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Dra. Camilla Vidal

Médica ginecologista com especialização em Reprodução Humana na HCFMRP – USP. CRM-SP 164.436
Homem recebendo diagnóstico de hidrocele

A hidrocele trata-se de uma condição em que ocorre o acúmulo exagerado de líquido dentro do escroto, envolvendo o testículo, podendo deixar o testículo um pouco inchado ou com percepção de aumento de volume ou assimetria.

Este achado pode acontecer em qualquer idade, inclusive em homens adultos. Ele pode trazer muita preocupação com relação a possíveis impactos no potencial reprodutivo. Portanto, aproveite a leitura deste artigo, entenda mais sobre a hidrocele, se ela prejudica a fertilidade, quais são os possíveis sintomas e como funciona o tratamento.

Características da hidrocele

A hidrocele pode ser assintomática e ser descoberta apenas durante a realização de algum exame. Quando apresenta sintomas, o mais comum é a percepção de aumento de volume dos testículos, podendo afetar um ou os dois, em graus variáveis. Como este sintoma é inespecífico e pode também ser um sinal de doenças mais graves, sempre é recomendado consultar um pediatra ou urologista para avaliação caso seja percebido.

Embora a causa desta patologia seja desconhecida, o diagnóstico geralmente é simples, realizado por meio de exame físico, com complementação de exames de imagem conforme a necessidade. Um dos principais exames é a ultrassonografia, que permite a visualização detalhada dos testículos e das demais estruturas existentes dentro da bolsa escrotal.

A hidrocele testicular pode se desenvolver até mesmo antes do nascimento. Na fase fetal, os testículos ficam situados no abdômen. Conforme o desenvolvimento do bebê avança, os testículos migram para o saco escrotal.

Cada testículo contém líquidos que servem para lubrificação, permitindo a mobilidade dentro do saco escrotal. Com o tempo, o trajeto percorrido do abdome até o saco escrotal se fecha. Quando isso não ocorre, há maior quantidade de fluido que tende a se formar ao redor do testículo, formando assim a hidrocele.

Em adultos, a hidrocele testicular pode ocorrer em decorrência de um desequilíbrio existente entre a formação e absorção do líquido que existe naturalmente ao redor do testículo.

Além disso, muitas vezes a hidrocele pode ser causada por processos inflamatórios, traumatismos e outras lesões na região.

A hidrocele afeta a fertilidade?

A hidrocele como achado isolado geralmente não compromete a fertilidade masculina. No entanto, ela pode se apresentar como consequência de outras doenças que podem trazer danos à fertilidade. Por isso, quando existe a suspeita da patologia, é necessário realizar uma visita ao médico para diagnóstico e investigação de outras possíveis enfermidades.

Dessa forma, a hidrocele normalmente não apresenta perigo à saúde, porém, como pode estar associada a uma condição testicular subjacente grave, como infecções, tumores, entre outros, é sempre importante a avaliação de um especialista caso sejam percebidas mudanças na região testicular.

Em caso de um quadro de infertilidade no casal, a investigação médica envolve a realização de outros exames. Mesmo que seja identificada hidrocele, não é esperado que, de forma isolada, o achado justifique qualquer alteração de fertilidade do homem.

Um exame importante para avaliar a fertilidade masculina é o espermograma. Outros exames também podem ser recomendados, como o ultrassom escrotal, avaliações hormonais e genéticas, dependendo da suspeita clínica.

Diferença da hidrocele e varicocele

Diferentemente da hidrocele, a varicocele é uma condição atribuída como uma das principais causas tratáveis de infertilidade masculina.

A varicocele ocorre quando há uma dilatação anormal de alguns vasos sanguíneos na região escrotal, que compõem o chamado cordão espermático – incluindo artérias e veias da região. Essa alteração de circulação pode modificar a distribuição de nutrientes e eliminação de toxinas, bem como a temperatura local dos testículos, e dessa forma, impactar também na produção de espermatozoides.

Normalmente, a varicocele não apresenta sintomas, no entanto alguns homens podem apresentar sensação de peso, dor ou desconforto na região escrotal. Esta patologia também precisa de devida investigação e seguimento com especialista, a fim de obter controle dos possíveis sintomas e avaliar estratégias possíveis de tratamento em caso de associação com a infertilidade.

Existe tratamento para hidrocele?

O tratamento pode variar, dependendo dos sintomas apresentados e da suspeita clínica. Pode ser realizado acompanhamento clínico apenas, ou até mesmo um procedimento para remoção do líquido acumulado na bolsa escrotal, sendo realizado por meio de cirurgia denominada hidrocelectomia.

No procedimento, é realizada uma incisão na estrutura que recobre a hidrocele, para drenar o fluido, e suas bordas serão suturadas para que se evite a recorrência da patologia.

Também há outras opções que podem ser recomendadas pelo médico, como o procedimento de aspiração do fluido ou mesmo a injeção de uma solução esclerosante. Importante ressaltar que somente após a avaliação por um urologista será possível definir o melhor tratamento para cada caso.

A hidrocele pode desaparecer sozinha?

Algumas vezes, a hidrocele pode desaparecer sozinha, depois de um certo período. Se os testículos ficarem inchados, porém sem a presença de dor ou outras alterações significativas, há chances de não haver nenhuma lesão envolvida e o processo regredir.

No entanto, como citado acima, é necessário que seja consultado um urologista para verificar se há alguma enfermidade relacionada.

Existe como prevenir a hidrocele?

Por ser um problema de saúde congênito, não há maneiras de prevenir a hidrocele testicular em recém-nascidos.

Já em homens adultos é possível a tentativa de evitar o problema, prevenindo-se de infecções, por meio de uma boa alimentação e estilo de vida saudável, assim como buscar evitar lesões na região.

Suspeita de questões relacionadas à fertilidade?

Um casal pode ser considerado infértil quando após 12 meses de relações sexuais frequentes, sem o uso de nenhum tipo de contracepção, não consiga uma gestação. Este prazo pode ser menor caso a parceira tenha mais de 35 anos, ou haja suspeita de doença prévia que possa impactar na fertilidade de um ou ambos. Nestas situações, se a gestação não acontece em até 6 meses, é recomendável procurar um especialista.

Como vimos ao longo deste texto, a hidrocele isolada geralmente não está relacionada à infertilidade. Porém, nos casos em que o paciente ou o casal necessite de avaliação especializada, a hidrocele pode aparecer como achado de exame ou em decorrência de outras patologias diagnosticáveis.

São vários os fatores que podem estar comprometendo a fertilidade do casal, desde questões ovulatórias, anatômicas, genéticas, tubárias, dentre outras. O estilo de vida e a saúde do casal também são elementos essenciais. Portanto, para uma avaliação detalhada, é recomendável que seja feita com um especialista em reprodução humana.

O CEFERP é referência em reprodução humana assistida, somos uma clínica de fertilidade completa, realizamos o diagnóstico reprodutivo, tratamento de infertilidade e também a preservação da fertilidade. Agende sua consulta pelo whatsapp.

ombro e braço feminino tomando vacina com uma agulha sendo segura por mãos com luvas

A vacina contra a Covid-19 virou um dos assuntos mais comentados nos noticiários e também nas redes sociais. No Brasil, a população adulta aguarda ansiosamente pela sua vez de vacinar, e as mulheres que planejam engravidar se questionam se devem continuar as tentativas, se seria melhor esperar pela vacina, ou até mesmo se devem ser vacinadas.

