Arquivo do Autor

mm

Dra. Camilla Vidal

Médica ginecologista com especialização em Reprodução Humana na HCFMRP – USP. CRM-SP 164.436
varicocele

Você e seu companheiro estão enfrentando dificuldades para engravidar? Saiba que existem várias questões que podem interferir, tanto na infertilidade masculina quanto na feminina. Um problema comum, que afeta muitos homens e pode causar infertilidade é a varicocele.

A doença, que causa a dilatação dos vasos venosos responsáveis por drenar o sangue que chega aos testículos, pode estará relacionada à redução das chances de gravidez de um casal. Porém, nem sempre quem apresenta o problema enfrenta dificuldades para obter a gestação de forma espontânea.

De qualquer forma, vale a pena investigar. Em grande parte dos casos, a varicocele pode ser diagnosticada em um exame clínico simples. Embora a sua correção cirúrgica não seja uma garantia de que a parceira engravidará, é importante destacar que as chances podem aumentar. Quer saber mais sobre esse problema e como revertê-lo? Então, acompanhe nosso post!

Entenda o que é a varicocele

O sangue que chega aos testículos pelas artérias testiculares precisa ser drenado, o que acontece por outros tipos de vasos, que são as veias. Quando isso não ocorre de maneira correta, a circulação sanguínea no local é prejudicada, favorecendo o surgimento de problemas nos vasos localizados junto aos testículos, especialmente do lado esquerdo devido a fatores anatômicos da vascularização.

A varicocele é causada pelo mesmo tipo de problema que leva à formação de varizes. No entanto, isso não significa que um indivíduo que tem varizes desenvolverá varicocele, e nem que a presença de uma das patologias pode levar ao surgimento da outra.

Normalmente, a varicocele é uma doença congênita, mas que só é identificada por volta dos 10 a 12 anos, quando o menino começa a desenvolver os sinais de puberdade. Em alguns casos, os vasos são bastante visíveis e o diagnóstico clínico é simples para um médico especialista. Em outras situações, são necessários exames complementares, como o ultrassom com Ddoppler.

A varicocele não costuma causar dor, mas quando descoberta ainda no final da infância ou durante a puberdade, a depender dos sintomas apresentados, pode existir recomendação de tratamento cirúrgico em função do risco de prejudicar o desenvolvimento dos testículos. Estima-se que cerca de 8% da população masculina tenha varicocele, embora esse percentual acabe sendo ser maior — 21 a 40% — entre aqueles que procuram clínicas de fertilidade.

Descubra como a varicocele interfere na fertilidade masculina

Como explicamos, nem sempre a doença é identificada durante a infância ou na puberdade. Muitos homens, inclusive, só descobrem que têm varicocele depois de adultos, e não são raros os casos em que já têm filhos, o que indica que não houve um comprometimento tão severo da fertilidade.

No entanto, em casais com dificuldade para conceber, a correção da varicocele pode ser recomendada. Estudos apontam uma melhora de cerca de 70 a 120% nos parâmetros seminais após o tratamento. O tratamento cirúrgico pode eliminar em até 90% as varicoceles, porém, a taxa de melhora nos parâmetros seminais é mais difícil de ser padronizada, pois ainda não há consenso de parâmetros que definiriam melhora nas características do espermograma.

As chances de gravidez após a correção também dependem de outros fatores envolvidos, inclusive relacionados à mulher. cirúrgico, e uma taxa de gravidez de aproximadamente 33 a 46%, em um período de até 12 meses após a cirurgia.

Porém, vale destacar que a correção cirúrgica — ou varicocelectomia — deve ser indicada apenas após a avaliação de outros fatores que possam também interferir na concepção. Muitas vezes, existe um conjunto de motivos, o que leva os profissionais especializados em reprodução assistida a orientar os casais a adotarem outras condutas.

Outro detalhe também diz respeito à idade da mulher. Quando a parceira tem idade superior a 35 anos — e, portanto, pode ter sua fertilidade reduzida por diminuição mais acelerada da reserva ovariana —, normalmente o casal é encaminhado para a reprodução assistida. Isso porque, após a cirurgia para correção da varicocele, é necessário um tempo de seis a nove meses para avaliação de melhora dos parâmetros espermáticos. Consequentemente, é necessário aguardar algum período de tentativas de gestação espontânea.

Em casais não tão jovens ou pacientes cuja reserva ovariana já apresente sinais de comprometimento, esse prazo pode representar uma perda maior da fertilidade, ou redução da quantidade/qualidade dos óvulos da parceira, causando frustração e sentimento de impotência diante do quadro. Assim, cada caso deve ser avaliado com cuidado.

