Epigenética: entenda como funciona e sua relação com a recepção de óvulos

Epigenética: entenda como funciona e sua relação com a recepção de óvulos

Epigenética: entenda como funciona e sua relação com a recepção de óvulos

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Resistência, impotência, sensação de incapacidade e de falta de controle da fertilidade (“quero, mas não posso”), reflexão e, por fim, resiliência! Esses são alguns dos sentimentos do turbilhão que envolve a pessoa ou casal que precisa de óvulos doados para gerar o seu bebê!

A ovodoação/ovorecepção é um tratamento dividido entre duas famílias. Para a doadora, o altruísmo, a solidariedade, generosidade e a redução dos custos do tratamento auxiliam na concretização do sonho de ter um bebê. Para a receptora, uma luz no fim do túnel reascende a esperança de alcançar a maternidade.

Por outro lado, uma das perguntas mais frequentes é sobre quando a ovorecepção é o tratamento indicado: mas o bebê gerado com óvulo de doadora vai ser meu filho? Vai ter minhas características? Vai ter o meu DNA? E a epigenética pode responder de forma abrangente e satisfatória a todos esses questionamentos.

Afinal, o que é epigenética? Pensando no assunto, separamos a seguir os principais conceitos e informações sobre o tema. Acompanhe e descubra como isso pode afetar a vida dos seus futuros filhos!

O que é epigenética?

Cada célula do nosso corpo tem um patrimônio de informações que coordena as funções do nosso organismo e determina nossas características físicas, emocionais e biológicas. Esse patrimônio é chamado de código genético. Nos seres humanos, essas informações estão presentes na forma de ácido desoxirribonucleico, o DNA.

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O DNA é uma longa fita que tem milhares de genes. Os genes funcionam de acordo com a localização da célula (por exemplo: células do nariz ativam genes relacionados ao olfato, da boca se relacionam ao paladar, do estômago estão relacionadas à digestão etc.). Nossos hábitos de vida também podem ativar ou desativar genes, favorecendo ou evitando o desenvolvimento de doenças — são verdadeiras chaves de liga e desliga comandadas por uma vida saudável ou por hábitos inadequados.

Na reprodução humana, o óvulo e o espermatozoide carregam uma parte do DNA materno e paterno, respectivamente. Após a fecundação, essas células se combinam para a formação de um novo ser que terá um misto de características de ambos os seus genitores. Assim, o embrião sempre terá o DNA do óvulo e do espermatozoide, mesmo que o bebê seja gerado pela receptora. Entretanto, a epigenética pode interferir na forma como o DNA vai funcionar, o que pode mudar toda a sensação em relação a ovorecepção!

Epigenética é a capacidade de modificar as características hereditárias sem alterar a estrutura e sequência de DNA. Ou seja, existem fatores ou gatilhos que são capazes de ativar ou desativar o funcionamento dos genes do nosso corpo (trata-se de mudar o funcionamento dos genes). Veja alguns exemplos.

  1. Se uma doadora de óvulos é sedentária, tem tendência a obesidade e distúrbios do metabolismo ou mesmo pressão alta, essa mulher tem predisposição para gerar bebês com essas alterações. Entretanto, se ela modificar seu estilo de vida ou se os seus óvulos formarem o bebê de uma receptora com vida saudável, a epigenética pode favorecer o “bloqueio” da função dos genes relacionados a esses distúrbios metabólicos ou cardiovasculares e o bebê terá menor risco de apresentar aquelas doenças ao longo da vida.
  2. Se uma doadora de óvulos é saudável, mas o bebê é gerado por mulheres com hábitos de vida inadequado, a epigenética pode “ativar” alguns genes que favorecerão o desenvolvimento de doenças no bebê.

Quais as principais doenças relacionadas a epigenética?

  • hipertensão arterial sistêmica (pressão alta);
  • diabetes mellitus tipo 2;
  • doenças cardiovasculares;
  • doenças pulmonares;
  • doenças psiquiátricas;
  • síndrome dos ovários policísticos;
  • dislipidemia (Alteração no colesterol e triglicerides);
  • puberdade precoce.

Qual a relação entre a epigenética e a recepção de óvulos?