Em janeiro deste ano, publicamos um artigo em nosso blog com várias opiniões de instituições em reprodução humana ao redor do mundo. Recentemente, a Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH) divulgou o documento “Recomendações para a vacinação Covid-19 em reprodução humana”, que traz informações sobre as vacinas disponíveis hoje no Brasil e os pontos positivos e potenciais pontos negativos de vacinação para mulheres que desejam engravidar.

Fizemos um compilado dos principais pontos do documento e trouxemos neste texto. Continue a leitura e confira!

Vacinas contra a Covid-19

O documento menciona as vacinas atualmente autorizadas pela Agência Nacional de Saúde (Anvisa) para uso emergencial: a Coronavac (ou vacina adsorvida Covid 19 – inativada) e a Covshield (ou vacina Covid 19 recombinante).

Ambas não dispõem de dados de segurança robustos para uso na gravidez ou em mulheres que engravidaram após receber a vacina. Porém, foram classificadas como Categoria B, na qual deve-se pesar riscos e benefícios individuais ao se decidir por sua utilização. A nota publicada frisa também que o tempo ideal entre o término da vacinação e o início do tratamento de reprodução assistida também não foi avaliado por ensaios clínicos, devendo também ser discutido individualmente. Porém, por nenhuma das vacinas conter vírus vivo, não há, segundo o documento, razão para se atrasar as tentativas de gravidez pela administração da vacina, ou adiar o tratamento até a administração da segunda dose.

Outro ponto importante quanto às vacinas disponíveis é que segundo esta publicação, não existe vacina mais indicada que outra no grupo de tentantes, devendo, portanto, realizar a imunização com a que for disponibilizada pelas autoridades.

Vacinação para tentantes: pontos positivos

A SBRH aponta que entre os principais pontos positivos de vacinar é que mulheres grávidas tem maior risco de doença grave do que as mulheres não grávidas. As gestantes tem cerca de cinco vezes mais chances de necessitarem de internação em Unidades de Cuidado Intensivo (CTIs) e de necessitarem de ventilação mecânica. Além disso, a incidência de partos prematuros parece ser mais frequente em gestantes com COVID, que também apresentam maior risco de evoluírem a óbito quanto comparadas a mulheres não gestantes da mesma faixa etária. Portanto, a imunização neste grupo de mulheres pode ajudar a prevenir a forma grave da COVID, e com isso, tentar minimizar os números expostos acima.

Outro ponto de destaque é que as vacinas disponíveis até o momento no Brasil não usam o vírus vivo, ou seja, elas não causam a doença e estão associadas a um perfil adequado de segurança para uso na gravidez, assim como outras vacinas usadas rotineiramente durante a gestação. Além disso, os principais efeitos colaterais das vacinas foram leves ou moderados e transitórios.

Vacinação para tentantes: potenciais pontos negativos

Como a segurança e a eficácia das vacinas não foram avaliadas em mulheres grávidas, não se sabe se a eficácia é semelhante em gestantes e não gestantes, se há efeitos adversos diferentes ou se há maior risco de abortamento ou anomalias fetais.

Apesar dos pontos acima destacados, a SBRH reforça que as vacinas não usam vírus vivo e têm tecnologia já utilizada em outras vacinas que fazem parte do calendário das gestantes, como a de influenza, por exemplo.

Opções para as mulheres que desejam engravidar

O posicionamento divulgado pela SBRH, vai ao encontro dos já emitidos por outras entidades de renome nacional e internacional. A recomendação para as mulheres tentando engravidar é inicialmente de discutir com o médico e a equipe que a acompanha sobre as vantagens e possíveis desvantagens da vacinação. Sendo assim, alguns pontos são mencionados para serem levados em consideração, como:

  • Risco de adquirir a doença, considerando-se o grau de exposição (exemplo: profissionais da saúde);
  • Risco de manifestar a forma grave da doença, que pode ser maior quando diante de pacientes com comorbidades como hipertensão, doenças pulmonares, cardiovasculares, dentre outras;
  • Considerar o impacto de postergar ou não as tentativas de engravidar ou os tratamentos de reprodução humana até a vacinação ser realizada.

A SBRH afirma que as mulheres que planejam engravidar contam com algumas opções no que diz respeito à vacinação contra a Covid-19.

A primeira delas seria adiar a gravidez até que medidas para mitigar a pandemia tenham sido tomadas. Porém, essa é uma opção que deve ser considerada principalmente para mulheres jovens e que contem com uma boa reserva ovariana. Neste caso, a mulher pode esperar por sua vez para vacinar, tomar as duas doses da vacina, aguardar 30 dias para se tornar imune e só então iniciar as tentativas de gravidez ou o tratamento.

Outra opção, principalmente para mulheres com mais de 35 anos e/ou com baixa reserva ovariana, seria a de prosseguir com as tentativas de gestação ou com os tratamentos de reprodução assistida. Importante frisar que mesmo assim, continuando com as medidas de prevenção para combater a doença. A SBRH reforça que, nesses casos, o recomendado é que, assim que a paciente for chamada para vacinar, não se adie a vacina. Como afirmado na nota: “A paciente deve vacinar mesmo durante as tentativas de gravidez”.

Assim como outras instituições em reprodução humana, a SBRH pontua a importância de que a tomada de decisão sobre se vacinar ou não contra a Covid-19 é algo que deve ser feito entre o médico e paciente ou casal, sempre levando em consideração riscos e benefícios.

Este documento agrega ainda mais na prática clínica e no auxílio a esta tão difícil, porém importante decisão quanto à vacinação e as tentativas de gestação, espontâneas ou por tratamentos de reprodução assistida. As conclusões são enfáticas de que os médicos tem o dever de incentivar os pacientes à vacinação, seguindo os devidos critérios de elegibilidade e o plano nacional de vacinação.

Se você está pensando em engravidar ou se já é tentante e quer tirar dúvidas sobre a vacina contra a Covid-19, deixe sua pergunta abaixo, nos comentários.

Ovulação: todos os estágios e corpo lúteo

Você já ouviu falar de corpo lúteo? Também chamado de corpo amarelo ou corpo albicans, seu objetivo é o de dar suporte ao embrião e favorecer a gravidez por meio da produção de hormônios.

Sem tempo para ler? Clique no play abaixo para ouvir esse conteúdo.

O corpo lúteo é formado na última fase do ciclo menstrual, conhecida como fase lútea, e tem duração de 11 a 16 dias, o que varia conforme cada mulher. Após esse período, caso não haja fecundação do óvulo pelo espermatozoide ou a implantação do embrião no endométrio, o corpo lúteo diminui a produção de hormônios e então ocorre a menstruação.

Como o corpo lúteo é formado?

Para entender como o corpo lúteo auxilia na gravidez, primeiro precisamos saber como ele é formado.

Os óvulos são armazenados dentro dos ovários, em estruturas chamadas folículos, que nada mais são do que uma espécie de “bolsa” que contém líquido folicular e o óvulo em si, e que é envolta por células conhecidas como da teca e da granulosa. A cada ciclo menstrual, vários folículos são recrutados para iniciar o crescimento, um deles é selecionado como folículo dominante e tem crescimento mais rápido que os demais, preparando-se para a ovulação.

No processo de amadurecimento, as células da teca e granulosa produzem um líquido, que leva a um crescimento progressivo do folículo. Conforme o ciclo ovariano progride, as células da granulosa vão se multiplicando, produzindo mais líquido e fazendo o folículo crescer, em uma velocidade que pode variar de 1 a 3 mm por dia, aproximadamente.

Quando o folículo atinge tamanho adequado, ele rompe e, neste momento, o óvulo que estava dentro do folículo é liberado para fora do ovário. Logo após a ovulação, o folículo que era dominante sofre modificação de suas características e, em seguida, se torna o corpo lúteo. A nomenclatura “corpo amarelo” se deve à coloração amarela que geralmente a estrutura possui.

