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Por que a minha FIV não deu certo? Descubra!

Por incrível que pareça, a fertilidade humana é reduzida! Acredita-se que 60% dos casais engravidem espontaneamente, porém, em parte dos casos acontece a interrupção da gravidez antes de ocorrer o atraso menstrual. Isto porque produzimos embriões com alterações genéticas e a própria seleção natural se encarrega de impedir que a gestação avance.

A chance de gestação espontânea está diretamente relacionada à idade da mulher, entre outros fatores. Enquanto que dos 26 aos 30 anos, aproximadamente 20% dos casais engravidam espontaneamente no primeiro mês de tentativa, esta porcentagem é de 4% para mulheres com 41- 42 anos. Depois de um ano, estes números sobem para 85% e 20%, respectivamente, para aquelas faixas etárias.

E quando a gestação não acontece, é hora de agir. Mulheres com menos de 35 anos, sem doenças, podem aguardar o teste de gravidez positivo até um ano de tentativa. Por outro lado, mulheres com mais de 35 anos ou que apresentem doenças que reduzam a fertilidade ou homens com alterações seminais, devem procurar um especialista se a gestação não acontecer após seis meses de tentativa.

Se a chance de gestação natural é reduzida, quais são as taxas de sucesso da FIV e porque este procedimento pode não dar certo? Acompanhe nosso artigo. Vamos falar melhor sobre essas dúvidas!

Quais os principais motivos para a FIV não dar certo?

Diante de um teste de gravidez negativo após a FIV, a sensação de impotência, insegurança, desesperança e incapacidade tomam conta do cotidiano do casal. Um verdadeiro luto abate e sufoca o sonho de ter um bebê e achamos que nunca mais será possível alcançar este objetivo. Não é incomum querermos encontrar um culpado ou assumirmos a culpa.

Outras vezes queremos objetivamente encontrar uma resposta para esta situação devastadora! Para amenizar este sofrimento, é importante receber apoio e compreensão dos profissionais envolvidos no procedimento e dar um tempo para digerir todo este processo árduo e doloroso.

A fertilização in vitro (FIV) é um dos tratamentos mais efetivos para auxiliar na busca da maternidade. Trata-se de um dos tratamentos mais procurados por ser a técnica de reprodução assistida mais efetiva na prática clínica. Desde o nascimento do primeiro bebê de proveta, milhões de casais estão concretizando o sonho de ter um bebê!

Para entendermos possíveis motivos da falha de uma FIV, é necessário relembrarmos das limitações biológicas! A chance de gestação espontânea é limitada e depende principalmente da idade da mulher, conforme foi discutido acima. E as alterações genéticas no embrião são os principais fatores relacionados a esta limitação.

A FIV oferece pelo menos duas vezes mais chances para alcançar a gestação em relação às tentativas espontâneas. Entretanto, a alta tecnologia e conhecimento científico ainda não permitem uma efetividade maior porque a FIV não modifica patrimônio genético, ou seja, continuamos a produzir embriões comprometidos geneticamente, motivo pelo qual o tratamento falha na maior parte das vezes.

Estima-se que 80% das falhas estejam relacionadas ao embrião e 20% a alterações endometriais. E neste cenário a ciência tenta buscar estratégias para aumentar o sucesso da FIV através de possíveis intervenções nestes dois pilares.

 


O que fazer diante da falha da FIV?

Toda conduta utilizada na prática clínica necessita ter seu benefício comprovado através de estudos científicos. Antes de discutirmos sobre possíveis “estratégias” para melhorar o sucesso da FIV, vale lembrar que, atualmente, nenhum estudo confirma o real benefício de qualquer medida para aumentar o sucesso da FIV.

Isto porque continuamos a produzir óvulos e espermatozoides com alguma alteração genética. Para facilitar a discussão, vamos dividir, do ponto de vista prático, as possíveis estratégias em dois tópicos: medidas para o embrião e para o endométrio.

Medidas para o embrião

Transferência em estágio de blastocisto

Em gestações espontâneas, o embrião alcança a cavidade uterina na fase de blastocisto (quinto dia após a fertilização). Nos ciclos de FIV, a transferência do embrião de quinto dia está associada a maior taxa de gestação/transferência. Entretanto, aguardar a formação do blastocisto na FIV pode diminuir o número de embriões formados (em média, ocorre redução de 50% do número de embriões gerados inicialmente).

Diante de falhas repetidas da FIV, a opção pelo blastocisto pode minimizar o luto. Muitas vezes, os casais preferem receber embriões de melhor qualidade (sobreviventes) “selecionados” pelo tempo de espera no laboratório, mesmo correndo o risco de não terem o passo da transferência pela ausência de blastocistos para transferência.

Estudo genético embrionário

Apesar do aperfeiçoamento do estudo genético dos embriões com a possibilidade de identificação de centenas de doenças genéticas (next generation sequencing – NGS), este procedimento não está associado a maior taxa de bebês nascidos. Entretanto, esta técnica pode minimizar o risco de filhos com alteração genética e também de aborto, visto que embriões comprometidos geneticamente podem não ser transferidos.

