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Prof. Dr. Anderson Sanches de Melo

Médico especialista em Reprodução Humana pelo Hospital das Clínicas da HC FMRP-USP. CRM-SP 104.975
Atraso na menstruação: até quanto tempo pode ser considerado normal?

Futuras mamães que estão em busca da gravidez, principalmente as que tem alguma dificuldade para engravidar, buscam tratamentos como Fertilização in Vitro (FIV) para aumentar as chances e ficam na expectativa para que ocorra o atraso na menstruação. A cada dia de atraso, a ansiedade pelo teste de gravidez positivo aumenta e o sonho de ter um bebê parece ficar mais próximo! Entretanto, nem todo atraso menstrual é sinônimo de gestação!

Stress, uso de medicamentos, distúrbios hormonais, uso de anticoncepcional, alterações uterinas, entre outros, são fatores que podem atrasar o início do fluxo menstrual! Quando o atraso ocorre entre 3 a 6 meses, o nome técnico para a ausência da menstruação é amenorreia.

Você se identificou com essa situação? Então, não se sinta sozinha! A irregularidade no ciclo menstrual é uma das queixas mais comuns no consultório de ginecologia. Entre as mulheres com infertilidade, a irregularidade menstrual com ausência de ovulação representa 32% das causas femininas de dificuldade para engravidar.

Quer saber quais as principais situações que podem causar o atraso na menstruação? Então, confira mais informações em nosso artigo e descubra quando procurar ajuda médica!

Até quando o atraso na menstruação é normal?

O ciclo menstrual normal tem duração média de 28 dias. Entretanto, ciclos com intervalo entre 21 e 35 dias associados à antecipação ou atraso de três dias são considerados normais (21-35 dias ± 3 dias). Períodos mais longos não são necessariamente um problema, desde que o ciclo apresente um padrão de regularidade.

Em mulheres que não apresentam o padrão cíclico do fluxo menstrual (irregularidade menstrual, como no caso de mulheres com síndrome dos ovários policísticos, por exemplo), a avaliação do atraso menstrual é complexa. Nesses casos, a mulher pode ovular sem apresentar ciclos menstruais frequentes. Por isso, é fundamental afastar a gestação e a confirmação da ovulação necessita ser realizada por ultrassonografia ou pela dosagem hormonal no sangue.

Quando é importante procurar ajuda médica?

Para definição da irregularidade menstrual é necessário tempo! A avaliação não pode se basear em apenas um ciclo. Mulheres que menstruam regularmente necessitam, inicialmente, fazer um teste de gravidez e, se houver irregularidade ou atraso da menstruação por três ciclos ou mais meses, um especialista precisa avaliar possíveis causas relacionadas ao ciclo menstrual irregular.

Já em mulheres que não apresentam padrão cíclico, o ideal é avaliar o calendário menstrual por seis meses e, caso realmente ocorra irregularidade, a mulher deve procurar um especialista.

Para as futuras mamães que estão em busca da gravidez, tanto a American Society for Reproductive Medicine (ASRM) quanto a European Society of Human Reproduction and Embryology (ESHRE) recomendam que a mulher com irregularidade menstrual procure um especialista em reprodução humana após seis meses de tentativa para engravidar com relações sexuais frequentes e sem métodos contraceptivos.

Quais as causas mais frequentes de atraso na menstruação?

Ansiedade ou estresse

Esta é a causa mais frequente de atraso ou irregularidade do ciclo menstrual. A mulher moderna acumula múltiplas funções com excesso de responsabilidades (mãe, esposa, profissional etc) e esse quadro pode levar à alteração na produção hormonal. Na maior parte das vezes, o quadro é autolimitado e se resolve sozinho após ultrapassar o período de stress.

Se o estímulo que desencadeia a irregularidade menstrual for mais duradouro, a mulher pode evoluir para o quadro de amenorreia. Um exemplo comum sobre esse caso são as mulheres que têm anorexia. O quadro também pode ocorrer em mulheres que estão na jornada para engravidar.