Qual é a função do corpo lúteo e sua relação com a gravidez?

Sua função é a de liberar progesterona e estrogênio, hormônios do ciclo menstrual. Estes hormônios são responsáveis pela manutenção das condições do endométrio para uma possível gravidez. Como todo o ciclo menstrual ocorre para possibilitar a gravidez, o objetivo do corpo lúteo é manter tais características para, caso haja formação do embrião, que ele encontre um ambiente favorável para a implantação.

Quando a gestação se concretiza, as células que dão origem ao embrião passam a liberar o hormônio hCG, aquele detectado na urina ou no sangue quando é realizado o teste de gravidez.

O hormônio hCG vai estimular a manutenção do corpo lúteo, que continuará fornecendo estrogênio e progesterona. Por volta da 7ª semana de gravidez, a placenta passa a produzir tais hormônios, substituindo gradualmente o corpo lúteo nessa função e fazendo com que ele se degenere aproximadamente na 12ª semana de gestação.

Caso não ocorra a gravidez, como não há estrutura mantendo seu funcionamento, o corpo lúteo passa a se degenerar e diminuir, até desaparecer ao longo do próximo ciclo menstrual.

É possível ver o corpo lúteo por meio do ultrassom?

Se a paciente fizer um ultrassom logo após ter ovulado, ou na fase lútea do ciclo menstrual, é possível que o médico consiga ver o corpo lúteo. Porém, esta não é a única forma de documentar que houve ovulação e a realização de ultrassonografia para este fim não é obrigatória.

Uma dúvida comum de algumas mulheres é se o corpo lúteo visto no exame de ultrassom pode significar gravidez. A resposta é não. Conforme abordamos acima no texto, a presença do corpo lúteo sinaliza que houve a ovulação, mas não necessariamente significa que houve fecundação do óvulo pelo espermatozoide e fixação do embrião ao endométrio.

Gostou do nosso post sobre o corpo lúteo e conseguiu entender sua relação coma gravidez? Caso esteja tentando engravidar, não deixe de conferir o nosso calendário de fertilidade. É só clicar aqui.

Imagem do microscópio para realizar o teste ERA

Quem recorre ao processo de uma fertilização in vitro (FIV) sabe que todos os esforços para se obterem os melhores resultados possíveis são sempre bem-vindos. Embora as técnicas de reprodução assistida venham avançando muito nos últimos tempos, muito ainda precisa ser descoberto e estudado no fenômeno da implantação embrionária. Um tópico importante neste assunto é conhecer o momento ideal para transferir o embrião para o útero, o que vem sendo estudado através do teste ERA.

O Endometrial Receptivity Analysis (ERA) é um teste de receptividade endometrial, que avalia o estado do endométrio de cada paciente e identifica o melhor momento para realizar a transferência do embrião para o útero.

Desenvolvido e patenteado pela Igenomix, o ERA tem o objetivo de tentar personalizar a janela de implantação, ou seja, compreender de cada paciente qual o período ideal para realizar a transferência. Considerando-se que o endométrio pode estar relacionado a 20-30% das causas de falha de implantação, o exame pode auxiliar em alguns casos, como entenderemos melhor a seguir.

Receptividade endometrial

Antes de continuarmos falando sobre o teste ERA, como é feito e para quem pode ser indicado, é importante entendermos como funciona o endométrio e o que é a receptividade endometrial.

Tecido que reveste o útero, o endométrio se espessa ao longo do ciclo menstrual para receber o embrião. Com as mudanças hormonais que ocorrem ao longo do ciclo menstrual, o endométrio se modifica e ganha novas características, para tornar-se receptivo ao futuro embrião, caso este chegue. Caso o óvulo não seja fertilizado ou o embrião formado não se implantar, esse revestimento uterino será expelido pela menstruação, e todo o processo se reiniciará.

A receptividade endometrial é o fenômeno do endométrio estar preparado para permitir a implantação do embrião. Essa fase ocorre em um fragmento de tempo limitado chamado de “janela de implantação”.

É importante saber que essa janela pode ser diferente para cada mulher. Em algumas, o embrião se fixa no útero entre os dias 19 e 21 do ciclo, mas para outras mulheres isso pode ocorrer antes ou depois deste período, a depender do comportamento do crescimento dos folículos e ovulação, dentre outros fatores. Segundo o embasamento do ERA, algumas mulheres podem ter o período da janela de implantação deslocado, para mais ou menos dias. Por isso, descobrir o melhor momento para transferir o embrião de acordo com a receptividade endometrial de cada paciente poderia ajudar a personalizar o tratamento na tentativa de se obter chances maiores de sucesso.

Teste ERA

O teste ERA baseia a receptividade endometrial em vários fatores, que incluem a análise de 248 genes deste tecido, o que ajudará a determinar se o endométrio apresentava sinais de estar receptivo ou não receptivo.

Para avaliar a receptividade, é feita uma biópsia do endométrio, a fim de encaminhar este material para a análise da expressão dos genes. Um sistema computadorizado analisará os genes do tecido e classificará o endométrio como “Receptivo” ou “Não Receptivo”.

  • Receptivo: a janela de implantação está localizada no dia em que a amostra foi coletada. A recomendação então é proceder com a transferência de embriões nas mesmas condições em que a biópsia foi realizada.
  • Não Receptivo: neste caso, como a janela de implantação está deslocada do dia em que a amostra foi coletada, o teste indica como corrigir e encontrar a data ideal para a transferência do embrião.

Segundo a Igenomix, existe um risco de 5% de resultados não informativos, ou seja, quando a biópsia falha em obter qualidade ou quantidade de tecido para análise. Nestes casos, será necessária uma nova biópsia.

Como o teste é realizado

O teste ERA deve ser realizado após preparo do endométrio, que deve idealmente ser o mesmo preparo planejado para o momento da transferência. Desta forma, pode ser realizado com ou sem o uso de medicamentos hormonais para o preparo do endométrio:

Com medicamentos

Considerado mais prático e fácil, pois permite maior controle do preparo. A partir do 2º ou 3º dia do ciclo menstrual a paciente inicia o uso do hormônio estradiol. Após alguns dias de uso da medicação, é realizado um ultrassom transvaginal e se a espessura e característica endometrial estiverem adequadas, deve-se iniciar também o uso da progesterona.

A biópsia do endométrio será realizada depois de cinco dias de uso da progesterona. O procedimento é rápido e feito no consultório, sem necessidade de internação. O fragmento do endométrio é enviado para análise e o resultado leva de três a quatro semanas para ficar pronto.

Sem medicamentos

É feito em um ciclo menstrual com ovulação espontânea. A paciente deve realizar testes de urina ou de sangue para detectar o pico de LH, hormônio responsável pela ovulação. No momento que houver a detecção do pico deste hormônio, será calculado o melhor período para realizar a biópsia. Os demais procedimentos ocorrerão da mesma forma citada acima.

Indicações do teste ERA

Para saber se o teste ERA é uma opção para o seu caso, é importante conversar com seu médico e levar em consideração seu diagnóstico, histórico de tratamentos anteriores, dentre outros fatores. Alguns casos podem ser elegíveis para a realização do teste, como por exemplo:

-Pacientes que tiveram duas ou mais transferências de embriões sem sucesso, ou seja, diagnóstico de falha de implantação;

-Pacientes com suspeita de alterações endometriais ou já com diagnóstico de endométrio fino;

-Pacientes que apresentaram falha de implantação com embriões de alta qualidade.

