6 fatores que influenciam na fertilidade feminina

6 fatores que influenciam na fertilidade feminina

6 fatores que influenciam na fertilidade feminina

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Em uma sociedade que enxerga os filhos como caminho natural da vida, a infertilidade feminina pode ter um peso enorme para casais que sonham em gestar uma criança.

Porém, a situação tem sido cada vez mais comum, sobretudo porque muitas mulheres estão planejando o primeiro bebê para fases mais avançadas da vida. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 10% das mulheres em idade reprodutiva passam por problemas de fertilidade.

Em contrapartida, a medicina reprodutiva evoluiu muito desde o nascimento do primeiro bebê de proveta, em 1978. As técnicas de reprodução assistida estão cada vez mais modernas e com melhores resultados de sucesso — como exemplo a fertilização in vitro (FIV), a ovodoação e a avaliação genética do embrião.

Quer saber mais sobre as doenças que se relacionam com a fertilidade feminina, suas causas, como preveni-las e tratá-las? Vamos falar sobre as principais delas a seguir. Acompanhe!

1. Endometriose

O que é a doença?

Endometriose é uma doença ginecológica caracterizada pela presença do endométrio (camada interna que reveste o útero) fora da cavidade uterina. A causa exata dessa condição não é conhecida, mas fatores genéticos, imunológicos, relacionados ao sistema linfático, entre outros, já foram associados à endometriose.

Apesar de 90% das mulheres apresentarem fluxo menstrual retrógrado (do útero para as trompas e cavidade pélvica), apenas 10% delas apresentam predisposição para adesão das células endometriais fora do útero.

Qual o quadro clínico da endometriose?

A doença, na maioria dos casos, apresenta muitos sintomas, mas é importante lembrar que cerca de 20% das mulheres com endometriose estarão assintomáticas. Veja os principais sinais:

  • dor pélvica crônica (não relacionada ao fluxo menstrual);
  • cólica menstrual de forte intensidade;
  • dor durante a relação sexual;
  • alterações urinárias (dor, sangramento ao urinar durante o período menstrual);
  • alterações intestinais (dor, sangramento ao defecar, obstrução do intestino);
  • infertilidade;
  • prejuízo à qualidade de vida;
  • baixa autoestima.

Qual o tratamento da endometriose?

O tratamento da endometriose depende dos sintomas. O uso de medicamentos pode ser uma alternativa inicial para tratar o quadro de dor pélvica. Nos casos refratários de difícil controle ou na presença de obstrução intestinal/sintomas urinários, a cirurgia pode ser uma alternativa.

Já quando o problema é infertilidade, o tratamento depende do estadiamento da doença: nos estágios mais leves, a cirurgia e a inseminação intrauterina podem apresentar alguma eficácia. Entretanto, nas formas mais graves da endometriose, a fertilização in vitro (FIV) é o tratamento indicado.

Outros fatores como a idade, tempo de infertilidade, expectativa do casal, taxas de sucesso das diferentes opções terapêuticas, condições financeiras e emocionais devem ser avaliadas em conjunto com um especialista no tratamento da infertilidade.

2. Síndrome dos ovários policísticos (SOP)

O que é a doença?

A SOP é caracterizada por um conjunto de alterações associadas ao excesso de androgênios (hormônio masculino) na circulação sanguínea da mulher.

Quais as manifestações da SOP?

A suspeita clínica de síndrome dos ovários policísticos ocorre pela presença de irregularidade na menstruação associada à manifestação clínica de hiperandrogenismo (acne, pelos em excesso pelo corpo e alopécia). A presença de ovários policísticos no ultrassom também pode fazer parte do diagnóstico de SOP.

Algumas manifestações clínicas e metabólicas são mais frequentes em portadoras da síndrome, tais como:

  • aumento do peso, facilidade em engordar e obesidade;
  • diabetes mellitus tipo 2;
  • hipertensão arterial;
  • problemas de fertilidade e dificuldade para engravidar;
  • apneia do sono;
  • doenças cardiovasculares (derrame ou AVC, infarto do miocárdio);
  • câncer de endométrio (camada interna do útero).

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico definitivo depende da avaliação clínica, laboratorial e ultrassonográfica. É importante excluir outras causas que apresentam quadro semelhante ao da SOP, como os problemas relacionados à tireoide e à glândula suprarrenal.

Apenas o exame de ultrassom não é suficiente para fornecer o diagnóstico definitivo da Síndrome, sendo necessário o estudo do perfil hormonal. A investigação de alterações metabólicas é fundamental para diminuir riscos à saúde durante as fases mais avançadas da vida.

