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Dra. Camilla Vidal

Médica ginecologista com especialização em Reprodução Humana na HCFMRP – USP. CRM-SP 164.436
Embrião grudado na parede do útero na janela de implantação

Garantir o sucesso de uma gravidez necessita do cumprimento adequado de várias etapas. Uma das etapas mais importantes é a implantação do embrião no endométrio, processo que depende da chamada janela de implantação. Trata-se de um conceito muito importante, principalmente nos casos de Fertilização in vitro (FIV).

Conhecendo a janela de implantação, é possível programar a transferência do embrião para o melhor momento do endométrio, como explicaremos ao longo deste post. Quer aprender tudo sobre o assunto? Então continue a leitura!

Descubra o que é a janela de implantação

A janela de implantação é definida como o período mais propício para que o embrião consiga se fixar na camada interna do útero, conhecida como endométrio. Ou seja, é o momento no qual o endométrio encontra-se receptivo à implantação embrionária.

O endométrio é preparado ao longo de todo o ciclo menstrual, de acordo com o crescimento dos folículos e produção hormonal dos ovários, deixando tudo propício para que, após a fecundação do óvulo pelo espermatozoide, o embrião encontre um bom ambiente para se fixar. Esse processo de preparo endometrial e implantação ocorre em todas as gestações e no caso de um tratamento de Fertilização in vitro (FIV) é fundamental saber avaliar o endométrio para também identificar o melhor momento para a transferência embrionária.

Para entendermos melhor como se dá a avaliação do endométrio, a importância dessa estrutura e como conhecer a janela de implantação, vamos primeiramente compreender a relação do endométrio com a fertilidade e o preparo para o momento da transferência.

Qual a relação do endométrio com a fertilidade?

Sendo um tecido que reveste o interior do útero, o endométrio acolhe e nutre o embrião ao longo da gravidez, ou seja, é ele quem oferece as condições favoráveis para o pleno desenvolvimento embrionário até que se forme a placenta.

Por isso, é importantíssimo ter uma avaliação adequada do endométrio para aumentar as chances de gravidez. Essa avaliação deve, inclusive, contemplar o rastreamento de outras doenças que possam comprometer a cavidade uterina e consequentemente a implantação, como miomas, pólipos, cicatrizes e outras malformações uterinas.

Em um tratamento de FIV, após a formação do embrião, é necessário também avaliar as condições do endométrio para que seja possível a programação da transferência embrionária. Essa avaliação inclui a visualização da característica e da espessura endometrial durante o preparo, e após atingir o estágio desejado, será programada a transferência embrionária para o momento calculado como a janela de implantação para o embrião.

Neste período, é quando teoricamente espera-se que o endométrio esteja “aberto” à implantação. Pode ser comparado a uma abertura para novas possibilidades. Nesse caso, a possibilidade de uma nova vida!

Como deve ser o preparo do endométrio?

Para o endométrio ser considerado preparado para a transferência, ele precisa oferecer algumas condições ideais.

Em gestações espontâneas, esse preparo do endométrio é realizado pelas próprias mudanças orgânicas ocasionadas ao longo do ciclo menstrual. Para a transferência de embriões pós FIV, é possível que o preparo endometrial ocorra de duas formas:

  • em ciclo natural: dessa forma, os próprios hormônios do ciclo menstrual são responsáveis pelo preparo do endométrio;
  • em ciclo artificial: nesse caso, são administrados hormônios para “substituir” a função dos ovários e simular o que ocorre ao longo do ciclo. Esse último costuma ser mais utilizado por permitir maior flexibilidade e controle do preparo endometrial.

Importante mencionarmos que os preparos acima se referem à transferência de embriões congelados, já que em ciclos de transferência a fresco, o próprio processo de estimulação dos ovários para a coleta se encarrega de também preparar o endométrio para a transferência.

Durante o preparo endometrial, o hormônio mais importante inicialmente é o estrogênio, responsável pelo espessamento do endométrio. Nesse período, o endométrio passa pela fase proliferativa. Após atingir a espessura adequada ou após a ovulação, a ação principal desejada é da progesterona, hormônio responsável pela transformação do endométrio para a fase secretora, passando por mudanças que determinam a receptividade do mesmo. Entre essas mudanças, podemos citar o alongamento das glândulas e o aumento do fluxo sanguíneo, aspectos essenciais para a nutrição do embrião.

Portanto, é esse preparo e principalmente o tempo de exposição à ação da progesterona no endométrio que determina a janela de implantação. A partir da identificação de um endométrio adequado e da consideração do período necessário de exposição à progesterona é que será definido o melhor momento para a transferência embrionária.

Entendendo esse conceito, podemos também compreender o porquê de a janela de implantação não ser um período fixo para todas as mulheres, já que depende de como são os ciclos menstruais, o tipo de preparo endometrial utilizado, entre outros fatores.

Mesmo em um ciclo de FIV em que hajam bons embriões e um bom preparo endometrial, infelizmente podemos nos deparar com o cenário da falha de implantação. Não há consenso para essa definição na literatura, e alguns autores consideram como falha de implantação quando não obtemos sucesso após duas transferências embrionárias com embriões de boa qualidade.

Nesse caso, uma das hipóteses aventadas é o deslocamento da janela de implantação. Ou seja, segundo essa hipótese, aproximadamente 20% das mulheres podem precisar de um período maior ou menor de preparo endometrial e ação da progesterona no endométrio, para que ele seja receptivo. No intuito de tentar avaliar a janela de implantação de forma mais individualizada, surgiu o teste ERA (Endometrial Receptivity Array).

O que é o teste ERA?

O exame conhecido como ERA (Endometrial Receptivity Array) ou teste de receptividade endometrial é feito para tentar identificar a janela de implantação de forma personalizada, encontrando o momento ideal para transferência embrionária em um endométrio receptivo.

O teste é realizado através de uma amostra endometrial obtida por biópsia. No material obtido, é feita uma análise, em laboratório específico, de 238 genes para se definir se o endométrio encontra-se ou não receptivo.

Geralmente, para ser realizado esse exame, é necessário que seja feito um preparo endometrial (em ciclo natural ou com uso de medicações) e que a biópsia seja programada para um período exato de tempo após o início da ação da progesterona. O procedimento de biópsia é simples, geralmente realizado através de exame ginecológico, sem necessidade de sedação.

Ao se obter o resultado do exame, ele informará se o endométrio no momento da biópsia apresentava sinais sugestivos de estar receptivo ou não receptivo, para que se possa adequar a janela de implantação conforme o resultado do exame.

Quando é necessário o ERA?

O teste ERA não deve ser interpretado como obrigatório para todas as mulheres e sua indicação deve ser avaliada sempre de forma individualizada, pesando-se vantagens e desvantagens na conversa com o especialista em reprodução humana.

Alguns fatores podem ser considerados ao se avaliar a possibilidade da realização do ERA. Entre eles, podemos citar os casos de falha de implantação, ou seja, que já tiveram algumas tentativas de fertilização in vitro sem sucesso, mesmo com embriões de boa qualidade.

É importante frisar que o teste ERA só pode ser realizado por especialistas e que sua aplicação se dá para os tratamentos de FIV, já que é nesses casos que teremos a programação de transferência embrionária.

Procure uma clínica especializada

Como você pôde perceber, o preparo do endométrio e a identificação da janela de implantação necessita do conhecimento de vários fatores envolvidos, que somente uma equipe especializada em reprodução humana poderá avaliar de forma mais precisa.

Assim, busque uma clínica que tenha credibilidade no mercado, laboratórios modernos e comprovação na eficácia dos tratamentos. Acima de tudo, busque um local onde você se sinta segura e livre para esclarecer suas dúvidas e receios com tranquilidade. Dessa forma, certamente a jornada em busca do bebê será mais leve e proveitosa!

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Mulher olhando para o nada, com uma feição triste ao descobrir que tem síndrome do folículos vazios

Muitas podem ser as dúvidas dos casais que estão tentando engravidar. Assim que a decisão é tomada, é normal que um misto de sentimentos venham à tona. Afinal, onde buscar informações? E se a gravidez não ocorrer naturalmente?

Além disso, se as tentativas de fertilização in vitro começarem a falhar? Alguns fatores podem contribuir para o insucesso de um tratamento de fertilização in vitro, e um deles é a síndrome do folículo vazio, uma condição infrequente, mas que pode estar associada a frustrações durante o tratamento.

Os tratamentos de reprodução assistida vem se aprimorando cada dia mais para auxiliar casais com dificuldades para engravidar por meios naturais. Entretanto, é importante contar com profissionais especializados para que qualquer problema capaz de interferir no sucesso do tratamento seja identificado e contornado adequadamente.

Se você deseja entender melhor o que é a síndrome do folículo vazio, continue lendo, pois esse é o assunto do nosso artigo de hoje.