É importante ressaltar que não se pode generalizar as indicações acima, e que antes da definição de realizar ou não esta ou outras investigações é fundamental considerar os fatores relacionados a custo-benefício, vantagens, desvantagens e evidências científicas para sua realização. Portanto, somente após a avaliação individualizada de cada caso poderá ser definida a indicação de realização deste exame.

E então, o achou sobre o teste ERA? Já tinha ouvido falar? Caso tenha ficado com dúvidas e queira entender mais sobre este ou outros exames, entre em contato com o CEFERP e agende sua consulta.

Cariótipo usado no aconselhamento genético

O aconselhamento genético (AG) é um processo de conversa e orientação, que trata dos problemas humanos relacionados à ocorrência de doenças genéticas nas famílias; isto é, pacientes em risco de carregarem consigo e/ou terem filhos com doenças hereditárias são assistidos e informados de todas as esferas do problema, desde suas causas, impactos, consequências, até às maneiras de minimizar sua transmissão.

Nesse sentido, cabe enfatizar os aspectos psicológicos desencadeados por essas doenças, pois o estudo das reações emocionais e dos processos de adaptação das pessoas às doenças genéticas é de suma importância para que os impactos psicológicos sejam manejados e as famílias recebam um atendimento mais humanizado, com tomadas de decisões informadas.

Conceito moderno de aconselhamento genético

O AG é uma tentativa de ajudar pacientes e seus familiares a compreender os fatos médicos (diagnóstico, prognóstico e tratamentos), avaliar como a hereditariedade contribui para a doença, entender quais as opções que possuem perante o risco de recorrência, tomar decisões conscientes e apropriadas e, por fim, obter o melhor e mais humanizado resultado possível.

Essa definição evidencia que o AG atua, não apenas na condição clínica, mas sim como facilitador do entendimento da patologia que acomete o indivíduo e/ou a família, suas consequências, quais os sintomas podem ser manifestados das possíveis doenças, entre outros aspectos. Portanto, o aconselhamento genético age para que seja possível fazer um processo de ajuste perante a nova situação a ser vivenciada pela família: a de ter um ou mais membros afetados por uma doença genética. Também, ele aborda a questão relacionada à prole, e quais os riscos de transmissibilidade da condição diagnosticada às futuras gerações.

Portanto, um aspecto muito importante do aconselhamento genético é deixar os indivíduos cientes de que eles precisam informar seus parentes, principalmente cônjuges, de seu status de portadores de uma doença genética ou mutação, e de seus riscos. Desta forma, decisões importantes podem ser tomadas, como considerar a possibilidade de tratamento de reprodução assistida com análise genética embrionária, a fim de afastar algumas dessas alterações.

O que é abordado no aconselhamento genético?

O aconselhamento genético geralmente é feito pelo médico geneticista, mas pode contar também com a participação de biomédico ou biólogo desde que este profissional tenha uma especialização na área de genética médica. Alguns pontos principais podem ser abordados, como por exemplo:

  • o diagnóstico de condições genéticas, através do entendimento de toda história familiar do casal;
  • montagem de heredograma;
  • explicação dos riscos de ocorrência de doenças hereditárias, apresentação de resultados e apontamento de cenários existentes para se realizar um teste genético;
  • orientações quanto à triagem neonatal, anomalias congênitas e alterações cromossômicas, deficiência neurológicas e intelectuais na infância, doenças neurodegenerativas da idade adulta, entre outras situações que contam com avanços laboratoriais e perspectivas de prevenções especializadas.

Resultados do aconselhamento genético

 Graças à evolução do aconselhamento genético, é possível expandir a aplicabilidade do estudo genético embrionário. Desta forma, famílias com histórico de serem portadoras de alguma mutação, ou casais que tenham apresentado filhos anteriores com doenças hereditárias, podem se beneficiar de uma avaliação mais detalhada do caso, com posterior tratamento de reprodução humana a fim de pesquisar tais alterações também nos embriões. Alguns exemplos são pacientes com anemia falciforme, talassemia ou fibrose cística, que após avaliação e aconselhamento, podem ter indicação de realizar tratamento de fertilização in vitro (FIV) com pesquisa de doenças monogênicas (PGT-M), para afastar tais doenças.

Assim, atualmente, é importante que aumente a conscientização quanto à importância do aconselhamento genético. Na suspeita ou diagnóstico de alterações genéticas, é fundamental que as famílias procurem se informar da  quanto ao processo de aconselhamento genético, que pode auxiliar na compreensão da doença, seu seguimento e minimizar seu impacto para as próximas gerações.

Espermatozoides no microscópio

O avanço da medicina trouxe boas notícias para os homens que têm problemas de fertilidade. Por meio de técnicas e procedimentos avançados para obter espermatozoides, ficou mais fácil para os casais conseguirem realizar o sonho de serem pais.

A falta de espermatozoides no sêmen ejaculado, conhecida como azoospermia, atinge cerca de 1-2% dos homens e pode ser causada por diversos fatores genéticos, anatômicos e hormonais, como malformação nos ductos deferentes, vasectomia, dentre outros.

Mas, como falamos no início do texto, há vários procedimentos que permitem obter os espermatozoides cirurgicamente. Continue a leitura para descobrir quais são e para quais casos eles são indicados.

O aparelho reprodutor masculino

Antes de falarmos sobre os tipos de procedimentos, é importante entendermos melhor como funciona o aparelho reprodutor masculino.

Produzidos nos testículos, os espermatozoides (gametas masculinos) são armazenados em estruturas chamadas de epidídimos, local onde amadurecem e ganham mais mobilidade. Por meio da estimulação sexual, os gametas saem pelo ducto deferente até a uretra, onde chega também o sêmen, que é proveniente das vesículas seminais e da próstata. É o sêmen que carregará os espermatozoides e os manterá vivos até o encontro com o óvulo.

A ausência de espermatozoides no sêmen ocorre por variados fatores, que podem estar relacionados à falha na produção, no armazenamento ou na passagem dos gametas.

Exames específicos como o espermograma, por exemplo, detectarão se há realmente a necessidade do paciente se submeter a um procedimento para a obtenção de espermatozoides. Já outros exames como a biopsia, avaliações hormonais, genéticas e o ultrassom ajudam a entender as causas da condição, que pode ser não obstrutiva (quando não há obstrução da passagem dos espermatozoides) ou obstrutiva (quando há um bloqueio que impede a passagem dos gametas).

Tipos de procedimentos para obter espermatozoides

São quatro os principais tipos de procedimentos. Confira um resumo de cada um deles:

  1. Punção do epidídimo (PESA)

O termo PESA é derivativo da expressão em inglês percutaneous epididymal sperm aspiration e o procedimento consiste na punção do epidídimo para aspiração do fluido contendo os espermatozoides.

Com o paciente sedado, o médico urologista aplica diretamente na pele do escroto uma agulha pequena, que penetra até o epidídimo. O fluido encontrado lá é aspirado e depois analisado no laboratório para verificar se há espermatozoides. Caso não haja, será necessária mais de uma punção ou até mesmo outros procedimentos.

O procedimento é indicado para homens que fizeram vasectomia ou homens com azoospermia causada por obstrução dos ductos deferentes, por exemplo.

  1. Punção microcirúrgica (MESA)

O termo MESA vem do inglês microsurgical epididymal sperm aspiration. O procedimento é bastante parecido com o PESA, sendo a maior diferença a utilização de um microscópio que permite selecionar os melhores túbulos do epidídimo para a coleta do material.

Também é um procedimento que pode ser realizado principalmente em casos de azoospermia obstrutiva.

