Falência Ovariana Precoce (FOP): posso engravidar após o diagnóstico?

Falência Ovariana Precoce (FOP): posso engravidar após o diagnóstico?

Falência Ovariana Precoce (FOP): posso engravidar após o diagnóstico?

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O sonho da maternidade figura no imaginário de inúmeras mulheres ao redor do mundo. Entretanto, muitas delas têm que lidar com fatores biológicos que podem impedir ou atrapalhar a realização desse sonho.

Porém, o advento das técnicas de reprodução humana assistida e sua contínua evolução ao longo das décadas tem significado uma esperança cada vez maior para essas mulheres. Nesse sentido, a Falência Ovariana Precoce, ou FOP, pode ser destacada como um fator limitante do início de uma gestação que pode ser contornado com o uso destes tratamentos.

Pensando no assunto, separamos as principais informações sobre a FOP e seus tratamentos neste post. Acompanhe e descubra tudo sobre o assunto!

O que é a Falência Ovariana Precoce?

Diferentemente dos homens, as mulheres já nascem com todas as suas células reprodutivas pré-formadas. Essas células são os óvulos, que ficam armazenados em estruturas chamadas de folículos ovarianos. A quantidade de óvulos armazenados recebe o nome de reserva ovariana, e uma das formas de avaliá-la é através da contagem dos folículos ovarianos, já que os óvulos em si não são vistos ao ultrassom.

Após o início da ativação do eixo hormonal responsável pela ovulação, sinalizada pela menarca (primeira menstruação da mulher), os óvulos passam a ser liberados mensalmente, de acordo com a ação hormonal ao longo de todo o ciclo menstrual. Entretanto, há um limite de óvulos a serem liberados, uma vez que não há produção de novos óvulos após o nascimento da mulher.

É importante entendermos que não é possível controlar a evolução da reserva ovariana com uso de quaisquer medicações. Ou seja, o fato de usar anticoncepcionais que bloqueiem a ovulação não faz com que sejam economizados estes óvulos, assim como pacientes que passam pelo processo de indução da ovulação repetidas vezes não aceleram a redução da reserva ovariana.

Isso acontece porque, independentemente do uso destas medicações, os óvulos tem programação para entrarem em atresia (degeneração). Para termos ideia, por ciclo, estima-se que a mulher perca em torno de 1.000 óvulos.

Assim, a faixa de tempo em que há a liberação de óvulos pelo sistema reprodutor feminino é o período considerado em que a mulher encontra-se na idade fértil. Esse intervalo de tempo é variável, mas discorre da primeira menstruação até, na maioria das vezes, próximo aos meados dos 45 anos de idade, quando se apresenta a menopausa (última menstruação).

A menopausa é o nome que se dá para a última menstruação da mulher. Porém, ficou popularmente conhecida como o período após a última menstruação. Ela decorre de uma soma de vários eventos fisiológicos, que demonstram o encerramento do período em que a mulher é capaz de engravidar, pois demonstram o esgotamento reprodutivo dos ovários.

Embora esse marco ocorra normalmente por volta dos 45 anos, é importante citar que a fertilidade da mulher cai exponencialmente após os 35 anos, o que também pode ser considerado como reflexo dos eventos fisiológicos que levarão progressivamente à menopausa, principalmente reflexo da redução progressiva de quantidade e qualidade dos óvulos armazenados.

Porém, existem alguns casos em que a menopausa ocorre antes do esperado, ou seja, antes dos 40 anos. Nessas circunstâncias, é observado um quadro da chamada Falência Ovariana Precoce ou FOP.

A FOP é caracterizada por ausência de menstruação por aproximadamente 4 a 6 meses em mulheres com menos de 40 anos, associada a alterações hormonais que sugiram que a causa da ausência da menstruação seja realmente ovariana. Importante entendermos que existem vários fatores, além da FOP, que também podem levar à ausência de menstruação por longos períodos, sem necessariamente suspeitarmos de menopausa precoce.

A menstruação é um evento importante do ciclo menstrual da mulher, e a sua não ocorrência durante a idade fértil pode ser o indicativo de alguma condição anômala no organismo.

Ou seja, se o ciclo menstrual da mulher fica prejudicado em função da FOP, sua fertilidade também será comprometida. Por isso, no caso de irregularidades ou ausência de menstruação por tempo prolongado, é sempre importante buscar ajuda médica.

Quais são suas possíveis causas?

Existe uma série de razões que podem desencadear um quadro de FOP. Porém, a grande maioria dos casos tem sua causa determinada como idiopática, ou seja, se manifestou espontaneamente sem justificativa conhecida.

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Alguns dos casos de FOP têm origem genética. Essas situações podem muitas vezes ser observadas com alguma frequência no histórico familiar da mulher. Pacientes com alterações genéticas, como a síndrome de Turner, por exemplo, também tem maior risco de apresentar FOP. Outras razões conhecidas pela ciência são as relacionadas às doenças autoimunes, que são patologias em que as células de defesa passam a atacar o próprio organismo, o que pode afetar diretamente a reserva ovariana.

