Todas as mulheres vivem, desde muito cedo, a realidade de verem suas taxas de fertilidade diminuírem, sobretudo após os 35 anos. Já para os homens, existe a ideia de que se mantêm igualmente férteis por toda a vida. Porém, isso é um mito. A fertilidade masculina também é afetada com o avançar da idade, mas de forma diferente.
Neste post, explicamos os fatores que influenciam nessa mudança, como verificar a fertilidade do parceiro e também como preservá-la ao máximo ao longo da vida. Quer saber mais? Está tudo abaixo!
A fertilidade masculina está, culturalmente, relacionada à virilidade. O homem infértil é visto, muitas vezes, como “menos homem” — um preconceito que precisa ser frontalmente combatido. Essa visão estereotipada da masculinidade faz com que a fecundidade masculina acabe sendo negligenciada, e os mitos se multiplicam.
Ao contrário do que é comum pensar, os homens também vão perdendo a fertilidade com o passar dos anos. O que normalmente ocorre é que a qualidade e a quantidade de produção dos espermatozoides pode ser afetada por uma série de fatores.
Em alguns casos, os gametas produzidos têm sua motilidade comprometida. Assim, eles não conseguem se locomover até o meio externo para encontrar o óvulo, e a fertilização não é realizada.
A quantidade dos espermatozoides também diminui com o passar dos anos. Um artigo publicado por pesquisadores dos Estados Unidos aponta que, entre os 20 e 30 anos, 90% dos túbulos seminíferos (estruturas onde o esperma é gerado) contêm espermátides (que irão se diferenciar em espermatozoides). Aos 40 a 50 anos, esse percentual cai para 50% e continua diminuindo ano a ano.
O mesmo artigo, que é uma revisão bibliográfica de vários estudos sobre o tema, também nota que outro aspecto que sofre com o avançar da idade é a morfologia dos espermatozoides. Isso quer dizer que os gametas começam a ter maiores taxas de malformações à medida que o homem envelhece.
Isso interfere não só na capacidade de fertilização, mas pode também ser a causa de possíveis malformações no feto e até abortos espontâneos.
Os hormônios são fundamentais para o bom funcionamento do sistema reprodutor, tanto em homens como em mulheres. Nos homens, algumas disfunções e doenças podem afetar a produção hormonal. Algumas causas disso são:
O LH é o hormônio responsável por incitar a produção de testosterona, ajudando a manter a libido do homem e também a função erétil. Baixos níveis desse hormônio — situação relativamente comum depois dos 50 anos — podem prejudicar a função sexual, interferindo na fertilidade.
Além disso, outros fatores, como estresse, traumas e outros aspectos psicológicos também costumam atrapalhar a função sexual masculina.
Algumas doenças podem colocar em risco a saúde do aparelho reprodutor masculino. Veja algumas delas:
Diversos tipos de doenças sexualmente transmissíveis, como clamídia, tricomoníase e ureaplasma, podem levar à inflamação dos testículos. Como consequência, pode haver o comprometimento da produção dos espermatozoides, ou a obstrução dos ductos deferentes (que levam os gametas até o meio externo).
No sistema reprodutor masculino, há algumas estruturas que acompanham os testículos e vão da cavidade abdominal até a bolsa escrotal. São os cordões espermáticos. A varicocele é o desenvolvimento de varizes nesses cordões, ou seja, os vasos dos testículos ficam dilatados e têm a circulação sanguínea alterada. Isso faz aumentar a temperatura dos testículos e pode afetar a produção e características dos espermatozoides.
Alguns tipos de câncer, como os que atingem diretamente órgãos do sistema reprodutor masculino, podem levar a alterações ou até mesmo interrupção na produção de espermatozoides. Além disso, a realização de quimio ou radioterapia, tratamentos usados para diversos tipos de tumores, também pode prejudicar a fertilidade.
Com o aumento da expectativa de vida, os casos de câncer têm se tornado mais frequentes. Por isso, o câncer é um dos fatores a serem considerados quando falamos no impacto da idade sobre a fecundidade masculina.
Alguns fatores genéticos podem fazer com que o homem não produza espermatozoides. Também pode ocorrer de o organismo produzir uma quantidade muito baixa, dificultando a fecundação do óvulo.
Quando um casal está com dificuldades para engravidar, é muito comum a responsabilidade cair sobre a fertilidade da mulher. Porém, para garantir um diagnóstico preciso, é fundamental também avaliar como anda a saúde do homem. Para isso, alguns exames podem ser feitos. Veja:
O Espermograma é o teste realizado com uma amostra de sêmen, geralmente colhido por masturbação. Tem a função de verificar a quantidade e a qualidade dos espermatozoides. Esse exame analisa se o homem está produzindo a quantidade normal de gametas e se eles têm morfologia adequada. É o teste mais comum para avaliar a fertilidade masculina.
Este já é um exame mais minucioso, que analisa o DNA dos espermatozoides para verificar se eles possuem alterações que impeçam a fecundação.
Muitas das causas dos problemas de fertilidade são relacionados a fatores ambientais, portanto, é possível tomar medidas para que eles não interfiram na capacidade do homem de ser pai biológico. Veja algumas medidas para manter a saúde reprodutiva do parceiro em dia:
Alimentação equilibrada e atividades físicas são as receitas para saúde e qualidade de vida de uma forma geral. E é claro que a fertilidade também vai ser beneficiada por isso. Uma pesquisa dinamarquesa, por exemplo, evidenciou que homens que comem mais gorduras saturadas podem ter menor contagem de espermatozoides.
Além disso, o tabagismo e o consumo excessivo de álcool também são fatores que prejudicam a produção de espermatozoides.
Muita gente cai na armadilha dos anabolizantes — substâncias proibidas no Brasil sem indicação médica — em busca do corpo perfeito. Porém, as altas quantidades de testosterona presentes nessas drogas podem comprometer a produção de espermatozoides em longo prazo. Então, quem deseja ser pai deve se manter longe delas!
Algumas doenças sexualmente transmissíveis podem ser contraídas e ficar latentes no organismo sem apresentarem sintomas específicos. É o caso de HPV, clamídia, gonorreia, entre outras. Por isso, é fundamental que o homem (e a mulher também) se proteja em suas relações, principalmente quando não tem parceira ou parceiro fixo.
Algumas vezes, problemas de fertilidade são sintomas de outras condições subjacentes, como uma disfunção na tireoide, por exemplo. Fazer um check-up geral com regularidade evita situações que possam levar a problemas de fecundidade.
A fertilidade masculina é um assunto ainda muito rodeado de tabus e mitos, mas precisa ser encarada de frente, principalmente pelos casais que têm o sonho de ter um bebê. Para isso, ambos devem se informar, romper as barreiras do preconceito e tomar providências para que a saúde do parceiro esteja em dia.
Aproveite que você está interessado neste assunto e saiba mais sobre como é feito o diagnóstico de fertilidade do casal!
Ver comentários
Olá.
Meu marido teve câncer na tireóide em 2017 sem necessidade de iodo terapia e hoje ele toma puran T4 para reposição do hormônio.
Ele tem 50 anos e iremos tentar a FIV esse ano.
As chances dele ter algum problema nos espermatozóides é maior pelo quadro citado acima?
Obrigada
Olá Priscila,
Obrigado pelo seu comentário!
Não é possível realizarmos uma avaliação de forma isolada, sem antes conhecermos o histórico clínico. Dessa forma, orientamos que consulte com um médico especialista, para avaliação.
Atenciosamente.
Equipe CEFERP - Centro de Fertilidade de Ribeirão Preto