O diagnóstico é realizado pela presença de pelos menos duas de três características:

  • irregularidade menstrual com menstruações espaçadas;
  • manifestações do excesso de androgênios (acne ou excesso de pelos ou queda frontal de cabelos);
  • contagem dos folículos aumentada na ultrassonografia.

Como é feito o tratamento?

O tratamento de mulheres portadoras de SOP depende do desejo ou não em engravidar. Entretanto, a modificação do estilo de vida para redução do peso corporal é um passo inicial fundamental para minimizar complicações ao longo da vida, bem como otimizar a fertilidade natural.

Para isso, é importante ter paciência, dedicação, planejamento e parceria com seu médico. Uma equipe multiprofissional poderá auxiliar seu ginecologista no controle das alterações associadas à SOP.

3. Doença inflamatória pélvica (DIP)

O que é a doença?

É uma síndrome clínica secundária à ascensão de microrganismos da vagina ou do colo uterino ao trato genital feminino superior (útero, as trompas, os ovários e até mesmo a superfície peritoneal – tecido localizado dentro da pelve e do abdome).

Trata-se de uma doença causada por bactérias transmitidas durante o ato sexual, sendo as principais o gonococo e a clamídia. Esses agentes infecciosos muitas vezes não causam sintomas (é o caso da clamídia) e a única sequela para a mulher seria a obstrução tubária.

Nesse caso, o espermatozoide não consegue fecundar o óvulo, já que a trompa é o local onde ocorre a fertilização natural.

Como é feito o diagnóstico de DIP?

É feito pela história clínica da paciente e pelo exame físico no momento da consulta. Os critérios são:

  • dor pélvica;
  • dor ao exame de toque do colo e útero doloroso na palpação;
  • febre com temperatura superior a 38ºC;
  • secreção purulenta encontrada no colo uterino através do exame especular.

Qual a prevenção e tratamento para a doença inflamatória pélvica?

Por se tratar de uma doença que pode ter a sua origem por via sexual, uma das formas de prevenção da DIP é praticar sexo seguro sempre, com a utilização de preservativos, masculino ou feminino. Também é fundamental ter cuidado em situações de manipulação do trato genital inferior, como inserção de DIU, biópsia de endométrio, curetagem, etc.

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Para tratar a doença, é necessária uma consulta ao ginecologista, para que ele avalie e prescreva os medicamentos e acompanhe a evolução/resposta ao tratamento. Em geral, são também usadas drogas analgésicas e anti-inflamatórias para diminuir a dor e um esquema de antibioticoterapia para eliminar os microrganismos causadores da doença.

4. Mioma uterino

O que é a doença?

Os miomas são tumores benignos que se desenvolvem nos tecidos musculares do útero, que podem aparecer do lado de dentro ou no exterior do órgão. As causas dessa doença são desconhecidas pela ciência, mas sabe-se que ela acomete mulheres em idade reprodutiva.

O crescimento dos miomas depende de fatores hormonais. Isso significa que, uma vez que a mulher entra na menopausa, os tumores tendem a diminuir de tamanho. Eles podem ser únicos ou múltiplos, e podem ser pequenos ou atingir tamanhos grandes. Por dependerem de fatores hormonais, é importante que seja orientado às pacientes que desejam engravidar que os miomas podem aumentar de tamanho durante a gestação, sendo necessário seguimento rigoroso durante o pré natal.

Qual a forma de manifestação?

Em cerca de metade dos casos, os miomas não apresentam nenhum sintoma. Na verdade, algumas sociedades estimam que 20% a 40% das mulheres em idade reprodutiva terão algum tipo de mioma.

Entre aquelas que já estão com 50 anos ou mais, essa incidência pode ser de até 80%. Entretanto, muitas delas nem saberão que tem a doença, pois não terão nenhum indicativo.

Em alguns casos, porém, pode haver alguns sintomas incômodos, que são:

  • alteração do ciclo menstrual;
  • sangramento entre os ciclos menstruais ou durante (apresentando-se como um sangramento mais intenso que o normal);
  • dor na região pélvica;
  • infertilidade, principalmente nos miomas localizados do lado de dentro do útero;
  • aumento do volume abdominal, com sensação e aparência de inchaço;
  • dificuldade para segurar a urina e/ou constipação intestinal;
  • dor durante a relação sexual.

Como é feito o diagnóstico?