Afinal, o que é a síndrome do folículo vazio?

Primeiramente, para entendermos esta síndrome, vamos entender de forma resumida o ciclo menstrual da mulher. Todos os meses, o organismo da mulher passa por alguns processos naturais, que resultam na ovulação e posterior menstruação caso não haja gravidez. O ovário contém estruturas denominadas folículos, que contém fluido folicular e o óvulo em seu interior.

É importante mencionarmos que cada folículo pode conter um ou nenhum óvulo, e que em folículos em estágios iniciais, o óvulo encontra-se fixo à parede. Em um ciclo menstrual normal, um dos folículos ovarianos se torna dominante (cresce mais que os demais), amadurecendo o óvulo em seu interior, culminando na ovulação. Os processos que desencadeiam a ovulação estimulam que o óvulo se solte da parede do folículo, podendo com isso estar disponível para ser liberado na ovulação.

Durante esse preparo do folículo para a ovulação, o endométrio (camada que reveste o interior do útero) se torna mais espesso, para receber o possível embrião após a ovulação. Caso não aconteça a fecundação do óvulo por um espermatozoide, todo esse material do endométrio descama em forma de menstruação.

Para que a gravidez ocorra, é necessário que haja, pelo menos, um óvulo maduro, que ocorra a fecundação e que haja condições para que o embrião formado por essa junção se fixe na parede uterina. As dificuldades para engravidar, portanto, podem se dar por vários fatores, sendo importante sua devida investigação e proposta de tratamento adequado após.

Diante disso, a fertilização in vitro (FIV) apresenta-se como uma possibilidade de tratamento em reprodução humana. Nesse tipo de tratamento, a fecundação propriamente dita, o encontro do óvulo com o espermatozoide, ocorre em laboratório. Uma vez obtido, o embrião é transferido para o útero da paciente.

Para que haja melhores chances de sucesso em um tratamento de fertilização, com possibilidade de formação de mais embriões em um único ciclo de FIV, a primeira fase do tratamento é a estimulação dos ovários com medicações hormonais. Essa etapa tem o objetivo de estimular o crescimento dos folículos para o amadurecimento de mais óvulos em um mesmo ciclo.

Durante a estimulação, a mulher passa por alguns exames de ultrassom transvaginal para monitorar o crescimento dos folículos. Por meio desse acompanhamento, presume-se que esteja ocorrendo o devido amadurecimento dos óvulos para a coleta. Porém, como estas estruturas (os óvulos) não são visíveis ao ultrassom, não é possível ter certeza de quais folículos realmente contém óvulos em seu interior.

Após o devido crescimento dos folículos, é utilizada uma medicação final na estimulação para simular o que ocorre em um ciclo espontâneo, o pico ovulatório, que induz os óvulos a se soltarem da parede dos folículos. Dessa forma, quando é feita a coleta de óvulos, espera-se que estes estejam disponíveis no fluido (líquido) folicular para a aspiração.

A síndrome do folículo vazio é determinada quando, embora possa ser observada resposta ovariana à estimulação e crescimento de um ou mais folículos, estes não fornecem óvulos no momento da coleta, o que impossibilita o prosseguimento do processo de fertilização.

Quais são as causas da síndrome do folículo vazio?

A síndrome do folículo vazio ainda é um evento não conhecido no universo da reprodução humana. Várias hipóteses são aventadas, e dentre as principais, podemos citar:

  • uso inadequado da medicação final da estimulação ovariana: geralmente, é necessário um prazo médio entre a administração da medicação final e a coleta dos óvulos, período no qual a finalização da maturação oocitária permite que o óvulo se solte da parede do folículo. Caso a medicação seja administrada de forma errada (com um intervalo menor de tempo, geralmente), isso poderá afetar a disponibilidade dos óvulos para coleta;
  • metabolização inadequada da medicação final da estimulação: alguns estudos sugerem que algumas pacientes podem necessitar de um tempo maior entre a administração da medicação final e a coleta de óvulos, para que o processo de desprendimento do óvulo da parede folicular ocorra;
  • alterações na foliculogênese (geração dos folículos), que possam levar a atresia (degeneração) precoce dos óvulos;
  • alterações no lote das medicações utilizadas, sugerindo efeito inadequado delas, entre outras hipóteses.

Importante ressaltarmos, portanto, que o mecanismo exato ainda é incerto. Porém, o uso adequado da medicação final (trigger) é essencial para o sucesso da coleta de óvulos.

Como a síndrome é diagnosticada?

Diante da dificuldade para engravidar, é importante procurar uma clínica especializada em reprodução humana para avaliar os possíveis problemas. Uma das principais avaliações a serem realizadas é conhecer a reserva ovariana da mulher, pois esse dado serve de marcador importante para o potencial de resposta ovariana à estimulação, e pode ajudar a predizer o risco de ausência de óvulos no momento da coleta.

O diagnóstico da síndrome do folículo vazio se dá no momento da punção folicular, quando não são obtidos óvulos no procedimento, mesmo visualizando-se folículos a serem puncionados. Portanto, geralmente na síndrome do folículo vazio, ocorre o crescimento dos folículos durante a estimulação ovariana e os ultrassons de monitorização, porém, no momento da punção, não são obtidos óvulos de seu interior.

Qual é o melhor tratamento?

O primeiro passo para avaliar o tratamento da síndrome do folículo vazio é checar se o uso da medicação final da estimulação ovariana foi correto. Isto porque, em grande parte das vezes em que não são obtidos óvulos no procedimento, isso ocorre devido ao uso inadequado da medicação final (trigger). É importante também que seja feita uma análise detalhada de todo o caso, para avaliar necessidade de investigações complementares que possam mudar a conduta de estimulação em um próximo ciclo.

Uma das estratégias para tentar contornar a síndrome do folículo vazio é o duo trigger (duplo gatilho, em tradução livre). Já que uma das possibilidades da ocorrência da síndrome do folículo vazio é a de metabolização inadequada da medicação final, a adoção da estratégia de duo trigger permite uma tentativa de utilizar duas vias hormonais diferentes para a maturação final dos óvulos.

Nos casos em que esta conduta for adotada, a fase final de administração de medicamentos contará com dois aliados, o agonista do GnRH e a gonadotrofina coriônica humana (hCG). Essas substâncias servem para disparar a ovulação, daí o nome “duplo gatilho”. Em condições normais, geralmente apenas uma das substâncias é administrada.

Isso não significa, contudo, que o duplo trigger não possa ser utilizado também em outras situações. Porém, é importante avaliar os riscos e benefícios da estratégia. Por exemplo, para mulheres que apresentam vários folículos em desenvolvimento, ou que são portadoras da síndrome dos ovários policísticos, ou que possuam qualquer outro fator de risco para a síndrome do hiperestímulo ovariano, esta estratégia deve ser avaliada com muita cautela, pelo potencial aumento do risco de hiperestímulo ovariano decorrente da administração de hCG.

Vale lembrar, também, que o tratamento adequado será definido a partir de uma análise individual da paciente. Quando o assunto é reprodução assistida, não há uma única conduta que deva ser aplicada de forma geral. Assim como a dificuldade para engravidar por meios naturais sugere análise, tentativas de FIV sem sucesso podem indicar que a paciente precisa de uma avaliação mais detalhada.

Justamente por essa razão, é muito importante procurar uma clínica especializada em reprodução humana e contar com profissionais competentes para uma avaliação completa dos seus exames e histórico. Esses fatores são primordiais para a escolha do melhor tratamento e dos ajustes necessários ao longo do processo.

Por fim, não se lamente por uma tentativa que não deu certo! Motive-se a procurar alternativas que possam levá-la a resultados melhores da próxima vez. A síndrome do folículo vazio não é algo comum; ocorre apenas em um pequeno número de pacientes. Por isso, antes de concluir que esse é o seu caso, lembre-se de ser avaliada de perto por profissionais competentes, que saberão como agir nessas situações.

Gostou da leitura? Se você está tentando engravidar e quer saber mais sobre os meios de reprodução assistida, entre agora em contato conosco e conheça nosso trabalho!

Imagem de um embrião em uma placa de laboratório para utilização por receptora de óvulos

A doação de óvulos é um ato de altruísmo e solidariedade, o que permite que muitas pessoas possam realizar o sonho de ter filhos. Essa iniciativa auxilia mulheres com alguns tipos de infertilidade, ou ainda homens que optam pela produção independente, ou mesmo gestação homoafetiva masculina. Esses sonhos são possíveis graças ao auxílio da doação de óvulos!

Embora seja uma excelente possibilidade para muitas pessoas, o papel de fazer o tratamento com óvulos doados, que recebe o nome de recepção de óvulos, nem sempre é fácil, e pode demandar um cuidado especial quanto à inteligência emocional da mulher e do casal.