Pode-se citar ainda a ocorrência de casos relacionados a procedimentos cirúrgicos na região, como por exemplo a retirada de um câncer de ovários.

Por fim, podemos elencar também como possíveis origens da FOP a submissão a tratamentos de quimioterapia e/ou radioterapia. A agressividade desses procedimentos pode ter influência direta sobre a reserva ovariana, desencadeando uma falência prematura dos ovários.

Quais os sintomas da FOP?

A ocorrência de um quadro de FOP pode acarretar sintomas bastante intensos. É possível que a mulher sinta fortes ondas de calor associadas a sudorese, além de ressecamento e/ou inflamação das paredes vaginais. Esses sinais geralmente estão relacionados à baixa concentração de estrogênio no organismo da mulher, um dos principais hormônios femininos, produzido pelos ovários.

Além disso, é importante citar a frequente ocorrência de um acometimento emocional de mulheres com FOP. Insônia, dores de cabeça, irritabilidade e depressão estão entre as possíveis consequências observadas.

Nesse contexto, é fundamental refletir sobre os grandes impactos da FOP na qualidade de vida da mulher acometida pela patologia. A presença dos sintomas somada à possível ansiedade frente à ideia da perda da fertilidade pode ter grandes repercussões psicológicas, o que demanda um acompanhamento profissional o mais cedo possível.

Como é feito o diagnóstico da FOP?

A partir da observação dos sintomas e sinais clínicos, o médico responsável solicitará à paciente a realização de exames de sangue. Nesses exames, serão avaliados os níveis de alguns hormônios, sendo um dos principais o hormônio folículo estimulante, FSH, que está elevado em casos de FOP. É importante também que seja realizada pesquisa de diagnósticos diferenciais, ou seja, outras possíveis causas que estejam levando à amenorreia (ausência de menstruação).

A partir do diagnóstico inicial da condição, será realizada uma investigação mais detalhada para tentar determinar a causa da doença. Essa investigação pode incluir uma análise genética da paciente, bem como do histórico familiar e de doenças prévias. Em alguns casos também é realizado um exame de cariótipo, a fim de determinar a ocorrência de alguma síndrome genética que possa ser a origem da FOP.

É possível ainda que o médico solicite um teste de gravidez a partir da observação dos sintomas da paciente. É sempre importante considerar que uma mulher em idade reprodutiva e sexualmente ativa tem a possibilidade de estar grávida.

É possível engravidar com esse diagnóstico?

Uma vez diagnosticada com a FOP ou suspeita do quadro, a mulher que tenha o desejo de engravidar deve buscar ajuda médica o mais rápido possível. Será feita uma análise de diversos fatores que podem interferir na fertilidade conjugal, principalmente com relação à reserva ovariana. Esta investigação tem por objetivo avaliar a possibilidade da utilização de técnicas de reprodução humana assistida para promover a gestação.

É importante citar que existem duas formas de apresentação da FOP: transitória ou permanente. Para saber diferenciar entre elas, devemos levar em consideração alguns fatores como a causa da FOP e o quadro clínico da paciente, entre outros. Pela possibilidade de reativação esporádica do eixo hormonal, podendo levar à ovulação, costumamos orientar que a possibilidade de gestação espontânea pode girar em torno de 5%, a depender de outros fatores como avaliação das trompas e espermograma do parceiro.

Entretanto, não há nenhum tratamento específico que reverta a condição de Falência Ovariana Precoce. Como alguns fatores que podem interferir na função ovariana são decorrentes de nossos hábitos de vida, é sempre importante a orientação de melhora na alimentação, prática de exercícios físicos regulares e evitar exposição ao tabagismo ou etilismo, por exemplo.

Essas orientações também são importantes pois o desequilíbrio hormonal causado pelo hipoestrogenismo na mulher, principalmente em idades mais jovens, pode levar a um risco aumentado de doenças cardiovasculares e osteoporose no futuro. Por isso, geralmente, há uma preocupação dos médicos em prescrever medicamentos hormonais e não hormonais para reverter ou controlar os sintomas da condição, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida da paciente.

Nesse contexto, em casos em que a reserva ovariana não é suficiente, existe uma outra solução oferecida pela medicina reprodutiva. Frente ao desejo da gravidez, a mulher pode optar pela realização da Fertilização in Vitro (FIV) a partir da recepção de óvulos. Ou seja, pode ser realizado tratamento com óvulos de uma doadora, técnica regulamentada pelo Conselho Federal de Medicina. Assim, é importante buscar uma clínica de reprodução humana assistida o mais rápido possível para avaliar as melhores possibilidades para engravidar com FOP.

Gostou de saber mais sobre a Falência Ovariana Precoce? Confira também nosso conteúdo sobre baixa reserva ovariana e como experimentar a maternidade.

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Dra. Camilla Vidal

Médica ginecologista com especialização em Reprodução Humana na HCFMRP – USP. CRM-SP 164.436
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