Obesidade ou peso muito baixo

Mulheres com maior quantidade de gordura corporal tendem a produzir mais estrogênio. Esse hormônio, quando em excesso, leva à ocorrência de ciclos irregulares e anovulatórios. Sem a ocorrência da ovulação, a mulher não vai menstruar. Por outro lado, mulheres com peso corporal muito baixo também podem ter ciclos irregulares, já que a falta de tecido gorduroso reduz a capacidade do organismo de produzir estrogênio.

Da mesma forma, mudanças bruscas no peso corporal, para mais ou para menos, também interferem na regulação hormonal, podendo provocar ciclos anovulatórios. No caso de mulheres obesas que perdem peso rapidamente, por exemplo, o organismo pode entender que está em uma fase de privação e, portanto, não preparado para suportar uma gestação.

Interrupção ou uso incorreto de anticoncepcionais

Os anticoncepcionais orais procuram imitar o ciclo hormonal natural da mulher. Depois de um longo período fazendo uso desses medicamentos, o organismo feminino pode demorar algum tempo até se normalizar e ter um ciclo natural. Existem contraceptivos que apresentam maior associação com amenorreia ou mesmo irregularidade menstrual com períodos de atraso. É o caso dos compostos à base de progestagênio isolado.

Excesso de atividades físicas

Muitas atletas de alto desempenho sofrem alterações hormonais que podem interferir na regularidade de seus ciclos. No entanto, vale destacar que isso não afeta a maioria das mulheres, mesmo que façam exercícios com frequência. Essa é uma situação comum apenas no caso de atletas de nível muito elevado e de competidoras profissionais, como bailarinas e maratonistas.

Disfunção na tireoide

Alterações na glândula, como hipertireoidismo ou hipotireoidismo, também afetam a produção hormonal, causando alterações no ciclo menstrual. Se houver qualquer problema no funcionamento da tireoide, é fundamental consultar um médico e tratar o problema.

Síndrome dos ovários policísticos

Quem sofre com essa síndrome, conhecida como SOP, geralmente tem atrasos menstruais ou mesmo ausência de menstruação em determinados períodos, em função da produção excessiva de androgênio, um hormônio que interfere no ciclo menstrual. A SOP é uma das causas mais frequentes de atraso ou irregularidade na menstruação.

Amamentação

Se você já tem um filho e ainda amamenta, é comum não menstruar. Esse é um quadro conhecido como amenorreia transitória. A prolactina, que regula a produção de leite interfere na ovulação.

Há casos em que a mulher não está amamentando e apresenta excesso desse hormônio. Esse quadro é conhecido como hiperprolactinemia, que pode acontecer em decorrência do hipotireoidismo, em função da SOP, por estresse, como efeito colateral de determinados medicamentos, tumores da hipófise, entre outros fatores.

Menopausa e pré-menopausa (insuficiência ovariana prematura)

A maior parte das mulheres chega à menopausa por volta dos 50 anos de idade. No entanto, a menopausa propriamente dita é a ausência de menstruação, que acontece ao final da vida fértil da mulher (após os 40 anos — quando se inicia a fase do climatério).

É comum que na fase que antecede a menopausa, denominada perimenopausa (cinco anos antes até um ano após a menopausa), as mulheres sofram com irregularidade e atraso menstrual. Algumas mulheres também têm a insuficiência ovariana prematura (falência precoce do ovário), quadro definido pela amenorreia associada à elevação dos níveis do FSH antes dos 40 anos.

Como você percebeu, um eventual atraso na menstruação pode ser comum e não é motivo de alarme. No entanto, se o quadro continuar se repetindo em outros ciclos, é fundamental afastar a gravidez e também procurar seu médico para investigar possíveis causas e tratar o problema.

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Referências:

Practice Committee of American Society for Reproductive Medicine. Current evaluation of amenorrhea. Fertil Steril. 2008; 90(5 Suppl):S219-25.

Practice Committee of the American Society for Reproductive Medicine. Diagnostic evaluation of the infertile female: a committee opinion. Fertil Steril. 2015; 103(6):e44-50. doi: 10.1016/j.fertnstert.2015.03.019.

redução transitória da fertilidade

Existem situações ou comportamentos que podem reduzir temporariamente o potencial reprodutivo. É o caso de homens que fazem uso de medicamentos específicos (anabolizantes ou quimioterapia, por exemplo) ou mesmo mulheres com certas doenças como a falência precoce do ovário.