Nesse contexto, separamos a seguir as principais informações sobre o tratamento com óvulos doados e como encarar essa escolha. Acompanhe e descubra tudo sobre o assunto!

O que é a doação de óvulos?

Podemos definir a doação de óvulos, ou ovodoação, como a ação de doar gametas femininos para outro paciente ou casal que não possa engravidar com óvulos próprios. Ela pode ser voluntária, ou seja, com a única finalidade de ajudar outros pacientes, ou se enquadrar na chamada doação compartilhada de óvulos.

Na doação compartilhada de óvulos, a paciente doadora já está sendo submetida a um tratamento de reprodução assistida por outros fatores que não estejam relacionados à reserva ovariana. Assim, os óvulos e os custos são divididos entre doadora e receptora, sempre de maneira anônima e com intermédio da clínica de reprodução assistida.

Para ser doadora de óvulos, algumas condições que devem ser respeitadas são: a mulher deve estar abaixo dos 37 anos e não apresentar histórico de doenças genéticas próprias ou familiares. Além disso, a paciente precisa ter realizado exames de sorologias (pesquisas de infecções) com resultados negativos, e o processo deverá ser sempre anônimo, sem que a doadora e receptora se conheçam. Todas essas condições devem ser seguidas obrigatoriamente, de acordo com o Conselho Federal de Medicina.

Dessa forma, a doadora será submetida aos processos de estimulação ovariana e coleta de óvulos tanto nos casos de doação voluntária quanto compartilhada. Vale lembrar que a ovodoação é um ato de solidariedade, que tem o potencial de proporcionar alegria e realização a muitas pessoas.

O que é a recepção de óvulos?

A recepção de óvulos é o tratamento realizado com óvulos doados. A denominação receptora de óvulos diz respeito à mulher que conceberá uma criança a partir de um procedimento de fertilização in vitro (FIV) utilizando o óvulo de uma doadora. Esse tipo de tratamento proporciona à receptora a possibilidade de experienciar a gravidez frente a algumas situações que a impeçam ou limitem as chances de utilizar seu próprio óvulo.

Nesse contexto, existem alguns fatores que caracterizam uma mulher como candidata a ser receptora de óvulos. Um deles é a baixa reserva ovariana, ou seja, quando o “estoque de óvulos” presentes nos ovários é baixo, o que afeta diretamente a resposta ovariana à estimulação e consequentemente, pode afetar as taxas de sucesso nos tratamentos com óvulos próprios. Podemos citar ainda a menopausa, que pode ser precoce ou não, e os casos em que a paciente teve a retirada cirúrgica dos ovários.

A partir de uma análise clínica de um especialista, poderá ou não ser apresentada pelo médico a possibilidade de fazer a FIV com óvulos doados. Caso a paciente se enquadre nos critérios, é possível optar por esse tratamento. Importante ressaltar que para saber se esse será o tratamento mais indicado para o seu caso, é fundamental que seja feita uma avaliação clínica e de exames, para indicação individualizada do tratamento e orientação sobre chances de sucesso.

Vale citar ainda os casos de casais homoafetivos masculinos ou de produção independente masculina. Nesses casos serão utilizados os espermatozoides do paciente e a obtenção do óvulo para realizar a FIV ocorre através do processo de ovodoação. Importante lembrarmos que, nesses casos, após a formação do embrião, também será necessário recorrer à “barriga solidária”, ou útero de substituição.

Como é a preparação da receptora de óvulos?

Assim como para a doadora, existe uma preparação da receptora de óvulos para o início do tratamento. Normalmente, o processo se inicia pela seleção de doadora compatível, baseada em características físicas e antecedentes familiares, dentre outros fatores.

Após a seleção da doadora de óvulos, os próximos passos são a formação do(s) embrião(ões) e sua posterior transferência ao útero. Para programar a transferência, podem ser utilizadas medicações hormonais com o objetivo de preparar o endométrio para receber o embrião.

Esse processo de preparo endometrial geralmente é acompanhado por ultrassonografia transvaginal, com o objetivo de avaliar a característica e a espessura do endométrio. Geralmente, do início das medicações até o momento da transferência, são necessárias aproximadamente duas semanas.

É importante ressaltar ainda que hábitos de vida saudável são essenciais para maximizar as chances de sucesso e principalmente evolução da gravidez de forma saudável. Uma alimentação balanceada aliada à prática regular de exercícios físicos, horas de sono adequadas, são fatores extremamente importantes para a manutenção da saúde da mãe e do bebê durante a própria gestação e mesmo após o nascimento.

Vale ressaltar ainda a importância do acompanhamento psicológico ao longo de todo o tratamento. O fator emocional pode muitas vezes ser uma grande barreira para a receptora de óvulos, tanto antes da decisão de iniciar o tratamento quanto ao longo dele. Por isso, é importante dispor de uma equipe multiprofissional para contemplar as principais necessidades da futura mãe, tanto em um sentido físico quanto mental.

Como é a recepção de óvulos e qual é o papel de mãe?

Uma das principais preocupações da mulher que faz a opção por ser receptora de óvulos é em relação ao próprio sentido da maternidade. Embora o desejo de gerar um filho seja grande, muitas vezes a ideia de gerar um filho com material genético diferente do seu pode ser desafiadora no sentido de auto identificação como verdadeira mãe da criança.

Sobre esse ponto, é importante ressaltar que o papel de mãe vai muito além de qualquer ligação puramente genética com a criança. Além disso, devemos lembrar que nesse tipo de tratamento é possível experienciar a gravidez em sua totalidade, o que permite estabelecer um vínculo afetivo desde os momentos mais iniciais da concepção.

Outro ponto importante a ser destacado é que a maternidade em si é muito mais que carga genética, que o tratamento e que os nove meses seguintes. Na verdade, é um papel de suma importância na vida do futuro bebê, que será construído, desenhado e fortalecido a todo tempo.

Embora muitas vezes essas ideias estejam claras na mente da futura mãe, em alguns casos é fundamental que haja um acompanhamento psicológico ao longo do tratamento. As incertezas diante dos possíveis tratamentos e os desgastes que podem ocorrer no caminho podem desencadear processos emocionais que precisam ser acompanhados de perto por profissionais capacitados.

Tendo em vista todos os aspectos físicos e psicológicos que podem fazer parte do processo para ser receptora de óvulos, é fundamental buscar o auxílio de especialistas no assunto. Dessa maneira, é importante buscar uma clínica de referência em reprodução humana assistida, que possa oferecer todo o suporte e orientação necessários por profissionais de qualidade para lidar com essa importante decisão de vida de maneira segura e tranquila.

Gostou de saber mais sobre como encarar o papel de receptora de óvulos? Assine a nossa newsletter para mais conteúdos como este!

gravidez química

A gravidez química pode ser mais comum do que se imagina. Contudo, a maioria das mulheres que passa por essa situação não consegue notá-la, pois nem sempre há atraso menstrual — ou ele é muito pequeno e encarado como algo normal dentro do ciclo. Caso a mulher faça um teste de farmácia nesse período, o resultado será positivo, porém, como não houve atraso ou apenas um atraso de poucos dias, a maioria das mulheres não fará o exame e, portanto, não chegará neste diagnóstico.

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casal em uma consulta médica sobre falência ovariana precoce

O sonho da maternidade figura no imaginário de inúmeras mulheres ao redor do mundo. Entretanto, muitas delas têm que lidar com fatores biológicos que podem impedir ou atrapalhar a realização desse sonho.

Porém, o advento das técnicas de reprodução humana assistida e sua contínua evolução ao longo das décadas tem significado uma esperança cada vez maior para essas mulheres. Nesse sentido, a Falência Ovariana Precoce, ou FOP, pode ser destacada como um fator limitante do início de uma gestação que pode ser contornado com o uso destes tratamentos.

Pensando no assunto, separamos as principais informações sobre a FOP e seus tratamentos neste post. Acompanhe e descubra tudo sobre o assunto!

O que é a Falência Ovariana Precoce?

Diferentemente dos homens, as mulheres já nascem com todas as suas células reprodutivas pré-formadas. Essas células são os óvulos, que ficam armazenados em estruturas chamadas de folículos ovarianos. A quantidade de óvulos armazenados recebe o nome de reserva ovariana, e uma das formas de avaliá-la é através da contagem dos folículos ovarianos, já que os óvulos em si não são vistos ao ultrassom.

Após o início da ativação do eixo hormonal responsável pela ovulação, sinalizada pela menarca (primeira menstruação da mulher), os óvulos passam a ser liberados mensalmente, de acordo com a ação hormonal ao longo de todo o ciclo menstrual. Entretanto, há um limite de óvulos a serem liberados, uma vez que não há produção de novos óvulos após o nascimento da mulher.