Saiba como identificar a varicocele

A varicocele pode ser assintomática ou estar associada a algumas queixas, como quando o homem sente incômodo ou inchaço na região do testículo, dor ou sensação de peso, percepção visual da dilatação das veias no local ou percebe uma atrofia testicular — esses podem ser indicativos de varicocele. Contudo, mesmo que não existam veias dilatadas aparentes ou tais sintomas, caso o casal esteja enfrentando dificuldades para engravidar, vale a pena consultar um médico e investigar a possibilidade.

Quando o diagnóstico durante o exame clínico é inconclusivo, normalmente, o urologista especialista recorre a um ultrassom com Ddoppler, que permite a visualização da circulação do sangue no local e ajuda a identificar o problema.

Confira como é o tratamento para correção

Existem diversas possibilidades de tratamento para a varicocele, desde o acompanhamento clínico até o tratamento cirúrgico. A escolha do melhor tratamento deve ser individualizada, levando em conta o aparecimento e a severidade de sintomas, a presença ou não de infertilidade, entre outros fatores associados. Em princípio, estima-se que o tratamento cirúrgico elimine mais de 90% das varicoceles.

No entanto, a cirurgia nem sempre é indicada, mesmo nos casos de infertilidade, uma vez que outros fatores que possam comprometer a fertilidade do casal também precisam ser analisados. Quando há necessidade de indicação de correção cirúrgica, podem ser adotados dois procedimentos distintos:

  • a ligadura cirúrgica das veias afetadas, que pode ser feita por via retroperitoneal, inguinal, subinguinal ou laparoscópica, a critério do profissional — o procedimento, normalmente, é feito com anestesia geral e leva cerca de 45 minutos;
  • a embolização percutânea, que consiste na injeção de um material capaz de obstruir a veia afetada.

Ambas as abordagens têm vantagens e desvantagens, devendo a escolha do tipo ideal ser pautada na avaliação individual de cada paciente e na habilidade e experiência do profissional que realizará o procedimento.

A embolização, geralmente, associa-se a menor dor pós operatória, porém esta pode estar associada ao maior risco de retorno do problema, em comparação com algumas técnicas cirúrgicas. Os riscos dos procedimentos são infrequentes.

Já a abordagem cirúrgica é segura e são raros os efeitos adversos. Entre os principais riscos estão a hidrocele — acúmulo de líquido em torno dos testículos, infecção, risco de recorrência e possível dano às estruturas próximas, como as artérias. Os quadros de hidrocele costumam ser transitórios e desaparecem espontaneamente.

Após a cirurgia para correção da varicocele, é importante que o homem realize novo espermograma para verificar se houve alteração no número e na motilidade, ou outros parâmetros dos espermatozoides. Vale ressaltar que esse exame deve ser feito, preferencialmente, em um laboratório especializado em reprodução, para que seja feita uma análise mais minuciosa.

A correção da varicocele é uma opção importante de tratamento quando existe infertilidade masculina, especialmente em situações nas quais os exames das parceiras não apresentem problemas. Porém, vale lembrar que existem situações de infertilidade sem causa aparente, como situações relacionadas à baixa reserva ovariana ou fatores tubários, que podem requerer outros tratamentos. ou mesmo de infertilidade transitória, causada por algum fator ocasional.

Além disso, é necessário deixar claro que, em muitos casos, a infertilidade é multifatorial, o que indica que podem existir outros fatores prejudicando a concepção. Nessa situação, a cirurgia apenas atenuará o problema.

Assim, se após a cirurgia para corrigir a varicocele não houver melhoras significativas no resultado do espermograma ou o casal não consiga atingir a gestação após um período de tentativas — que pode variar de 6 meses a 1 ano, aproximadamente, no período de seis meses, o ideal é que o casal procure uma clínica especializada em reprodução humana. clínica especializada em reprodução humana.

Gostou de nosso post e quer saber mais sobre os fatores que podem levar um casal à infertilidade? Então, deixe seu comentário abaixo com suas principais dúvidas sobre o problema!

post-mortem

A área de reprodução humana assistida tem evoluído muito nas últimas décadas, de forma que pode proporcionar aos casais com problemas de fertilidade a realização do sonho de serem pais e mães. Hoje em dia, há diversas formas de alcançar esse objetivo, inclusive respaldadas pelas normativas e resoluções sobre reprodução humana. Um desses casos é o da reprodução assistida post mortem.

