A gravidez figura entre os sonhos de inúmeras mulheres ao redor do mundo. Sabemos, infelizmente, que nem todas têm a mesma facilidade para engravidar, o que pode ser motivo de grande ansiedade e tristeza. No entanto, os constantes avanços da medicina reprodutiva já oferecem uma série de tratamentos efetivos para o desenvolvimento da gestação.
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Além disso, existem hoje recursos para a avaliação da fertilidade e o aconselhamento adequado sobre a probabilidade da gravidez. E, entre esses recursos, podemos citar a dosagem do FSH como um dos grandes aliados da medicina reprodutiva.
Mas, afinal, o que é e para que serve esse exame? Neste artigo, separamos as principais informações sobre o assunto. Confira a seguir e tire todas as suas dúvidas!
O que é o FSH?
A sigla FSH representa as iniciais em inglês do hormônio folículo estimulante (follicle-stimulating hormone), que é produzido na glândula hipófise. Em conjunto com outro hormônio dessa glândula — o hormônio luteinizante (LH) — o FSH atua de forma sincronizada para otimizar a fertilidade tanto masculina quanto feminina.
No organismo masculino, o FSH tem a função de estimular a produção dos espermatozoides nos testículos. Já nas mulheres, seu objetivo é estimular o crescimento dos folículos ovarianos (estruturas do ovário que contêm os óvulos). Isso acontece por meio da produção e secreção de estrogênio, que age no endométrio e na própria hipófise contribuindo com a sincronia do eixo hormonal reprodutivo (eixo hipotálamo-hipófise-ovariano).
Nos tratamentos de reprodução assistida, a maioria dos hormônios injetáveis são similares à estrutura do FSH — são as chamadas gonadotrofinas sintéticas, mas que também podem ser naturais.
Qual é a importância do FSH para o ciclo menstrual?
O ciclo menstrual consiste na variação hormonal rítmica que ocorre mensalmente no organismo de uma mulher. Os hormônios que participam desse ciclo têm protagonismo na manutenção da fertilidade, ou seja, são fundamentais para garantir a possibilidade de gravidez.
Como dissemos, a ação do FSH nas células da granulosa do ovário promove a secreção de estrogênio pelos folículos ovarianos. Com isso, esses folículos vão crescendo ao longo da primeira fase do ciclo menstrual, podendo ser vistos na ultrassonografia como imagens arredondadas e pretas. Após 14 dias, eles começam a aumentar a produção de progesterona, com o que o nível do LH aumenta e ocorre a ovulação.
Considerado um dos principais hormônios femininos, a progesterona tem a função principal de preparar o útero para receber o embrião após a fecundação, além de desencadear o pico de LH antes da ovulação.
O ovário também consegue controlar a liberação do FSH na hipófise por meio da produção da inibina — que, como o seu nome sugere — tem a função de inibir a liberação de FSH. Para que a gravidez ocorra, é importante que tudo isso ocorra no tempo certo, de forma organizada e sincronizada. Como uma orquestra bem organizada!
Para que serve o exame FSH?
A dosagem do FSH pode ser utilizada como uma ferramenta para diagnosticar causas de ausência de ovulação, as conhecidas anovulações crônicas. Nesse grupo se encontra, por exemplo, a síndrome dos ovários policísticos — a principal causa de infertilidade feminina atualmente — em que a dosagem do FSH é normal ou levemente diminuída.
Outras situações em que o exame auxilia o diagnóstico são a falência ovariana precoce (em que o FSH é muito alto) e causas centrais, problemas na glândula hipófise ou no hipotálamo (em que o FSH é muito baixo ou suprimido). Crianças com suspeita de puberdade precoce (desenvolvimento de mamas e pelos ou aumento do tamanho dos testículos) também podem se beneficiar dessa avaliação.
Por outro lado, numa investigação de infertilidade feminina o exame não deve ser realizado de rotina. Segundo a Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (American Society for Reproductive Medicine), a dosagem não deve ser feita em mulheres com ciclos menstruais regulares, ou seja, quando o seu fluxo menstrual ocorre a cada 24-35 dias com antecipação ou atraso da menstruação de 3-4 dias.
Nos casos suspeitos de anovulação crônica ou situações associadas a redução da reserva ovariana (diminuição da quantidade prevista de folículos a ultrassonografia), pode ser considerado dosar o FSH.
Vale dizer, ainda, que esse exame não mudará a conduta na fertilização in vitro, mas pode auxiliar o aconselhamento sobre as taxas de sucesso. Entretanto, a idade da mulher, o AMH (também não realizado de rotina) e a contagem dos folículos ovarianos na ultrassonografia já são fatores suficientes para tal aconselhamento.
Como é feito esse exame?
Ao longo do ciclo menstrual, existe uma variação das concentrações de FSH no organismo da mulher. Por isso, a realização desse exame pode apresentar resultados distintos dependendo do dia do ciclo em que ele for realizado.
Para avaliar esses resultados com maior precisão e eficácia, existe uma recomendação para o melhor período de avaliação. Isso aumenta as chances de se confirmar a suspeita clínica, além de evitar a possibilidade de repetição do exame. Em geral, considerando o primeiro dia do ciclo menstrual como sendo o primeiro dia da menstruação, recomenda-se que o exame FSH seja dosado no sangue entre o 3º e 5º dia do ciclo.
Enfim, gostou de saber mais sobre a avaliação do FSH e a sua relação com a fertilidade? Agora, aproveite para assinar a nossa newsletter e receba mais conteúdos relevantes como este em primeira mão!
Referências
American College of Obstetricians and Gynecologists Committee on Gynecologic Practice and Practice Committee. Female age-related fertility decline. Committee Opinion No. 589. Fertil Steril. 2014;101(3):633–634.
Practice Committee of the American Society for Reproductive Medicine. Diagnostic evaluation of the infertile female: a committee opinion. Fertil Steril. 2015;103(6):e44–e50.