É importante entendermos que não é possível controlar a evolução da reserva ovariana com uso de quaisquer medicações. Ou seja, o fato de usar anticoncepcionais que bloqueiem a ovulação não faz com que sejam economizados estes óvulos, assim como pacientes que passam pelo processo de indução da ovulação repetidas vezes não aceleram a redução da reserva ovariana.

Isso acontece porque, independentemente do uso destas medicações, os óvulos tem programação para entrarem em atresia (degeneração). Para termos ideia, por ciclo, estima-se que a mulher perca em torno de 1.000 óvulos.

Assim, a faixa de tempo em que há a liberação de óvulos pelo sistema reprodutor feminino é o período considerado em que a mulher encontra-se na idade fértil. Esse intervalo de tempo é variável, mas discorre da primeira menstruação até, na maioria das vezes, próximo aos meados dos 45 anos de idade, quando se apresenta a menopausa (última menstruação).

A menopausa é o nome que se dá para a última menstruação da mulher. Porém, ficou popularmente conhecida como o período após a última menstruação. Ela decorre de uma soma de vários eventos fisiológicos, que demonstram o encerramento do período em que a mulher é capaz de engravidar, pois demonstram o esgotamento reprodutivo dos ovários.

Embora esse marco ocorra normalmente por volta dos 45 anos, é importante citar que a fertilidade da mulher cai exponencialmente após os 35 anos, o que também pode ser considerado como reflexo dos eventos fisiológicos que levarão progressivamente à menopausa, principalmente reflexo da redução progressiva de quantidade e qualidade dos óvulos armazenados.

Porém, existem alguns casos em que a menopausa ocorre antes do esperado, ou seja, antes dos 40 anos. Nessas circunstâncias, é observado um quadro da chamada Falência Ovariana Precoce ou FOP.

A FOP é caracterizada por ausência de menstruação por aproximadamente 4 a 6 meses em mulheres com menos de 40 anos, associada a alterações hormonais que sugiram que a causa da ausência da menstruação seja realmente ovariana. Importante entendermos que existem vários fatores, além da FOP, que também podem levar à ausência de menstruação por longos períodos, sem necessariamente suspeitarmos de menopausa precoce.

A menstruação é um evento importante do ciclo menstrual da mulher, e a sua não ocorrência durante a idade fértil pode ser o indicativo de alguma condição anômala no organismo.

Ou seja, se o ciclo menstrual da mulher fica prejudicado em função da FOP, sua fertilidade também será comprometida. Por isso, no caso de irregularidades ou ausência de menstruação por tempo prolongado, é sempre importante buscar ajuda médica.

Quais são suas possíveis causas?

Existe uma série de razões que podem desencadear um quadro de FOP. Porém, a grande maioria dos casos tem sua causa determinada como idiopática, ou seja, se manifestou espontaneamente sem justificativa conhecida.

Alguns dos casos de FOP têm origem genética. Essas situações podem muitas vezes ser observadas com alguma frequência no histórico familiar da mulher. Pacientes com alterações genéticas, como a síndrome de Turner, por exemplo, também tem maior risco de apresentar FOP. Outras razões conhecidas pela ciência são as relacionadas às doenças autoimunes, que são patologias em que as células de defesa passam a atacar o próprio organismo, o que pode afetar diretamente a reserva ovariana.

Pode-se citar ainda a ocorrência de casos relacionados a procedimentos cirúrgicos na região, como por exemplo a retirada de um câncer de ovários.

Por fim, podemos elencar também como possíveis origens da FOP a submissão a tratamentos de quimioterapia e/ou radioterapia. A agressividade desses procedimentos pode ter influência direta sobre a reserva ovariana, desencadeando uma falência prematura dos ovários.

Quais os sintomas da FOP?

A ocorrência de um quadro de FOP pode acarretar sintomas bastante intensos. É possível que a mulher sinta fortes ondas de calor associadas a sudorese, além de ressecamento e/ou inflamação das paredes vaginais. Esses sinais geralmente estão relacionados à baixa concentração de estrogênio no organismo da mulher, um dos principais hormônios femininos, produzido pelos ovários.

Além disso, é importante citar a frequente ocorrência de um acometimento emocional de mulheres com FOP. Insônia, dores de cabeça, irritabilidade e depressão estão entre as possíveis consequências observadas.

Nesse contexto, é fundamental refletir sobre os grandes impactos da FOP na qualidade de vida da mulher acometida pela patologia. A presença dos sintomas somada à possível ansiedade frente à ideia da perda da fertilidade pode ter grandes repercussões psicológicas, o que demanda um acompanhamento profissional o mais cedo possível.

Como é feito o diagnóstico da FOP?

A partir da observação dos sintomas e sinais clínicos, o médico responsável solicitará à paciente a realização de exames de sangue. Nesses exames, serão avaliados os níveis de alguns hormônios, sendo um dos principais o hormônio folículo estimulante, FSH, que está elevado em casos de FOP. É importante também que seja realizada pesquisa de diagnósticos diferenciais, ou seja, outras possíveis causas que estejam levando à amenorreia (ausência de menstruação).

A partir do diagnóstico inicial da condição, será realizada uma investigação mais detalhada para tentar determinar a causa da doença. Essa investigação pode incluir uma análise genética da paciente, bem como do histórico familiar e de doenças prévias. Em alguns casos também é realizado um exame de cariótipo, a fim de determinar a ocorrência de alguma síndrome genética que possa ser a origem da FOP.

É possível ainda que o médico solicite um teste de gravidez a partir da observação dos sintomas da paciente. É sempre importante considerar que uma mulher em idade reprodutiva e sexualmente ativa tem a possibilidade de estar grávida.

É possível engravidar com esse diagnóstico?

Uma vez diagnosticada com a FOP ou suspeita do quadro, a mulher que tenha o desejo de engravidar deve buscar ajuda médica o mais rápido possível. Será feita uma análise de diversos fatores que podem interferir na fertilidade conjugal, principalmente com relação à reserva ovariana. Esta investigação tem por objetivo avaliar a possibilidade da utilização de técnicas de reprodução humana assistida para promover a gestação.

É importante citar que existem duas formas de apresentação da FOP: transitória ou permanente. Para saber diferenciar entre elas, devemos levar em consideração alguns fatores como a causa da FOP e o quadro clínico da paciente, entre outros. Pela possibilidade de reativação esporádica do eixo hormonal, podendo levar à ovulação, costumamos orientar que a possibilidade de gestação espontânea pode girar em torno de 5%, a depender de outros fatores como avaliação das trompas e espermograma do parceiro.

Entretanto, não há nenhum tratamento específico que reverta a condição de Falência Ovariana Precoce. Como alguns fatores que podem interferir na função ovariana são decorrentes de nossos hábitos de vida, é sempre importante a orientação de melhora na alimentação, prática de exercícios físicos regulares e evitar exposição ao tabagismo ou etilismo, por exemplo.

Essas orientações também são importantes pois o desequilíbrio hormonal causado pelo hipoestrogenismo na mulher, principalmente em idades mais jovens, pode levar a um risco aumentado de doenças cardiovasculares e osteoporose no futuro. Por isso, geralmente, há uma preocupação dos médicos em prescrever medicamentos hormonais e não hormonais para reverter ou controlar os sintomas da condição, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida da paciente.

Nesse contexto, em casos em que a reserva ovariana não é suficiente, existe uma outra solução oferecida pela medicina reprodutiva. Frente ao desejo da gravidez, a mulher pode optar pela realização da Fertilização in Vitro (FIV) a partir da recepção de óvulos. Ou seja, pode ser realizado tratamento com óvulos de uma doadora, técnica regulamentada pelo Conselho Federal de Medicina. Assim, é importante buscar uma clínica de reprodução humana assistida o mais rápido possível para avaliar as melhores possibilidades para engravidar com FOP.

Gostou de saber mais sobre a Falência Ovariana Precoce? Confira também nosso conteúdo sobre baixa reserva ovariana e como experimentar a maternidade.

casal em consulta médica para falar sobre oligospermia

Os problemas que atrapalham um casal a ter filhos podem se originar de uma série de razões, relacionadas tanto ao organismo do homem quanto da mulher. Felizmente, os avanços da medicina reprodutiva já garantem tratamentos capazes de contribuir para a realização desse sonho da gestação.

Cada caso, no entanto, precisa ser tratado de uma forma diferente. Justamente por isso, em casos de dificuldade para engravidar o mais importante é buscar ajuda médica, para investigar os reais motivos por trás da situação.

Entre os fatores que afetam a fertilidade masculina, em especial, um dos mais comuns é a oligospermia. Você conhece essa condição? Pois, no artigo de hoje, veremos algumas das principais informações sobre o assunto! Continue lendo para conferir.