Essa é uma situação peculiar, mas, após o falecimento de um dos cônjuges, é possível que o outro ainda tenha um filho ou uma filha dessa mesma pessoa. Este tema vem sendo muito discutido na sociedade, no que diz respeito às questões éticas e aos direitos da criança e sucessores.

Confira o conteúdo a seguir e aprenda um pouco mais sobre esse delicado tema.

O que é reprodução assistida post mortem?

Para entendermos este conceito, primeiro é necessário compreender algumas etapas e procedimentos que podem ser realizados com os óvulos, espermatozoides ou embriões. Todas estas células ou grupos de células (no caso dos embriões), podem ser submetidos a criopreservação, ou seja, um processo de congelamento que permite conservar estas estruturas.

Esta técnica é permitida no Brasil, e pode ter o objetivo de preservação de fertilidade (como congelamento de óvulos e espermatozoides) ou ocorrer durante um ciclo de fertilização in vitro (no qual haja produção de um número de embriões maior que o necessário em um primeiro momento, por exemplo, permitindo-se a criopreservação dos demais).

A reprodução assistida post mortem consiste no uso deste material congelado mesmo quando o homem ou a mulher cujos gametas foram congelados já tiver falecido.

Como é o passo a passo para a criopreservação?

O processo de criopreservação depende de qual o material a ser congelado: espermatozoides, óvulos ou embriões.

No caso de congelamento de espermatozoides, o processo é simples e rápido. É realizada coleta por meio da masturbação, mas se houver ausência de espermatozoide no sêmen ou outro fator que impossibilite a coleta desta forma, também pode ser feita uma punção testicular para obtenção de espermatozoides. O material obtido a partir destes procedimentos é submetido imediatamente a criopreservação e, logo depois, é armazenado.

Para o congelamento de óvulos, existem algumas outras etapas prévias à criopreservação em si. As mulheres são submetidas à estimulação ovariana por meio de medicamentos hormonais e, posteriormente, à coleta dos óvulos. O procedimento é feito por punção transvaginal, guiada com um ultrassom, e é bastante simples. É colocada uma agulha fina para aspirar o líquido do interior dos folículos e, assim, obter os óvulos.

Por fim, o congelamento de embriões ocorre quando houver a coleta dos óvulos e espermatozoides, e também a fertilização entre estes gametas. Ele pode ser realizado também como forma de preservação da fertilidade (por exemplo, casais que possuam relacionamento estável e desejem ter filhos apenas no futuro) ou em ciclos de fertilização in vitro, nos quais o número de embriões formados é maior que o número que será transferido para o útero. Neste caso, os embriões não transferidos são criopreservados.

Para o congelamento, tanto os espermatozoides quanto óvulos ou embriões são colocados em substâncias crioprotetoras, para que não formem cristais de gelo, o que poderia reduzir a sua viabilidade. Depois, é feito um congelamento veloz, em um processo conhecido como vitrificação, que quando realizada com os materiais e habilidade adequados, é muito segura às células.

Na última etapa, o material é armazenado em tanques de nitrogênio líquido, em palhetas que contém a identificação do paciente. Podem permanecer desta forma por tempo indeterminado.

Quando ocorre o congelamento de embriões, inclusive em casos de embriões excedentes do tratamento, segundo a Resolução 2.168/2017, estes devem ser mantidos congelados por, pelo menos, três anos e, depois desse período, podem ser descartados, caso seja a vontade dos responsáveis legais. Quando há o congelamento de óvulos ou espermatozoides, por se tratarem de células reprodutivas ainda não fertilizadas, a resolução não estabelece o período mínimo de três anos.

Como funciona a reprodução assistida post mortem?

Sempre que ocorre congelamento de material genético, sejam óvulos, espermatozoides ou embriões, deve ser assinado um termo de consentimento dos pacientes envolvidos. Portanto, o congelamento deve ocorrer com autorização por escrito dos pacientes quanto ao destino do material congelado (inclusive de embriões criopreservados), com a observação de conduta em casos de doenças graves e falecimento de um dos cônjuges — ou mesmo dos dois.

Este documento deve ser assinado antes mesmo da criopreservação do material, para que se possa esclarecer o destino futuro dos óvulos, espermatozoides ou embriões. É preciso esclarecer, inclusive, se desejarão doá-los (para pesquisa ou outros casais), ou descartá-los, respeitando sempre o prazo mínimo de três anos, de acordo com as normas éticas do Conselho Federal de Medicina (CFM).

Dentro da regulamentação médica, desde a resolução publicada pelo CFM, em 2010, o tema de reprodução assistida post mortem foi abordado, constando que “não constitui ilícito ético a reprodução assistida post mortem, desde que haja autorização prévia específica do(a) falecido(a) para o uso do material biológico criopreservado, de acordo com a legislação vigente”. Portanto, no consentimento assinado previamente ao congelamento do material, deve constar esta autorização.

