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Prof. Dr. Anderson Sanches de Melo

Médico especialista em Reprodução Humana pelo Hospital das Clínicas da HC FMRP-USP. CRM-SP 104.975
Endometrio

O preparo do endométrio, a camada mais interna do útero, é uma das etapas mais importantes na jornada da maternidade! Esta fase representa o preparo do “forninho” para a transferência embrionária na fertilização in vitro (FIV)!

Se você quer entender melhor como ocorre o preparo do endométrio na FIV e se familiarizar com termos como “aspecto trilaminar”, “endométrio fino” ou “espessura” endometrial na FIV, continue a leitura e saiba mais sobre esta importante etapa da reprodução assistida!

Qual o papel do endométrio?

O endométrio desempenha um papel fundamental para a reprodução. O útero é formado por três camadas, a externa (serosa), a intermediária (miométrio) e a interna conhecida como endométrio.

O endométrio apresenta modificações cíclicas mensais de acordo com o estímulo hormonal. Tudo ocorre de forma sincronizada com a finalidade de preparar o útero para a gestação. Na primeira fase, o estradiol apresenta a função de espessar (engrossar) o endométrio e na segunda fase do ciclo ocorre predomínio da ação da progesterona, que aumenta a produção de nutrientes pelas glândulas para que ocorra o desenvolvimento do embrião nas primeira semanas de vida. Quando não há fecundação, ocorre a queda da produção de estradiol e progesterona e esta camada descama na forma de menstruação.

O que é o preparo do endométrio na FIV?

O preparo endometrial é a etapa final da FIV. Nos casos de transferência de embriões frescos, o preparo do endométrio ocorre simultaneamente à estimulação ovariana controlada. Os hormônios estimulam o crescimento folicular e, consequentemente, estes folículos são ricos em estrogênio. Com isso a espessura do endométrio aumenta gradativamente e não há necessidade do uso de medicamentos específicos para preparo do endométrio até a coleta dos óvulos. Após a punção ovariana, é necessário o uso da progesterona para que ocorra aumento de nutrientes para o desenvolvimento do embrião.

No caso de embriões congelados, o preparo endometrial pode ser realizado em um ciclo natural ou preparado através do uso de medicações. No ciclo natural, o endométrio é preparado espontaneamente pelos próprios hormônios liberados pela mulher e a transferência é sincronizada com o desenvolvimento e ruptura do folículo (proposta apenas para mulheres com ciclos menstruais regulares ovulatórios).

Já nos ciclos preparados por medicamentos, inicialmente deve-se utilizar o estrogênio para que ocorra a proliferação (engrossamento) e mudança das características do endométrio (condições semelhantes a fase da ovulação natural). Nesta fase são realizadas algumas ultrassonografias (1 ou 3 exames, em média) para avaliação da espessura e qualidade do endométrio (deve estar trilaminar). Quando o objetivo desta etapa for alcançado, inicia-se o suporte da fase lútea com o uso da progesterona.

O grande objetivo do preparo do endométrio é que esta camada do útero atinja pelo menos 6 mm de espessura (medidas menores são definidas como endométrio fino) e característica trilaminar a ultrassonografia.

O que é janela de implantação (ERA), EMMA, Alice?

A janela de implantação representa o período ideal para a transferência de embriões, ou seja, é a fase de melhor receptividade do endométrio para os embriões. De cada dez mulheres, três podem apresentar deslocamento desta janela. Embora a qualidade embrionária (genética e morfológica) seja um fator fundamental no alcance da gravidez, a alteração endometrial representa 20% dos casos de insucesso na FIV.

Na prática clínica, existe um exame denominado ERA (Análise da receptividade endometrial) que tem a finalidade de avaliar a janela de implantação através da biópsia endometrial. Assim, nos casos de falha prévia na FIV com transferência de embriões de boa qualidade, o estudo ERA pode ser uma opção para tentar melhorar os resultados Entretanto, a ciência não ainda não confirma maior taxa de sucesso com este exame (precisa ter diferença estatística e não apenas em porcentagens) e a sua realização pode aumentar o tempo para engravidar e os custos com a FIV.

Junto com o estudo ERA é possível realizar a avaliação tríplice do endométrio com a associação do estudo EMMA e Alice para avaliação da endometrite crônica. Com esta investigação (EndomeTRIO) é possível avaliar pela biópsia a janela de implantação, a presença de bactérias e o desequilíbrio da população de lactobacilos. Entretanto, é necessário discutir esta análise de forma individualizada, levando-se em consideração a taxa de sucesso, a qualidade do embrião, o número de tratamentos, questões financeiras e principalmente o desejo/expectativas de cada pessoa.

Gostou do nosso artigo sobre preparo do endométrio? Leia outros conteúdos em nosso blog e saiba tudo sobre reprodução humana!

Homem sentado na beirada da cama como se não tivesse conseguido uma ereção.

A reprodução humana ainda é envolta por muitos mitos e um deles é de que a impotência sexual, também chamada de disfunção erétil, é a mesma coisa que infertilidade. Inclusive, esse mito faz com que muitos homens não procurem ajuda adequada para ambos os problemas, que são diferentes e possuem causas distintas.

Para ajudar a desmistificar esse assunto, levantamos as principais informações sobre a infertilidade e sobre a impotência sexual. Confira!

Impotência sexual

A disfunção erétil é a incapacidade do homem em alcançar e manter o estado de ereção do pênis para o ato sexual. É mais comum em homens com mais de 40 anos, porém também pode acontecer com os jovens. Nem sempre a dificuldade em manter a ereção é um problema, mas, se isso ocorrer com frequência, é necessária a consulta com um urologista.

Envelhecimento, tabagismo, diabetes, hipertensão, aterosclerose, cirurgias pélvicas, problemas emocionais, alterações hormonais, obesidade, sedentarismo, doenças neurológicas (Mal de Parkinson, Mal de Alzheimer, lesões na medula), efeitos colaterais de drogas e medicamentos, entre outros fatores, podem levar à impotência sexual.