O que é a oligospermia?

Enquanto as mulheres já nascem com todas as suas células reprodutivas pré-formadas em seus ovários, os homens produzem seus gametas, os espermatozoides, ao longo de toda a vida. Assim, é possível que eles tenham filhos durante um período bem maior da vida, inclusive na terceira idade.

Existem condições em que essa produção de gametas masculinos é prejudicada. Essa alteração na produção dos espermatozoides pode se manifestar de diversas formas, uma delas é a oligospermia, caracterizada por uma diminuição do número de espermatozoides presentes no sêmen.

Em geral, de acordo com os critérios estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2010, essa quantidade deve ser superior a 15 milhões por ml. Contudo, caso esteja abaixo desse valor, pode indicar que a produção de gametas não tem acontecido de maneira saudável. Portanto, a oligospermia é caracterizada pela presença de menos de 15 milhões de espermatozoides por ml na avaliação do espermograma.

Além disso, a concentração de espermatozoides também é utilizada para determinar a intensidade dessa condição no indivíduo — pode-se considerar um grau severo, de acordo com a Sociedade Americana de Reprodução Assistida (ASRM), quando o número está abaixo de 5 milhões por ml de sêmen. E há, ainda, os casos em que essa contagem indica ausência de gametas, o que chamamos de azoospermia.

Os fatores que determinam a ocorrência da oligospermia podem variar, além de afetarem diretamente a permanência dessa condição no organismo masculino. Em outras palavras, ela pode ser temporária ou permanente, e o seu tratamento dependerá tanto da causa quanto desse grau de acometimento nos órgãos reprodutores.

Como ela pode afetar a fertilidade masculina?

O esperma, ou sêmen, não é constituído apenas por células reprodutivas masculinas, mas também pelos líquidos seminal e prostático. Essa parte tem a função de nutrir e proteger os espermatozoides, para possibilitar a sua chegada ao sistema reprodutor feminino ao fim da relação sexual.

Em casos de oligospermia, no entanto, a quantidade de espermatozoides presentes no esperma pode não ser suficiente para que haja chances reais de fecundação do óvulo. Mesmo que o indivíduo produza gametas viáveis, sua baixa quantidade pode interferir diretamente em sua capacidade fértil. Não existe um número fixo a partir do qual se possa dizer que não há chances de gestação espontânea, porém, quanto maior a redução dos espermatozoides, mais difícil tende a ser a gestação natural, porém não impossível.

Por isso, geralmente após um ano de tentativas de gravidez sem sucesso (para mulheres até 35 anos), é interessante que o casal busque ajuda médica. Uma das causas detectadas pode ser a ocorrência de oligospermia, visto que fatores masculinos estão presentes em torno de 30% dos casos de infertilidade. A partir do espermograma — exame em que se realiza a contagem e avaliação das características dos espermatozoides — o médico poderá identificar o problema, bem como a melhor conduta para o caso.

Quais são as principais causas da oligospermia?

A produção de espermatozoides é um processo muito sensível do organismo do homem, portanto, pode sofrer interferência de diversos fatores, sem que seja possível identificar uma causa única. Porém, é sempre importante uma avaliação ampla para que sejam fornecidas recomendações que evitem hábitos que sejam prejudiciais aos espermatozoides e sua produção.

Vejamos abaixo quais são algumas das causas mais comuns.

Varicocele

Uma causa relativamente comum da oligospermia é a varicocele, uma condição que afeta os vasos sanguíneos que nutrem os testículos. Nesses casos, ocorre um prejuízo no transporte de gases e nutrientes, além de um aumento da temperatura testicular, o que influencia diretamente a produção e maturação de espermatozoides. O diagnóstico dessa condição pode ser feito por meio de anamnese, buscando algumas queixas sugestivas da doença, associada ao exame físico e realização de outros exames, como ultrassom testicular, se necessário.

Fatores hormonais

Todo o funcionamento do corpo humano depende da ação de hormônios. Então, quando a sua produção e/ou liberação não ocorre de maneira adequada, muitos processos importantes são afetados, como a produção e a maturação de células reprodutivas. Assim como fatores hormonais alteram o ciclo menstrual na mulher, eles podem alterar a espermatogênese (formação dos espermatozoides) no homem.

Nesse sentido, alguns distúrbios hormonais podem ter esse efeito, e podem ser secundários a uso de algumas medicações, anabolizantes, entre outras condições. Geralmente, alguns dos hormônios importantes de serem avaliados são a testosterona, o hormônio tireoestimulante (TSH), o hormônio folículo estimulante (FSH) e a dosagem de prolactina. O médico deve avaliar cada caso individualmente para verificar a necessidade de solicitação destes ou outros exames.

Maus hábitos de vida

De fato, os hábitos de vida de um homem também podem influenciar a sua produção de espermatozoides. Fatores como o sedentarismo, o uso de drogas, o álcool e o tabagismo, além do consumo de alimentos gordurosos e a vivência em ambientes poluídos são capazes de reduzir consideravelmente a produção de espermatozoides. Outros hábitos que podem se relacionar a defeitos na produção de espermatozoides são aqueles com efeito diretamente na região dos testículos, como expô-los a altas temperaturas. É o caso de pessoas que trabalhem com caldeiras ou soldas, por exemplo.

Alteração genética

Há ainda que se considerar a influência genética na produção de gametas. Algumas síndromes, por exemplo, cursam com alterações nos cromossomos sexuais responsáveis pela regulação da espermatogênese, como no caso da síndrome de Klinefelter.

Alterações nos testículos

Entre outras funções, os testículos são responsáveis pela produção e maturação dos espermatozoides. Logo, alterações nessa região podem afetar todos os processos fisiológicos desses órgãos — e isso inclui não só a qualidade dos espermatozoides, como também o volume de produção dessas células.

Entre as causas de possíveis alterações nos testículos, podemos citar:

  • ação de vírus e bactérias;
  • maus hábitos alimentares e maus hábitos em geral, como mencionamos acima;
  • uso de anabolizantes;
  • história de trauma testicular, entre outros.

Vale ressaltar que para os homens, a idade também se constitui em um importante fator determinante na produção dos espermatozoides. Diferentemente do caso das mulheres, em que a idade leva a redução do número de óvulos, no caso dos homens, o avanço da idade pode levar a alterações que comprometam a eficiência da espermatogênese, podendo levar a alterações no exame de espermograma.

Os tratamentos mais indicados

O tratamento da oligospermia também é bastante diverso, dependendo diretamente da causa em cada situação. No caso de hábitos que sejam prejudiciais, os pacientes devem ser orientados a mudar os hábitos de vida para evitar situações que causem dano aos testículos, assim como receber orientações acerca de medicações que estejam interferindo na espermatogênese.

Ainda, podemos citar a possibilidade de utilizar medicações específicas para tentar auxiliar na produção de espermatozoides, inclusive podendo ser medicações hormonais. Porém, é indispensável que o quadro como um todo seja avaliado por um especialista, e discutido com o casal quanto às possibilidades de tratamento e quais as vantagens de cada uma delas. O uso de medicações sem a devida prescrição e acompanhamento médico é muito arriscado, e inclusive pode piorar o quadro de oligospermia ou outras alterações.

Já quando há varicocele, é fundamental que a gravidade do quadro seja avaliada, uma vez que casos mais graves podem demandar a realização de um procedimento cirúrgico para correção. A partir do tratamento adequado é possível que a produção de espermatozoides melhore, podendo inclusive retornar progressivamente ao normal em alguns casos. Porém, para avaliar se essa é a melhor opção para o seu caso, é fundamental que seja realizada avaliação clínica detalhada e avaliação de exames, bem como fatores relacionados à parceira.

Vale ressaltar, por fim, que mesmo nos casos em que não seja possível tratamento específico, ou que não haja melhora da produção de espermatozoides, ainda é possível utilizar estes espermatozoides para tratamentos de reprodução assistida. Justamente por isso, é sempre importante buscar auxílio médico especializado — alterações no espermograma não significam que não será possível a gestação!

A depender do grau dos achados, e de outros fatores relacionados ao casal, pode ser discutido realizar tratamento de inseminação intrauterina ou inseminação artificial, ou pode ser proposto tratamento por meio de fertilização in vitro (FIV).

Então, gostou de saber mais sobre a oligospermia? Sobrou alguma dúvida ou tem experiências para dividir conosco? Então, deixe o seu comentário!

Médico explicando para paciente homem o que é a criptorquidia utilizando um modelo anatomopatológico do corpo humano

A paternidade figura entre os grandes sonhos de inúmeros homens ao redor do mundo. Infelizmente, alguns fatores biológicos podem tornar esse sonho um pouco mais distante. Porém, com o constante avanço das técnicas de reprodução humana assistida, diversos fatores que impedem a gravidez puderam ser transpostos.

