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Dr. Marcio Silva

Farmacêutico e Bioquímico – Universidade Bandeirantes de São Paulo; Pós graduado em Hematologia – AC&T de São José do Rio Preto – SP; Avaliador Organização Nacional de Acreditação – ONA.
Mão segurando um medicamento para armazenar na geladeira

As técnicas de reprodução humana assistida vêm evoluindo muito ao longo das últimas décadas. Essas técnicas têm o potencial de proporcionar a inúmeros casais ao redor do mundo a realização do sonho de ter um filho.

Para a realização de procedimentos de reprodução humana assistida, a equipe médica responsável prescreve medicações especiais. Esses fármacos têm a função de induzir respostas necessárias no organismo da futura gestante para a realização da técnica de reprodução.

Assim, seguir as orientações médicas sobre o manejo e armazenamento dessas medicações é fundamental para que seu efeito ocorra conforme o esperado. Nesse sentido, separamos a seguir as principais informações sobre como realizar corretamente o armazenamento de medicamentos especiais. Acompanhe e descubra as principais informações sobre o assunto!

O que são os medicamentos especiais?

Os chamados medicamentos especiais consistem em fármacos controlados e que não são encontrados com facilidade em drogarias comuns. Esses medicamentos são produzidos a partir de procedimentos de alta tecnologia, e demandam uma infraestrutura diferenciada para sua produção, conservação e distribuição adequadas. Todos esses cuidados são fundamentais para que as propriedades terapêuticas das drogas sejam mantidas.

A partir da utilização desse tipo de medicamento, as técnicas utilizadas para a reprodução humana assistida ganham um novo patamar de possibilidades de sucesso nas tentativas de gravidez. Para isso, é necessário que a conservação e transporte dessas substâncias seja feita dentro de uma faixa de temperatura e umidade corretas, de modo a preservar todas as suas propriedades.

Vale ressaltar que esse tipo de medicamento também é utilizado em outros tipos de tratamentos médicos como, por exemplo, tratamentos oncológicos, relacionados a endocrinologia, pediatria, entre outros. Logo, as indústrias e laboratórios que lidam com esse tipo de medicação devem ter a responsabilidade ser extremamente metódicas no que diz respeito aos protocolos de transporte e manejo dos fármacos.

Como os medicamentos funcionam?

Todos os eventos fisiológicos do organismo humano são mediados pela ação de hormônios. Esses hormônios interagem entre si para iniciar, controlar ou finalizar esses eventos no corpo do indivíduo.

No que diz respeito ao sistema reprodutor não é diferente. Existe uma série de eventos que desencadeiam todo o ciclo menstrual da mulher, cujo bom funcionamento é fundamental para que seja possível o início de uma gravidez.

Nesse contexto, pacientes que apresentam problemas de fertilidade em função de falhas nesses mecanismos recebem prescrições de medicamentos especiais que possam corrigir essas falhas. Esse tipo de medicamento pode ser utilizado em técnicas de menor complexidade como o coito programado, mas são fundamentais em outras como a fertilização in vitro.

Um dos principais métodos utilizados pela medicina reprodutiva atualmente é a fertilização in vitro ou FIV. Esse procedimento é realizado por meio da coleta de óvulos e espermatozoides para a formação de um embrião viável em ambiente laboratorial. Posteriormente, é realizada a transferência desse embrião para o útero materno, o que poderá dar início à gestação.

Para que todas as etapas desse tipo de técnica ocorram de acordo com o esperado, é necessário que a equipe médica prescreva diferentes tipos de medicações. Esses fármacos deverão ser administrados em horários e períodos específicos, além de seu armazenamento ter fundamental importância para a manutenção de todas as suas propriedades terapêuticas.

Como é feito o armazenamento de medicamentos?

O armazenamento de medicamentos varia de acordo com o seu tipo. São utilizadas várias medicações diferentes ao longo do processo da FIV, por exemplo.

Na fase de estimulação ovariana, ou seja, a etapa em que se utilizam drogas indutoras da ovulação para estimular os ovários a liberar óvulos viáveis para o processo, são utilizados medicamentos que podem ser injetáveis ou de via oral.

Esses medicamentos são as chamadas gonadotrofinas, e podem ser compostos pelos hormônios FSH, LH. Naturalmente, essas substâncias são liberadas pelo organismo para a liberação dos óvulos.