Muitas pessoas confundem impotência sexual com infertilidade porque quando o homem não consegue manter a ereção, pode ficar mais difícil para a companheira engravidar devido à ausência de ejaculação na vagina. Entretanto, muitas vezes a produção de espermatozoides nesses casos está mantida e o líquido seminal que sai do pênis antes da ejaculação (durante o ato sexual) pode conter espermatozoides suficientes para a fecundação do óvulo. Assim, a ejaculação não é obrigatória para a obtenção da gravidez, embora este fenômeno aumente a possiblidade da gestação. Por isto, é importante destacar que, mesmo o homem não conseguindo manter a ereção, isso não significa que ele seja infértil.

Infertilidade

Estima-se que cerca de 1/3 das causas de problemas do casal para engravidar estejam ligadas a alterações da fertilidade masculina. Além da história clínica e do exame físico dos órgãos genitais, o espermograma é o principal exame para avaliar a fertilidade masculina.

Na maioria das vezes, as alterações do espermograma não estão associadas a alguma causa que seja identificada na história clínica e no exame físico (chamamos esta particularidade de idiopático). Entre as causas em que é possível fazer o diagnóstico, a mais frequente é a varicocele, que acomete de 35% a 50% dos homens que nunca tiveram filhos.

Varicocele é um defeito anatômico nos vasos sanguíneos do testículo, que dificulta a saída de sangue pelas veias, o que faz com que ocorra um aumento da temperatura da bolsa escrotal e alteração na característica do espermatozoide (“varizes da bolsa escrotal”). As principais causas de infertilidade masculina são:

– Genética (Síndrome de Klinefelter, por exemplo);

– Infecção;

– Alterações congênitas (criptorquidia – testículos localizados na pelve);

– Obstrução na saída do sêmen (Ausência do ducto deferente – associação com o gene da fibrose cística);

– Hormonal;

– Hábitos inadequados (tabagismo, uso de drogas);

– Uso de anabolizantes;

Quimioterapia

– Outros.

Como a reprodução humana pode ajudar?

Alguns métodos de reprodução humana podem ajudar os casais que sonham em serem pais mas o homem sofre com disfunção erétil e não consegue manter a ereção para ejaculação vaginal.

Dentre os métodos recomendados para esse tipo de caso está a inseminação artificial, que consiste em depositar o sêmen dentro do útero da mulher por meio de um cateter durante o período de ovulação. Entretanto, nestes casos é necessária a coleta de sêmen através da masturbação.

Antes de se submeter ao procedimento, é necessário avaliar possíveis fatores relacionados a disfunção erétil. Além disso, é importante avaliar a fertilidade do casal, inclusive a feminina, levando-se em consideração principalmente a idade da mulher, a sua reserva ovariana e a permeabilidade das trompas uterinas.

Na avaliação da fertilidade masculina, o espermograma deve ter resultado normal ou levemente alterado para possibilitar a inseminação artificial (quantidade suficiente de espermatozoides com movimentação). Normalmente, é preciso que o número de espermatozoides móveis recuperados após o preparo (capacitação espermática – seleção dos espermatozoides com melhor movimentação) seja igual ou maior do que 5 milhões/ml.

E há outros métodos de reprodução humana para ajudar nestes casos?

Na presença de fatores femininos específicos relacionados a infertilidade (por exemplo: baixa reserva ovariana, idade avançada, endometriose, tempo longo de dificuldade para engravidar, obstrução tubária bilateral, etc), a fertilização in vitro (FIV)pode ser o tratamento de escolha. Nos casos de alterações mais graves do espermograma, a FIV também pode estar indicada para vencer a infertilidade.

Tenho impotência sexual. E se não consigo ter ejaculação? O que fazer se não consigo colher o espermograma?

Tenha calma! Quando o homem não consegue fazer o espermograma é possível obter espermatozoides por uma técnica cirúrgica que envolve a punção da região dos testículos com uma agulha fina (PESA). Nestes casos não é necessário fazer corte na pele e a recuperação é relativamente rápida. Quando não há outros problemas masculinos da fertilidade, a taxa de sucesso (nascimento de bebês) deste procedimento é  boa e estará diretamente relacionada a idade da mulher.

Viu como a impotência sexual é um problema diferente da infertilidade? O mais importante é manter a calma e buscar ajuda multiprofissional! O atendimento médico individualizado, sem preconceitos e tabus pode tranquilizar o casal e melhorar até mesmo a qualidade de vida conjugal. Aqui no CEFERP sempre buscamos desmistificar assuntos relacionados à reprodução humana. Então que tal agora conferir nosso post sobre Mitos e Verdades sobre Infertilidade?

Mesa cheia de legumes e frutas da dieta da fertilidade

Alimentação e estilo de vida saudável são fundamentais para a saúde do nosso corpo. E para as questões que envolvem a fertilidade este benefício não é diferente! Estes hábitos podem ser aliados na jornada dos casais que buscam realizar o sonho de ter um bebê.

Diversos estudos já demonstraram que o sobrepeso e a obesidade podem influenciar negativamente na fertilidade, tanto em mulheres como homens. Mas, será que existe de fato uma dieta capaz de melhorar ou aumentar a fertilidade?

Se você quer saber sobre a “dieta da fertilidade” e como esta dieta poderia influenciar nas chances de engravidar, você precisa continuar lendo este artigo. Confira!

O que é a dieta da fertilidade?

Diferentes tipos de dietas já foram estudados com o objetivo de verificar o impacto nos resultados do tratamento da infertilidade. E neste contexto, a dieta mediterrânea é a que apresenta os melhores resultados sobre a fertilidade.

A dieta mediterrânea representa a alimentação típica da região do Mar Mediterrâneo (Grécia, Itália, França e sul da Espanha). Tradicionalmente este padrão alimentar está associado à maior expectativa de vida e a redução do risco para doenças cardiovasculares.  Esta dieta é rica em frutas, verduras, legumes, grãos, oleaginosas (nuts – castanhas) e azeite associada a pequena quantidade de vinho tinto e redução do consumo de carne. Em 2010, a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) reconheceu a dieta do Mediterrâneo como patrimônio da humanidade.