Sugere-se que embriões com alteração genética apresentam maior relação com aborto e/ou falha na FIV. Assim, alguns casais podem ter ciclos de FIV sem transferência (quando tem todos os embriões comprometidos geneticamente), mas se sentem poupados de amargurar probabilidade maior do luto.

Quando o casal é portador de alguma alteração genética específica com alto risco de transmissão para seus filhos, o diagnóstico genético pré-implantacional embrionário pode potencializar o sucesso de uma nova FIV porque esta avaliação permite identificar este problema específico nos embriões antes da transferência para cavidade uterina.

Medidas para o endométrio

Não existe medida efetiva comprovada para melhorar a qualidade endometrial. Entretanto, alguns procedimentos não oneram custo e são pouco invasivos, podendo ser utilizados de rotina diante de uma falha na FIV.

É o caso da injúria endometrial, uma raspagem do endométrio com o objetivo de facilitar a implantação embrionária.  O mecanismo pelo qual a injúria endometrial aumenta a taxa de implantação do embrião ainda não está totalmente conhecido, mas estudos atuais indicam que essa agressão com pequenas lesões estimule a produção de diversos mediadores químicos, entre eles destacam-se as interleucinas, fatores de crescimento, LIF (fator inibidor de leucemias), CSF (fator estimulador de colônias), histamina e outros. Estes mediadores poderiam favorecer a implantação embrionária.

Trombofilias

São condições que predispõe a formação de coágulos. Estes coágulos podem interromper o fluxo sanguíneo na placenta e, eventualmente, impedir o avanço da gravidez. Nestes casos, é importante a utilização de anticoagulantes. Entretanto, apenas um tipo de trombofilia eventualmente poderia estar associada à falha repetida da FIV, a síndrome do anticorpo anti-fosfolípide (SAAF).

Avaliação da receptividade endometrial

Teste ERA (Endometrial Receptivity Analysis) auxilia na avaliação da janela de implantação, ou seja, momento mais adequado para a transferência embrionária. Embora disponível na prática, esta técnica ainda não tem benefício comprovado. De modo semelhante, outras condutas ainda precisam ser melhor estudadas: plasma rico em plaquetas, embryo gluepesquisa de células NK no endométrio, intralipid, atosiban, imunoglobulinas, entre outros.

GnRHa

O uso do agonista do hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRHa) pode ter algum benefício após a transferência embrionária por aumentar a liberação de hormônios que auxiliam no equilíbrio do endométrio.

Enfim, vale lembrar que, após o aconselhamento, a decisão é sempre do casal! Embora muitos destes procedimentos sejam facilmente realizados na clínica de reprodução humana, uma boa conversa com o especialista poderá esclarecer e informar sobre os passos mais adequados diante de uma falha da FIV.

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Ver comentários

  • Muito interessante suas explicações, parabéns, passei recentemente por uma FIV negativa, é uma sensação horrível. Fiz 3 inseminaçoes, todas negativas, fiz a fiv negativ e uma TEC tb negativa. Muito complicado

    • Oi Leonice,

      Importante saber que você não está sozinha e que existem possibilidades para avaliar o que acontece em seu caso.
      Caso queira agendar uma consulta aqui conosco nosso atendimento é das 8:00 às 20:00 de segunda à sexta, sábados das 8:00 às 12:00.

      Presencialmente ou pelos contatos:
      (16) 3877-7789
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      (16) 99302-5532 (WhatsApp)
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      Atenciosamente,
      Equipe CEFERP – Centro de Fertilidade de Ribeirão Preto

  • Já fiz quatro fivs, inclusive a última com embriões de doadores para aumentar minhas chances já que não tenho nenhum problema, somente a idade 43 anos, mas minha primeira fiv tinha 34. Já fiz todos os estudos e ninguém dá uma explicação. O que mais posso fazer para dar certo? Ainda tenho embriões congelados.

    • Oi Marina,

      Imagino sua tristeza e ansiedade para alcançar a gestação, mas para saber a causa é necessário investigar, nem sempre é apenas um fator. Converse com seu médico, fale de suas angústias, aflições, medos, das suas chances.
      Boa sorte e tomara que em breve você possa compartilhar seu tão sonhado positivo. Se precisar, estamos aqui para ajudar.

      Equipe CEFERP – Centro de Fertilidade de Ribeirão Preto

  • Eu fiz 01 FIV e 02 TEC. Das três vezes meu beta foi negativo, com valores muito baixos. Meus embriões foram congelados em estágio de mórula, os 06 se desenvolveram muito bem. Meu endométrio tb estava em perfeitas condições de receber os embriões.
    Não sei o que deu errado. Mas dá uma tristeza enorme receber um beta negativo, ainda mais com embriões de qualidade.