Há ainda medicamentos compostos pelo hormônio hCG, que têm a finalidade de estimular a maturação do óvulo nos ovários. Esse fármaco é administrado por meio de injeções subcutâneas.

Vale citar ainda os medicamentos de suporte hormonal, compostos principalmente pelos hormônios estrógeno e progesterona. Esses medicamentos têm a função de auxiliar no processo de estabelecimento da gestação por meio da ação dos hormônios, além de poderem agir no processo de transferência de embriões.

A possibilidade de prescrição de medicamentos por via oral, injeções subcutâneas ou intramusculares, transdérmicos ou ainda vaginais serão avaliados pelo médico responsável. De maneira geral, medicações por via oral, transdérmicos e vaginais devem ser armazenados à temperatura ambiente, entre 15 e 30°C. Além disso, é importante armazená-las em um local protegido da umidade e da luz.

Já os medicamentos injetáveis devem ser armazenados em temperaturas entre 2 e 8°C, o que pode ser feito numa geladeira comum. Entretanto, vale lembrar que essas substâncias não podem permanecer em temperaturas menores que essa faixa e em hipótese alguma devem permanecer em congelamento.

Vale lembrar que a orientação médica sobre o armazenamento de medicamentos deve sempre prevalecer sobre qualquer uma das informações acima. Somente um profissional qualificado tem o conhecimento necessário para orientar da maneira mais acurada possível.

A importância do suporte da clínica de reprodução humana

Os grandes avanços da medicina reprodutiva proporcionam mais e mais sucessos nas tentativas de gravidez de milhares de mulheres ao redor do globo. Porém, é extremamente importante destacar que esse sucesso se deve majoritariamente ao conhecimento técnico científico avançado de profissionais qualificados para essa função.

Ou seja, toda a equipe com compõe os grandes centros de reprodução humana assistida estão aptos a orientar e executar o melhor tipo de procedimento de acordo com o perfil e condição fisiológica da paciente. Nesse sentido, a busca por uma clínica de reprodução assistida referência é fundamental em casos de suspeita de infertilidade ou de insucessos nas tentativas de gravidez.

Além disso, as orientações acerca do uso e armazenamento de medicamentos deve ser seguido de maneira rígida às orientações do médico ou farmacêutico responsável. A utilização desse tipo de medicamento especial depende diretamente de fatores como período do ciclo menstrual, horário e, sobretudo, das condições de seu ambiente de armazenamento.

Gostou de saber mais sobre como realizar o armazenamento de medicamentos? Acompanhe também o nosso artigo sobre o exame de FSH: o que é e quando fazer?

Embalagens de medicamentos para descarte consciente

Promover o descarte consciente de medicamentos é uma medida essencial e deve ser adotada por todos os segmentos de saúde, já que esses resíduos apresentam diversos riscos, e por isso, o seu manejo requer cuidados especiais. Na ausência desses cuidados, o ambiente e a população podem ser prejudicados.

Tendo isso em vista, a proposta deste artigo é explicar a relevância desse processo, a fim de que ele seja corretamente realizado. Apresentaremos, ainda, os riscos do descarte incorreto dos medicamentos e os 4 passos que devem ser seguidos para assegurar o descarte consciente de medicamentos, principalmente em instituições de serviços especializados. Acompanhe!

Quais os riscos do descarte incorreto de medicamentos?

O descarte inadequado de medicamentos vencidos ou que não serão mais consumidos pode ocasionar graves problemas. Essa prática pode, por exemplo, facilitar o uso inadvertido dessas substâncias por outras pessoas, provocando reações adversas, efeitos desconhecidos, intoxicações e, inclusive, levando ao óbito do usuário.

Além dessas questões ligadas ao risco do consumo indevido desses medicamentos, despejá-los no solo, a céu aberto, também agride o meio ambiente. Tais produtos podem contaminar a água dos rios, lagos e mares, prejudicar o solo e ainda intoxicar animais. Também não se deve descartá-los nas redes de esgoto ou lixo comum, pois, assim, essas substâncias podem alcançar rios e reservatórios de água que servem à população.

Nessas circunstâncias, a chance de contaminação com elementos químicos presentes na composição deles é muito grande, o que coloca várias formas de vida em risco, além de acentuar as chances de surgimento de doenças resistentes à medicamentos convencionais.

Outro fator preponderante é o risco à saúde dos indivíduos que costumam manipular esses produtos e resíduos sem nenhuma proteção. Os catadores de lixo estão muito propensos tanto a acidentes com materiais perfurocortantes quanto por eventuais intoxicações, caso consumam esses medicamentos.

