No Brasil, o mosquito Aedes Aegypti era conhecido por ser o transmissor dos vírus da dengue, chikungunya e febre amarela. Entretanto foi identificado que este mosquito também é responsável pela transmissão de outro vírus, o Zika, relacionado ao desenvolvimento de uma doença ainda cercada de mistérios. E a partir deste momento, as futuras mamães, sejam gestantes ou tentantes, foram surpreendidas por um cenário preocupante para a saúde do seu bebê!
Embora a evolução da doença seja benigna e os sintomas como manchas pelo corpo, coceira, febre, conjuntivite e dores nas articulações geralmente desapareçam espontaneamente em 3 a 7 dias, a infecção pelo Zika Vírus durante a gestação pode trazer consequências permanentes aos bebês que estão a caminho!
O que a infecção pelo Zika Vírus pode causar no bebê?
O Zika Vírus atravessa a placenta e pode atingir o líquido amniótico e o bebê. O governo brasileiro já confirmou a relação do Zika Vírus com a microcefalia, uma condição em que o bebê nasce com diminuição da circunferência da cabeça e apresenta graves repercussões cerebrais que afetam o seu desenvolvimento e crescimento.
Esta infecção está aterrorizando o Brasil e outras regiões do mundo pelo risco da pandemia ou globalização da infecção (infecção da população em diferentes continentes).
Tenho infertilidade! Posso iniciar o tratamento para engravidar?
As recentes notícias e descobertas relacionadas ao Zika Vírus durante a gestação trouxe angústia e temor aos casais que tentam engravidar de forma natural ou através das técnicas de reprodução assistida. E, com isto, muitas tentantes tem adiado a concretização do sonho da maternidade até a resolução deste cenário caótico em que vivem os brasileiros.
Sem dúvida que a decisão em adiar ou não a maternidade deve ser do casal, mas postergar a chegada de um bebê por situações inesperadas e contrárias ao planejamento do casal pode trazer problemas importantes no contexto familiar, principalmente quando o instinto materno e paterno afloram para a chegada de uma nova vida: o tão sonhado filho!
Por isto, é importante que tentantes e especialistas em infertilidade enfrentem juntos esta nova realidade apresentada pelo Zika Vírus para que os casais decidam o melhor momento de recorrer à reprodução assistida ou a outros tratamentos para a infertilidade.
Para auxiliar nesta decisão, o Prof. Dr. Anderson Melo destaca alguns pontos para reflexão:
- Ausência de sazonalidade: embora a proliferação do Aedes aegypti seja menor durante o inverno, o histórico da proliferação do mosquito no Brasil demonstra que, em determinadas regiões, a infecção ocorre em todas as estações do ano.
- Idade da mulher: após 35 anos a mulher apresenta diminuição da qualidade e quantidade de óvulos. E após esta idade, adiar o início do tratamento pode reduzir as chances de sucesso da reprodução assistida!
- Alterações ginecológicas: mulheres com comprometimento do ovário por alguma doença como endometriose, falência ovariana precoce reversível, cirurgias ovarianas prévias, redução do número de folículos, entre outras, podem ter as chances de sucesso da FIV/ICSI reduzidas e adiar o início do tratamento poderia agravar o quadro de infertilidade e impossibilitar definitivamente a maternidade.
- Técnicas de preservação da fertilidade: o congelamento de óvulos, espermatozoides ou preferencialmente embriões pode ser uma alternativa para os casais que estão temerosos e ansiosos com a epidemia por Zika Vírus. Através destas técnicas de preservação da fertilidade, o óvulo ou embrião poderiam ficar armazenados por tempo indeterminado, mantendo as características da idade da mulher no momento do congelamento. Seria uma “poupança” que daria segurança ao casal para fazer a transferência em outro momento, quando a epidemia pelo Zika Vírus estivesse controlada.
- Exames diagnósticos: atualmente existem exames de sangue que diagnosticam a infecção pelo Zika Vírus. Estes exames podem ser realizados antes do início da reprodução assistida, medida que pode trazer mais tranquilidade e segurança aos casais tentantes. Aqui no CEFERP temos um teste que apresenta o resultado na hora.
- Prevenção: evitar a picada pelo mosquito através do uso de repelentes, inseticidas e redução de áreas expostas do corpo; uso do preservativo durantes as relações sexuais porque o vírus pode estar presente no sêmen; eliminar criadouros do mosquito.
- Infeção prévia pelo Zika Vírus: segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças nos Estados Unidos (Center for Disease Control and Prevention – CDC), se a mulher teve infecção pelo vírus, a gestação deve ser evitada por pelo menos 8 semanas; se o homem apresentou a infecção, não se recomenda a gestação por no mínimo 6 meses.
Não existe uma regra única para a discussão sobre tratamento da infertilidade versus risco de infecção pelo Zika Vírus.
O especialista necessita individualizar caso a caso e estar disponível para esclarecer dúvidas e expectativas do casal tentante. Só assim o casal poderá ter segurança para avançar na conquista do grande sonho: deixar de ser tentante e exercer a maravilhosa arte da paternidade e maternidade!
E agora? Estou gestante! Como posso me proteger?
O Ministério da Saúde e o CDC recomendam que as gestantes e seus parceiros adotem medidas preventivas para evitar a infecção pelo Zika Vírus durante a gestação, visto que ainda não há vacinas ou medicações específicas para combate a esta infecção. As recomendações são:
- uso do preservativo: o Zika Vírus pode permanecer no sêmen de um homem infectado por meses e a infecção pode ser transmitida durante a relação sexual. Por sito se recomenda o uso de preservativos durante toda a gestação. Esta medida também deve ser adotada pelas mulheres tentantes e seus parceiros.
- evitar a picada do mosquito Aedes Aegypti através do uso de repelentes (gestante e parceiro) e inseticidas domésticos (aerossol ou elétrico líquido).
- eliminar a proliferação do mosquito: evitar o acúmulo de água em qualquer tipo de material ou objeto. Como o mosquito não consegue se distanciar mais do que 100-150 metros do seu criadouro, o governo brasileiro tem tentado realizar o bloqueio dos focos de proliferação do Aedes e para isto a participação da sociedade é fundamental.
- informar o médico sobre qualquer alteração no seu estado de saúde para que se possa fazer o diagnóstico adequado da Zika ou outras infecções transmitidas pelo Aedes aegypti.
- acompanhamento pr-natal adequado.
Dicas sobre repelentes para tentantes ou gestantes
- Filtro solar, hidratante e maquiagem devem ser aplicados ANTES do repelente.
- O repelente deve ser aplicado em qualquer área exposta do corpo, sempre após se vestir, POR CIMA das roupas.
- O repelente sempre deve ser o ÚLTIMO produto a ser aplicado no corpo após se vestir.
- Após a aplicação, o repelente evapora e forma uma nuvem de 4 cm que impede a aproximação do mosquito com a pele.
Repelentes indicados:
Icaridina (Exposis®): tempo de ação de 10 horas;
DEET adulto 15% (Off®, Repelex®): tempo de ação 6 horas;
IR3535 (Loção antimosquito Johnson): tempo de ação 2 horas.