  1. Punção do testículo (TESA)

TESA é um termo que deriva do inglês testicular sperm extraction e é um procedimento que obtém os espermatozoides diretamente dos testículos. Semelhante ao PESA, o procedimento consiste em perfurar a pele do escroto com uma agulha até atingir o testículo para obter o fluido testicular.

O procedimento costuma ser realizado apenas em situações em que os epidídimos não são facilmente acessíveis ou então estão vazios (quando não há sucesso de se obter espermatozoides na PESA).

  1. Microdissecção do testículo (TESE ou micro-TESE)

Do termo em inglês testicular sperm extraction (TESE) e microdissection testicular sperm extraction (micro-TESE).

Em ambos procedimentos, os espermatozoides são obtidos diretamente dos testículos. Assim como nas técnicas citadas acima, o paciente é sedado, e neste procedimento é feita uma incisão no escroto com o objetivo de expor o testículo.

Os melhores túbulos são analisados para a coleta de material, e isso pode ser realizado com (microTESE) ou sem (TESE) o uso de microscópio. Estes procedimentos costumam ser necessários principalmente nos casos de azoospermia não obstrutiva (quando há defeito na produção de espermatozoides), visto que nestes cenários pode ser mais difícil a obtenção de espermatozoides.

Varicocele e vasectomia

Homens com varicocele (dilatação das veias presentes dentro do escroto) e homens que passaram por uma vasectomia também podem precisar realizar procedimentos específicos para obter espermatozoides.

No primeiro caso, o paciente pode ser submetido ao tratamento cirúrgico que consiste em fazer uma análise minuciosa das veias acometidas, possibilitando sua correção. Como a varicocele altera a circulação do testículo, podendo alterar a temperatura e nutrição deste órgão, ela também pode impactar na produção de espermatozoides. Portanto, em alguns casos, com a normalização da circulação do testículo, pode ocorrer melhora nos parâmetros do espermograma. Porém, é importante ressaltar que nem todo diagnóstico de varicocele tem indicação de cirurgia, e antes de propor a cirurgia é fundamental analisar os parâmetros reprodutivos do casal, com objetivo de identificar o melhor tratamento.

Já sobre a vasectomia, procedimento em que é feito um corte na bolsa testicular para impedir a passagem do espermatozoide, dois procedimentos podem ser discutidos para tentativa de gestação após a cirurgia. Um deles é a reversão, porém, alguns fatores, como o tempo de cirurgia, idade da parceira, dentre outros, podem sinalizar maior dificuldade de se obter gestação desta forma. Assim, outra possibilidade nestes casos é a obtenção de espermatozoides através da PESA, para posterior uso dos gametas em um tratamento de fertilização in vitro (FIV). Este último procedimento, quando bem indicado, pode ter chances de sucesso maiores em comparação à reversão.

Percebeu como hoje o sonho da paternidade pode se tornar possível até mesmo para homens que sofrem com azoospermia? Tudo isso graças aos modernos procedimentos para obter espermatozoides, descobertos pela área de reprodução humana assistida.

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Blastocisto

Para que o início da gravidez aconteça, o espermatozoide encontra o óvulo, e assim ocorre a fecundação. Em seguida, o óvulo fertilizado, que agora recebe o nome de zigoto, continua seu desenvolvimento e torna-se um embrião. Ao longo de seu desenvolvimento, o embrião passa por diferentes estágios até se tornar o bebê que toda mamãe sonha segurar no colo.

Um dos estágios, que acontece por volta do quinto dia de desenvolvimento embrionário, é chamado de blastocisto. Esse desenvolvimento acontece tanto na gravidez natural quanto nos tratamentos de reprodução humana.

Além de ser um dos momentos mais fascinantes da reprodução humana, os estágios de desenvolvimento embrionário são muito discutidos e constantemente estudados. Quer entender mais sobre este assunto e por que ele é tão comentado pelas tentantes? Leia o artigo completo para entender o que é blastocisto e sua importância na FIV.

Estágios de desenvolvimento do embrião

No momento em que o óvulo e o espermatozoide se encontram, havendo interação adequada entre estes gametas, inicia-se a fecundação e assim surge o embrião, tanto no útero da mamãe quanto no laboratório de reprodução humana.

O desenvolvimento embrionário em laboratório é contado e nomeado em dias (mas até mesmo algumas horas fazem muita diferença na avaliação embrionária). Na nomenclatura, geralmente utilizamos a letra D (abreviação para dia) + o número de dias de desenvolvimento (exemplo: D3 é um embrião no terceiro dia do desenvolvimento). Tudo se inicia no D0 e pode ir até o D7 (em alguns casos). Mas, enfim, o que são essas etapas e quais suas principais características? Entenda melhor sobre elas abaixo!

– D0: dia do encontro entre óvulo e espermatozoide; no caso da FIV, é o dia em que é feita a coleta de óvulos e de espermatozoides, já que este encontro ocorre algumas horas após a coleta de óvulos. Importante lembrar que em alguns casos, os espermatozoides podem ter sido congelados previamente (como quando é utilizado sêmen de doador, ou casos em que tenha sido necessário congelamento seminal seriado, por exemplo). Nestes cenários, os espermatozoides são descongelados no mesmo dia para se encontrarem com os óvulos;

– D1: é o dia de checar se houve a fertilização do óvulo, ou seja, se realmente houve interação entre os gametas. Isto é possível graças à observação de algumas estruturas, como os pronúcleos e os corpúsculos polares;

– D2: iniciam as divisões celulares (clivagem) e o embrião pode ter em torno de 4 células;

– D3: neste estágio, o embrião tem cerca de 8 células, chamadas de blastômeros. Estas células são iguais, ou seja, indiferenciadas até este momento do desenvolvimento. Os estágios de clivagem (D2 ou D3) são uma das opções para transferência ou congelamento dos embriões;

– D4: geralmente neste momento forma-se a mórula, conforme o embrião aumenta ainda mais seu número de células;

– D5 – D7: momento no qual o embrião chega ao estágio de blastocisto, sendo caracterizado pela presença de uma cavidade em seu interior (a blastocele) e diferenciação entre as células da massa celular externa e massa celular interna.

Portanto, como vimos acima, o blastocisto é um estágio do desenvolvimento, que pode ser atingido do quinto até o sétimo dia de desenvolvimento do embrião. Desta forma, não necessariamente pelo fato de o embrião estar no quinto dia de cultivo haverá formação do blastocisto, podendo ser necessário aguardar um pouco mais para esta evolução completa.

Para ajudar a entender cada um dos estágios de desenvolvimento do embrião, baixe o nosso infográfico, que tem cada uma das etapas ilustradas.

Ainda não existe tecnologia laboratorial que permita o desenvolvimento embrionário após o estágio de blastocisto fora do útero. Então, embriões gerados por meio da fertilização in vitro (FIV), quando atingem este estágio, devem ser transferidos para o útero da futura mamãe ou criopreservados.

Particularidades do blastocisto na FIV

Agora que entendemos melhor o desenvolvimento embrionário no laboratório, podemos abordar alguns pontos específicos relacionados ao blastocisto e seu papel na FIV.

Antes de entrar nestes aspectos, vamos entender de forma resumida um passo a passo sobre a Fertilização in Vitro.

Como é feita a Fertilização in Vitro (FIV)?

A Fertilização in Vitro é um tratamento de reprodução humana no qual são coletados os óvulos da mulher e fertilizados com o espermatozoide dentro do laboratório, por isso o termo in vitro.