O mioma pode ser identificado em uma consulta de rotina pelo ginecologista, por meio do exame de toque, se já tiver um tamanho considerável. Nesse caso, outros exames de imagem, como um ultrassom transvaginal, podem ser necessários para confirmar o diagnóstico e excluir outras possíveis patologias.

Como em grande parte das vezes o mioma é assintomático, é frequente que ele seja descoberto durante um exame para a identificação de outros problemas.

Como é o tratamento?

Nos casos em que o mioma é assintomático, pode ser feito apenas acompanhamento clínico, sem necessidade de medida específica. Quando há sintomas importantes, contudo, pode ser indicado o tratamento medicamentoso com o intuito de controlar principalmente o sangramento irregular ou de grande volume. O DIU (dispositivo intrauterino) hormonal pode ser uma das opções utilizadas com este objetivo, dependendo do caso. Quando o mioma está muito desenvolvido, pode ser necessária uma cirurgia para a remoção deste.

Com relação à fertilidade, o mioma isoladamente não se constitui como causa de infertilidade, a menos que obstrua a passagem do colo uterino ou das trompas, por exemplo. A cirurgia para retirada dos miomas não é obrigatória nas pacientes que desejam engravidar, e sua indicação deve ser individualizada de acordo com o contexto da paciente ou casal. Um fator muito importante a ser considerado, nestes casos, é a localização do mioma e se ele causa alguma alteração na forma ou amplitude da cavidade uterina.

5. Pólipo uterino

O que é a doença?

Os pólipos, de maneira geral, são proliferações excessivas de algum tecido do corpo, e podem aparecer em diversas partes. Os pólipos uterinos, ou pólipos endometriais, são “bolinhas” semelhantes a cistos que se formam no útero quando há o crescimento excessivo de células no endométrio. Eles podem estar presentes também no colo do útero, sendo chamados de pólipos endocervicais. Costumam ser mais frequentes em mulheres próximas da menopausa, mas podem ocorrer em mulheres férteis, podendo ser de diversos tamanhos.

Como ela se manifesta?

Na maioria dos casos, o pólipo é assintomático. O principal sintoma da doença, quando presente, é um sangramento menstrual maior do que o normal, mas ele pode vir acompanhado de outros sintomas, que são:

  • sangramento entre os ciclos menstruais;
  • sangramento vaginal depois da relação sexual (principalmente se o pólipo estiver no colo do útero, e não no endométrio).

Como é feito o diagnóstico?

Diante dos sintomas acima, pode ser recomendada a realização de uma ultrassonografia transvaginal. A depender dos achados deste exame ou da suspeita clínica, pode ser solicitada uma histeroscopia diagnóstica. Este exame consiste em introduzir uma câmera pelo colo do útero para que se possa observar a cavidade uterina e a existência de possíveis lesões, como os pólipos. Através deste exame pode também ser realizada uma biópsia dirigida, caso necessário.

Como é o tratamento?

Geralmente, a conduta para os pólipos endometriais pode ser expectante (realizar apenas seguimento), através de medicamentos ou de procedimento para sua retirada (geralmente através de histeroscopia). A decisão sobre qual das condutas a ser tomada depende do caso da paciente, da suspeita clínica, dos sintomas e outros fatores.

Nos casos em que a mulher deseje engravidar ou esteja em tratamento de reprodução assistida, caso haja suspeita de pólipo endometrial, costuma-se orientar a investigação da cavidade uterina através de histeroscopia para avaliar possibilidade de retirada da lesão.

6. Sinéquia uterina

O que é a doença?

As sinéquias são aderências da parte interna do tecido uterino e podem ter um aspecto similar ao de cicatrizes. Podem ser causadas por situações que gerem agressões ao endométrio, como infecções não tratadas adequadamente, tratamentos de radioterapia, após curetagens, entre outras situações.

Como ela se manifesta?

O mais comum é que as sinéquias sejam assintomáticas. No entanto, alguns casos podem se apresentar como:

  • distúrbios menstruais, como fluxo diminuído ou até ausência de fluxo de forma frequente;
  • infertilidade ou abortos recorrentes.

Como é feito o diagnóstico?

Diante dos dados colhidos na história e a suspeita clínica, o ginecologista poderá pedir exames para confirmar a presença das sinéquias. Entre esses exames, estão:

Esses exames permitirão identificar não só a presença do problema, como também sua localização e extensão.

Como é o tratamento?

