Entenda quais são as possíveis causas e tratamentos da Síndrome do Folículo Vazio

Entenda quais são as possíveis causas e tratamentos da Síndrome do Folículo Vazio

Entenda quais são as possíveis causas e tratamentos da Síndrome do Folículo Vazio

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Muitas podem ser as dúvidas dos casais que estão tentando engravidar. Assim que a decisão é tomada, é normal que um misto de sentimentos venham à tona. Afinal, onde buscar informações? E se a gravidez não ocorrer naturalmente?

Além disso, se as tentativas de fertilização in vitro começarem a falhar? Alguns fatores podem contribuir para o insucesso de um tratamento de fertilização in vitro, e um deles é a síndrome do folículo vazio, uma condição infrequente, mas que pode estar associada a frustrações durante o tratamento.

Os tratamentos de reprodução assistida vem se aprimorando cada dia mais para auxiliar casais com dificuldades para engravidar por meios naturais. Entretanto, é importante contar com profissionais especializados para que qualquer problema capaz de interferir no sucesso do tratamento seja identificado e contornado adequadamente.

Se você deseja entender melhor o que é a síndrome do folículo vazio, continue lendo, pois esse é o assunto do nosso artigo de hoje.

Afinal, o que é a síndrome do folículo vazio?

Primeiramente, para entendermos esta síndrome, vamos entender de forma resumida o ciclo menstrual da mulher. Todos os meses, o organismo da mulher passa por alguns processos naturais, que resultam na ovulação e posterior menstruação caso não haja gravidez. O ovário contém estruturas denominadas folículos, que contém fluido folicular e o óvulo em seu interior.

É importante mencionarmos que cada folículo pode conter um ou nenhum óvulo, e que em folículos em estágios iniciais, o óvulo encontra-se fixo à parede. Em um ciclo menstrual normal, um dos folículos ovarianos se torna dominante (cresce mais que os demais), amadurecendo o óvulo em seu interior, culminando na ovulação. Os processos que desencadeiam a ovulação estimulam que o óvulo se solte da parede do folículo, podendo com isso estar disponível para ser liberado na ovulação.

Durante esse preparo do folículo para a ovulação, o endométrio (camada que reveste o interior do útero) se torna mais espesso, para receber o possível embrião após a ovulação. Caso não aconteça a fecundação do óvulo por um espermatozoide, todo esse material do endométrio descama em forma de menstruação.

Para que a gravidez ocorra, é necessário que haja, pelo menos, um óvulo maduro, que ocorra a fecundação e que haja condições para que o embrião formado por essa junção se fixe na parede uterina. As dificuldades para engravidar, portanto, podem se dar por vários fatores, sendo importante sua devida investigação e proposta de tratamento adequado após.

Diante disso, a fertilização in vitro (FIV) apresenta-se como uma possibilidade de tratamento em reprodução humana. Nesse tipo de tratamento, a fecundação propriamente dita, o encontro do óvulo com o espermatozoide, ocorre em laboratório. Uma vez obtido, o embrião é transferido para o útero da paciente.

Para que haja melhores chances de sucesso em um tratamento de fertilização, com possibilidade de formação de mais embriões em um único ciclo de FIV, a primeira fase do tratamento é a estimulação dos ovários com medicações hormonais. Essa etapa tem o objetivo de estimular o crescimento dos folículos para o amadurecimento de mais óvulos em um mesmo ciclo.

Durante a estimulação, a mulher passa por alguns exames de ultrassom transvaginal para monitorar o crescimento dos folículos. Por meio desse acompanhamento, presume-se que esteja ocorrendo o devido amadurecimento dos óvulos para a coleta. Porém, como estas estruturas (os óvulos) não são visíveis ao ultrassom, não é possível ter certeza de quais folículos realmente contém óvulos em seu interior.

Após o devido crescimento dos folículos, é utilizada uma medicação final na estimulação para simular o que ocorre em um ciclo espontâneo, o pico ovulatório, que induz os óvulos a se soltarem da parede dos folículos. Dessa forma, quando é feita a coleta de óvulos, espera-se que estes estejam disponíveis no fluido (líquido) folicular para a aspiração.

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A síndrome do folículo vazio é determinada quando, embora possa ser observada resposta ovariana à estimulação e crescimento de um ou mais folículos, estes não fornecem óvulos no momento da coleta, o que impossibilita o prosseguimento do processo de fertilização.

Quais são as causas da síndrome do folículo vazio?