A grande limitação nos casos de redução transitória da fertilidade é que em algumas vezes não é possível prever quando ou em quais pessoas ocorrerá o retorno do potencial reprodutivo.

Essa situação pode gerar grande ansiedade e angústia ao casal porque a jornada em busca do bebê pode ficar longa. Você está passando por isso? Então continue a leitura de nosso artigo e esclareça suas dúvidas sobre a redução transitória de fertilidade.

Como saber se você está enfrentando a redução transitória da fertilidade?

A diminuição temporária da fertilidade pode acontecer tanto na mulher quanto no homem, ou, ainda, afetar ambos. Hábitos inadequados, abuso de algumas substâncias, como anabolizantes, álcool ou ainda o uso de determinados medicamentos, podem levar ao surgimento do quadro.

O que é a redução transitória da fertilidade?

Trata-se de um quadro de infertilidade temporária, que pode ser revertido com a eliminação da causa ou pode não estar associado a qualquer fator identificável.

A história clínica detalhada pode identificar alterações que interfiram de forma permanente ou transitória no potencial reprodutivo. Além disso, a avaliação de hábitos inadequados e o uso de alguns medicamentos podem sinalizar que os problemas com a fertilidade possam ser resolvidos com medidas de readequação destes fatores.

Como identificar a infertilidade transitória?

A investigação para a dificuldade em engravidar deve ser iniciada quando o bebê não chega após um ano de tentativa com relações sexuais frequentes (pelo menos duas vezes/semana) e sem métodos contraceptivos. Este tempo de espera vale apenas para mulheres com menos do que 35 anos, sem patologias.

Mulheres com alguma doença que reduza a fertilidade (síndrome dos ovários policísticos, endometriose, obstrução tubária bilateral, por exemplo) ou quando a idade é maior ou igual a 35 anos ou ainda quando o parceiro apresenta alterações discretas no espermograma, o tempo de espera para engravidar deve ser no máximo de seis meses.

Entre as causas de infertilidade, os problemas acometem homens e mulheres na mesma proporção (1/3 das causas em mulheres, 1/3 nos homens e em 1/3, as alterações ocorrem em ambos).

Não é fácil saber se a dificuldade para engravidar é transitória. Para tal diagnóstico é necessário realizar a investigação das principais causas femininas e masculinas de infertilidade, bem como afastar possíveis hábitos inadequados ou uso de substâncias que conhecidamente podem reduzir temporariamente a fertilidade.

Muitas vezes, sabemos que a infertilidade foi temporária após a obtenção da gravidez durante a realização de exames para investigação da infertilidade ou mesmo enquanto o casal se planeja para a realização de algum tratamento específico.

Embora a ansiedade e o estresse possam interferir na produção hormonal da mulher e levar a anovulação (ausência de liberação do óvulo para a fecundação), é um erro deixar de analisar outros fatores que talvez estejam comprometendo a fertilidade do casal.

Como a fertilidade feminina declina com o avanço da idade, atribuir que a dificuldade tem relação exclusiva com problemas emocionais e não investigar as causas em momento oportuno pode levar a mulher a acumular frustrações e perder seu tempo precioso para o planejamento reprodutivo.

Em quais situações ela pode acontecer?

Várias circunstâncias podem causar a infertilidade transitória. Tabagismo, consumo excessivo de álcool, uso de drogas, obesidade ou desnutrição (anorexia), excesso de exercícios físicos, entre outros, podem provocar alterar a fertilidade.

Nesse caso, é importante conversar com um profissional especialista em fertilidade, para identificar qual (ou quais) fatores podem estar dificultando a tão sonhada gravidez. Não é incomum que as mulheres ouçam conselhos como “relaxe e pare de tentar que logo você engravida”, atribuindo a dificuldade apenas a questões do stress ou ansiedade.