Caso a pessoa falecida tenha autorizado o uso do material, os procedimentos em reprodução seguem os mesmos passos técnicos, com a particularidade de utilização de tais gametas ou embriões.

Com a utilização do gameta da pessoa falecida no tratamento de reprodução humana, abre-se discussão sobre os direitos sucessórios e, até mesmo por isso, a vontade deve ter sido expressa no momento da coleta e tal conduta deve seguir rigorosamente os preceitos éticos estabelecidos.

O CFM constantemente atualiza as resoluções que regulamentam a reprodução assistida, devido aos avanços científicos e comportamentais da sociedade. Essas atualizações permitem contextualizar melhor o cenário de reprodução assistida, para que possa auxiliar ainda mais os pacientes ou casais que necessitem recorrer a estas técnicas.

Como é a reprodução post mortem pelo mundo?

O debate sobre a ética de uma reprodução assistida post mortem ganhou corpo na França, em 1984. O casal Alain Parpalaix e Corine Richard iniciou um relacionamento amoroso, quando foi descoberto um câncer no testículo de Alain.

Como o tratamento do câncer poderia afetar sua fertilidade, o casal optou por conservar o sêmen em um banco especializado, antes de iniciar o tratamento. Durante este período, eles se casaram, porém a doença se agravou. Após dois dias do matrimônio, infelizmente, Alain faleceu.

Corine decidiu que queria ter um filho do seu marido já falecido e solicitou ao banco de sêmen os espermatozoides. Porém, o banco se negou a entregá-los. Iniciou-se uma disputa judicial que levaria muito tempo, porém traria à tona a importância da discussão sobre o assunto.

Por fim, a justiça decidiu em favor de Corine, mas o procedimento acabou não sendo realizado, devido ao tempo já transcorrido. Depois disso, alguns países proibiram a reprodução assistida post mortem, enquanto outros autorizaram, desde que esse desejo tenha sido previamente expressado em alguns documentos.

No Brasil, essa discussão ainda está em andamento na legislação, e a regulamentação deste tipo de procedimento hoje se dá por meio das normas éticas do Conselho Federal de Medicina. Esse é um tema bastante delicado e curioso, mas necessário diante da evolução da medicina e da própria sociedade.

Entendeu o que é a reprodução assistida post mortem e as discussões no Brasil e no mundo? Ficou com alguma dúvida sobre como é feito o processo de criopreservação? Aprenda um pouco mais neste artigo sobre reprodução assistida e descubra como se preparar para a fertilização in vitro!

teste de fertilidade masculina de farmácia

Quando a gravidez demora mais do que o esperado, é comum o casal se sentir inseguro e, até mesmo, frustrado. Geralmente, a mulher é a primeira a procurar ajuda médica para investigar as causas da infertilidade, enquanto o homem pode se sentir constrangido ao buscar auxílio. Para atingir justamente esse público, foi lançado um teste de fertilidade masculina de farmácia.

calendário menstrual, tabelinha

Você já parou para pensar que ainda que muitas mulheres fiquem grávidas sem planejar, engravidar pode não ser tão simples quanto parece? De maneira geral, podemos dizer que é necessário conhecer bem o seu corpo e entender cada fase do ciclo menstrual para fazer as tentativas no momento em que o organismo está mais propício. Para isso, há quem aposte no uso de um calendário menstrual: a famosa tabelinha.

mulher realizando exame do cariotipo em um laboratório de análises clínicas

Infelizmente, não conseguir engravidar ou sofrer abortos recorrentes são algumas das frustrações pelas quais alguns casais que tentam ter filhos podem passar. Quando isso acontece, é preciso investigar a fundo a situação — e uma das ferramentas que podem ajudar a esclarecê-la é o exame do cariótipo.

Sem tempo para ler? Clique no play abaixo para ouvir esse conteúdo.

Como me preparar para a FIV? Conheça nossas 7 dicas!

Quando o sonho de ter filhos encontra barreiras físicas, ainda é possível recorrer a técnicas de reprodução assistida. A cena parece se repetir por toda parte: o casal tenta engravidar, o tempo vai passando e lá está a menstruação todos os meses para provar que nada aconteceu. Nesses casos, um dos caminhos é consultar um especialista em fertilidade, mas para muitos surge o questionamento: como me preparar para a FIV (Fertilização in Vitro)?

Perfil no Doctoralia
Perfil no Doctoralia