Um desses fatores é a azoospermia, que pode ser causada por várias alterações, inclusive, pela criptorquidia, condição de saúde que tem influência direta na fertilidade do homem. Pensando no assunto, separamos as principais informações sobre a criptorquidia e sua influência sobre a fertilidade masculina. Acompanhe e descubra tudo sobre o assunto!

O que é a criptorquidia?

A criptorquidia é uma condição de saúde que afeta o posicionamento dos testículos que, em vez de estarem presentes na bolsa escrotal, eles permanecem na cavidade abdominal. De origem grega, a palavra criptorquidia significa “testículo escondido”, o que define exatamente a manifestação da patologia.

Durante o período embrionário, os testículos são formados na cavidade abdominal, e devem ter o seu processo de “descida” para a bolsa escrotal até o nascimento. Quando esta descida não ocorre adequadamente, esta patologia é denominada criptorquidia.

Geralmente, o diagnóstico e o devido tratamento podem ser realizados precocemente, pois a maioria dos casos é detectado logo após o nascimento. Porém, caso esse diagnóstico demore a ser feito, as consequências podem ser maiores.

As consequências da criptorquidia ocorrem porque, para o funcionamento adequado do testículo, ele precisa estar em ambiente de temperatura adequada, entre outros fatores — este é o motivo pelo qual os testículos são armazenados na bolsa escrotal, manter melhores condições de funcionamento deste órgão.

Permanecendo no abdome, a temperatura mais elevada que o habitual para o testículo pode ser prejudicial para seu funcionamento, principalmente no que diz respeito à produção de espermatozoides, podendo levar a alterações no espermograma e, até mesmo, à azoospermia. Em alguns casos, longos períodos de exposição a este ambiente pode aumentar, inclusive, o risco de malignização de algumas células, ou seja, surgimento de câncer.

Vale lembrar que a criptorquidia não deve ser confundida com a agenesia testicular, a qual deriva do termo ausência de formação — ou seja, não houve a formação do testículo. Portanto, embora nessa condição os testículos também não estejam presentes na bolsa escrotal no nascimento, isso ocorre pela não formação desses órgãos na gestação.

Além disso, a criptorquidia também pode ser confundida com o chamado testículo retrátil. Essa outra condição se manifesta pela subida temporária de um ou ambos os testículos para a raiz da bolsa escrotal, por hiperativação do músculo cremaster. Porém, esse comportamento do escroto geralmente não tem repercussões negativas para o homem

Normalmente, a criptorquidia é assintomática. Porém, é importante buscar tratamento, uma vez que essa patologia pode afetar a fertilidade do homem ou causar câncer de testículo.

Quais as causas da criptorquidia?

Essa patologia deve ser diagnosticada, idealmente, ainda no nascimento. Como vimos anteriormente, durante a formação do feto, os testículos se originam na região abdominal e migram para a bolsa escrotal nos estágios mais avançados da gestação.

Porém, é possível que isso não ocorra e que esses órgãos permaneçam no local inadequado. Ou seja, no nascimento é possível que um ou ambos os testículos estejam ausentes da bolsa escrotal.

Vale citar que, sobretudo nos casos de crianças prematuras, é possível que a descida dos testículos se complete algumas semanas após o parto. Embora isso seja esperado, a equipe de saúde responsável acompanhará atentamente até que o evento se conclua.

Há, ainda, a descida ectópica do testículo. Em alguns raros casos, é possível que esses órgãos tenham o estímulo para descer, mas vão para regiões como a coxa ou mesmo para o períneo.

Além disso, há a variante adquirida da criptorquidia. Essa condição ocorre quando um ou ambos os testículos deixam de estar visíveis na bolsa escrotal, e representam a grande minoria dos casos. A ascensão testicular pode ocorrer geralmente na infância, podendo retornar à posição adequada espontaneamente ou necessitar de intervenção.

Quais os principais tratamentos?

O principal tratamento para a criptorquidia é cirúrgico. Esse procedimento é chamado de orquidopexia, e tem excelentes taxas de sucesso nos casos operados. Sua técnica consiste, basicamente, na remoção do testículo criptorquídico da região inguinal ou da virilha e inserção na bolsa escrotal.

Geralmente, a orquidopexia é realizada o mais precocemente possível, em um sentido de evitar possíveis comprometimentos futuros da fertilidade da criança.

Já em casos de criptorquidia adquirida após o nascimento, o médico responsável acompanha durante algum tempo para avaliar a possibilidade de retorno espontâneo do testículo. Entretanto, quando isso não ocorre, é possível ser necessário realizar orquidopexia.

Como a criptorquidia pode afetar a fertilidade do homem?

Os testículos são órgãos com a função de produzir e excretar testosterona, bem como de produzir, amadurecer e armazenar os espermatozoides. O funcionamento adequado do testículo depende de inúmeros fatores, e um dos principais é a temperatura, que varia de 1,2 a 2 °C abaixo da temperatura corporal.

O controle dessa temperatura específica se dá pela ação do músculo cremaster, que afasta ou aproxima os testículos da base do saco escrotal. Ou seja, quanto mais próximos do corpo, mais aquecidos estarão esses órgãos. Nesse sentido, em casos de criptorquidia, não é possível estabelecer essa temperatura desejável mais baixa.

O aumento de temperatura pode prejudicar as células que produzem os gametas masculinos, bem como a qualidade do espermatozoide do homem. Assim, haverá um comprometimento direto de sua fertilidade.

Em casos em que houve tratamento tardio da criptorquidia, é possível que tenham ocorrido danos permanentes às células produtoras de gametas. Isso acarretará em alterações severas no espermograma, podendo chegar à não produção de espermatozoides, e num consequente quadro de azoospermia.

Como a reprodução humana assistida pode ajudar?

Infelizmente, alguns dos casos de criptorquidia têm o potencial de causar azoospermia não obstrutiva, ou seja, ausência de espermatozoides por defeito na sua produção, em homens que tiveram a condição. Porém, muitas vezes, apesar do comprometimento na espermatogênese, pode haver alguma produção de espermatozoides, sendo suficientes para utilizarmos em tratamentos de reprodução humana assistida.

Durante a investigação dos fatores que possam afetar a fertilidade do casal, a equipe médica responsável poderá solicitar diversos exames, inclusive o espermograma, para avaliar a necessidade de procedimentos adicionais para obtenção de espermatozoides.

Assim, a partir de uma análise laboratorial será avaliada a possibilidade da utilização desses espermatozoides para um procedimento de fertilização in vitro (FIV), visto que dessa forma podemos potencializar o uso destes espermatozoides, proporcionando o encontro com os óvulos em um laboratório de reprodução humana.

Porém, se após a avaliação médica e/ou realização de algum procedimento for constatado que não é possível a obtenção de espermatozoides viáveis, também é possível que o casal opte pela utilização de bancos de sêmen, prosseguindo o tratamento com sêmen de doador. Mesmo não sendo possuindo a carga biológica do pai, a possibilidade da gestação pode transcender qualquer barreira e, assim, realizar o sonho da paternidade.

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tronco de uma mulher com a mão na barriga por apresentar sangramento após fiv

Muitas pessoas ao redor do mundo têm o sonho da maternidade frustrado em função de algum fator biológico, que pode ser oriundo tanto do lado masculino quanto feminino, ou até mesmo, ser devido à esterilidade sem causa aparente (ESCA). Porém, os grandes avanços da reprodução humana assistida auxiliam essas famílias na realização desse grande sonho.

Dentre as técnicas utilizadas pela medicina reprodutiva, podemos destacar a fertilização in vitro, ou FIV, como uma das mais utilizadas. Essa técnica é realizada a partir da estimulação ovariana, com o objetivo de induzir a liberação de óvulos viáveis para fecundação com os espermatozoides do parceiro ou de doador em ambiente laboratorial devidamente controlado.

Depois, o embrião será transferido para o útero materno, finalizando o procedimento de fertilização in vitro e dando início à gestação propriamente dita. Porém, é comum que algumas pacientes submetidas à FIV relatem a ocorrência de sangramentos após a realização do último estágio do procedimento, a transferência de embriões.

Pensando nisso, separamos a seguir as principais informações sobre os motivos que levam ao sangramento após a transferência, bem como todas as suas possíveis causas. Acompanhe e descubra os detalhes do assunto!

Quais são as principais recomendações médicas pós transferência de embriões?

A transferência de embriões consiste na fase final do procedimento de fertilização in vitro. Após esse evento é necessário esperar aproximadamente 14 dias para colher uma amostra de sangue e determinar a presença do hormônio Beta hCG, o que confirmaria a gravidez.

Porém, muitas mulheres se questionam sobre a necessidade de alterar sua rotina durante esses dias, inclusive sobre permanecer ou não em repouso.

