Arquivo do Autor

mm

Marcelo Rufato

Embriologista Sênior e Diretor dos Laboratórios do CEFERP
doação de espermatozóides

Por diferentes motivos, a doação de espermatozoides pode ser necessária no tratamento de reprodução humana em pessoas que não conseguem engravidar de forma natural. 

Alguns homens tem dúvidas de podem vender sêmen ou vender espermatozoides. Mas, vale deixar bem claro que a doação de sêmen no Brasil é um ato voluntário e anônimo, que visa auxiliar pessoas que enfrentam dificuldades em atingir uma gestação.

Se você possui dúvidas a respeito do tema e quer entender mais sobre como funciona essa prática no Brasil e em quais situações ela é indicada, continue a leitura do artigo! 

O que é a doação de esperma?

A doação do sêmen acontece quando um homem cede de maneira voluntária seus espermatozoides para um banco de doação. 

Dessa forma, pessoas que não conseguem engravidar naturalmente podem recorrer ao banco de sêmen para que os gametas masculinos disponíveis sejam utilizados em procedimentos de reprodução humana, como a inseminação artificial ou de fertilização in vitro.

Com este ato voluntário, de verdadeiro amor e empatia ao próximo é possível ajudar casais a realizar o sonho de formar uma família. 

Quem pode realizar a doação? 

Para ser doador de esperma, é preciso que o voluntário atenda a alguns pré-requisitos básicos. 

Existem bancos específicos de doação de esperma no Brasil e também a doação pode ser feita em clínicas de reprodução humana. 

Entre os critérios, o homem deve ter entre 18 a 45 anos e realizar alguns exames físicos para verificar se está tudo bem com a fertilidade e saúde do doador. Os parâmetros seminais precisam atender às exigências mínimas regulamentadas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). 

Como falamos acima, a doação é feita de forma totalmente anônima, tanto para o doador quanto para os pacientes que precisarão do material. 

A doação precisa ocorrer de forma espontânea, sem remuneração e nenhum caráter lucrativo. Desde que passe pelos exames e requisitos necessários, qualquer homem pode realizar a doação. 

Quando casais recorrem ao banco de esperma? 

Os bancos de esperma são uma solução para diversos casais e mulheres que estão passando por tratamentos de reprodução assistida.

Após a doação, o esperma será congelado e ficará disponível para casais que enfrentam problemas com infertilidade masculina, casais homoafetivos femininos ou mulheres que desejam a maternidade independente.  

Como funciona o processo de doação do sêmen?

Primeiramente, será realizada uma avaliação médica no homem. Para isso será solicitado um exame chamado espermograma que avalia a qualidade do sêmen e dos espermatozoides. Serão pedidos exames de sangue e, em alguns casos, testes genéticos.

No dia anterior à doação, o doador deverá realizar abstinência sexual e de ejaculação de 2 a 5 dias antes da coleta para garantir maior qualidade da amostra. 

Para a coleta há uma sala especial nos bancos de sêmen para que o material seja coletado por meio de masturbação. 

Após, será realizado o processamento, onde o sêmen é preparado e os espermatozoides passarão por análises qualitativas e quantitativas. Em seguida, caso seja necessário, o material é criopreservado.

Na criopreservação, os espermatozoides são congelados e armazenados em tanques de nitrogênio líquido para serem utilizados nos tratamentos de reprodução humana. 

O que diz a lei sobre doação de esperma? 

No Brasil, as normas relacionadas à reprodução assistida são regidas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).

É possível conferir na resolução CFM N° 2168/2021 todas as regras a respeito da doação de esperma, entre alguns pontos principais estão:

  • a doação deve ser voluntária, sem nenhum caráter lucrativo;
  • a idade limite dos doadores é de 45 anos;
  • a identidade dos doadores e receptores não pode ser revelada, exceto na doação de gametas para parentesco de até 4º grau que não incorra consanguinidade;

 

Embora seja obrigatório que a identidade do doador se mantenha anônima e sigilosa, os casais que recebem as amostras poderão acessar algumas características do doador. Entre algumas delas, estão:

  • estado da saúde do doador;
  • cor de pele e olhos;
  • cor e textura dos cabelos;
  • se possui algum tipo de deficiência ou alergias;
  • altura e peso;
  • fator RH;
  • fator ABO;
  • religião e ocupação;
  • se o doador possui gêmeos na família.

Conclusão

Como foi possível entender sobre o cenário da doação de esperma no Brasil, diferente de outros países, aqui a doação de esperma não pode ser remunerada.

No momento da doação, o homem assinará um termo se ausentando dos direitos e responsabilidades relacionados à criança e um contrato visando garantir a confiabilidade e gratuidade do ato. 

Ao realizar o ato de doação o homem estará permitindo a possibilidade de muitos casais e mulheres que desejam produção independente realizar o sonho de gerar o próprio filho por meio da reprodução assistida. 

Gostou do artigo sobre como funciona a doação de esperma no Brasil? Se você ainda possui dúvidas, deixe um comentário abaixo que responderemos assim que possível!

Fertilização in Vitro (FIV)

A Fertilização in vitro (FIV) é a mais complexa técnica de reprodução humana, que consiste na fecundação do óvulo e espermatozoide em laboratório. Os embriões formados crescem por até sete dias e, após isso, são então congelados ou transferidos ao útero da futura mamãe.

Neste artigo vamos tratar a respeito de toda a jornada da FIV, do momento da coleta dos gametas até a fase de transferência dos embriões. Confira abaixo os tópicos que vamos abordar:

● O que é um tratamento de reprodução assistida?
● Quando a FIV costuma ser recomendada?
● Como é realizado o procedimento?
● Qual a taxa de sucesso de tratamentos de fertilidade?
● Como funciona a análise genética do embrião?
O que é um tratamento de reprodução assistida?

 

A reprodução humana trata-se do conjunto de técnicas utilizadas para auxiliar um casal a alcançar a gravidez por meio de técnicas laboratoriais.