As principais etapas deste tratamento são:

  • Estimulação Ovariana Controlada: durante essa etapa a mulher toma medicações que estimulam o crescimento dos folículos (estruturas que armazenam os óvulos), para prepará-los para a captação dos óvulos.
  • Captação dos óvulos: nesta etapa a futura mamãe passa pela coleta dos óocitos, procedimento realizado no centro cirúrgico com sedação leve, sob supervisão de um médico anestesista. A coleta é feita por ultrassonografia transvaginal, com uma agulha fina acoplada a um guia. O procedimento é rápido e a presença do anestesista durante sua realização garante conforto e segurança.
  • Coleta dos espermatozoides: pode acontecer no mesmo dia da captação dos óvulos ou eles podem já estar congelados no laboratório (amostras de sêmen de doador, por exemplo, ou parceiros que tenham realizado procedimentos cirúrgicos para obtenção de espermatozoides previamente).
  • Fertilização in vitro: etapa em que ocorre o encontro propriamente dito dos gametas, óvulos e espermatozoides; no CEFERP, este encontro ocorre através da Super ICSI (injeção intracitoplasmática do espermatozoide, através de microscópio de alta magnificação) e as etapas de desenvolvimento que conhecemos anteriormente se iniciam, sendo este o D0.
  • Transferência embrionária: procedimento para levar os embriões ao útero da mulher. Geralmente, esta etapa é tranquila e indolor, sem necessidade de sedação. É feita através de exame ginecológico e os embriões são depositados gentilmente na cavidade uterina por um cateter flexível, guiado por ultrassonografia abdominal. Caso não seja possível a transferência a fresco (logo após a formação dos embriões), eles são congelados e aguardarão por tempo indeterminado o momento oportuno para transferência.

Alguns cenários podem requerer que os embriões atinjam o estágio de blastocisto e sejam congelados, para transferência apenas em ciclo seguinte. O mais importante destes cenários é quando há a necessidade de biópsia embrionária para estudo genético.

Análise genética do embrião

Para realizar a análise genética, afim de avaliar possíveis alterações genéticas ou gênicas (em genes específicos), é necessário que o embrião atinja o estágio de blastocisto.

Neste estágio o embrião possui diferenciação entre as estruturas que irão gerar a placenta e anexos (massa celular externa) e as que irão gerar o bebê (massa celular interna).

Assim, é possível que a biópsia seja realizada com mais segurança, já que as células são retiradas da massa celular externa, também conhecida como trofoectoderma.

Outro ponto importante é que neste estágio o embrião já tem mais de 100 células. Portanto, é possível obter uma amostragem melhor de células para análise, fazendo com que o resultado seja mais confiável. Entenda mais sobre análise genética neste vídeo, onde nosso Diretor de Laboratórios explica o procedimento.

Diminuição na quantidade de embriões

Outra particularidade em relação ao cultivo de embriões até blastocisto na FIV é a de que se espera que haja menor número de embriões neste estágio. Estima-se que dos embriões em estágio inicial de desenvolvimento, aproximadamente 50-60% poderão chegar a blastocisto.

Porém, é importante ressaltar que essa previsão pode variar devido a múltiplos fatores, como idade da mulher, qualidade morfológica dos embriões, qualidade dos meios e materiais do laboratório, entre outras questões.

Em um primeiro momento, este pode parecer um ponto negativo, mas podemos analisar a diminuição do número de embriões sob outra ótica:

Menos embriões a serem armazenados

De acordo com a última resolução do Conselho Federal de Medicina que rege a Reprodução Humana, os embriões excedentes devem ser criopreservados e não podem ser descartados antes de 3 anos. Portanto, ao realizar um tratamento de FIV, caso o casal não queira manter muitos embriões armazenados, deve-se ter cautela no número de embriões formados.

Desta forma, uma boa estratégia pode ser manter os embriões formados em cultivo até blastocisto, já que se espera uma redução do número total de embriões. Vale ressaltar que os embriões excedentes podem também ser doados para pesquisa ou doados para outro(a) paciente ou casal, respeitando-se algumas condições.

Menor número de transferências

O caminho percorrido em um tratamento de reprodução humana passa por perdas naturais ao longo das etapas envolvidas, o que chamamos de funil da fertilidade. Desde as etapas iniciais, como a contagem de folículos antrais e início da estimulação dos ovários, até o nascimento de bebês, é esperado que haja uma redução gradual, decorrente de limitações reprodutivas próprias de nossa espécie humana.
Funil da Fertilidade

Portanto, este fenômeno também ocorre quando os embriões são mantidos em cultivo até blastocisto, e inclusive é a etapa onde esperamos um dos maiores “estreitamentos” deste funil.

Teoricamente, isto permite maior seletividade dos embriões a serem transferidos. Portanto, havendo menos embriões, consequentemente há menor número de transferências embrionárias. Desta forma, pode ser possível diminuir a dor do negativo, pois não realizamos a transferência de embriões que não chegariam no estágio de blastocisto e possivelmente levariam a um teste de gravidez negativo.

Entretanto, manter embriões em cultivo até este estágio pode também aumentar o risco de cancelamento da transferência, caso nenhum embrião evolua. Em alguns cenários em que é necessário otimizar o desenvolvimento do embrião, é optado por transferi-lo em D2 ou D3, pois por melhores que sejam as condições laboratoriais, o útero tende a ser o melhor ambiente para o desenvolvimento embrionário.

Então é melhor transferir blastocisto?

Depende!

O estágio de desenvolvimento em que o embrião será transferido ao útero é uma decisão muito importante, que deve ser tomada em conjunto entre o casal e a equipe de especialistas (médicos e embriologistas).

Cada estratégia traz vantagens e desvantagens, assim como cada pessoa e casal são únicos em suas histórias e anseios. Portanto, nós do CEFERP consideramos que nunca podemos generalizar definições tão importantes acerca do tratamento.

Dessa forma, em nossa prática clínica entendemos que existem benefícios para ambas as estratégias, e fizemos um texto só para auxiliar neste entendimento, você pode acessá-lo aqui.

Assim como sua história é única, seu tratamento e inclusive esta decisão também devem ser, para que seja possível um caminho mais transparente e seguro rumo ao nascimento do bebê!

Conseguiu entender o que é o blastocisto? Ficaram claras algumas de suas particularidades no tratamento e na gestação? Saiba mais sobre os tratamentos e taxas de sucesso em nosso ebook.

Mulher olhando para o lado com lenço na cabeça como uma pessoa que luta contra o câncers, endo abraçada por sua mãe.

Entender a relação entre o câncer e a infertilidade é fundamental para entender também a importância de adotar as medidas mais adequadas à tentativa de assegurar uma gestação futura, após ter realizado algum tipo de tratamento contra o câncer. Vale destacar que há, sim, muitas possibilidades de engravidar, desde que a mulher tenha orientações adequadas e acompanhamento especializado com profissionais de medicina reprodutiva.

Nesse contexto, a proposta deste artigo é explicar por que pode ocorrer a infertilidade após esse cenário. Veja, ainda, quais são os fatores que precisam ser considerados, as causas que mais influenciam essa condição e as soluções mais viáveis para alcançar uma gravidez de sucesso. Boa leitura!

Por que pode ocorrer infertilidade após um tratamento de câncer?

Às vezes, o tipo de tratamento indicado para o caso pode interferir na possibilidade de engravidar no futuro. Essa redução da capacidade de conseguir uma gestação saudável e segura ocorre por diferentes razões.

Além disso, o grau de reversão do problema depende do caso. Ou seja, a infertilidade após o tratamento do câncer pode afetar homens e mulheres em diferentes graus, desde mais brandos até mais severos. Isso também interfere nas chances de gestação espontânea após o tratamento e liberação para gravidez.