As evidências científicas apontam que não é necessário mudar em nada a vida da futura mamãe após a transferência dos embriões, já que o repouso não mostrou benefício em alterar o desfecho do tratamento.

Porém, este é um momento em que o casal deve se sentir seguro e amparado, e se alguma mudança nas atividades cotidianas for trazer tranquilidade, ela pode ser realizada, desde que isso não interfira no aspecto emocional.

O sangramento após a FIV é normal?

Embora o procedimento de fertilização in vitro como um todo seja bastante tranquilo, algumas pacientes podem apresentar episódios de sangramento em determinadas etapas.

Após a coleta dos óvulos, por exemplo, é comum que a paciente apresente sangramento em pequena quantidade por alguns dias, devido à punção ovariana, que pode ter levado ao rompimento de pequenos vasos da região da vagina.

Porém, sem dúvidas, o sangramento que mais assusta os casais passando por esse tratamento é aquele que segue a transferência de embriões, seja em estágios mais iniciais (como logo após o procedimento) ou mais próximos da realização do teste de gravidez.

É importante salientar que a presença de sangramento ou cólicas não é indicativo de sucesso ou fracasso do procedimento. Infelizmente, o inverso também é verdadeiro, ou seja, a ausência de qualquer sintoma após a transferência embrionária não necessariamente significa o sucesso ou fracasso do tratamento.

A presença de quaisquer sintomas, somados à ansiedade frequente em mulheres que tentam engravidar por meio de técnicas de reprodução assistida, pode causar certo desespero, mas deve-se ter em mente que esse acontecimento é perfeitamente normal.

Nesse sentido, é necessário apenas observar o padrão de sangramento e os sintomas associados, e relatar à equipe médica responsável pelo caso.

Quais as possíveis causas do sangramento?

O sangramento após a transferência embrionária pode ocorrer em função de alguns fatores diferentes. Inclusive, dependendo da causa do sangramento, ele pode ocorrer também em momentos diferentes.

Rompimento de vasos pela introdução do cateter

Quando há sangue imediatamente após a transferência de embriões é possível que tenham ocorrido pequenos rompimentos de vasos pela introdução do cateter de transferência embrionária.

No momento da transferência, é introduzido um fino cateter pelo canal endocervical, que pode apresentar um estreitamento, causando certa dificuldade para passagem do instrumento e, consequentemente, podendo levar a algum sangramento.

É necessário ainda considerar o fato de que a ação hormonal das medicações em uso altera a vascularização do local e pode fazer com que o sangramento seja mais evidente. O colo do útero de algumas mulheres possui vascularização mais evidente, e apenas o leve toque no local, como o da passagem do cateter, pode ser suficiente para gerar sangramento.

Porém, o importante quando ocorre sangramento nesta fase é lembrar que ele vem de áreas não relacionadas diretamente à implantação embrionária, fator que auxilia a paciente ou o casal a manter a calma diante de tal situação.

Rompimento de vasos pela nidação

Vale citar ainda as pacientes que têm sangramento alguns dias após o procedimento de transferência de embriões. Nesses casos, é possível que o quadro ocorra em função da própria implantação do embrião no endométrio, a nidação, o que também estaria dentro da normalidade.

A invasão do endométrio pelo embrião exige, muitas vezes, o rompimento de alguns pequenos vasos no endométrio, o que poderia justificar a presença do sangramento.

Importante ressaltar que o sangramento da nidação não é obrigatório, muitas pacientes que evoluírem com gestação após a transferência não notarão sangramento ou qualquer outro sintoma desta etapa, o que também é normal.

Medicação de auxílio hormonal

Além disso, a própria medicação de auxílio hormonal, como o estrogênio e a progesterona, pode ter variações de biodisponibilidade no organismo e desencadear sangramentos após a transferência.

Outro ponto que vale a pena ressaltar é que o sangramento que ocorre neste período pós transferência não significa que houve menstruação. Como a mulher está fazendo uso de medicações que auxiliam no controle do ciclo menstrual e na manutenção do endométrio, não é esperado que ocorra necessariamente menstruação.

Portanto, o sangramento não exclui a necessidade de realizar exame de sangue para avaliação da gravidez. Como vimos acima, diversas causas podem levar ao sangramento e, ainda assim, se tratar de um caso de sucesso após a transferência embrionária.

Quais tipos de sangramento podem ocorrer?

Embora existam diversos padrões de sangramento observados em pacientes que foram submetidas à FIV, nenhum deles pode ser diretamente associado a nenhuma das causas citadas acima. Podemos citar como as mais comuns as variações que você verá nos tópicos a seguir.

Sangramento do tipo borra de café

Como o próprio nome evidencia, esse tipo de sangramento se manifesta na roupa íntima ou absorvente de forma semelhante a uma borra de café.

Ele pode ocorrer em função de pequenas descamações do endométrio, ou mesmo, do desprendimento de sangue que ficou acumulado na região do fundo da vagina e que se exteriorizou conforme a movimentação nas atividades do cotidiano.

Sangramento do tipo vermelho vivo

Esse tipo de sangramento se manifesta com sangue vermelho vivo, e pode ocorrer em pequenas ou médias quantidades, mas também em grandes volumes. Nesse período de gravidez pré-clínica, entre a transferência e a confirmação da gravidez, não é possível estimar com certeza a razão desse sangramento.

Ou seja, não há manifestações clínicas que possam identificar a causa exata do sangramento. Entretanto, é importante sempre manter a calma e evitar atividades como o carregamento de pesos, ou mesmo, a manutenção de relações sexuais.

Isso porque, como esse período é rodeado de medos e incertezas, e a presença do sangramento reforça ainda mais esses sentimentos, quando realizadas atividades mais intensas ou durante a relação sexual, pode ocorrer aumento do sangramento por outros fatores, e isso pode interferir ainda mais no aspecto emocional e grau de ansiedade do casal.

Na maioria das vezes, a manifestação desses tipos de sangramento se dá de forma semelhante aos últimos dias da menstruação. Ou seja, em pequenas quantidades e baixo fluxo. Dessa maneira, é importante manter a calma, observar e relatar à equipe médica responsável.

Qual a importância de manter a calma?

Podemos perceber que a ocorrência de sangramento após a FIV é algo bastante comum entre as pacientes submetidas ao procedimento. Além disso, é importante frisar o fato de que essa manifestação não representa o sucesso ou insucesso do procedimento de fertilização in vitro.

Visto que os níveis de ansiedade das mulheres submetidas à FIV naturalmente são bastante altos devido a todas as expectativas do tratamento, é extremamente necessário manter a calma na presença de um evento como o sangramento.

A preocupação certamente não contribuirá para o controle de expectativas, uma vez que o resultado positivo da gravidez só poderá ser evidenciado após o exame de Beta hCG, realizado 14 dias após a transferência de embriões.

Assim, é fundamental que a mulher se mantenha o mais paciente e tranquila possível desde o momento da primeira consulta na clínica de reprodução humana até a espera pelo resultado do exame de gravidez.

Nesse sentido, é sempre importante contar com o apoio de uma equipe qualificada e experiente, não só com o intuito de maximizar as chances de sucesso, como também para contar com profissionais que deem todo o suporte técnico e emocional necessário nesse momento tão importante.

Para isso, conte com o CEFERP, referência nacional em reprodução humana assistida. Conheça o nosso site!

mulher triste ao segurar teste de gravidez negativo pois doenças que afetam a fertilidade

Planejar filhos, alcançar a gestação, e em nove meses tê-los nos braços! Parece simples e fácil, não é mesmo? Essa costuma ser a expectativa de muitos casais que se veem frustrados diante da dificuldade para engravidar.

Isso porque, na prática, nem tudo é assim tão simples e automático. Existem algumas doenças que podem afetar a fertilidade feminina que, caso ocorram, precisam ser tratadas para aumentar as chances de atingir a gravidez.

O primeiro passo quando há dificuldades para engravidar é procurar um médico especialista. Ele solicitará alguns exames para o casal, dependendo do histórico clínico e do exame realizado em consulta. A partir daí, será possível realizar o tratamento adequado para buscar solucionar, de uma vez, a questão da infertilidade.

Se você deseja entender melhor as principais doenças que afetam a fertilidade feminina, continue lendo. Listamos abaixo 6 delas.

1. Síndrome dos ovários policísticos (SOP)

Trata-se de um distúrbio hormonal que se manifesta em algumas mulheres ainda na adolescência. Os principais sintomas são acne, irregularidades menstruais e excesso de pelos pelo corpo (que acontece por causa da quantidade aumentada de hormônios masculinos no organismo).

O diagnóstico é feito por meio de anamnese, exame físico, com auxílio de alguns exames como a ultrassonografia e os laboratoriais para descartar outras alterações hormonais que causem sintomas semelhantes.