Pesquisas no mundo inteiro já demonstraram que a dieta mediterrânea está associada a melhora da fertilidade através do aumento da probabilidade de gravidez espontânea ou após a fertilização in vitro (FIV). Entretanto, a qualidade desta informação ainda é limitada e estes dados precisam ser melhor analisados. Um recente estudo americano realizado por pesquisadores de Harvard demonstrou que uma “dieta pró-fertilidade” esteve associada a melhora na taxa de nascimento de bebê. Esta “dieta pró-inflamatória” era composta pela suplementação de ácido fólico, vitamina B12, vitamina D, produtos orgânicos, grãos inteiros, laticínios, alimentos à base de soja e frutos do mar (ao invés de outros tipos de carnes).

Apesar destas considerações, a American Society for Medicine Reproductive (ASRM) afirmou que ainda não existe uma dieta específica que seja considerada a “dieta da fertilidade”. Entretanto, a ASRM considera que a alimentação é um fator importante relacionado à fertilidade e deve ser avaliada de forma individualizada.

E os exames para avaliar os nutrientes, as vitaminas? É preciso fazer esta dosagem antes de engravidar?

A causa da dificuldade para engravidar é multifatorial, ou seja, diferentes fatores podem interferir no processo reprodutivo, tanto em homens quanto em mulheres. E o nosso equilíbrio nutricional associado a hábitos de vida saudável (redução do consumo excessivo de álcool, cessação do tabagismo, consumo de drogas e prática de atividade física) trazem benefício à fertilidade.

Zinco, cobre, selênio, alumínio, vitaminas D, E e C, coenzima Q10, L-carnitina, resveratrol, ômega 3, ácido fólico, N-acetilcisteína, entre outras, são fatores relacionados a fertilidade do homem e da mulher. Acredita-se que tanto a infertilidade masculina quanto a feminina estejam relacionadas a alteração no metabolismo do oxigênio, o que levaria a aumento dos radicais livres. Como os radicais livres são oxidativos, o excesso destas substâncias estaria associado à redução da fertilidade. E o uso de antioxidantes auxiliaria neste desequilíbrio oxidativo. E é aí que entram as vitaminas!

As vitaminas e alguns nutrientes são considerados antioxidantes e poderiam funcionar como coadjuvantes no tratamento da infertilidade. Teoricamente, a quantidade normal de nutrientes poderia reduzir o tempo para alcançar a gravidez e também diminuir o risco de complicações durante a gestação. Entretanto, a suplementação de nutrientes e vitaminas em casais inférteis ainda não demonstrou benefícios comprovados na taxa de nascimento de bebês. Por isto, as grandes Sociedades de Reprodução Humana do planeta (ASRM, ESHRE, RedLara e SBRA) não recomendam a dosagem rotineira destes nutrientes antes de iniciar o tratamento da infertilidade ou mesmo antes de engravidar espontaneamente.

E para os futuros papais? É importante repor vitaminas e sais minerais?

O uso de vitaminas e minerais pode melhorar a qualidade do espermograma (concentração de espermatozoides e motilidade) e, consequentemente, a taxa de gestação e nascimento de bebês. Entretanto, a validade científica desta informação ainda precisa ser confirmada em pesquisas de qualidade que incluam um grande número de participantes.

Por outro lado, homens que apresentam a fragmentação do DNA espermático alterada poderiam se beneficiar do uso de substâncias antioxidantes. Embora controverso, casos de falha repetida de implantação, abortamento habitual, baixas taxas de fertilização, entre outros fatores, poderiam ter algum benefício na redução da % fragmentação do DNA.  Do ponto de vista prático, vale a pena um bom bate-papo com um especialista em fertilidade para avaliar de forma individualizada caso a caso.

E para as futuras mamães? É importante repor vitaminas e sais minerais?

Como o objetivo de equilibrar o stress oxidativo em mulheres com infertilidade, muito se estudou sobre a reposição de vitaminas e sais minerais para mulheres antes da FIV. Pesquisadores europeus e americanos observaram que a reposição de ácido fólico, vitaminas e alguns minerais pode estar associada a melhora da fertilidade. Entretanto, até o momento não existe uma padronização do tipo, quantidade e tempo de uso dos nutrientes que seriam adequados para melhorar a fertilidade e o resultado da FIV. De forma semelhante à infertilidade masculina, as Sociedades de Reprodução Humana não recomendam o uso rotineiro de suplementação antioxidante como parte do tratamento da infertilidade conjugal.

E para quem está acima do peso? Existe uma dieta específica?

A redução do peso corporal é um dos tratamentos mais efetivos da infertilidade de casais que estão acima do peso. Algumas vezes, a perda de 5-10% do peso já pode restaurar a fertilidade e, consequentemente, o bebê pode chegar de forma espontânea, sem necessidade de tratamento com medicamentos.

Entretanto, é importante um alerta: muita gente “briga com a balança”, faz dieta, atividade física e o peso não muda! Mais importante que avaliar o peso isoladamente, é fundamental verificar se estas mudanças estão promovendo a troca de gordura por massa magra! Esta ressalva foi muito bem documentada em um artigo da Fertility Sterility publicado em 2018, que descreveu que a melhora metabólica em mulheres obesas pode ocorrer sem necessariamente a redução do peso na balança! Por isto, um acompanhamento com nutrólogo e nutricionista podem trazer grande diferencial, alívio e segurança no tratamento da infertilidade.

Mulheres com síndrome dos ovários policísticos – SOP (distúrbio hormonal associado a menstruações pouco frequentes, infertilidade, obesidade, distúrbios metabólicos, pêlos em excesso pelo corpo, espinhas) é a causa feminina de infertilidade que mais se beneficia da redução do peso corporal como tratamento para engravidar. A recomendação atual da European Society of Human Reproduction and Embryology (ESHRE) é que não existe um padrão específico de dieta para redução do peso de mulheres com SOP desde que a dieta seja de baixa calorias (1000-1500 kcal/dia). É importante que a composição alimentar seja flexível, adequada de forma individual e respeite as preferências de cada pessoa.