O tratamento para a infertilidade pode seguir diversas frentes, pois é necessário uma investigação individualizada do histórico clínico do casal.

Leia mais: Saiba quando procurar uma clínica de reprodução humana!

Caso o tratamento de reprodução assistida seja recomendado ao casal, é possível que seja realizado por técnicas de baixa complexidade (Inseminação Artificial) ou alta complexidade (FIV convencional ou ICSI – injeção intracitoplasmática de espermatozoides).

Quando a FIV costuma ser recomendada?

Existem várias situações que uma FIV pode ser recomendada. A técnica foi desenvolvida especialmente com a finalidade de auxiliar mulheres com problemas de fertilidade causados por obstrução nas trompas uterinas a engravidar, mas atualmente existem outros públicos que também podem ser beneficiados com o tratamento.

Entre as pessoas que podem realizar a fertilização in vitro estão:

● pessoas com endometriose
● distúrbios da ovulação, como a síndrome dos ovários policísticos (SOP);
● casais que após 12 meses mantendo relações sexuais sem o uso de contraceptivo não alcançaram uma gravidez espontânea;
● mulheres com tubas uterinas obstruídas;
● casais homoafetivos;
● homens com baixa concentração ou mobilidade de espermatozoides;
● idade materna avançada;
● histórico de alterações genéticas na família;
● mulheres que desejam engravidar por produção independente.
Como é realizado o procedimento?

Basicamente, a FIV é dividida em cinco etapas. Confira abaixo o passo a passo desta jornada:

Estimulação Hormonal

Quando as mulheres são submetidas à FIV, a primeira etapa é a de estimulação hormonal.

Nessa fase, serão aplicados hormônios injetáveis, e/ou compridos, com a finalidade de estimular os folículos (onde ficam os óvulos) a atingirem a maturidade. O acompanhamento é realizado pelo ultrassom, realizado normalmente de dois em dois dias.

Coleta dos óvulos

Antes que a ovulação aconteça, é realizada a coleta dos óvulos. Com o auxílio de uma agulha fina, acoplada a um guia ultrassonográfico que é introduzido no canal vaginal, os óvulos são coletados. O procedimento é rápido, realizado no Centro Cirúrgico da clínica e requer o uso de anestesia.

Coleta dos espermatozoides

Existem três maneiras de realizar a coleta dos espermatozoides: masturbação, punção ou biópsia do testículo/ epidídimo, ou através de bancos de sêmen.

Os espermatozoides com melhor motilidade e morfologia são selecionados.

Fertilização

A etapa da fertilização ocorre quando o espermazoide é injetado dentro do óvulo com o auxílio de um micromanipulador com uma agulha tão fina que é possível perfurar o óvulo.

Dessa forma, no dia seguinte é possível o embriologista verificar se a fertilização de fato ocorreu.

Os embriões serão cultivados em laboratório por no máximo sete dias, quando o embrião atinge a fase de blastocisto.

Transferência dos embriões

Sendo a última etapa da fertilização in vitro, os embriões são transferidos para o útero da paciente com o uso de um cateter. O procedimento é rápido e não é necessário o uso de anestesia.

Depois de duas semanas é possível a paciente realizar um teste de gravidez para verificar o resultado do tratamento.

Qual a taxa de sucesso de tratamentos de fertilidade?

Existem diferentes formas de se avaliar as taxas de sucesso de tratamentos para fertilidade, como taxa de gestação clínica (após duas semanas do beta hCG positivo), ou o resultado positivo do teste de gravidez (taxa de gravidez). No entanto, a mais importante é a taxa de “bebês em casa”, a qual analisa a quantidade de bebês que nasceram por transferência embrionária.

Um dos principais fatores que influenciam na taxa de sucesso de um procedimento de reprodução humana é a idade materna, a qual influencia tanto na qualidade dos óvulos, como na quantidade disponível (reserva ovariana).

O CEFERP preparou para você um e-book gratuito sobre as taxas de sucesso do tratamento conforme a idade da mulher. Clique abaixo e baixe o seu!

link:https://materiais.ceferp.com.br/taxas-sucesso?utm_medium=rock-convert&utm_source=banner_blog&utm_campaign=taxas_sucesso

Como funciona a análise genética do embrião?

A FIV também é recomendada para casais que necessitam de uma investigação de doenças genéticas no embrião por meio da biópsia das células embrionárias.

Atualmente, o estudo genético embrionário é definido como teste genético pré-implantacional (PGT). Essa técnica permite a identificação de possíveis doenças genéticas no embrião antes da sua transferência para a o útero.

Leia mais: Diagnóstico genético pré-implantacional: saiba como funciona!

Dessa forma, são transferidos ao útero da mulher os embriões que foram analisados geneticamente, aumentando a probabilidade de sucesso do tratamento e evitando riscos como abortos espontâneos ou o bebê possuir alguma síndrome genética.

Leia mais: A importância do estudo genético para a identificação de aneuploidia

Esperamos ter respondido todas as suas dúvidas a respeito do que é e como funciona a jornada da fertilização in vitro (FIV)! Entre em contato conosco para agendar a sua consulta!

embrião

No tratamento de fertilização in vitro (FIV) todas as etapas são muito importantes para o sucesso do tratamento. No entanto, a seleção dos melhores embriões para serem transferidos no útero da paciente é crucial. Nessa fase, os embriões são analisados e classificados, para que o tratamento de Fertilização in vitro ocorra com maior probabilidade de implantação e por seguinte gestação.

Se você quer entender mais sobre o que é a qualidade embrionária, como são analisados os embriões no laboratório e como funciona a classificação, continue a leitura e entenda! 

O que é o laudo de qualidade embrionária? 

Cada clínica de fertilidade adota uma classificação da qualidade dos embriões.

Após a FIV, nós do CEFERP entregamos um relatório com todas as informações sobre os gametas (óvulos e espermatozóides) e embriões.

Consenso de Istambul

O CEFERP adota uma classificação internacional, o Consenso de Istambul, para análise embrionária, que permite com que qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo possa ter como referência o que foi adotado como nomenclatura.