No exame de ultrassonografia, é possível detectar o tamanho aumentado dos ovários e pequenas bolsas de líquido, que nada mais são que os microcistos. A descrição desses cistos ovarianos, nada mais é, que a presença de vários folículos (estruturas que abrigam os óvulos) no estágio antral (entre 2 e 9 mm), que não conseguiram evoluir normalmente dentro do ciclo menstrual devido às alterações hormonais citadas acima.

A causa do problema ainda é desconhecida e a ausência do tratamento, além da dificuldade para engravidar, gerada principalmente pela ausência da ovulação, deixa a paciente mais propensa a desenvolver doenças mais sérias, como diabetes e alterações cardiovasculares.

A mudança de estilo de vida, buscando uma alimentação balanceada e exercícios físicos auxiliam bastante no tratamento da doença.

2. Endometriose

O útero tem o seu interior todo revestido por uma camada de tecido específico, denominado endométrio. A endometriose é caracterizada pela presença desta camada em outros locais, como na bexiga, no intestino, ou nos ovários, por exemplo.

Este tecido, quando em local inapropriado, leva ao estímulo de fatores inflamatórios, que faz com que a região afetada se torne mais espessa e pode levar a aderências. Tudo isso pode resultar em um processo doloroso e incômodo.

Mulheres com endometriose podem ter sintomas variados. Uma menor parcela pode, inclusive, ser assintomática. Os principais sintomas são dores abdominais, que podem ser intensas, especialmente durante o período menstrual e nas relações sexuais.

Os primeiros sinais podem surgir logo após as primeiras menstruações, mas, muitas vezes, o diagnóstico é tardio, já que as dores podem acabar sendo negligenciadas, consideradas como “cólicas menstruais normais” ou mascaradas com o uso contínuo de anticoncepcionais.

Há pacientes que só descobrem que têm a doença quando encontram dificuldades para engravidar. Acredita-se que o fator genético também influencie no desenvolvimento da doença e isso deve ser questionado pelo médico e confrontado com os exames realizados na paciente.

O tratamento pode envolver uso de medicamentos, cirurgia ou tratamentos de reprodução assistida. A escolha das opções de tratamento deve ser individualizada, de acordo com os sintomas apresentados e o desejo reprodutivo da paciente, dentre outros fatores.

3. Endometriomas

Diferente dos microcistos dos quais falamos acima, o endometrioma se caracteriza por uma formação cística, de tamanhos variáveis e localização mais frequente no ovário, que contém sangue e restos de tecido do endométrio.

O tamanho dos cistos pode variar de alguns milímetros até mais de 7 cm e as dores durante a menstruação e as relações sexuais também podem acompanhar o quadro. Importante ressaltar que a correlação entre gravidade dos achados e sintomatologia apresentada, nem sempre é tão precisa. Ou seja, pacientes com poucos achados de endometriose podem ter sintomas exacerbados, assim como pacientes com mais focos de endometriose podem também ser assintomáticas.

O tratamento dos endometriomas também varia de acordo com a intensidade da doença. Cistos menores, muitas vezes, necessitam apenas de acompanhamento médico enquanto os maiores podem ser retirados por cirurgia ou controlados com o uso de medicamentos hormonais.

Entretanto, vale lembrar que, ao se realizar tratamento cirúrgico, pode haver prejuízo maior na reserva ovariana, pelo risco de lesionar tecido ovariano saudável. De qualquer forma, é importante buscar ajuda médica, seja para aliviar os sintomas, seja para definir as melhores opções de tratamento para melhora da qualidade de vida e restabelecer a fertilidade da paciente.

4. Falência ovariana precoce (FOP)

Uma mulher já nasce com todos os óvulos que utilizará durante a vida reprodutiva. Sabemos que, com o passar dos anos, essa reserva vai diminuindo, até que desapareça por completo. Eis a explicação pela qual as mulheres entram na menopausa: o esgotamento da função reprodutiva dos ovários.

Também, as possibilidades de engravidar vão caindo à medida que elas avançam na idade. Isso porque, com o passar do tempo, não só ocorre redução numérica da reserva ovariana, quanto também qualitativa, fazendo com que a proporção de óvulos alterados ou de menor qualidade aumente conforme o tempo passa. É por isso que tende a ser muito mais fácil engravidar aos 20 que aos 40, por exemplo.

Entretanto, em algumas mulheres, essa redução da reserva ovariana pode acontecer mais cedo que o esperado. Determina-se falência ovariana precoce (FOP) quando, antes dos 40 anos, o eixo ovariano sinaliza seu esgotamento, geralmente por meio da ausência da menstruação, associada ou não a sintomas climatéricos, como ondas de calor.

É importante ressaltar que, com esse esgotamento da função reprodutiva dos ovários, a produção hormonal também tende a cair, o que representa alterações no organismo da mulher como um todo. Afinal, a fertilidade não é o único objetivo desses hormônios.

Os sintomas da menopausa, como calores e sudorese, podem vir logo de início, enquanto o não tratamento, a longo prazo, deixa a paciente mais propensa às doenças cardiovasculares e osteoporose.

5. Problemas nas trompas

Nem sempre a causa da infertilidade feminina está nos ovários. Há casos nos quais ela deriva de problemas nas trompas. Elas podem se tornar obstruídas por alguma razão, e com isso acabam impedindo o encontro dos óvulos com os espermatozoides.

Nesse caso, o tratamento varia de acordo com a origem do problema, se a obstrução é uni ou bilateral, e outros fatores como a idade da mulher, reserva ovariana e fatores relacionados ao parceiro.

Uma das principais causas de obstrução tubária é a realização de cirurgias, como a laqueadura tubária, por exemplo. Não é incomum que as pacientes que realizem essa cirurgia se arrependam e desejem aumentar a família depois disso.

Outras cirurgias podem também levar à formação de aderências (cicatrizes) que possam obstruir a passagem das trompas.

Com relação a causas não cirúrgicas, uma das mais comuns é a presença de infecções, que muitas vezes passam despercebidas por trazerem pouco ou nenhum sintoma. A única repercussão é levar a um processo de fibrose (cicatrização) da trompa e, consequentemente, obstrução desta estrutura.

Na suspeita de alguma infecção pélvica, pode ser necessário tratamento com antibióticos. Ao se detectar alteração nas trompas, a depender do quadro do casal como um todo, pode ser discutido desde tentativa espontânea de gestação (em caso de obstrução unilateral), cirurgia para tentativa de correção ou tratamentos de reprodução assistida de alta complexidade, como a fertilização in vitro.

Para a melhor definição do tratamento ideal para cada caso, é fundamental que sejam avaliados fatores relacionados ao casal, pois o fato de se detectar alguma alteração na mulher não exclui a possibilidade de alteração também no parceiro.

Portanto, se você tem suspeita dessa alteração por meio de exames, como a histerossalpingografia, ou tem histórico de laqueadura tubária e deseja nova gestação, não deixe de agendar uma consulta com um especialista em reprodução humana para saber qual a melhor opção para o seu caso.

6. DIP (Doença inflamatória pélvica)

Trata-se de uma inflamação no aparelho reprodutor feminino, causada normalmente por microorganismos que penetram no organismo através da vagina. Geralmente, tem etiologia poli microbiana, ou seja, pode ter mais de um agente causador. Ela pode ainda ser resultante de algumas doenças venéreas não tratadas corretamente, sendo o contágio basicamente pela relação sexual.

Os principais sintomas incluem dores abdominais, febre e corrimento, algumas vezes com sangue. Em casos mais graves, a paciente poderá necessitar de internação, com administração intravenosa de medicamentos ou tratamento cirúrgico, caso tenha evoluído com formação de abscesso (conteúdo cístico contendo pus em seu interior) de grande volume.

Como se pode ver, existem muitas doenças que afetam a fertilidade feminina e cabe a você cuidar da sua saúde, procurando um médico sempre que notar algo diferente e para a realização de exames de rotina. Quanto à infertilidade, os tratamentos de reprodução assistida auxiliam a contornar situações que tenham interferido na fertilidade.

E você? Está enfrentando dificuldades para engravidar? Já se submeteu a algum tratamento de fertilização? Deixe seu comentário abaixo e compartilhe a sua experiência.

Embriões para tranferência

Quando um casal inicia um procedimento de fertilização in vitro (FIV), todo o processo é feito tendo em vista o momento final do tratamento: a transferência do embrião. É uma etapa delicada, que costuma gerar muitas dúvidas em todos os casais. Por isso, vamos abordar esse tema detalhadamente.

Selecionamos os questionamentos mais frequentes dos casais que pensam em fazer o procedimento e vamos respondê-los um a um. Boa leitura!

Perfil no Doctoralia
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