Para a fertilidade masculina, os benefícios da redução do peso ainda são discutíveis. Por isto, a abordagem dietética para a redução do peso deve seguir o padrão hipocalórico recomendado para a população geral, ou seja, no cenário masculino da infertilidade também não se recomenda dieta específica.

A dieta ocidental típica no Brasil é rica no excesso de calorias com quantidade considerável de alimentos processados/industrializados/embutidos e com alto teor de açúcar e óleo vegetal , o que podem gerar prejuízo reprodutivo, como anovulação crônica, redução da qualidade do óvulo, alteração no espermograma, disfunção sexual, etc. Por isto, este padrão de dieta deve ser desencorajado com o intuito de contribuir para a saúde reprodutiva do futuro papai e mamãe. Abaixo estão alguns alimentos que devem ter sua quantidade reduzida:

  • carnes vermelhas;
  • aves e ovos não orgânicos;
  • embutidos como linguiça, salsicha, presunto, entre outros;
  • laticínios;
  • gorduras saturadas;
  • carboidratos refinados;
  • doces industrializados;
  • alimentos industrializados, enlatados e processados congelados.

Pirâmide nutricional

E a nutricionista? O nutrólogo? Quando é importante consultar um especialista?

Nutrologia é a especialidade médica que atua na prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças do metabolismo e do comportamento alimentar. Já o nutricionista é o profissional responsável pela educação alimentar e que orienta uma dieta equilibrada. Deste modo, estes dois grupos em conjunto podem auxiliar no controle do peso e na prevenção/tratamento de doenças como a obesidade, por exemplo.

No contexto da infertilidade, pessoas acima do peso podem se beneficiar da avaliação multiprofissional do nutrólogo e nutricionista. Pessoas com peso normal também podem recorrer a estes profissionais para uma avaliação do comportamento alimentar. Geralmente, as mudanças sugeridas por estes especialistas devem ser avaliadas a médio prazo (pelo menos 3-6 meses). Por isto, é importante discutir cada caso de forma individualizada, principalmente as mulheres com mais de 35 anos ou com baixa reserva ovariana em que o tempo de espera pode prejudicar o potencial reprodutivo.

Enfim: não existe a “dieta milagrosa da fertilidade”! O estilo de vida saudável associado a dieta adequada são fatores importantes para a saúde de um modo geral. A avaliação multiprofissional de um especialista em fertilidade, do nutrólogo, nutricionista, psicólogo e educador físico pode ser um passo importante para os casais que estão na luta contra a infertilidade. Continue acompanhando nosso blog para ler mais conteúdos a respeito da fertilidade!

Referências:

Buhling K, Schumacher A, Eulenburg CZ, Laakmann E. Influence of oral vitamin and mineral supplementation on male infertility: a meta-analysis and systematic review. Reprod Biomed Online. 2019 ;39(2):269-279.

Karayiannis D, Kontogianni MD, Mendorou C, Mastrominas M, Yiannakouris N. Adherence to the Mediterranean diet and IVF success rate among non-obese women attempting fertility. Hum Reprod. 2018;33(3):494-502.

Norman RJ, Mol BWJ. Successful weight loss interventions before in vitro fertilization: fat chance? Fertil Steril. 2018;110(4):581-586.

Smits RM, Mackenzie-Proctor R, Fleischer K, Showell MG. Antioxidants in fertility: impact on male and female reproductive outcomes. Fertil Steril. 2018;110(4):578-580.

Teede HJ, Misso ML, Costello MF, Dokras A, Laven J, Moran L, Piltonen T, Norman RJ; International PCOS Network. Recommendations from the international evidence-based guideline for the assessment and management of polycystic ovary syndrome. Fertil Steril. 2018;110(3):364-379.

Practice Committee of the American Society for Reproductive Medicine in collaboration with the Society for Reproductive Endocrinology and Infertility. Optimizing natural fertility: a committee opinion. 2017; 107(1): 52-58.

Salas-Huetos A, Bulló M, Salas-Salvadó J. Dietary patterns, foods and nutrients in male fertility parameters and fecundability: a systematic review of observational studies. Hum Reprod Update. 2017;23(4):371-389.

fertilização em casais sorodiscordantes

Os constantes avanços da medicina reprodutiva permitem que inúmeras pessoas realizem o sonho de ter filhos. A partir do uso dos antiretrovirais e de técnicas como a inseminação artificial ou a fertilização in vitro (FIV), muitos casos de infertilidade têm sido resolvidos ao longo das últimas décadas. Entretanto, existem situações especiais que ainda geram muitas dúvidas, medo e insegurança sobre a sua saúde e do seu bebê durante a gravidez. Entre esses cenários, os casais sorodiscordantes podem ter receio sobre os planos para aumentar a família.

Pensando no assunto, separamos a seguir os principais pontos sobre reprodução assistida em casais sorodiscordantes. Acompanhe e descubra tudo sobre o tema!

O que significa dizer que um casal é sorodiscordante?

Casais sorodiscordantes são aqueles em que um dos parceiros apresenta uma doença infectocontagiosa que possa ser transmitida sexualmente e o outro não tem a infecção. Em razão do risco de transmissão da enfermidade por meio de relações sexuais, é importante que todo casal sorodiscordante não abra mão do uso de preservativos e, dependendo da doença, é fundamental que o parceiro não infectado atualize algumas vacinas.

Nos casos sorodiscordantes, a reprodução por via natural é desaconselhada devido ao risco de contaminação do parceiro não infectado e também a possibilidade de transmissão da doença para o bebê.

Entre as doenças infectocontagiosas mais comuns, podemos citar aquelas causadas pelos seguintes vírus:

  •  HBV: causador da hepatite B;
  •  HCV: causador da hepatite C;
  •  HTLV: responsável por uma série de enfermidades que acometem o sistema neurológico;
  •  HIV: causador da AIDS.

Vale ressaltar que as infecções virais citadas podem ser transmitidas tanto por via sexual quanto vertical, ou seja, de mãe para filho ainda no útero ou no momento do parto ou durante a amamentação. Por isso, frente a esse tipo de diagnóstico, é fundamental que o indivíduo faça um acompanhamento com um infectologista e que, no caso do desejo de ter filhos, recorra a um tratamento de reprodução assistida.

