagnosticadas através deste exame, principalmente quando combinado com a videolaparoscopia.

Existem dois tipos de exames de histeroscopia. Confira abaixo mais informações sobre cada um e quando são indicados.

●    Histeroscopia diagnóstica:

O exame de histeroscopia diagnóstica é indicado para investigar e diagnosticar qualquer alteração ou problema intrauterino. A visualização da cavidade uterina é realizada com a insuflação de gás na cavidade uterina. Imagens do útero, do canal endocervical e da vagina, são obtidas e, se necessário, também podem ser coletadas biópsias.

A histeroscopia diagnóstica pode ser realizada no consultório/ambulatório, durante uma consulta ginecológica, sendo possível a aplicação de anestesia local na paciente em caso de desconforto.

Por meio deste exame, é possível verificar alterações como: causa de sangramento uterino irregular, pólipos, miomas, aumento da espessura do endométrio, além de alterações como obstrução das tubas uterinas, câncer no endométrio, malformações, entre outros.

●    Histeroscopia cirúrgica:

A histeroscopia é realizada por meio da introdução do aparelho de histeroscópio pelo canal vaginal até o útero, em seguida, para expandir o útero é aplicado um líquido (manitol) para expandir a cavidade e facilitar a visualização de possíveis lesões endometriais. O procedimento dura em torno de 5 a 30 minutos, podendo variar conforme cada caso.

Por meio desse procedimento, é possível que o médico realize a remoção de pólipos uterinos, miomas, realizar a correção de alterações da cavidade do útero, além de remover aderências, ou retirar o dispositivo intrauterino  (DIU) – quando este não possui fios visíveis.

Como o procedimento é cirúrgico é preciso de anestesia geral ou raquidiana, sendo que o tipo de sedação irá variar  de acordo com o procedimento.

Qual a relação do exame de histeroscopia com a fertilidade?

Na presença de lesões endometriais suspeitas na ultrassonografia, a histeroscopia pode contribuir para o diagnóstico e tratamento destas lesões.

Patologias como miomas uterinos, pólipos endometriais e aderências intrauterinas alteram a superfície endometrial, podendo dificultar o transporte dos espermatozoides pelo útero e a chegada ao óvulo. Entretanto, a abordagem cirúrgica dos pólipos ou correção cirúrgica do septo uterino parece não aumentar as chances de gravidez.

No caso de sangramento uterino anormal ou mesmo endométrio fino, a histeroscopia pode agregar informações e auxiliar no tratamento da infertilidade.

Como se preparar para o exame?

Para realizar o exame de histeroscopia diagnóstica é recomendado evitar não utilizar creme na região vaginal 24-48 horas antes do exame.

É recomendado a realização do procedimento logo após o período da menstruação – na primeira fase do ciclo, dessa forma o endométrio está mais fino, sendo possível visualizar pequenas alterações. Além disto, a chance de gravidez é menor nesta fase.

O exame é rápido e não há a necessidade de internação nos casos de histeroscopia diagnóstica. A paciente pode sentir apenas uma ligeira cólica durante o procedimento, sendo que a intensidade irá variar para cada mulher.

Na histeroscopia cirúrgica é solicitado que a mulher fique em jejum por pelo menos 8 horas antes do exame e necessita internação.

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