A síndrome do folículo vazio ainda é um evento não conhecido no universo da reprodução humana. Várias hipóteses são aventadas, e dentre as principais, podemos citar:

  • uso inadequado da medicação final da estimulação ovariana: geralmente, é necessário um prazo médio entre a administração da medicação final e a coleta dos óvulos, período no qual a finalização da maturação oocitária permite que o óvulo se solte da parede do folículo. Caso a medicação seja administrada de forma errada (com um intervalo menor de tempo, geralmente), isso poderá afetar a disponibilidade dos óvulos para coleta;
  • metabolização inadequada da medicação final da estimulação: alguns estudos sugerem que algumas pacientes podem necessitar de um tempo maior entre a administração da medicação final e a coleta de óvulos, para que o processo de desprendimento do óvulo da parede folicular ocorra;
  • alterações na foliculogênese (geração dos folículos), que possam levar a atresia (degeneração) precoce dos óvulos;
  • alterações no lote das medicações utilizadas, sugerindo efeito inadequado delas, entre outras hipóteses.

Importante ressaltarmos, portanto, que o mecanismo exato ainda é incerto. Porém, o uso adequado da medicação final (trigger) é essencial para o sucesso da coleta de óvulos.

Como a síndrome é diagnosticada?

Diante da dificuldade para engravidar, é importante procurar uma clínica especializada em reprodução humana para avaliar os possíveis problemas. Uma das principais avaliações a serem realizadas é conhecer a reserva ovariana da mulher, pois esse dado serve de marcador importante para o potencial de resposta ovariana à estimulação, e pode ajudar a predizer o risco de ausência de óvulos no momento da coleta.

O diagnóstico da síndrome do folículo vazio se dá no momento da punção folicular, quando não são obtidos óvulos no procedimento, mesmo visualizando-se folículos a serem puncionados. Portanto, geralmente na síndrome do folículo vazio, ocorre o crescimento dos folículos durante a estimulação ovariana e os ultrassons de monitorização, porém, no momento da punção, não são obtidos óvulos de seu interior.

Qual é o melhor tratamento?

O primeiro passo para avaliar o tratamento da síndrome do folículo vazio é checar se o uso da medicação final da estimulação ovariana foi correto. Isto porque, em grande parte das vezes em que não são obtidos óvulos no procedimento, isso ocorre devido ao uso inadequado da medicação final (trigger). É importante também que seja feita uma análise detalhada de todo o caso, para avaliar necessidade de investigações complementares que possam mudar a conduta de estimulação em um próximo ciclo.

Uma das estratégias para tentar contornar a síndrome do folículo vazio é o duo trigger (duplo gatilho, em tradução livre). Já que uma das possibilidades da ocorrência da síndrome do folículo vazio é a de metabolização inadequada da medicação final, a adoção da estratégia de duo trigger permite uma tentativa de utilizar duas vias hormonais diferentes para a maturação final dos óvulos.

Nos casos em que esta conduta for adotada, a fase final de administração de medicamentos contará com dois aliados, o agonista do GnRH e a gonadotrofina coriônica humana (hCG). Essas substâncias servem para disparar a ovulação, daí o nome “duplo gatilho”. Em condições normais, geralmente apenas uma das substâncias é administrada.

Isso não significa, contudo, que o duplo trigger não possa ser utilizado também em outras situações. Porém, é importante avaliar os riscos e benefícios da estratégia. Por exemplo, para mulheres que apresentam vários folículos em desenvolvimento, ou que são portadoras da síndrome dos ovários policísticos, ou que possuam qualquer outro fator de risco para a síndrome do hiperestímulo ovariano, esta estratégia deve ser avaliada com muita cautela, pelo potencial aumento do risco de hiperestímulo ovariano decorrente da administração de hCG.

Vale lembrar, também, que o tratamento adequado será definido a partir de uma análise individual da paciente. Quando o assunto é reprodução assistida, não há uma única conduta que deva ser aplicada de forma geral. Assim como a dificuldade para engravidar por meios naturais sugere análise, tentativas de FIV sem sucesso podem indicar que a paciente precisa de uma avaliação mais detalhada.

Justamente por essa razão, é muito importante procurar uma clínica especializada em reprodução humana e contar com profissionais competentes para uma avaliação completa dos seus exames e histórico. Esses fatores são primordiais para a escolha do melhor tratamento e dos ajustes necessários ao longo do processo.

Por fim, não se lamente por uma tentativa que não deu certo! Motive-se a procurar alternativas que possam levá-la a resultados melhores da próxima vez. A síndrome do folículo vazio não é algo comum; ocorre apenas em um pequeno número de pacientes. Por isso, antes de concluir que esse é o seu caso, lembre-se de ser avaliada de perto por profissionais competentes, que saberão como agir nessas situações.

Gostou da leitura? Se você está tentando engravidar e quer saber mais sobre os meios de reprodução assistida, entre agora em contato conosco e conheça nosso trabalho!

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Dra. Camilla Vidal

Médica ginecologista com especialização em Reprodução Humana na HCFMRP – USP. CRM-SP 164.436
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