Quais são os possíveis tratamentos para casais sorodiscordantes?

Antes do início de um tratamento para casais sorodiscordantes, é fundamental que o parceiro infectado faça um acompanhamento minucioso com um médico infectologista. Serão realizados a dosagem de células de defesa e a medição da carga viral sanguínea, além da carga do vírus no sêmen, no caso de o homem ser o parceiro infectado.

Antes de iniciar qualquer tratamento de reprodução assistida, o casal sorodiscordante deve ser submetido a investigação de possíveis fatores que possam interferir na fertilidade masculina e feminina. Esta investigação não é diferente dos casais sem infecção e inclui a dosagem de hormônios, ultrassonografia, avaliação das trompas e espermograma. Outros exames podem ser necessários, a depender da particularidade de cada cenário.

No caso dos homens infectados, o ideal é que a carga viral plasmática seja a mais baixa possível ou mesmo indetectável, a fim de minimizar a possibilidade de haver vírus no sêmen. Entretanto, é fundamental a realização da lavagem seminal e do PCR antes de utilizar a amostra seminal.

Existem dois tipos de tratamento para casais sorodiscordantes:

  •  inseminação artificial: consiste na colocação de espermatozoides móveis na cavidade do útero durante a ovulação, após a realização do PCR na amostra seminal. Nesse procedimento, não há necessidade de retirada ou manipulação dos óvulos e a fecundação (união do óvulo com o espermatozoide para formação do embrião) ocorre dentro do organismo da mulher (tuba uterina). A inseminação pode ser realizada com ciclo natural (espontâneo) ou por meio da estimulação hormonal da ovulação. Para essa técnica, é importante a avaliação do potencial reprodutivo feminino (reserva ovariana), o estudo da permeabilidade das trompas e o espermograma deve apresentar uma concentração mínima de 5 milhões de espermatozoides móveis;
  •  Fertilização in vitro: é um procedimento de reprodução humana em que o embrião é formado no laboratório a partir da fecundação do óvulo pelo espermatozoide. Após a fertilização, esse embrião é transferido para a cavidade uterina da mulher, onde se implantará para dar sequência à gravidez.

A escolha pela técnica mais adequada deve considerar qual parceiro apresenta a infecção. Além disso, a idade da mulher, o resultado do espermograma, a permeabilidade das trompas, as taxas de sucesso do procedimento, o estado emocional e as condições financeiras devem ser avaliadas para verificar qual a técnica mais adequada em cada caso.

Quando a pessoa infectada é a mulher, existe uma preocupação adicional, porque pode ocorrer a transmissão vertical (da mamãe para o bebê). Nesse contexto, deve-se analisar a situação clínica da mulher. Em casos em que a carga viral está suficientemente baixa, é possível evitar a contaminação vertical por meio do uso de medicamentos e, também, no caso da hepatite B, do uso das vacinas. Assim, a gravidez pode ocorrer de maneira segura e confortável. Além disso, o parto vaginal pode ser contraindicado em algumas mulheres infectadas pelo HIV, bem como a amamentação com o objetivo de reduzir a contaminação do bebê.

Segundo a Agência de Vigilância Sanitária (ANVISA) no Brasil, o tratamento dos casais sorodiscordantes não podem ser realizados em qualquer serviço. No caso da FIV, é obrigatório ter um laboratório preparado, que possa oferecer o PCR e que apresente local adequado para armazenamento de material biológico excedente (espermatozoides, óvulos e/ou embriões) a fim de evitar a contaminação de outras amostras e mesmo evitar a contaminação por outras infecções.

Se você se enquadra no contexto dos casais sorodiscordantes, agende uma consulta e receba mais informações de como ter um bebê de forma segura e humanizada. Entre em contato e agende seu atendimento!

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Grávida com uma máscara em frente a barriga

Isolamento e distanciamento social, adiamento da concretização de muitos sonhos, crise econômica, desemprego, perda da liberdade e autonomia, stress, aumento da incidência de transtornos de ansiedade, sintomas depressivos, insônia, pessimismo, irritabilidade, frustrações, medo de morrer, entre outros. A pandemia agravou os problemas de saúde mental, modificou os valores humanos e o que era normal, comum e não apresentava valor aparente, tornou-se relíquia em época de COVID-19.

Para os casais que enfrentam a dificuldade para engravidar, o prejuízo da pandemia pode ser ainda maior porque a fertilidade feminina não para com o tempo! Especialistas americanos consideram que o stress gerado pela infertilidade e a proibição de avançar com seu tratamento são considerados um dos efeitos mais estressantes durante este cenário mundial, até mesmo comparável ao próprio enfrentamento do Covid-19.

Paralelamente, não há perspectiva de resolução da pandemia no Brasil e no mundo, inclusive com alguns países enfrentando a “segunda onda” de infecção pelo Covid-19. Por isto, é importante esclarecer informações relacionadas a infertilidade e gravidez para a retomada do tratamento nesta nova fase da vida humana! Quer saber como? Continue lendo este post!

O coronavírus impacta na fertilidade?

As informações sobre o impacto do coronavírus na fertilidade são escassos porque a infecção em humanos ainda é recente (o primeiro caso foi diagnosticado na China em novembro/2019). Até o momento, o vírus não foi identificado no sistema reprodutor feminino, secreção vaginal, líquido peritoneal ou líquido amniótico.

O coronavírus (SARS-CoV-2) tem como uma das portas de entrada no nosso corpo a ligação com os receptores ACE2 (é como se o vírus fosse uma “chave” que se liga aos receptores do corpo – “fechadura”). A ciência já demonstrou a presença destes receptores nos óvulos, embriões de quinto dia (blastocisto) e nos testículos (células de Leydig). Apesar destas considerações, não existe a certeza de que a infecção pelo Covid-19 possa prejudicar a fertilidade humana.

O que diz a ANVISA, SBRH e SBRA em relação a reprodução assistida?