O que é analisado na qualidade embrionária?  

No laudo de qualidade embrionária consta a avaliação morfológica realizada pelo embriologista.

Durante o desenvolvimento embrionário, o terceiro dia é um dos mais importantes para a realização da análise. Nesse dia é avaliada a quantidade de células formadas, como essas células estão (tamanho regular ou irregular) e se há fragmentação (quantidades de fragmentos presentes no embrião resultantes de divisões celulares anormais). Um embrião de boa qualidade deve possuir baixa quantidade de fragmentos.

Nesta classificação, temos dois números. O primeiro número se refere a quantidade de células, normalmente nesse estágio embrionário temos de 8 a 16 células. O segundo número, varia de 1 a 3, sendo 1 é a melhor classificação e 3 é a pior.

Assista abaixo o vídeo com o diretor de laboratórios do CEFERP, Marcelo Rufato que trata mais sobre o tema:

Classificação dos blastocistos

Outro momento muito importante do desenvolvimento embrionário é o quinto dia de cultivo, quando o embrião atinge o estágio de blastocisto, que é o último estágio de desenvolvimento embrionário antes da transferência para o útero ou congelamento. 

Leia mais: Entenda como funcionam as etapas de desenvolvimento do embrião 

Nessa observação é visualizado como estão dispostas as células, a quantidade e se elas possuem uma boa adesão. 

A classificação do blastocisto compreende três números. O primeiro número refere-se ao estágio embrionário, variando de 1 a 5, sendo 1 o blastocisto inicial e 5 um blastocisto já eclodido.

O segundo número refere-se ao trofectoderma, ou seja, as células que dão origem à placenta e o terceiro número refere-se às células que dão origem  à massa celular interna, o próprio embrião. Nos dois casos, o número varia de 1 a 3, sendo 1 é a melhor classificação e 3 é a pior.

Leia mais: 9 dúvidas sobre análise genética dos embriões 

Gostou do artigo sobre qualidade embrionária? Se você ainda possui dúvidas sobre o tema, deixe um comentário abaixo! 

desenvolvimento do embrião

A fertilização in vitro (FIV) é uma técnica de alta complexidade recomendada para casais que enfrentam dificuldades para engravidar. Entre algumas das etapas da FIV está o cultivo embrionário, onde ocorre o desenvolvimento do pré-embrião.

Como a fecundação do embrião é realizada em laboratório, ou seja, fora do corpo feminino, o desenvolvimento do embrião é acompanhado de perto por embriologistas até o momento da transferência dos embriões para o útero ou o congelamento dos mesmos.

Entenda mais neste artigo como funcionam as etapas do desenvolvimento do embrião!

Fertilização ou dia zero

As etapas de desenvolvimento do embrião em laboratório acontecem durante o período de no máximo sete dias, até por fim serem transferidos para o útero (ou congelados). Essa fase de desenvolvimento e cultivo é muito importante e o monitoramento é fundamental para identificar possíveis alterações, e dessa forma, escolher o embrião mais viável para a transferência uterina.

O processo se inicia com a coleta dos gametas femininos (óvulo) e masculino (espermatozoide), onde se tem a formação do zigoto podendo durar em média de 2 a 7 dias. Esse processo de fertilização é conhecido como dia zero.

A fertilização pode ser realizada por meio da fertilização in vitro convencional onde é colocado uma quantidade de espermatozoides na placa que contém o óvulo, ou por meio da técnica de injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI), que como o próprio nome diz, consiste na injeção de um espermatozoide dentro do citoplasma de um óvulo.

Como acontece o cultivo do embrionário

Depois da etapa da fertilização os embriões vão para o chamado cultivo embrionário. Nessa etapa do desenvolvimento do embrião, eles ficarão em ambiente controlado, no qual são reproduzidas as condições ideais de temperatura, pH e mistura de gases.

A combinação desses fatores é necessária para favorecer o desenvolvimento do embrião, sendo constantemente monitorado por embriologistas, profissionais altamente qualificados. Quanto mais adequado o ambiente e acompanhamento, maior será a taxa de sucesso do procedimento.

Logo, no dia um, após 16-18h da fertilização, já é possível verificar se o óvulo foi fertilizado e se é possível constatar por meio de estruturas morfológicas que há um pré-embrião. Confira aqui o vídeo sobre as etapas do desenvolvimento embrionário que produzimos com o diretor dos laboratórios do CEFERP, Dr. Marcelo Rufato.

Início do processo de divisão celular

No segundo dia das etapas de desenvolvimento do embrião é esperado que ocorra o processo de clivagem, que se trata da divisão celular do embrião. Nessa fase, o embrião pode ter em média de duas a quatro células (ou blastômeros).

No terceiro dia de desenvolvimento embrionário continuam as sequências do processo de divisão celular com a multiplicação das células. Nessa etapa será necessário o embriologista analisar o número de células, assim como o tamanho, simetria e a fragmentação do embrião, entre outros parâmetros que possibilitam verificar o desenvolvimento. Nessa fase, espera-se que o embrião tenha em torno de 8 células.

Esses três dias de desenvolvimento embrionário são importantíssimos, pois constata-se uma média de fertilização de 80% e de embriões clivados de 90 a 95%.

Após o cultivo embrionário algumas possibilidades surgem: o congelamento do embrião (vitrificação) ou a transferência embrionária.

No quarto dia, caso o embrião não tenha sido transferido ou congelado ele seguirá o desenvolvimento na incubadora até o dia máximo de limite de desenvolvimento em laboratório. Sendo assim, as divisões celulares continuam, com o embrião se desenvolvendo em mórulas e blastocistos.

Condições favoráveis para o desenvolvimento do embrião

Com os avanços tecnológicos nas técnicas de fertilização in vitro e equipamentos, atualmente é possível levar o embrião ao máximo de desenvolvimento embrionário in vitro até ele ser transferido para o útero, podendo ser deixado em cultivo até o sétimo dia.