Os fatores que levam a essa interferência na fertilidade podem ser devidos à própria cirurgia, como, por exemplo, necessidade de retirada de parte ou todo o testículo ou ovário, nos casos de câncer que acometa diretamente o sistema reprodutor. Porém, mesmo nos casos de câncer em outros órgãos ou localizações, um fator importante que também afeta o potencial reprodutivo é a realização de quimioterapia ou radioterapia, principalmente na região pélvica.

Essas terapias podem prejudicar a fertilidade porque, no caso da quimioterapia, as medicações utilizadas são potencialmente tóxicas aos ovários e levam a prejuízo na reserva ovariana da mulher. Esse dano pode ser variável a depender do quimioterápico utilizado, da idade da mulher e do tempo de tratamento, entre outros fatores. Já a radioterapia, principalmente na região pélvica, também pode interferir na reserva ovariana e nos órgãos reprodutivos devido ao efeito local da radiação. Por isso, esse tratamento também pode afetar as estruturas germinativas e reduzir a capacidade de reprodução.

Quando ocorre dano aos ovários, devemos lembrar também que além da fertilidade ser comprometida, pode haver comprometimento da produção hormonal desses órgãos. Com isso, podem surgir sintomas devidos principalmente à deficiência de estrogênio, o que a coloca em uma condição semelhante à que acontece na menopausa.

Abaixo, vamos entender melhor os danos relacionados aos tratamentos citados!

Radioterapia

Na radioterapia, o processo que prejudica a fertilidade se dá quando a radiação alcança também a região pélvica. Como o procedimento de radioterapia precisa abranger a margem de segurança, outras estruturas envolvidas na gestação também podem ser comprometidas durante uma terapia para tratar câncer de útero, por exemplo.

Quimioterapia

Já na quimioterapia, há o risco de afetar diretamente as estruturas responsáveis pelos mecanismos ligados à função hormonal e reprodutiva das gônadas (ovários ou testículos). O próprio mecanismo de ação das medicações usadas nas terapias quimioterápicas danifica os folículos ovarianos e também os óvulos.

Enquanto os óvulos são as células que serão fecundadas pelo espermatozoide, os folículos são as estruturas responsáveis por armazenar esses óvulos, e têm a função de produzir os hormônios sexuais. Porém, quando esses órgãos e estruturas são afetados pelo tratamento contra os tumores, não só a reserva ovariana pode ser danificada, mas também a capacidade de produção hormonal dos ovários, levando a diversos mecanismos cuja consequência é a diminuição das chances de gravidez.

Essas são alguns exemplos de como os tratamentos oncológicos podem afetar a capacidade reprodutiva.

Portanto, a relação entre câncer e infertilidade precisa ser considerada sob um contexto mais amplo. Os casais que pretendem ter filhos, mas que um dos cônjuges recebeu um diagnóstico de câncer, ou mesmo pacientes ainda sem parceiro ou parceira mas que tenham sonho de ter filhos no futuro devem buscar, paralelamente ao tratamento de câncer, orientações com um especialista em medicina reprodutiva.

Como esse é um tema que precisa ser cada vez mais discutido, garantindo acesso a informações de qualidade para pacientes que se encaixem nessas situações, nós do CEFERP criamos uma campanha voltada exclusivamente para a importância de se atentar à fertilidade e os possíveis fatores que possam levar à sua redução. Para saber mais sobre isso, conheça o nosso Bikezoide.

Afinal, a adoção de técnicas específicas para preservação da fertilidade constitui um importante aliado dos planos de aumentar a família no futuro, tentando evitar possíveis danos psicológicos e emocionais causados pelo diagnóstico da infertilidade.

Como solucionar problemas relacionados ao câncer e infertilidade?

Listamos algumas alternativas que podem ser utilizadas como estratégias para reduzir os impactos do tratamento de câncer na fertilidade. Confira!

Congelamento de óvulos

Nesse tipo de técnica, a paciente é submetida a uma estimulação ovariana como ocorre na fertilização in vitro. A particularidade da estimulação nesses casos é que, para otimizar o tempo de tratamento, ela pode se iniciar a qualquer momento, não sendo necessário aguardar a menstruação. Outra particularidade é que, a depender do tipo de câncer, medicações podem ser associadas à estimulação como forma de proteção da paciente. Após a estimulação, é feita a coleta de óvulos, e os óvulos maduros serão congelados por tempo indeterminado. Geralmente, surge aqui a dúvida de muitas pacientes quanto ao risco de atrasar o tratamento. Porém, na maior parte dos casos, como a estimulação pode se iniciar em qualquer fase do ciclo, o tempo de estimulação até a coleta de óvulos é o mesmo que seria necessário para realizar exames pré-operatórios ou pré-quimioterapia, por exemplo.

Congelamento de sêmen

Assim como as mulheres podem armazenar seus gametas previamente a um tratamento oncológico, os homens podem recorrer ao congelamento dos espermatozoides. O procedimento é rápido e simples, geralmente sem exigir preparo prévio. É realizada uma coleta de sêmen por meio de masturbação e o material obtido é avaliado no laboratório para congelamento. A critério do laboratório e qualidade do material obtido, pode ser necessária mais de uma coleta para garantir maior quantidade de espermatozoides viáveis no futuro.

Congelamento de embriões

Para realizar o congelamento de embriões, o procedimento é muito semelhante aos anteriores, já que a mulher realiza a estimulação ovariana e coleta dos óvulos, e o homem realiza a coleta dos espermatozoides. Por meio da técnica de fertilização in vitro (FIV), os gametas se encontram no laboratório e é possível congelar embriões para utilizar posteriormente, já que eles também podem permanecer congelados por um período indeterminado.

Essas técnicas citadas permitem que o paciente ou casal armazene gametas ou embriões previamente ao tratamento oncológico. Assim, caso haja dano ao potencial reprodutivo em consequência de cirurgia, quimioterapia ou radioterapia, o material congelado e armazenado previamente fica disponível por tempo indeterminado para uso no futuro.

Com o aumento dos casos de câncer em pacientes em idade reprodutiva e, principalmente, o aumento da sobrevida desses pacientes devido aos avanços diagnósticos e terapêuticos, é cada vez mais fundamental uma abordagem completa quanto ao potencial reprodutivo desses pacientes durante e após o tratamento. Pensando nisso, nossa equipe buscou muitos estudos em oncofertilidade e publicou um trabalho em uma grande revista científica sobre o tema. Confira aqui.

Como você pôde perceber, existem alternativas para tentar minimizar os efeitos nocivos da relação entre câncer e infertilidade e, assim, aumentar as chances de conseguir uma gravidez de sucesso. Porém, para maior segurança nesses procedimentos, é necessário buscar ajuda especializada em instituições experientes e com boa referência em tratamentos de reprodução assistida.

Esperamos ter conseguido esclarecer suas dúvidas sobre a relação entre câncer e infertilidade. Então, que tal assinar a nossa newsletter e receber mais conteúdos como este em seu e-mail?

fertilização in vitro para casais homoafetivos

O sonho de muitos casais, independentemente de sua identidade de gênero, é ter uma família biológica. No passado, isso era uma barreira para algumas pessoas, mas, atualmente, com o avanço das técnicas de medicina reprodutiva e a modernização da legislação, a fertilização in vitro para casais homoafetivos já é uma realidade.

Esse é um avanço importante, não apenas do ponto de vista médico, mas também social. Afinal, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no final de 2019, houve um aumento de 61,7% do número de casamentos entre pessoas do mesmo sexo em 2018, na comparação com o ano anterior.

Essa informação é bastante relevante, uma vez que demonstra a redução do preconceito acerca das uniões homoafetivas. Casais de pessoas do mesmo gênero já se tornaram comuns e aceitos, e o desejo de gerar filhos biológicos passou a ser uma consequência natural disso.

