Espermograma: deixe o preconceito de lado e faça logo o seu

Espermograma: deixe o preconceito de lado e faça logo o seu

Espermograma: deixe o preconceito de lado e faça logo o seu

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A avaliação da fertilidade é um passo fundamental para casais que não tiveram o tão esperado positivo. O tempo de espera para a chegada espontânea da gestação depende da idade da mulher e da presença de doenças que possam diminuir a fertilidade do casal. No entanto, os homens também podem apresentar determinado problema que influencia negativamente na fertilidade. Por isso, é indicada a realização do espermograma.

Nessa hora, é importante deixar preconceitos de lado e partir para o ataque! Muitos confundem a dificuldade para ter filhos com potência sexual! E estes dois aspectos são completamente diferentes: um casal pode ter relações sexuais diariamente e apresentar infertilidade, enquanto outro casal pode ter uma relação sexual/semana e engravidar facilmente. Elaboramos este post com dicas imperdíveis para os futuros papais. Confira!

O que é o espermograma?

O espermograma é um exame realizado para avaliar o potencial reprodutivo masculino através da contagem de espermatozoides e análise de algumas características destes gametas. O sêmen é coletado por masturbação e, após alguns minutos, uma amostra seminal é avaliada no microscópio.

Diversos parâmetros são analisados: volume seminal ejaculado, total de espermatozoides, concentração de espermatozoides/ml, motilidade (% de espermatozoides que tem movimentação ou não), vitalidade (% espermatozoides vivos), morfologia (avalia o formato dos espermatozoides), pH, cor, presença de leucócitos, viscosidade, entre outros. A partir de 2010, a Organização Mundial da Saúde (OMS) padronizou o resultado do espermograma conforme a tabela abaixo.

espermograma

Para a coleta do exame, é indicado que o homem fique de abstinência sexual entre dois a cinco dias, inclusive sem masturbação. A coleta é realizada em espaço reservado da clínica, mas em alguns casos pode ser realizada na residência. Nesse último caso, o material ejaculado deve ser enviado ao laboratório em um prazo de até trinta minutos para manter a qualidade do resultado do exame.

Quando a coleta é realizada na clínica ou em laboratório específico, o homem fica em uma sala reservada com cadeira confortável. Nesse ambiente, há revistas e/ou vídeos para auxiliar a excitação e a masturbação. O ideal é que o ambiente seja tranquilo, permita privacidade e a entrada de um acompanhante se for o desejo do homem.

A coleta é feita em um frasco com “boca larga” (semelhante ao frasco de coleta de urina) que será colocado em uma janela que tem comunicação com o laboratório de andrologia, evitando possíveis constrangimentos. Vale lembrar que não é necessário encher o frasco, pois segundo a OMS, volume acima de 1,5 ml já é considerado normal. O que é a capacitação espermática?

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Antes de entender o que é esse tipo de exame, é necessário conhecer o caminho que o espermatozoide percorre para fecundar o óvulo na trompa. Durante a fase ovulatória, na região inferior do útero (colo), ocorre a produção de uma substância rica em enzimas, o muco cervical. Durante o período fértil muitas mulheres têm percepção do muco, o qual tem dupla função:

  • é responsável pela interação com o espermatozoide e romper a membrana externa desse gameta. Se a qualidade reprodutiva do espermatozoide é adequada, ele sobrevive e pode fecundar o óvulo, caso contrário, o espermatozoide perde sua capacidade reprodutiva e não consegue fecundar o óvulo. Desse modo, o muco cervical tem a função de selecionar os espermatozoides de melhor qualidade reprodutiva para a fecundação ( a esse processo, denomina-se capacitação espermática;
  • após a capacitação espermática (também conhecida por recuperação espermática), o muco facilita a motilidade dos melhores espermatozoides, o que contribui para a ascensão deste gameta até a trompa para a fertilização. Por isso, de todos os parâmetros avaliados no espermograma, a quantidade de espermatozoides móveis é o fator mais importante para o estudo do potencial reprodutivo masculino.

A capacitação espermática nada mais é do que um tipo específico de espermograma que tenta imitar o que ocorreria no corpo da mulher durante a interação do espermatozoide com o muco do período fértil. Todo tratamento de reprodução assistida (fertilização in vitro, inseminação artificial, injeção intracitoplasmática do espermatozoide) utiliza os espermatozoides após a realização da capacitação espermática (exceto nos casos de alterações muito graves do espermograma). Esse exame deve ser solicitado apenas se o espermograma convencional estiver com alterações.