  • Tenho 34 anos e acabei de passar por uma FIV com punção (já que foi preciso retirar os espermatozoides), meu esposo tem azoospermia. Semana passada fiz o teste e deu negativo, estou arrasada, muitos triste. Porém já estamos avaliando uma nova tentativa, não sei o que pensar ainda, o tempo dirá.

  • Fiz uns exames recentemente e tenho bloqueio nas trompas! chorei muito. Com tudo que tenho lido em comentarios e outros, fico pensando em fazer uma FIV e dar errado! Ja choro de pensar no negativo! Pois sei que não é uma tentativa tao barata e pra mim tudo é muito complicado financeiramente falando! ..nao sei o que fazer, se arrisco mesmo podendo dar errado ..ahh hje estou pessima! desculpem ...so de falar choro! :(

    • Oi Cinthia,
      Uma abraço, chore mesmo, deixa sair de você.
      Estamos aqui para ajudá-la no que for preciso, receber o diagnóstico e saber que para realizar o sonho da maternidade você deverá passar pelo tratamento é um choque para muitas mulheres.
      Em breve teremos uma roda de apoio muito bacana aqui na clínica para quem está em tratamento de fertilidade (mesmo que ainda pensando sobre o assunto), com mediação da nossa psicóloga, pode ser uma boa oportunidade de você ouvir relatos, compartilhar seus medos com outras pessoas que estão passando ou passaram pelo tratamento. Fique atenta às nossas mídias sociais que em breve divulgaremos essa novidade.
      Mais uma vez, fique com nosso abraço.
      Atenciosamente,
      Equipe CEFERP

  • fiz tambem no 01/04/2018,era minha ultima chance nao consegui meu primeiro exame deu 0,188 agora eu fiz outro e continuo tomando os remedio nao confiei no primeiro resultado .meu deus como doi o resultado negativo

    • Lili,

      Um abraço apertado, receber o resultado negativo nunca é o que esperamos do tratamento, mas como explicado no texto acontece. O importante é conversar com seu médico, se preparar para um novo ciclo. Uma conversa com um psicólogo também pode ajudar muito nesta fase.

      Não desista. Boa sorte.

      Atenciosamente,

      Equipe CEFERP

  • Boa noite. Fiz uma FIV em 24/04/18, ainda não fiz o betaHCG, mas após um dia de atraso, tive um sangramento em borra de café, em moderada quantidade, com cólicas suaves e sem outras características de menstruação. Gostaria de acreditar que foi a implantação, mas pela quantidade do sangramento me custa a acreditar que foi. Estou arrasada, me sentindo tão incapaz, como a maioria relatou antes de mim Bia comentários. Entretanto, mesmo sabendo que o calor dovl tratamento pode ser proibitivo, vou fazer tudo que estiver ao meu alcance, e torço muito pra vcs nada desistirem também, pois só por querer ser mães (e pais), vcs já merecem esse presente. Boa sorte pra gente.

    • Oi Dra. Bianca,
      Primeiramente um abraço, entendemos como esse momento é delicado.
      Espere para ter esses sentimentos de perda/derrota após o exame BetaHCG, que será a confirmação se o tratamento deu certo. Já vimos casos de sangramento com positivo e gêmeos! Fique calma e depois volte para nos contar.
      Boa sorte.
      CEFERP

  • Olá... acabei d fazer a Fiv dia 21/05. Estou com muita cólica, chego a passar mau. Ontem desceu algo estranho. Devo fazer o exame amanhã mas já estou com sinal de menstruacao. Isso é muito triste.

  • Gostaria de compartilhar esse momento, nossa transferência foi dia 21/05/2018, e recebemos o resultado negativo no dia 02/06/2018, minha esposa tem 42 anos.
    O momento realmente e de tristeza, mas o casal tem que ser unido e compreender que a culpa nao e de ninguém. Apenas foi a vontade de Deus que fosse assim.
    Vale a pena apos um tempo de reflexão pensar em adoção.

    • Oi José Pedro,

      Realmente não é fácil enfrentar esse momento, mas como o texto mesmo explica, acontece e quanto mais avançada a idade da mulher menor a taxa de sucesso.
      Sinta-se abraçado e se precisar de algo nos avise.

      Atenciosamente,

      Equipe CEFERP

  • Pois é, tenho 26 anos, produzi cerca de 30 ovulos na punção, meu médico me chama de maquina de ovinhos, tenho o endométrio perfeito e um utero lindo (palavras do meu médico), fiz a transferencia de 2 embrioes de 3D, fiz repouso, tomei todas as medicaçoes certinho e ganhei um belo NEGATIVO. Claro que fiquei arrasada, eu jamais pensei que não daria certo, mas estou confiante para a proxima tentativa, e sei que se nao deu certo dessa vez, é porque Deus tem um plano melhor pra mim.

    • Bruna,
      Infelizmente o negativo faz parte, mas veja pelo lado bom, você teve uma ótima coleta de óvulos e deve ter embriões guardados para outra transferência. Na sua idade as chances aumentam bastante.
      Acalme seu coração que logo você irá conseguir o positivo.
      Boa sorte.
      Equipe CEFERP