Conheça algumas das causas mais comuns de possível redução transitória da fertilidade:

  • abuso de substâncias como bebidas alcoólicas, cigarro ou outras drogas;
  • estresse crônico elevado;
  • obesidade ou, por outro lado, anorexia;
  • prática excessiva de exercícios físicos em nível de competição;
  • uso de anabolizantes;
  • uso de medicamentos hormonais, tais como GnRH (hormônio liberador de gonadotrofinas);
  • anticoncepcional hormonal: o retorno a fertilidade pode ocorrer após 1 a 12 meses da suspensão do método (depende do tipo de contraceptivo);
  • uso de determinados medicamentos, como finasterida, para combater a calvície;
  • falência precoce do ovário;
  • quimioterapia ou radioterapia.

Vale destacar que nem todas as pessoas que se enquadram nas situações citadas terão problemas relacionados à diminuição da sua fertilidade. Afinal, cada organismo pode reagir de forma diferente aos efeitos provocados pelo hábito em questão ou ao consumo da substância ou mesmo a intensidade.

Porém, se você ou seu parceiro se enquadram em alguma das condições listadas e estão enfrentando dificuldades para engravidar, é importante conversar com seu médico e avaliar de modo abrangente o impacto desses fatores na fertilidade. Em princípio, ao eliminar os possíveis elementos causadores da infertilidade, os níveis hormonais podem retornar à normalidade com a restauração da fertilidade.

Entretanto, se os problemas não forem combatidos, existem riscos de que a infertilidade se torne permanente. É o caso do uso crônico por período prolongado dos anabolizantes, pois pode ocorrer maior risco de azoospermia (ausência de espermatozoides no ejaculado).

Um caso em que a infertilidade pode se tornar permanente é quando um dos membros do casal precisa realizar tratamentos como radioterapia e quimioterapia. Nessa situação, é recomendado congelar tanto os óvulos quanto os espermatozoides antes do início do tratamento, para possibilitar gerar filhos com o próprio patrimônio genético no futuro.

Como prevenir a infertilidade transitória?

O conselho mais óbvio para eliminar os fatores que causam a infertilidade transitória é adotar hábitos de vida saudáveis. Melhorar a alimentação, adotar rotina adequada de exercícios físicos, eliminar os fatores que possam interferir na fertilidade, entre outras ações, são passos fundamentais para melhorar suas chances de gravidez.

No entanto, é importante destacar que, em muitos casos, não é possível identificar o que está comprometendo a fertilidade. Uma consulta com o especialista em reprodução humana poderá ajudar a realizar um planejamento adequado, inclusive com o apoio de equipe multiprofissional.

O congelamento de óvulos ou espermatozoides pode ajudar?

Há casos em que não é possível a restauração da fertilidade. Pessoas que necessitam de radioterapia pélvica e/ou quimioterapia, por exemplo, correm o risco de perder sua fertilidade de forma definitiva após o tratamento do câncer. Nessas situações, vale a pena procurar uma clínica especializada para conhecer melhor sobre a criopreservação (congelamento de óvulos/espermatozoides).

Homens que farão vasectomia também devem ser orientados em congelar seus espermatozoides para possível uso futuro, se necessário. Quando a mulher resolve adiar a tentativa de gestação por razões pessoais, o congelamento de óvulos é uma excelente opção porque a fertilidade feminina declina com o avanço da idade da mulher.

Dependendo da causa da redução transitória da fertilidade, o congelamento de óvulos/espermatozoides é uma alternativa importante que pode possibilitar a concretização da maternidade. Converse com um especialista em medicina reprodutiva para discutir sobre possíveis fatores que possam estar interferindo em sua fertilidade. Acesse nosso site e conheça melhor nosso trabalho.

endométrio fino

Para ganhar força e resistência no combate a infertilidade, nada melhor do que conhecer histórias de pessoas/casais que venceram os desafios da jornada para engravidar. A seguir, vamos compartilhar histórias reais de pessoas que enfrentaram o endométrio fino para ter um bebê.

Vovó grávida de gêmeos! Conheça a história da vovó que tinha endométrio fino e solidariamente emprestou a “barriga” para seu filho!