Isso é importante, pois quanto mais avançado é o desenvolvimento embrionário, maior a chance de gravidez por transferência, aumentando assim a chance do casal engravidar.

Durante o cultivo embrionário é possível selecionar os melhores embriões para a transferência.

Etapa de blastocisto

No quinto dia o embrião atinge a etapa de blastocisto, sendo o estágio máximo de desenvolvimento do embrião no laboratório, em alguns casos pode ser necessário aguardar até o sétimo dia.

Em todas essas etapas do desenvolvimento embrionário ainda não existe uma diferenciação celular em órgãos e tecidos complexos. Nessa fase, o embrião ainda é um amontoado de células onde temos a massa celular interna, que é possível prever a quantidade de células que vai dar origem ao bebê e o trofectoderma que dá origem à placenta.

Após o sétimo dia, caso o embrião não tenha sido transferido para o útero da mãe ele será criopreservado para uma transferência futura. Logo, o crescimento é pausado por tempo indeterminado.

Quantos embriões podem ser transferidos?

O número de embriões a serem gerados (máximo oito) e transferidos é determinado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) de acordo com a idade da mulher:

  • mulheres até 37 anos: até 2 embriões;
  • mulheres acima de 37 anos: até 3 embriões.

Depois de 10 a 14 dias da transferência embrionária a mulher deve realizar um teste de gravidez. Caso o resultado seja positivo, cerca de 10 dias depois é possível realizar um ultrassom transvaginal que permite visualizar o saco gestacional e confirmar a ocorrência da gravidez.

Cada etapa da FIV é muito importante para o sucesso do tratamento. Graças ao procedimento muitos casais com dificuldade de engravidar conseguem realizar o sonho de gerar o seu bebê.

Gostou do nosso artigo sobre as etapas do desenvolvimento do embrião? Aproveite e baixe também o infográfico que fizemos com as etapas resumidas!  Continue acompanhando o blog do CEFERP para mais dicas e novidades!

Botijão de criopreservação pós vitrificação

Quando os casais iniciam as buscas por temas relacionados à reprodução humana, é comum encontrar termos como a vitrificação, uma técnica de congelamento de óvulos e embriões que assegura excelentes resultados em tratamentos como a fertilização in vitro (FIV).

A vitrificação é uma técnica de criopreservação que se difere da forma convencional de congelamento devido à rapidez com que consegue atingir baixas temperaturas (-196ºC). Ela é considerada 70 vezes mais rápida do que a técnica de congelamento lento, utilizada por muitos anos no passado.

Mas afinal, o que é a criopreservação?

Antes de seguirmos falando sobre a vitrificação e suas vantagens, é importante explicar o que é a criopreservação.

Quando falamos em reprodução humana, as diferentes técnicas para preservação de material biológico (óvulos, espermatozoides e embriões) por meio do congelamento são o que chamamos de criopreservação.

Ela é muito utilizada em diferentes casos, como na preservação da fertilidade, em que o homem ou a mulher vai passar por um tratamento como a quimioterapia ou alguma cirurgia que possa influenciar na capacidade reprodutiva. Ou ainda mulheres que não desejam ter filhos no momento, mas que gostariam de garantir maiores chances de uma gravidez futura.

A criopreservação também contempla diversos outros casos, como a produção excedente de embriões, que é quando o casal produz mais embriões do que é permitido para transferência durante a FIV.

Por que optar pela vitrificação?

A vitrificação é atualmente a técnica mais indicada para o congelamento de óvulos e embriões devido a sua alta taxa de sucesso.

Um dos seus principais diferenciais é que o congelamento mais rápido impede a formação de cristais de gelo no interior das células dos gametas ou do embrião. Quando formados, esses cristais podem gerar danos à qualidade das células, o que pode comprometer os resultados do tratamento.

Além disso, as chances de gravidez utilizando embriões congelados são iguais ou até mesmo superiores ao uso de embriões a fresco. Isso acontece porque o endométrio fica mais receptivo para a implantação do embrião quando não está sob os efeitos da sobrecarga de hormônios provenientes da estimulação ovariana.

Como a vitrificação é feita?

O processamento é realizado seguindo os procedimentos para cada tipo de material (óvulos ou embriões), que é então preparado para a vitrificação.

As células são colocadas em soluções crioprotetoras e depois em palhetas identificadas. Essas, são imersas em nitrogênio líquido e depois em botijões específicos para cada tipo de amostra, podendo manter-se congelados por tempo indeterminado.

Quais as taxas de sucesso do descongelamento?

Para descongelar o material que passou pela vitrificação, os compostos crioprotetores são retirados, o que faz com que ocorra o aumento gradual da temperatura e a reidratação.

Nesse processo, é normal ocorrer alguma perda, mas não se preocupe. A taxa de sucesso do descongelamento é de aproximadamente 90%, podendo chegar a 95% dependendo do tipo de material.

Como falamos anteriormente, a taxa de sucesso da gravidez usando gametas ou embriões congelados é a mesma do uso de material fresco. É importante lembrar que outros fatores, como a idade da mulher, por exemplo, são mais importantes na definição das chances de sucesso de engravidar do que o congelamento em si.

Conseguiu entender o que é a vitrificação e o por que ela é utilizada na reprodução humana? Se tiver alguma dúvida, é só deixar abaixo nos comentários que responderemos para você.

Foto com 4 espermatozoides no microscópio com aumento de 6.000 vezes

Considerado um exame imprescindível para analisar a fertilidade dos homens, o espermograma consegue avaliar, de uma só vez, a quantidade e a qualidade dos espermatozoides. A morfologia estrita de Kruger é um dos parâmetros que podem ser avaliados no espermograma.

Para te ajudar a entender melhor o que é este exame, preparamos um post com todas as possíveis dúvidas que possam surgir. Confira.

O que é a morfologia de Kruger?