Em 08 de outubro de 2020, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) atualizou as diretrizes para a realização de procedimentos de Reprodução Humana Assistida face a pandemia do coronavírus. Neste documento foi recomendado que as clínicas podem realizar o tratamento de reprodução assistida desde que mantenham os cuidados para reduzir o risco da infecção pelo coronavírus, inclusive com a solicitação de sorologia para Covid-19 nos casos suspeitos (tabela 1). Cada clínica deve estabelecer a sua rotina e é necessário observar as diretrizes regionais (estado e prefeitura) em relação à pandemia na sua região.

Neste documento, a ANVISA recomenda que doadoras de oócitos e espermatozoides sejam rastreados para sorologia (RT-PCR – swab nasal) para o Covid-19 até 05 dias antes da coleta de óvulos. Em caso de resultado positivo, a ANVISA contraindica a doação de gametas. Além disso, o processo de doação inclui os seguintes pré-requisitos:

  • Preenchimento do questionário de triagem clínica específico para rastreamento de sintomas relacionados ao Covid-19.Preenchimento de questionário específico de triagem da doadora;
  • Não iniciar o tratamento se houver sintomas relacionados ao Covid-19: se houver infecção, aguardar 28 dias depois da cura para iniciar o tratamento;
  • Pessoas sem sintomas com viagem internacional recente ou contato com pessoas infectadas pelo COVID-19 ou contato próximo com casos suspeitos em avaliação nos últimos 30 dias: devem iniciar o tratamento após 14 dias.
  • Caso a doadora desenvolva sintomas sugestivos de infecção pela COVID-19 ou tenha o diagnóstico confirmado por exame laboratorial positivo, a doação deve ser interrompida e reiniciada após 28 dias da cura.
  • As doadoras de oócitos devem ser orientadas a realizar isolamento social entre o início da estimulação ovariana até a captação oocitária.
  • As doadoras com resultados prévios de testagem sorológica com IgG positivo, IgM negativo e IgA negativo serão dispensadas do teste swab nasal. Como a possibilidade de reinfecção ainda é incerta, o RT-PCR poderá ser realizado nos casos de sintomas altamente suspeitos.

Tabela 1: Orientações para início do tratamento com base nos sintomas ou diagnóstico de Covid-19 segundo a ANVISA.

Tabela tratamentos de alta complexidade

 Qual o impacto do coronavírus para a futura mamãe?

A partir de 10 de abril de 2020, o Ministério da Saúde classificou gestantes e puérperas (mulheres que estão na fase pós-parto ou pós aborto) como grupo de risco para a Covid-19. Isto porque a gestante apresenta alteração do sistema imunológico (sistema de defesa do organismo) e pode ocorrer maior risco para infecções durante a gravidez.

Na grande maioria das gestantes, a infecção pelo Covid-19 apresenta sintomas leves (febre e tosse), sem necessidade de internação. A doença pode ser mais grave se houver fatores de risco como maior idade da futura mamãe, índice de massa corporal aumentado, pressão alta (hipertensão arterial crônica) e diabetes pré-existente.

Durante a gravidez, a mulher com Covid-19 pode apresentar maior risco de pré-eclâmpsia (aumento da pressão arterial durante a gravidez) e pode ocorrer maior taxa de aborto. Entretanto, o risco de mortalidade materna é muito baixo (menor do que 1-2,5%). Assim, se você está pensando em engravidar, alguns pontos devem ser considerados:

  • Se você é saudável, tem peso normal e não apresenta doenças crônicas, o risco relacionado ao Covid-19 é baixo.
  • É fundamental o uso de máscaras e realizar medidas de isolamento social.
  • Quanto maior a sua idade, maior o seu risco em relação a infecção pelo Covid-19.
  • A pandemia não tem prazo para acabar.
  • A fertilidade feminina diminui com o avanço da idade, principalmente após os 35 anos de idade.
  • A amamentação está liberada durante a infecção desde que a mulher utilize máscara.

 E para o bebê? Qual o impacto do Covid-19?

O risco de transmissão vertical (da mãe para o bebê) é mínimo, principalmente se o parto for vaginal. Quando a infecção ocorre no final da gravidez existe maior risco de nascimento prematuro (antes de 37 semanas de gestação) e necessidade de internação na UTI. Em alguns casos, também pode ocorrer o baixo peso ao nascimento. Entretanto, o risco de morte é baixo (em torno de 2,2, %).

Mensagem final

Converse com seu médico e estabeleça um planejamento seguro e adequado para não tomar decisões precipitadas, mas também não retardar medidas em tempo oportuno. Se você tem infertilidade, é importante receber aconselhamento sobre o declínio da vida reprodutiva em função da idade e ter uma avaliação da reserva ovariana. Consulte um especialista e vá em busca de concretizar os seus objetivos: juntos, podemos vencer os desafios relacionados à pandemia!

Referências:

Diriba K, Awulachew E, Getu E. The effect of coronavirus infection (SARS-CoV-2, MERS-CoV, and SARS-CoV) during pregnancy and the possibility of vertical maternal-fetal transmission: a systematic review and meta-analysis. Eur J Med Res. 2020 Sep 4;25(1):39.

Parazzini F, Bortolus R, Mauri PA, Favilli A, Gerli S, Ferrazzi E. Delivery in pregnant women infected with SARS-CoV-2: A fast review. Int J Gynaecol Obstet. 2020;150(1):41-46.

Smith V, Seo D, Warty R, Payne O, Salih M, Chin KL, Ofori-Asenso R, Krishnan S, da Silva Costa F, Vollenhoven B, Wallace E. Maternal and neonatal outcomes associated with COVID-19 infection: A systematic review. PLoS One. 2020 Jun 4;15(6):e0234187.

Torales J, O’Higgins M, Castaldelli-Maia JM, Ventriglio A. The outbreak of COVID-19 coronavirus and its impact on global mental health. Int J Soc Psychiatry. 2020;66(4):317-320.

Vaughan DA, Shah JS, Penzias AS, Domar AD, Toth TL. Infertility remains a top stressor despite the COVID-19 pandemic [published online ahead of print, 2020 Jun 5]. Reprod Biomed Online. 2020; S1472-6483(20)30314-X.