Aos 23 anos, Mario decidiu que era hora de partir para a produção independente! Os bebês foram gerados com óvulos de doadora anônima fertilizados com seus próprios espermatozoides através da fertilização in vitro (FIV). A mãe de Mário, Valdirene, concordou com a hipótese de gerar seus netos. A jornada não foi fácil… Foram 04 transferências embrionárias (dois testes de gravidez negativos, uma gestação anembrionada e a tão sonhada gestação que está dando certo). Atualmente, a vovó Valdirene está gerando seus netos gêmeos (isto mesmo, gêmeos!). Além das tentativas iniciais sem sucesso, a jornada de Mario e Valdirene foi longa na preparação do endométrio: primeiro foi tentado o uso do estrogênio via oral e transdérmico, mas o endométrio não alcançava a espessura desejada; depois usamos o ciclo natural, e nada; como terceira opção, induzimos a ovulação da Valdirene com indutor via oral e finalmente o “forninho” estava preparado…. Agora, Sol e Lucas estão a caminho!

De repente, somos quatro! A mamãe de trigêmeos que decidiu partir para o tratamento solo!

Rose já havia passado por duas FIVs com óvulos de doadora anônima em outro serviço. Quando chegou no CEFERP, a saga começou! Após discutir sobre estratégias para diminuir o tempo de espera para engravidar, o endométrio não queria colaborar. Mesmo depois de realizar as medidas acima, o endométrio atingia espessura máxima de 5,6mm. Por opção, Rose ainda desejava utilizar o estrogênio injetável, mas, pelo custo elevado e a falta de confirmação do benefício pela ciência, Rose decidiu não utilizar este medicamento. Como o endométrio não espessava, ficou combinado de realizar a transferência de dois embriões com o endométrio de 5,6 mm. Conclusão: gestação trigemelar! Nem sempre o endométrio precisa estar acima de 6-7 mm para receber os embriões. A grande lição deste caso é que devemos respeitar o limite biológico de cada mulher. Também vale lembrar que este tipo de gestação é de alto risco e as clínicas de reprodução devem ter menos de 1% das suas gestações com este resultado. No caso da Rose, um dos embriões dividiu e os três embriõezinhos encontraram o seu lugar no útero.

Perseverança, fé, persistência e confiança: ingredientes para vencer o endométrio fino!

Neste caso, os traumas eram grandes! Ana e Pedro poderiam ter cruzado os braços e acreditar que não nasceram para ter um bebê. Este casal estava tentando engravidar há 09 anos, perderam um bebê por problemas cardíacos e a segunda gestação evoluiu para um aborto que necessitou de curetagem uterina. Se não bastasse, ela já havia sido submetida, sem sucesso, a uma inseminação intra-útero, duas FIVs e agora tinha 47 anos. A recepção de embriões gerados com óvulos doados foi o tratamento de escolha nesta situação, mas após a curetagem e depois da necessidade de realizar uma grande incisão no útero para salvar o bebê da gestação de 7 meses, o endométrio não colaborava. Além das medidas utilizadas nos casos anteriores, foi utilizado o filgrastin e o sildenafil, sem sucesso. Nesta batalha, ainda foi realizada a histeroscopia com lise de aderências (sinéquias) com melhora da amplitude da cavidade uterina; empiricamente, realizamos o plasma rico em plaquetas (PRP). Não teve jeito! O endométrio da Ana atingia no máximo 5,0 mm e, sem alternativa, decidimos transferir dois lindos embriõezinhos!  Após 14 dias, a gestação foi confirmada… Para nossa surpresa, mais duas vidinhas chegaram ao mundo! O interessante do caso da Ana e do Pedro é que o diálogo, apoio, troca de informações, persistência, tanto do casal quanto da equipe, foram fatores determinantes para dar apoio nesta jornada tão tempestuosa!

Mas o que é endométrio fino?

Endométrio é o tecido que reveste a parede interna do útero e tem função primordial na implantação e nutrição do embrião nas primeiras semanas de gestação. Se o endométrio não se desenvolve adequadamente e sua espessura não aumenta o suficiente (menor do que 6-7 mm) para receber o embrião, definimos o diagnóstico de endométrio fino. Na fertilização in vitro, este quadro ocorre em 1 a 2,5% dos casos.