Em qualquer tipo de espermograma, os gametas masculinos são avaliados a partir do sêmen coletado, normalmente via masturbação. O exame é colhido em uma sala específica, que tem ligação direta com o laboratório, evitando o constrangimento que possa surgir nesse momento. Uma vez que a amostra chega ao laboratório ela é analisada seguindo alguns parâmetros, dentre os principais estão:

  • Concentração: verifica a quantidade de espermatozoides produzidos;
  • Motilidade: avalia a capacidade de locomoção dos espermatozoides;
  • Vitalidade: verifica a quantidade de espermatozoides vivos; e
  • Morfologia: avalia o formato dos espermatozoides.

Para a morfologia estrita de Kruger os espermatozoides são coloridos por meio de corantes especiais e avaliados em microscópio óptico com poder de visualização 1000 vezes maior.

Quais alterações nos espermatozoides o espermograma de Kruger consegue avaliar?

Por meio do exame, é possível saber a proporção de espermatozoides com alterações morfológicas como defeitos na cauda, cabeça ou acrossomo (área localizada na cabeça do gameta, que possui enzimas responsáveis pela penetração no óvulo).

Quanto maior a quantidade de espermatozoides com morfologia alterada, maior a chance de infertilidade masculina.

O critério de Kruger estabelece que a quantidade de gametas considerados normais deve ser igual ou superior a 4%, ou seja, de 100 espermatozóides pelo menos 4 devem ser normais.

Um espermatozoide com morfologia alterada consegue fertilizar o óvulo?

Sim. Porém, a morfologia pode indicar uma dificuldade para o casal conseguir engravidar naturalmente.

Quais tratamentos são indicados quando constatada a morfologia espermática alterada?

O médico poderá indicar a ICSI (Injeção Intracitoplasmática de Espermatozoide), método em que uma agulha fina é usada para colocar o espermatozoide dentro do óvulo. O procedimento é feito com o auxílio de um microscópio, que aumenta a visualização em até 400 vezes.

Ou ainda a SUPER ICSI, método semelhante a uma ICSI convencional, porém com o diferencial do conjunto ótico utilizado, que oferece uma aproximação de mais de 6.300 vezes na seleção do espermatozoide.

O espermograma com morfologia estrita de Kruger é sempre indicado nos tratamentos de FIV?

Apesar de bastante procurado pelos casais, o exame da morfologia estrita de Kruger pode ser substituído pela avaliação da Super Morfologia do espermatozoide, realizada com um sofisticado sistema de alta resolução óptica com aumento superior a 6.300 vezes.

Além de avaliar a morfologia do espermatozoide, este exame permite a visualização de estruturas intracelulares como os vacúolos, que prejudicam o espermatozoide.

Pesquisas mostram que a presença de vacúolos no espermatozoide possui correlação com lesões no DNA, má função mitocondrial e maiores taxas de aneuploidia (mutações cromossômicas) no embrião, o que pode acarretar menores taxas de gestação, maiores taxas de aborto e transmissão de problemas genéticos ao embrião.

Um exame complementar à avaliação da Super Morfologia é o Teste de Fragmentação do DNA Espermático, que torna possível mensurar a extensão do comprometimento do DNA do espermatozoide e auxiliar na indicação do melhor tratamento para cada caso.

O teste, realizado no laboratório de andrologia do CEFERP, é importante porque pesquisas constataram que homens com morfologia espermática alterada apresentam maiores taxas de Fragmentação do DNA Espermático e, portanto, também estão mais sujeitos à infertilidade.

Ficou com alguma dúvida sobre o Espermograma de Kruger ou ainda sobre a Super Morfologia ou o Teste de Fragmentação do DNA Espermático? Deixe aqui nos comentários que responderemos em breve para você. Quer saber mais sobre fertilidade masculina, baixe nosso eBook.

microscópio em laboratório de reprodução humana com uma pessoa realizando a biopsia embrionaria que aparece no monitor ao lado do microscópio

A biópsia embrionária é uma técnica que pode ser utilizada na Fertilização in Vitro (FIV), com o objetivo de identificar possíveis alterações genéticas nos embriões. Justamente por isso, ela pode aumentar a segurança da gestação.

Entre outros benefícios, as diferentes técnicas de análise genética embrionária permitem avaliar os riscos de alterações cromossômicas e gênicas na escolha do embrião mais viável, dependendo do caso de cada paciente.

Para que você entenda melhor o assunto, veremos neste artigo como é essa biópsia e quando o procedimento pode ser indicado. Confira, ainda, quais problemas genéticos são possíveis de diagnosticar e quando se deve procurar uma instituição para realizar a biópsia de forma segura!

O que é uma biópsia embrionária?

O procedimento de biópsia embrionária consiste na retirada de algumas células do embrião para envio do material para a análise genética. Portanto, só é possível realizar a biópsia nos tratamentos através de Fertilização in Vitro (FIV), já que é necessário que o embrião esteja no laboratório. Este procedimento é delicado, porém muito seguro quando realizado por embriologista altamente treinado e com ampla experiência em sua realização.

O embrião, em si, é mantido congelado na clínica, enquanto o material resultante da biópsia é encaminhado para a realização da análise genética propriamente dita. Esta análise recebe o nome de PGT, uma sigla oriunda do inglês, que em português significa: Teste Genético Pré-Implantacional. Existe mais de uma forma de PGT; a indicação deve ser baseada no histórico individual do casal, e cada forma busca alterações distintas.

O objetivo desse estudo genético é descartar hipóteses de doenças genéticas antes da transferência do embrião para o útero da futura mamãe. Desse modo, é possível evitar o desenvolvimento doenças genéticas ou excluir doenças gênicas que constem no histórico da família, situações que poderiam comprometer a saúde do futuro bebê.

Qual a importância do procedimento?

Para que o procedimento seja bem-sucedido e tenha resultados mais confiáveis, a biópsia embrionária deverá seguir alguns critérios específicos. Um dos principais é o estágio de desenvolvimento do embrião no qual será realizada a biópsia, ou seja, a “idade” do embrião: atualmente, a fase ideal para proceder com a avaliação é o estágio de blastocisto, geralmente atingido entre o quinto a sétimo dia do desenvolvimento embrionário.