Na maior parte dos casos, o problema pode ser resolvido por meio de uma histeroscopia cirúrgica para a remoção das partes que apresentam as aderências.

A infertilidade feminina é uma condição que pode ser causada por uma grande variedade de fatores, e também estar associada a muitas outras condições que podem interferir nas taxas de sucesso de gravidez espontânea ou com tratamento.

Assim, caso a mulher ou o casal experimente dificuldades para engravidar depois de 12 meses de tentativas naturais, o mais indicado é uma consulta com um especialista em reprodução humana para verificar como anda a saúde.

No caso de mulheres acima de 35 anos, ou quando o casal já tenha algum outro fator que possa interferir na fertilidade, o ideal é que procurem um especialista após 6 meses de tentativa caso a gravidez não chegue.

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Prof. Dr. Anderson Sanches de Melo

Médico especialista em Reprodução Humana pelo Hospital das Clínicas da HC FMRP-USP. CRM-SP 104.975
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Comentários (12)

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    janeth Henriques

    |

    Muito obrigado aprende bastante pude enriqucer os conhecimentos.

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      CEFERP

      |

      Oi Janeth,

      Obrigada pelo retorno.

      Atenciosamente,

      Equipe CEFERP – Centro de Fertilidade de Ribeirão Preto

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  • Avatar

    Magda

    |

    MT importante
    Sinto dor pélvicas de vez em quando

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    • Avatar

      CEFERP

      |

      Oi Magda,

      A dor nunca é um bom indicativo, nosso corpo reclama quando algo está errado. Seria importante passar em consulta com o médico ginecologista para ele avaliar a dor que você está sentindo.

      Boa sorte,

      Equipe CEFERP

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    Eulália Caetano

    |

    Gostei de ter aprendido mais porque conheço muita gente que vivi está situação. Mas a minha questão é: eu tenho três meninos gostaria de fazer menina é possível fazer consulta de orientação para escolher o sexo do bebé? Responde por favor

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    • Avatar

      CEFERP

      |

      Oi Eulália,
      Por determinação do CFM não é permitido saber o sexo do bebê, apenas em casos de doenças hereditárias associadas ao sexo, como a hemofilia, por exemplo.
      Espero ter ajudado.
      Atenciosamente,
      Equipe CEFERP – Centro de Fertilidade de Ribeirão Preto

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  • Avatar

    Sany Manuel

    |

    Olá sou gestante de 26 semanas e sinto muita dor pélvica quando ando e logo de manhã ao se levantar da cama é normal?

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    • Avatar

      CEFERP

      |

      Oi Sany,
      Parabéns pela gestação, neste caso é importante comunicar a dor ao seu médico obstetra, para que ele possa avaliar o que pode estar causando o desconforto e o que é possível fazer para ajudá-la.
      Att.,
      Equipe CEFERP

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  • Avatar

    jucilene pires

    |

    tenho ovario polisistico,ja fiz tratamento ,nao consegui engravidar..

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    • Avatar

      CEFERP

      |

      Oi Jucilene,
      A SOP é um fator que pode mesmo causar infertilidade, é importante que seja feita uma boa avaliação do seu caso para tentar o positivo em um novo tratamento.
      No blog tem um texto bem legal sobre porque o tratamento pode não dar certo, tem vídeo no final do post, dá uma olhada aqui:

      Boa sorte e se quiser agendar uma consulta aqui conosco nosso atendimento é das 8:00 às 21:00 de segunda à sábado presencialmente ou pelos contatos:
      (16) 3877-7789
      (16) 3877-7784
      (16) 99302-5532 (WhatsApp)
      [email protected]
      Atenciosamente,
      Equipe CEFERP – Centro de Fertilidade de Ribeirão Preto

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  • Avatar

    Elaine

    |

    Gostaria de saber mais sobre a síndrome da cicatriz da Cesaria, já fui mãe, estou tentando engravidar a 4 anos, e descobri recentemente que tenho essa anomalia no útero.

    Reply

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      CEFERP

      |

      Oi Elaine,
      Seria importante avaliar junto com um especialista em reprodução, pois se está há 4 anos tentando é importante verificar o que está causando e o tratamento a ser feito.

      Boa sorte e se quiser agendar uma consulta aqui conosco nosso atendimento é das 8:00 às 21:00 de segunda à sábado presencialmente ou pelos contatos:
      (16) 3877-7789
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      [email protected]
      Atenciosamente,
      Equipe CEFERP – Centro de Fertilidade de Ribeirão Preto

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