Quais as causas do endométrio fino?

As causas de endométrio fino podem ser divididas em três grupos, que você confere a seguir.

Causas inflamatórias

Neste grupo estão as infecções uterinas.

Iatrogênicas

Alterações secundárias radioterapia ou a procedimentos cirúrgicos, tais como curetagem uterina, retirada de nódulos uterinos (miomas) ou pólipos pela histeroscopia. No caso da curetagem existe uma situação conhecida por Síndrome de Asherman, que ocorre pela destruição da camada regenerativa do endométrio (camada basal).

Em consequência dessa destruição pode haver a formação de aderências fibrosas no endométrio, que estão associadas à atrofia endometrial. O uso indiscriminado de alguns medicamentos também pode prejudicar o espessamento endometrial (citrato de clomifeno, por exemplo).

Idiopático

Quando não há uma causa conhecida. Nestes caos, a anatomia e arquitetura do endométrio apresenta sua particularidade sem que demonstre prejuízo real para a obtenção da gravidez.

Quais os sintomas e como é realizado o diagnóstico do endométrio fino?

O endométrio fino pode apresentar sintomas inespecíficos comuns a diversas outras patologias ginecológicas ou mesmo ser completamente assintomático. Quando os sintomas relacionados ao endométrio fino estão presentes, a infertilidade, o risco de aborto e a redução do volume do fluxo menstrual são os sintomas mais frequentes.

O padrão e espessura do endométrio na ultrassonografia transvaginal é a forma mais utilizada no diagnóstico do endométrio fino. A histeroscopia também pode auxiliar nesta avaliação.

Quais os possíveis prejuízos para a mamãe e o bebê?

Mulheres com endométrio fino podem ter maior risco para a implantação anormal da placenta (placenta acreta – os vasos da placenta invadem a camada mais externa do útero, o miométrio), descolamento placentário, necessidade de extração manual da placenta após o parto e pre-eclâmpsia; já para os bebês, pode ocorrer maior risco de nascer prematuro e/ou pequeno para a idade gestacional.

Quais os tratamentos disponíveis?

O sucesso do tratamento para endométrio fino na reprodução assistida apresenta resultados limitados. A seguir, vamos descrever os tratamentos mais utilizados na prática clínica.

O preparo endometrial com uso de estrogênio e progesterona é o esquema mais utilizado para a programação da transferência de embriões congelados. Embora a ciência não demonstre vantagens, o preparo endometrial em ciclo natural pode ser uma alternativa para a resolução do endométrio fino. Na prática, pode-se observar que algumas mulheres podem responder melhor aos hormônios naturais produzidos pelo seu corpo. Outro ponto importante, é que o ciclo natural parece estar associado a menos complicações obstétricas como o acretismo placentário e a pressão alta na gestação e também está associado a menor risco de diabetes na gestação.

A prescrição de sildenafil, estrogênio injetável, doses elevadas de estrogênio oral ou transdérmico podem induzir maior aporte sanguíneo para o útero, o que pode favorecer o aumento da espessura endometrial. Entretanto, a taxa de nascimento de bebês parece não aumentar com o uso destas medicações nos casos de endométrio fino.

O uso do Filgrastin intrauterino (um tipo de granulocyte colony-stimulating fator) pode melhorar a espessura do endométrio, mas a taxa de sucesso da FIV parece não modificar. Por isto, o uso desta medicação ainda necessita ter seu benefício confirmado.

A histeroscopia pode representar estratégia adequada quando há suspeita de aderências na cavidade uterina (sinéquias – Síndrome de Asherman).

Atualmente, o uso de plasma rico em plaquetas autólogo dentro da cavidade do útero (ou seja, obtido do próprio sangue da mulher) parece aumentar o aporte sanguíneo para o endométrio, aumentando a sua espessura. Estudos preliminares realizados na China demonstraram maior taxa de sucesso da FIV, mas esta informação necessita ser confirmada em estudos científicos com maior número de pessoas.

No último congresso europeu de medicina reprodutiva em junho/2019, o uso do indutor de ovulação (letrozol) parece estar associado a melhores taxas de gravidez em relação ao uso de estrogênio/progesterona em mulheres que não apresentam ovulação.