Outro aspecto relevante diz respeito ao estágio de diferenciação das porções celulares que formam o blastocisto. O embrião neste estágio divide-se em massa celular interna e massa celular externa, o chamado trofoectoderma, de onde é realizada a biópsia embrionária. Essas duas porções necessitam estar bem diferenciadas para realizar o procedimento adequadamente.

Além disso, vale destacar que a carga genética do embrião é composta pela carga genética do óvulo e do espermatozoide. A depender do histórico familiar de doenças genéticas ou não, de qual a indicação para a realização do estudo genético, entre outros fatores, pode-se realizar uma análise geral, buscando alterações numéricas e/ou estruturais nos cromossomos; ou pode-se realizar também uma análise mais específica, buscando alterações gênicas presentes na família de um dos dois progenitores ou de ambos.

Portanto, caso algum deles tenha uma doença genética grave ou mesmo uma propensão associada à herança familiar (por exemplo, seja portador de alguma mutação gênica que poderia aumentar o risco de alguma alteração nos filhos), essa característica poderá se manifestar no embrião. Dentre as doenças mais conhecidas relacionadas a mutações em alguns genes específicos destacam-se a fibrose cística e a anemia falciforme.

Por isso, durante a consulta com um especialista é fundamental que seja avaliado o histórico de doenças genéticas nos pacientes e seus familiares, para que haja o diagnóstico de possíveis alterações que indiquem a necessidade de se realizar um estudo genético pré-implantacional no embrião.

Quando a biópsia embrionária é indicada?

Esse procedimento pode ser útil em diferentes situações, mas, na maioria das vezes, ele é indicado para casais com histórico de doenças de ordem genética ou hereditária, ou fatores de risco que sugiram maior probabilidade de alteração genética nos embriões. Isso porque, como dito anteriormente, por meio do PGT é possível detectar anomalias das doenças de maior prevalência na população.

Podemos citar, por exemplo, a Síndrome de Patau, ligada ao cromossomo 13; a Síndrome de Edwards, do cromossomo 18; e a Síndrome de Down, resultante da trissomia do cromossomo 21. Todas as alterações mencionadas são alterações numéricas, chamadas de aneuploidias, e são diagnosticadas pela metodologia de análise chamada PGT-A.

Por outro lado, podemos citar doenças como a anemia falciforme, fibrose cística, entre outras, que são doenças ligadas a genes específicos. Portanto, para sua detecção, é necessário uma análise diferente, chamada PGT-M. Portanto, a indicação de biópsia embrionária deve ser feita após uma análise minuciosa do caso, inclusive para que seja possível definir qual tipo de análise é mais apropriado para cada situação.

Quais são as chances de sucesso na gravidez?

Vale ressaltar que o embrião representa um importante fator para se considerar as chances de sucesso em tratamentos de reprodução assistida. Portanto, embriões que tenham atingido o estágio de blastocisto, possibilitando a biópsia, e que tenham sabidamente carga genética normal ao estudo do PGT, teoricamente sinalizam bom potencial de implantação. Porém, é importante lembrar que outros fatores também interferem positiva ou negativamente na implantação e podem fazer com que as chances de sucesso variem.

Também é importante destacar que nem todas as alterações detectadas inviabilizam completamente o desenvolvimento do embrião. Por exemplo, quando pesquisamos doenças monogênicas (por meio do estudo PGT-M), existe a possibilidade de o embrião ser portador de alguma mutação e não da doença em si, que não impede completamente seu desenvolvimento, porém o achado deve ser discutido minuciosamente com o casal.

Tudo isso, enfim, enfatiza a importância de um aconselhamento adequado ao casal quanto à análise genética, qual o tipo mais indicado, e os possíveis resultados. É por meio dela que se pode diagnosticar os riscos capazes de comprometer a saúde do futuro concepto.

A seguir, confira algumas das principais situações em que a análise genética pode ser indicada:

  • se a mulher tem 38 anos ou mais;
  • quando há histórico de abortamento de repetição;
  • em caso dificuldade para conseguir sucesso na reprodução assistida, ou seja, falha de implantação;
  • se um dos membros ou o casal apresentar algum tipo de mutação genética.

Como funciona esse procedimento?

Para realização da biópsia, é feita uma abertura na zona pelúcida, a camada externa que envolve o embrião. Por essa pequena abertura, o profissional utiliza equipamentos específicos, retirando as células necessárias para enviar ao estudo genético. Todo o procedimento é feito por visualização no microscópio.

No passado, tudo isso era feito no terceiro dia de desenvolvimento embrionário. Hoje, estudos mostraram que os melhores resultados são obtidos na biópsia realizada no estágio de blastocisto. Nessa fase, o embrião já se encontra mais desenvolvido e tem maior número de células. Isso possibilita alcançar resultados mais completos e fidedignos, reduzindo a probabilidade de erros na análise genética.

O procedimento da biópsia embrionária é realizado no laboratório de Fertilização in Vitro, enquanto a análise do material obtido é realizada em laboratórios especializados em análise genética reprodutiva e biotecnologia. Após a biópsia, os embriões são congelados para aguardar o resultado da análise. Com o resultado disponível, os embriões saudáveis são disponibilizados para transferência.

É importante relembrarmos que, com o processo do congelamento dos embriões, eles se mantêm estáveis por tempo indeterminado, e tendem a manter a qualidade pré-congelamento até o momento da transferência, quando serão descongelados e reclassificados quanto à morfologia.

Muitos casais têm dúvidas quanto ao risco de danos ao embrião. Porém, mesmo que a biópsia embrionária seja um procedimento invasivo, a escolha de um bom embriologista garante maior segurança ao realizar o procedimento. Justamente por isso, é importante buscar uma clínica com experiência na realização da biópsia embrionária, assim é possível saber que apenas profissionais altamente qualificados e treinados estarão realizando esse trabalho.