Amostras de sangue para PRP

O tratamento da infertilidade, muitas vezes, envolve desafios. Redução da quantidade de óvulos com o avanço da idade, endométrio fino e falha repetida no tratamento são alguns dos cenários que podem tornar a jornada longa e desgastante. Por isso, a ciência trabalha constantemente para desenvolver técnicas que possam melhorar o resultado: o nascimento do bebê!

Mais recentemente, o PRP tem demonstrado resultados iniciais promissores. Quer entender o que é e como funciona essa técnica? Continue lendo, pois o artigo de hoje traz o que você precisa saber sobre esse assunto.

Afinal, o que é o plasma rico em plaquetas?

O plasma rico em plaquetas (PRP) é definido como a parte líquida do sangue (plasma) que contém grande quantidade de plaquetas. As plaquetas são pequenos fragmentos de células produzidas na medula óssea e tem a função de controlar o sangramento (coagulação) por meio da produção de substâncias (fatores de crescimento e citocinas) e da formação de novos tecidos e vasos sanguíneos.

Quando ocorre um ferimento no nosso corpo, as plaquetas, seus fatores de crescimento, citocinas, os glóbulos brancos e outros mecanismos ativam a coagulação para que ocorra a cessação do sangramento e a formação de novos tecidos para restauração ao estágio saudável.

A partir deste “efeito regenerativo” de tecidos e formação de novos vasos sanguíneos (neovascularização), o PRP passou a ser investigado em diferentes áreas da medicina: cirurgia plástica, enxerto de pele, ossos e músculos, odontologia e, mais recentemente, na reprodução humana.

Um estudo realizado na Grécia com mulheres que apresentaram baixa reserva ovariana demonstrou redução dos níveis de FSH (67,3%), aumento do nível do AMH (75,2%) e, até a publicação do estudo, uma gestação espontânea e um nascimento. Esses dados preliminares demonstram que o PRP é uma técnica promissora para mulheres com baixa reserva ovariana, mas que ainda é considerada experimental e necessita ter sua segurança e benefício comprovados.

Em junho deste ano, esses autores publicaram um novo artigo que demonstrou resultados ainda mais promissores — aplicação por meio da punção ovariana por, no mínimo, dois meses (uma aplicação/mês):

  • restauração da menstruação, melhoria do FSH, AMH e contagem de folículos (estruturas dos ovários que contêm os óvulos): 18 de 30 mulheres (60%);
  • resposta ao PRP: 13 de 30 mulheres (43,3%)

Quando estaria indicado o PRP no contexto da reprodução assistida?

Na área da reprodução humana, o PRP tem sido mais estudado em dois cenários:

  1. Rejuvenescimento ovariano: tem como objetivo restaurar a capacidade de a mulher de produzir novos óvulos. Os principais grupos que se beneficiariam da técnica são mulheres com insuficiência ovariana prematura (“menopausa precoce”), mulheres com menopausa que apresentam menos de 50 anos ou mulheres com infertilidade associada a baixa reserva ovariana.
  2. Endométrio fino: quando o endométrio (camada interna do útero) não se desenvolve adequadamente e sua espessura não aumenta o suficiente (menor que 6-7 mm) para receber o embrião, definimos o diagnóstico de endométrio fino. O uso do PRP dentro da cavidade do útero parece aumentar o aporte sanguíneo para o endométrio e, consequentemente, sua espessura. Estudos preliminares realizados na China demonstraram maior taxa de sucesso da FIV, mas essa informação ainda deve ser confirmada em estudos científicos com maior número de pessoas.

Como é realizado o PRP?

A técnica é realizada em duas fases:

  • preparação da amostra de PRP: consiste na coleta de sangue periférico. Que é centrifugado para a separação das células brancas, vermelhas, plasma e das plaquetas. A partir da velocidade e do número de repetições desse processo obtém-se uma quantidade maior ou menor de plaquetas;
  • aplicação do PRP: nos ovários, o uso do PRP pode ser realizado por via cirúrgica ou não cirúrgica (guiada por ultrassonografia, como se fosse a punção para coleta de óvulos na FIV); no endométrio, o PRP é aplicado através de um cateter (semelhante ao cateter da inseminação artificial ou da transferência embrionária) dentro da cavidade uterina. Nesse último caso, o procedimento é realizado a partir do oitavo dia e pode ser repetido durante o preparo do endométrio para a transferência embrionária.

Como ter acesso ao tratamento?

A utilização do PRP na reprodução assistida ainda é considerada experimental porque os estudos são escassos. Por isso o CEFERP não realiza o PRP para rejuvenescimento ovariano, apenas para alguns casos de endométrio fino de acordo com a avaliação médica.

Referências:

Sfakianoudis K, Simopoulou M, Grigoriadis S, Pantou A, Tsioulou P, Maziotis E, Rapani A, Giannelou P, Nitsos N, Kokkali G, Koutsilieris M, Pantos K. Reactivating Ovarian Function through Autologous Platelet-Rich Plasma Intraovarian Infusion: Pilot Data on Premature Ovarian Insufficiency, Perimenopausal, Menopausal, and Poor Responder Women. J Clin Med. 2020 Jun 10;9(6):1809.

Sfakianoudis K, Simopoulou M, Nitsos N, Rapani A, Pantou A, Vaxevanoglou T, Kokkali G, Koutsilieris M, Pantos K. A Case Series on Platelet-Rich Plasma Revolutionary Management of Poor Responder Patients. Gynecol Obstet Invest. 2019;84(1):99-106.

Chang Y, Li J, Wei LN, Pang J, Chen J, Liang X. Autologous platelet-rich plasma infusion improves clinical pregnancy rate in frozen embryo transfer cycles for women with thin endometrium. Medicine (Baltimore). 2019;98(3):e14062.

Kim H, Shin JE, Koo HS, Kwon H, Choi DH, Kim JH. Effect of Autologous Platelet-Rich Plasma Treatment on Refractory Thin Endometrium During the Frozen Embryo Transfer Cycle: A Pilot Study. Front Endocrinol (Lausanne). 2019;10:61

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epigenética

Resistência, impotência, sensação de incapacidade e de falta de controle da fertilidade (“quero, mas não posso”), reflexão e, por fim, resiliência! Esses são alguns dos sentimentos do turbilhão que envolve a pessoa ou casal que precisa de óvulos doados para gerar o seu bebê!