Você sofre com o endométrio fino? Entre em contato por meio do nosso site, agende sua consulta e venha conversar com nossos especialistas sobre possíveis estratégias para você!

Leia também: Divulgado relatório sobre fertilização in vitro no país em 2020 e 2021

Referências:

Chang Y, Li J, Wei LN, Pang J, Chen J, Liang X. Autologous platelet-rich plasma infusion improves clinical pregnancy rate in frozen embryo transfer cycles for women with thin endometrium. Medicine (Baltimore). 2019;98(3):e14062.

Kasius A, Smit JG, Torrance HL, Eijkemans MJ, Mol BW, Opmeer BC, Broekmans FJ. Endometrial thickness and pregnancy rates after IVF: a systematic review and meta-analysis. Hum Reprod Update. 2014;20(4):530-41.

Kim H, Shin JE, Koo HS, Kwon H, Choi DH, Kim JH. Effect of Autologous Platelet-Rich Plasma Treatment on Refractory Thin Endometrium During the Frozen Embryo Transfer Cycle: A Pilot Study. Front Endocrinol (Lausanne). 2019;10:61

Liu KE, Hartman M, Hartman A. Management of thin endometrium in assisted reproduction: a clinical practice guideline from the Canadian Fertility and Andrology Society (CFAS). Reprod Biomed Online. 2019 Mar 20. pii: S1472-6483(19)30340-2.

Mahajan N, Sharma S.  The endometrium in assisted reproductive technology: How thin is thin? J Hum Reprod Sci. 2016; 9(1): 3–8.

Oron G, Hiersch L, Rona S, Prag-Rosenberg R, Sapir O, Tuttnauer-Hamburger M, Shufaro Y, Fisch B, Ben-Haroush A. Endometrial thickness of less than 7.5 mm is associated with obstetric complications in fresh IVF cycles: a retrospective cohort study. Reprod Biomed Online. 2018;37(3):341-348.

Xie Y, Zhang T, Tian Z, Zhang J, Wang W, Zhang H, Zeng Y, Ou J, Yang Y. Efficacy of intrauterine perfusion of granulocyte colony-stimulating factor (G-CSF) for Infertile women with thin endometrium: A systematic review and meta-analysis. Am J Reprod Immunol. 2017;78(2).

 

óvulos doados

Recentemente a atriz e modelo Karina Bacchi teve um filho através da fertilização in vitro (FIV) com uso de sêmen obtido nos EUA. Mas, será que também é possível gerar um bebê aqui no Brasil a partir da utilização de óvulos internacionais? Neste post, vamos conhecer as diferenças entre o uso de óvulos nacionais vs. internacionais, bem como o processo para receber embriões gerados pela FIV de óvulos doados.

Tentantes

Tentantes: descubra o que você pode estar fazendo de errado!

O sonho de ser mamãe acompanha muitas mulheres. Porém, com os rumos que a vida profissional da mulher moderna pode tomar, essa vontade por vezes acaba sendo adiada. Mas não há problemas nisso, desde que haja planejamento por parte das tentantes e aconselhamento sobre o declínio da fertilidade com o avanço da idade.

clínica de reprodução

A aquisição da casa própria, a estabilidade financeira e a concretização da viagem dos sonhos são conquistas que os casais buscam juntos. Mas tem uma que costuma ser a mais especial de todas: a chegada dos filhos. No entanto, o sonho de ter um bebê pode enfrentar dificuldades em razão de diversos fatores que influenciam na fertilidade. Nessa hora, a melhor atitude a tomar é procurar uma clínica de reprodução humana!

engravidar com uma trompa

Saber se podem ou não engravidar com uma trompa não costuma estar entre as maiores preocupações das mulheres, quando se fala em ter filhos. A grande maioria das futuras mamães que estão tentando engravidar se preocupam, sim, com aspectos relacionados à ovulação — atraso menstrual, testes de fertilidade, período fértil…. E o tempo vai passando, o bebê não chega após seis a 12 meses de tentativas e surge a dúvida: o que pode estar acontecendo?

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