Enfim, como vimos, o estudo genético embrionário é uma possibilidade nos procedimentos de Fertilização in Vitro, como uma forma de garantir mais segurança e assertividade para o sucesso na reprodução assistida. Agora, se você ou seu cônjuge ainda se sentem inseguros quanto à FIV, realizando ou não a biópsia embrionária, não hesite em buscar ajuda profissional especializada em reprodução humana, em uma instituição qualificada e experiente nessa área.

Gostou deste conteúdo? Então, que tal se informar um pouco mais sobre o assunto e ver também como funciona a análise genética do embrião?

embriologista colocando no botijão de nitrogênio líquido os óvulos congelados

O congelamento de óvulos, embriões ou sêmen tem como uma das indicações a preservação da fertilidade, seja em função da necessidade de um tratamento médico mais agressivo, como quimioterapia ou radioterapia, seja por escolhas pessoais para postergar a gravidez.

Afinal, o adiamento da maternidade é cada vez mais comum entre mulheres que optam por conquistar primeiro uma posição confortável no mercado de trabalho, antes de formar uma família, ou mesmo, por não terem ainda encontrado um parceiro. Por isso, é uma das indicações mais recorrentes da criopreservação dos gametas.

Porém, além dessa motivação, existem diversas situações em que os procedimentos são indicados, tanto para mulheres quanto para homens, ou mesmo, casais. Confira em nosso artigo, os tratamentos mais adequados em cada caso e as particularidades dos procedimentos.

Entenda o que é a preservação da fertilidade

A definição de preservação da fertilidade consiste em armazenar gametas, ou até mesmo embriões já formados, para uso futuro se houver necessidade. Geralmente ela é realizada quando há risco de redução do potencial reprodutivo por algum motivo, seja ele exposição a alguns tratamentos, como a quimioterapia, ou até mesmo o passar do tempo, que pode levar a redução da fertilidade natural.

No caso das mulheres, com o passar dos anos, a fertilidade vai reduzindo progressivamente. Isso acontece em função da diminuição da reserva ovariana (“estoque” de óvulos da mulher), ou mesmo, pela perda de qualidade dos óvulos com o passar dos anos.

Há casos em que a gestação é adiada por diversas razões pessoais e, quando finalmente a mulher decide ser mãe, já existe uma redução na quantidade de óvulos ou até mesmo a falência ovariana.

Essa frustração poderia ser evitada caso tivesse sido realizado um procedimento para preservação de sua fertilidade em um momento oportuno, como o congelamento de óvulos. Porém, o desejo de postergar a maternidade não é a única indicação para tal procedimento. Confira outras situações em que a técnica pode ser recomendada:

  • quando a paciente tem endometriose, com comprometimento dos ovários (endometriomas), sem programação de desejo reprodutivo no momento;
  • mulheres com indicação de cirurgia no ovário, que possa comprometer a reserva ovariana;
  • mulheres que precisarão ser submetidas a tratamentos como quimioterapia e radioterapia, mas que desejam ser mães após a cura.

Essa terceira razão (tratamento que envolve quimioterapia ou radioterapia) também se aplica aos homens que desejam ser pais futuramente. Nesse caso, é necessário fazer a criopreservação do sêmen. Além disso, o congelamento de espermatozoides também é uma opção nos casos em que o paciente precisa fazer algum tipo de cirurgia na região testicular ou, ainda, para quem deseja se submeter à vasectomia.

Em qualquer uma dessas situações, se a pessoa interessada na preservação da fertilidade for casada ou tiver um parceiro com o mesmo desejo de construir uma família, existe também a possibilidade de congelamento de embriões.

Para preservar embriões ou óvulos a mulher precisará passar pela estimulação ovariana controlada e posterior coleta dos óvulos. O que muda é que no caso de congelamento de embriões, os óvulos serão fecundados em laboratório através da Fertilização in Vitro (FIV) antes de serem congelados.

Saiba mais sobre o congelamento de óvulos, sêmen e embriões

Agora que você já entendeu a importância e a indicação dos procedimentos para preservação da fertilidade, fique por dentro das técnicas utilizadas e suas taxas de sucesso.

Criopreservação de óvulos

O congelamento – ou criopreservação – de óvulos é uma técnica em que a mulher passa por um processo de estimulação ovariana, com o objetivo de amadurecer mais óvulos em um mesmo ciclo, que, depois de coletados, serão congelados. Não há data de validade, ou seja, eles podem permanecer crio preservados por tempo indeterminado.

Assim como não há prazo máximo, para o congelamento de óvulos também não há prazo mínimo. Desse modo, caso a mulher mude de ideia e não queira mais manter o material armazenado, a qualquer momento ele pode ser descartado ou doado.

A técnica atualmente mais utilizada é a vitrificação, que é um congelamento extremamente rápido, o que visa a garantir mais segurança ao procedimento e melhores taxas de sobrevivência ao descongelamento.

Após descongelados, os óvulos tendem a apresentar boas taxas de sobrevivência para utilização. Como dito, quanto antes for realizado o congelamento, mais jovem será o óvulo armazenado, teoricamente garantindo melhor qualidade ao gameta armazenado.

Importante ressaltar também que, após descongelados, os óvulos podem ser fertilizados normalmente, dando origem a gestações idênticas às espontâneas.

O risco de malformação, problemas genéticos, ou qualquer intercorrência durante a gravidez, independe do fato dela ter se originado de um óvulo congelado, e independe inclusive se a gravidez foi originada por um tratamento de reprodução assistida ou ocorreu de forma espontânea.

Um dos fatores mais importantes que está associado ao risco de alterações genéticas é a idade da mulher, que neste caso, contará como a idade em que ela realizou a coleta de óvulos, independentemente da idade que for utilizá-los no futuro.

O procedimento, como qualquer outro dentro da medicina, pode envolver alguns riscos, apesar de infrequentes. Portanto, é fundamental que a mulher seja devidamente avaliada antes de iniciar a estimulação ovariana, para que seja possível a detecção de fatores de risco ou outras comorbidades, e para que tire todas as suas dúvidas e passe por um procedimento com mais tranquilidade e segurança.