Para o homem, o procedimento não muda nada e a coleta é realizada por masturbação. No laboratório, inicialmente é realizado um espermograma convencional — após, uma amostra é processada e é realizada uma nova leitura da quantidade de espermatozoides. Por meio da avaliação feminina e com base nessa segunda leitura dos espermatozoides recuperados, pode-se definir o tratamento da infertilidade.

Além do espermograma, existem outros exames para a avaliação masculina da infertilidade? O espermograma e a capacitação espermática (apenas se espermograma inicial alterado) são os exames mais realizados para a avaliação da fertilidade masculina. Entretanto, nos casos de redução grave da quantidade de espermatozoides, outros exames podem ser considerados:

  • exames hormonais – a avaliação do eixo reprodutivo pela dosagem do FSH, estradiol, testosterona, prolactina podem auxiliar na investigação dos casos de oligozoospermia (concentração reduzida de espermatozoides) ≤ 5 milhões/ml;
  • ultrassonografia testicular – permite avaliar o volume testicular, verificar a presença de varizes (varicocele) na bolsa escrotal, avaliar a presença dos ductos deferentes, etc.;
  • cariótipo – nos casos de azoospermia (ausência de espermatozoides no ejaculado) ou oligozoospermia ≤ 1-2 milhões/ml, é necessário afastar causas genéticas;
  • pesquisa microdeleção do cromossomo Y – exame solicitado na presença de azoospermia não obstrutiva (quando a anatomia dos órgãos genitais masculino é normal);
  • pesquisa da mutação do gene da fibrose cística – solicitada quando ocorrer a azoospermia obstrutiva por falta de uma estrutura chamada canal deferente. Nesses casos, a produção de gametas está normal, mas não ocorre sua saída devido a obstrução entre o testículo e a uretra;
  • fragmentação do DNA espermático – avalia se há algo de errado com o patrimônio genético (DNA) do espermatozoide. Quanto maior a taxa de fragmentação, menor o potencial reprodutivo. Como o resultado não muda a conduta, esse exame não deve ser solicitado de rotina.

Como quebrar preconceitos?

A realização do espermograma é uma atitude que deveria ser natural por parte dos homens, mas ainda existem muitos preconceitos e estigmas em torno do exame porque muitos confundem função sexual e masculinidade com o potencial reprodutivo. Um homem pode ter várias relações sexuais/semana e ter infertilidade, enquanto existem pessoas com baixa frequência sexual do ponto de vista reprodutivo (1x/semana ou a cada 15 dias) sem dificuldade para engravidar. Veja em quais momentos a busca deve acontecer:

  • quando a mulher tem menos de 35 anos e o bebê não chega dentro de 01 ano de tentativa, é hora de procurar um especialista;
  • para mulheres com 35 anos ou mais, a busca por ajuda deve ocorrer após seis meses de relações sexuais regulares sem a tão sonhada gravidez. Este tempo de espera também deve ser considerado para mulheres com doenças que reduzam a fertilidade (endometriose, síndrome dos ovários policísticos, obstrução tubária unilateral, etc) ou homens com alterações leves no espermograma.

Há poucos meses, a American Society for Reproductive Medicine (ASRM) sugere que a investigação das possíveis causas da infertilidade seja imediata para as mulheres com 40 anos ou mais. Essa orientação também se aplica para homens vasectomizados, mulheres que fizeram laqueadura tubária ou quando o espermograma não demonstra espermatozoides (azoospermia).

A avaliação da infertilidade deve incluir a abordagem do casal. Aproximadamente um terço das causas são representados por problemas masculinos, um terço por alterações femininas e em um terço, o comprometimento da fertilidade ocorre em ambos os parceiros. Apesar da história clínica auxiliar na investigação dos problemas da fertilidade no homem, o espermograma é o principal exame realizado para avaliar o potencial reprodutivo masculino.

Na verdade, o que a parceira deseja é companheirismo e colaboração. A investigação da infertilidade exige muito mais da mulher (elas tem que fazer mais exames e, geralmente, necessitarão utilizar hormônios para engravidar). Entretanto, sem o espermograma o processo pode ficar travado e isso pode gerar angústia e sofrimento. Se o homem fizer a sua parte, a jornada pode ser leve, reduzir conflitos e aumentar a união entre o casal.

Quanto maior for a colaboração masculina, mais fortalecidos estarão os laços afetivos. Quer saber mais sobre esse assunto? Aproveite e baixe o nosso e-book!

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Prof. Dr. Anderson Sanches de Melo

Médico especialista em Reprodução Humana pelo Hospital das Clínicas da HC FMRP-USP. CRM-SP 104.975
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