A epigenética tira aquela sensação ruim em relação a ovorecepção. Para compreender e auxiliar na aceitação sobre ovorecepção, aqui vão algumas dicas:

  • embrião é apenas o início da vida: quando ocorre a transferência embrionária para o útero é importante lembrar que o embrião tem no máximo cento e poucas células. Essas células só vão se multiplicar se a gestante fornecer nutrientes e dar suporte para que ele continue se desenvolvendo. Então, quem mantém e continua a vida do embrião é a gestante e não quem forneceu o óvulo;
  • embriões de mesma origem genética serão diferentes: embriões de mesma origem genética que se desenvolvem em mulheres diferentes também serão diferentes. Isso se deve à epigenética e também à variação genética que é típica do ser humano. Basta observar uma família com vários filhos: as crianças podem até ter alguma semelhança entre si, mas elas são diferentes física e emocionalmente;
  • características físicas: a epigenética não é capaz de modificar as características físicas. Entretanto, o Brasil é um país muito misturado com grande miscigenação genética. Não é incomum pessoas morenas terem filhos brancos ou pais brancos com filhos morenos. Assim, apesar de a epigenética não influenciar nesse aspecto, é muito tranquilo ter um filho gerado com óvulo de doadora e ainda apresentar traços físicos da receptora;
  • características emocionais: embora discutível, a epigenética pode estar associada à personalidade e aspectos psicológicos entre a receptora e seu bebê. Por exemplo: se você é mais calma e a sua doadora é mais agitada, seu bebê pode herdar aspectos de sua personalidade tranquila e vice-versa;
  • afinal, o bebê vai se meu filho? A maternidade ou paternidade é uma experiência. Geramos, educamos e preparamos nossos filhos para a vida. Existem várias maneiras de ser pai e mãe, de constituir uma família. A ovorecepção permite que a mulher tenha a gestação do seu “filho adotivo” com a vantagem de se estabelecer um vínculo bem precoce, desde os primeiros momentos da vida dele. Além disso, não tem burocracia e ocorre a necessidade do anonimato.

Não perca mais tempo! Agende uma consulta com um médico especialista e discuta pontos positivos e negativos da ovorecepção. Faça uma reflexão e vire a página de sua história para que você possa construir novos caminhos. Gostou de saber mais sobre a epigenética? Curta nossa página no Facebook para ter acesso a mais conteúdos como este!

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Prof. Dr. Anderson Sanches de Melo

Médico especialista em Reprodução Humana pelo Hospital das Clínicas da HC FMRP-USP. CRM-SP 104.975
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Comentários (4)

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    Célia Maria Lima Trivelato Anastácio

    |

    Boa noite, nossa muito interessante saber sobre a Epigenética, eu já estou decidida a fazer o procedimento e ter meu filho, agora fiquei mais feliz e interessada ainda, vou agendar minha consulta para inicio de dezembro de 2020, apesar de ter 52 anos tenho muito ânimo, ótima saúde e acho que não posso esperar mais, quero realizar meu sonho no próximo ano.
    E agradeço por estarem sempre esclarecendo as dúvidas que muita gente, inclusive a minha.

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      Atendimento CEFERP

      |

      Olá Célia,
      Obrigado pelo seu comentário e carinho!
      Ficamos muito felizes por podermos orientar você e participarmos desse sonho.

      Um abraço.
      Família CEFERP

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    Sheila Cunha Nogueira Horta

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    “…a epigenética não é capaz de modificar as características físicas.”

    Esta parte da matéria desse site cai em contradição em relação a mais de uma pesquisa que fiz.
    Como confiar que a informação da medicina coloca na internet não é manipulada?
    Se a epigenética não é capaz de modificar características físicas no útero da receptora onde está a eficácia da ovodoação?

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      Atendimento CEFERP

      |

      Olá Sheila,
      Obrigado pelo seu comentário!
      Seu questionamento é bastante específico, talvez fosse interessante agendar uma consulta com o seu médico, para esclarecimento de suas dúvidas!
      De qualquer forma, nosso conteúdo é baseado em evidências científicas e, neste caso, estudos americanos e europeus confirmam que não é possível ocorrer as mudanças epigenéticas em relação as características físicas, infelizmente.
      Dê uma olhada neste link, caso queira entender melhor a respeito do tema: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/29199274/.

      Atenciosamente.
      Equipe CEFERP – Centro de Fertilidade de Ribeirão Preto

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