Alguns dos riscos orientados para pacientes que procuram este procedimento são:

  • síndrome da hiperestimulação ovariana que, embora infrequente e com efeitos geralmente transitórios e de resolução espontânea, pode causar grande desconforto;
  • complicações na aspiração dos óvulos, condição também bastante rara quando a coleta é feita com profissionais capacitados e experientes.

Embora o congelamento de óvulos normalmente se inicie pela menstruação, para a partir dela iniciar a estimulação ovariana controlada, em alguns casos isto pode mudar. No caso de mulheres que procuram este procedimento por precisarem iniciar um tratamento oncológico, é indicado que seja iniciado o tratamento o mais rapidamente possível, e não aguardar a menstruação.

Portanto, nestes casos é possível iniciar em qualquer fase do ciclo, inclusive no mesmo dia da consulta inicial, com o uso de algumas estratégias específicas e algumas medicações que possam ser necessárias para a proteção da paciente diagnosticada com câncer.

Congelamento de sêmen

Quando é o homem que deseja preservar a sua fertilidade, seja em função da necessidade de se submeter a um tratamento oncológico, seja por causa de uma cirurgia, o procedimento é mais simples.

A coleta de amostra é feita na própria clínica e, normalmente, não exige preparo prévio. Após a coleta seminal, os espermatozoides obtidos são avaliados pelo laboratório e congelados.

A depender das características laboratoriais observadas durante o congelamento, pode ser interessante que o paciente guarde mais de uma amostra de sêmen, ou seja, faça mais de uma coleta de material. Isso porque a perda de espermatozoides, após o descongelamento, pode chegar a 50%. Assim, quanto mais amostras, maiores as chances de conceber no futuro.

Em alguns casos específicos em que não seja possível a coleta de espermatozoides por masturbação, podem ser utilizados alguns procedimentos cirúrgicos para obter espermatozoides, como a PESA (punção do epidídimo).

Congelamento de embriões

Esse procedimento é indicado para preservação da fertilidade em casais, ou mulheres que desejem preservar a fertilidade através de congelamento de embriões com sêmen de doador (como uma produção independente no futuro, por exemplo).

Algumas indicações podem ser: quando um dos cônjuges vai se submeter a algum tipo de tratamento médico que possa comprometer a fertilidade, ou quando desejam filhos apenas no futuro, mas querem evitar o risco de redução da fertilidade secundária à idade.

Nesse caso, o procedimento é o mesmo de uma fertilização in vitro. Porém, após a formação dos embriões, eles são congelados, e permanecem dessa forma o tempo que for necessário, sem interferência em sua qualidade. Após o descongelamento e transferência, a gestação é igual a qualquer outra, sujeita aos mesmos riscos, e evolui da mesma forma que uma gestação espontânea.

O congelamento de embriões também é indicado em situações que não têm a ver com a preservação de fertilidade, como quando o casal produz mais embriões do que deseja (ou do que a resolução do CFM permite) transferir.

Nesse caso, eles são congelados da mesma forma, e se a primeira transferência embrionária não resulta em gravidez, é possível nova tentativa apenas preparando o útero e realizando uma nova transferência, sem que o casal precise passar por todas as etapas da FIV desde o início.

Caso a primeira transferência já evolua com gravidez, se houver desejo de uma futura gestação, eles também podem permanecer congelados por tempo indeterminado, para programar nova transferência embrionária em momento oportuno ao casal.

O congelamento de gametas isoladamente (óvulos ou espermatozoides) ou de embriões já formados, tem algumas diferenças entre si. Devido ao fato de os embriões já serem estruturas celulares mais complexas e de desenvolvimento mais avançado, eles tendem a ter melhores chances de sucesso no descongelamento, se compararmos ao descongelamento de óvulos ou espermatozoides isoladamente.

Por outro lado, de acordo com a resolução do Conselho Federal de Medicina, os embriões não podem ser descartados antes de um período de três anos do seu congelamento, enquanto óvulos ou espermatozoides isolados podem ser descartados a qualquer momento conforme desejo do(a) paciente.

Quanto aos embriões, o casal também pode doar os embriões excedentes, seja para outros casais, de forma anônima, com dificuldades distintas para concepção, seja para pesquisas científicas.

Esse é um tema que deve ser devidamente discutido e esclarecido aos casais que buscam esse tratamento, pois envolve questões éticas, religiosas e emocionais para algumas pessoas. Porém, é importante ressaltar que, qualquer que seja o destino do embrião, a criopreservação é um método seguro de preservar suas características morfológicas e viabilidade futura.

Saiba da importância de procurar uma clínica especializada

Seja qual for a sua necessidade – tratamento médico, adiamento da maternidade ou outras situações específicas –, lembre-se de que é fundamental procurar uma clínica especializada em reprodução humana, que poderá indicar a melhor alternativa para o seu caso.

Cada indivíduo, ou casal, tem necessidades específicas, que podem ser diferentes em função de condições de saúde, idade materna e outras variáveis. Por essa razão, a orientação de uma equipe médica especializada faz toda a diferença para garantir o sucesso do tratamento. Afinal, a decisão sobre o congelamento de óvulos, de embriões ou de sêmen é muito particular e depende de cada caso.

Vale destacar que, qualquer que seja o seu caso, mesmo que não haja planejamento reprodutivo no momento, é importante que essa possibilidade futura seja discutida e considerada, para que se tomem as melhores medidas no presente e evite frustrações no futuro. Conheça o projeto bikezoide e descubra as melhores formas de preservar sua fertilidade!

Uma mulher e um homem sentado à frente de um notebook conversando

Muitos casais que buscam técnicas de reprodução assistida para realizar o sonho de serem pais se perguntam quanto custa a fertilização in vitro. De maneira geral, é caracterizada pelo desenvolvimento do embrião em laboratório, em condições específicas para que possa ser transferido ao útero da mulher e tentar alcançar a gravidez. Todo o processo possui diferentes etapas e envolve diversas equipes: médicos, laboratório e enfermagem.

Perfil no Doctoralia
Perfil no Doctoralia