Uma forma de minimizar esse problema e evitar essas formas de contaminação é adquirindo a quantidade exata de remédio a ser utilizado conforme a duração do tratamento. Vale destacar, porém, que a preocupação com os prejuízos resultantes do descarte incorreto de medicamentos e de materiais hospitalares é um dos problemas que mais desafiam a saúde pública, e isso em caráter global.

Quais são os 4 passos para descartá-los da maneira certa? 

Listamos alguns passos cruciais para realizar o descarte de medicamentos de forma segura e adequada. Veja quais são!

1. Fique atento com o prazo de validade 

Para evitar o descarte incorreto e reduzir os danos gerados por esse problema, o ideal é ficar atento quanto ao prazo de validade dos medicamentos. Procure não acumular remédios em casa, pois, além de não ser uma boa prática, isso pode gerar a necessidade de ter que descartá-los às pressas e, com isso, incorrer no risco de não seguir os princípios de descarte correto.

Se, porventura, você precisar eliminar algum medicamento com data vencida, vá aos postos de coleta (redes de drogarias) e tenha bastante cuidado com medicações orais em líquido, principalmente se estiverem sem o lacre.

Fique atento também quanto a conservação dos medicamentos que estiverem dentro do prazo de validade como alterações na cor, odor ou textura. Nessas condições, o remédio não serve mais para consumo e deverá ser descartado.

2. Separe-os de suas embalagens de papelão e bulas antes do descarte

As caixas de papel que envolvem os remédios também são chamadas de embalagem secundária. A exemplo das bulas, elas não têm nenhum contato direto com o produto. Por isso, caixas e bulas não são consideradas como tóxicas ao meio ambiente, o que permite que elas sejam descartadas em lixo comum e, de preferência, reciclável.

Entretanto, cada medicamento ainda tem uma outra embalagem que os envolve, que são chamadas de primárias. São as cartelas que envolvem os comprimidos, os frascos de vidro ou de plástico, tubos de cremes ou pomadas, e assim por diante.

Vale destacar que é de suma importância que os medicamentos sejam descartados dentro desses invólucros, sobretudo aqueles que já estiverem com a embalagem violada. Além dos cuidados para evitar problemas de saúde, é preciso considerar também os prejuízos ao ambiente. Por isso, nenhum medicamento, vencido ou não, com ou sem lacre poderá ser eliminado em lixo orgânico.

3. Tenha cuidado com os materiais perfurocortantes

Os materiais perfurocortantes — como seringas e agulhas — exigem cuidado redobrado: eles necessitam ser armazenados em embalagens resistentes, como envoltório de plástico mais firme. Isso diminui o risco de acidentes e de contaminação biológica, principalmente de transmissão de doenças contagiosas e de difícil remissão. Vale lembrar que essa classe de produtos deve ser descartada somente nos postos de coleta.

4. Não jogue medicamentos no lixo comum ou no vaso sanitário

Os medicamentos são drogas que contêm substâncias com diferentes princípios ativos. Ainda que a ciência e a tecnologia estejam cada vez mais avançadas, não se conhece todos os efeitos colaterais que os remédios podem provocar no organismo humano. Isso eleva os riscos de toxicidade, principalmente após o processo de decomposição e o contato com outras substâncias presentes na água, no ar ou no solo.

Por isso, não se deve jogar medicamentos em locais inadequados devido ao risco de contaminação do solo e dos reservatórios de água. Também é necessário evitar jogá-los em lixões, pois, se incinerados fora dos padrões ambientalmente corretos, há um risco potencial de formarem uma fumaça ainda mais tóxica que a do lixo comum.

Como você pôde notar, o descarte consciente de medicamentos deve ser priorizado em prol da segurança e da proteção da saúde e do ambiente — o ideal é estimular condutas adequadas e responsáveis. No CEFERP, por exemplo, um profissional em farmácia recebe esses materiais e os encaminha para o descarte correto, principalmente devido ao uso de medicamentos injetáveis nos tratamentos especializados em reprodução humana.

Gostou deste artigo? Entre em contato com o CEFERP e conheça nossas soluções especializadas em Medicina Reprodutiva!

Referência: BRASIL MS – RDC Nº 44, DE 17 DE AGOSTO DE 2009. Dispõe sobre Boas Práticas Farmacêuticas; Capítulo VIII

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