Hoje, a medicina reprodutiva oferece alternativas que viabilizam a concretização do desejo dessas pessoas em terem uma família, com descendentes biológicos. Quer saber mais? Então, continue a leitura de nosso post!

Entenda o que é a gravidez homoafetiva

Quando um casal formado por pessoas do mesmo sexo biológico deseja ter um filho, existem algumas possibilidades. Uma delas é a adoção, que, além de depender de decisões legais e demandar paciência e resiliência por parte do casal, que precisa passar por um longo processo, nem sempre atende ao desejo legítimo de ter descendentes com os mesmos genes e características.

Porém, a boa notícia é que existem algumas alternativas para que esses casais consigam ter filhos biológicos. Confira!

Casais homoafetivos femininos

No caso de um casal homoafetivo feminino, normalmente uma das mulheres gera um embrião formado com material genético de uma delas, unido a um espermatozoide de um doador anônimo.

Existem desde possibilidades menos complexas, como a inseminação artificial, mas também a possibilidade de um procedimento um pouco mais complexo, no qual uma das parceiras gera o bebê formado com o material genético da outra.

Nessa situação, as duas mulheres recebem estímulos hormonais, uma para preparar para a coleta dos óvulos, e a outra para preparar o endométrio para receber os embriões. Os óvulos de uma delas são retirados e submetidos à fertilização in vitro, com sêmen de um doador anônimo.

O embrião formado é implantado no útero da parceira. Importante orientar que o procedimento pode ser dessa forma, mas também a mesma parceira pode fornecer os óvulos e gestar na sequência. Tudo depende da individualidade do casal e do planejamento feito, sempre em conjunto com um médico especialista em reprodução assistida.

Vale destacar que a gravidez homoafetiva não é somente um sonho, mas sim um direito para os casais do mesmo sexo, estabelecido claramente pelas resoluções do Conselho Federal de Medicina relacionadas à reprodução assistida, desde 2013.

Casais homoafetivos masculinos

Quando se trata de um casal homoafetivo masculino, os procedimentos são um pouco mais complexos (o que não significa de forma alguma que seja impossível), pois dependem de uma mulher para ser viabilizada a ocorrência da gestação.

Essa terceira pessoa, que gestará a criança oferecendo o chamado “útero de substituição”, de acordo com a regulamentação atual, precisa ser uma parente do casal. O grau de parentesco deve ser de até quarto grau. Ou seja, a mulher deve ser mãe, filha, avó, irmã, tia, sobrinha ou prima de um dos membros do casal masculino.

Nesse caso, ocorre a implantação de um embrião no útero feminino, formado por um óvulo de doadora anônima, fertilizado pelo gameta masculino de um dos homens parceiros.

Saiba mais sobre a fertilização in vitro

A fertilização in vitro (FIV) é um procedimento seguro, que viabiliza a gestação em diversos casos de infertilidade, quando um dos (ou ambos) parceiros apresentam dificuldades que impeçam ou limitem a concepção natural, e também quando se trata de casais homoafetivos.

O procedimento da fertilização in vitro em si pode ser feito por meio de três técnicas distintas:

  • na FIV tradicional ou clássica, os óvulos e os espermatozoides são colocados em uma placa e a fecundação acontece de forma aleatória, ou seja, não existe uma seleção prévia dos gametas;
  • outro procedimento muito utilizado é a injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI). Nesse caso, é feita uma seleção prévia do espermatozoide, que é injetado diretamente no óvulo, por meio de uma agulha extremamente fina, com o auxílio de um microscópio;
  • a técnica conhecida como Super ICSI ou ICSI magnificada utiliza equipamentos que permitem uma melhor visualização dos espermatozoides, aumentando o grau de detalhes e o rigor na seleção do espermatozoide para o procedimento. Para exemplificar, enquanto na ICSI convencional as células são ampliadas cerca de 400 vezes, na Super ICSI esse aumento é maior que 6,3 mil vezes.

Na fertilização in vitro é necessário que, inicialmente, a mulher (que fornecerá os óvulos, seja ela integrante do casal, seja doadora anônima) passe por um processo de estimulação hormonal, para o crescimento dos folículos e amadurecimento dos óvulos, preparando-os assim para o momento da coleta.

Essa mulher precisa fazer acompanhamento ultrassonográfico, que verifica o crescimento dos folículos e determina o momento certo de coleta, que é feita por ultrassonografia transvaginal, utilizando uma agulha fina, introduzida por um guia através do ultrassom, em um procedimento totalmente indolor, já que é feito sob sedação, na presença de um médico anestesista. Paralelamente, os gametas do parceiro (ou doador) são coletados ou descongelados caso tenham sido obtidos previamente.

O passo seguinte é a fertilização do óvulo. No caso da ICSI, um único espermatozoide é injetado diretamente no óvulo. Após cerca de 24 horas, é possível confirmar se ocorreu a fertilização e, portanto, se houve o início do desenvolvimento embrionário.

Dois a três dias após a coleta dos óvulos, depois de confirmado o desenvolvimento do embrião, é feita a sua transferência para o útero da mulher que vai gestar a criança. Essa transferência também é um procedimento indolor, que não demanda a necessidade de anestesia.

Depois de 14 dias, a gestação pode ser confirmada, por meio de exames laboratoriais. Em muitas situações, pode ser necessário realizar o congelamento dos embriões para, apenas após esse processo, iniciar o preparo do útero para a transferência.

Nos casais homoafetivos masculinos, por exemplo, geralmente é necessário congelar os embriões, visto que nem sempre é possível sincronizar a coleta de óvulos da doadora anônima com o preparo endometrial da paciente que irá ceder o útero. Situação semelhante ocorre nos casos homoafetivos femininos em que uma das parceiras fornecerá os óvulos e a outra irá gestar. Como as fases do ciclo das duas podem ser diferentes, o mais comum é que seja necessário congelar os embriões para, em seguida, iniciar o preparo do endométrio da parceira que irá gestar.

A taxa de sucesso desse procedimento depende de vários fatores, como a idade (principalmente da mulher que fornece os óvulos), a qualidade dos óvulos, as características dos espermatozoides e também características dos embriões.

Confira o que diz a regulamentação para os casos de fertilização in vitro para casais homoafetivos

Como já explicamos, quando se trata de casais masculinos, a resolução exige que a doação do óvulo seja anônima e o útero solidário seja de uma mulher com parentesco de até quarto grau com um dos pais. A idade máxima recomendada na última Resolução do CFM para essa mulher é de 50 anos. Já a doadora dos óvulos deve ter, no máximo, 37 anos, além de não ter doenças hereditárias e ser saudável.

Caso o casal não tenha uma doadora de útero que se enquadre nas regras de parentesco, é necessário solicitar avaliação para possível autorização ao Conselho Federal de Medicina, e o tratamento só poderá ocorrer caso esse órgão autorize. Importante frisar que de toda forma, a cessão temporária do útero não pode ter caráter lucrativo ou comercial, ou seja, o casal não pode pagar a mulher por tal ato.

Para os casais femininos, o procedimento (FIV) é semelhante. No caso, no entanto, há ainda a possibilidade de gestação compartilhada, quando uma das parceiras gera o bebê concebido com o óvulo da outra. Conforme critério médico, é possível, inclusive, que seja feita coleta dos óvulos das duas mães para posterior formação de embriões.

No Brasil, a legislação já prevê o registro de crianças geradas por reprodução assistida, o que permite incluir os nomes dos pais de mesmo gênero. Assim, a fertilização in vitro para casais homoafetivos garante que todos possam exercer os direitos reprodutivos, independentemente de orientação de gênero.

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