A ovodoação/ovorecepção é um tratamento dividido entre duas famílias. Para a doadora, o altruísmo, a solidariedade, generosidade e a redução dos custos do tratamento auxiliam na concretização do sonho de ter um bebê. Para a receptora, uma luz no fim do túnel reascende a esperança de alcançar a maternidade.

Por outro lado, uma das perguntas mais frequentes é sobre quando a ovorecepção é o tratamento indicado: mas o bebê gerado com óvulo de doadora vai ser meu filho? Vai ter minhas características? Vai ter o meu DNA? E a epigenética pode responder de forma abrangente e satisfatória a todos esses questionamentos.

Afinal, o que é epigenética? Pensando no assunto, separamos a seguir os principais conceitos e informações sobre o tema. Acompanhe e descubra como isso pode afetar a vida dos seus futuros filhos!

O que é epigenética?

Cada célula do nosso corpo tem um patrimônio de informações que coordena as funções do nosso organismo e determina nossas características físicas, emocionais e biológicas. Esse patrimônio é chamado de código genético. Nos seres humanos, essas informações estão presentes na forma de ácido desoxirribonucleico, o DNA.

O DNA é uma longa fita que tem milhares de genes. Os genes funcionam de acordo com a localização da célula (por exemplo: células do nariz ativam genes relacionados ao olfato, da boca se relacionam ao paladar, do estômago estão relacionadas à digestão etc.). Nossos hábitos de vida também podem ativar ou desativar genes, favorecendo ou evitando o desenvolvimento de doenças — são verdadeiras chaves de liga e desliga comandadas por uma vida saudável ou por hábitos inadequados.

Na reprodução humana, o óvulo e o espermatozoide carregam uma parte do DNA materno e paterno, respectivamente. Após a fecundação, essas células se combinam para a formação de um novo ser que terá um misto de características de ambos os seus genitores. Assim, o embrião sempre terá o DNA do óvulo e do espermatozoide, mesmo que o bebê seja gerado pela receptora. Entretanto, a epigenética pode interferir na forma como o DNA vai funcionar, o que pode mudar toda a sensação em relação a ovorecepção!

Epigenética é a capacidade de modificar as características hereditárias sem alterar a estrutura e sequência de DNA. Ou seja, existem fatores ou gatilhos que são capazes de ativar ou desativar o funcionamento dos genes do nosso corpo (trata-se de mudar o funcionamento dos genes). Veja alguns exemplos.

  1. Se uma doadora de óvulos é sedentária, tem tendência a obesidade e distúrbios do metabolismo ou mesmo pressão alta, essa mulher tem predisposição para gerar bebês com essas alterações. Entretanto, se ela modificar seu estilo de vida ou se os seus óvulos formarem o bebê de uma receptora com vida saudável, a epigenética pode favorecer o “bloqueio” da função dos genes relacionados a esses distúrbios metabólicos ou cardiovasculares e o bebê terá menor risco de apresentar aquelas doenças ao longo da vida.
  2. Se uma doadora de óvulos é saudável, mas o bebê é gerado por mulheres com hábitos de vida inadequado, a epigenética pode “ativar” alguns genes que favorecerão o desenvolvimento de doenças no bebê.

Quais as principais doenças relacionadas a epigenética?

  • hipertensão arterial sistêmica (pressão alta);
  • diabetes mellitus tipo 2;
  • doenças cardiovasculares;
  • doenças pulmonares;
  • doenças psiquiátricas;
  • síndrome dos ovários policísticos;
  • dislipidemia (Alteração no colesterol e triglicerides);
  • puberdade precoce.

Qual a relação entre a epigenética e a recepção de óvulos?

A epigenética tira aquela sensação ruim em relação a ovorecepção. Para compreender e auxiliar na aceitação sobre ovorecepção, aqui vão algumas dicas:

  • embrião é apenas o início da vida: quando ocorre a transferência embrionária para o útero é importante lembrar que o embrião tem no máximo cento e poucas células. Essas células só vão se multiplicar se a gestante fornecer nutrientes e dar suporte para que ele continue se desenvolvendo. Então, quem mantém e continua a vida do embrião é a gestante e não quem forneceu o óvulo;
  • embriões de mesma origem genética serão diferentes: embriões de mesma origem genética que se desenvolvem em mulheres diferentes também serão diferentes. Isso se deve à epigenética e também à variação genética que é típica do ser humano. Basta observar uma família com vários filhos: as crianças podem até ter alguma semelhança entre si, mas elas são diferentes física e emocionalmente;
  • características físicas: a epigenética não é capaz de modificar as características físicas. Entretanto, o Brasil é um país muito misturado com grande miscigenação genética. Não é incomum pessoas morenas terem filhos brancos ou pais brancos com filhos morenos. Assim, apesar de a epigenética não influenciar nesse aspecto, é muito tranquilo ter um filho gerado com óvulo de doadora e ainda apresentar traços físicos da receptora;
  • características emocionais: embora discutível, a epigenética pode estar associada à personalidade e aspectos psicológicos entre a receptora e seu bebê. Por exemplo: se você é mais calma e a sua doadora é mais agitada, seu bebê pode herdar aspectos de sua personalidade tranquila e vice-versa;
  • afinal, o bebê vai se meu filho? A maternidade ou paternidade é uma experiência. Geramos, educamos e preparamos nossos filhos para a vida. Existem várias maneiras de ser pai e mãe, de constituir uma família. A ovorecepção permite que a mulher tenha a gestação do seu “filho adotivo” com a vantagem de se estabelecer um vínculo bem precoce, desde os primeiros momentos da vida dele. Além disso, não tem burocracia e ocorre a necessidade do anonimato.

Não perca mais tempo! Agende uma consulta com um médico especialista e discuta pontos positivos e negativos da ovorecepção. Faça uma reflexão e vire a página de sua história para que você possa construir novos caminhos. Gostou de saber mais sobre a epigenética? Curta nossa página no Facebook para ter acesso a mais conteúdos como este!

diagnóstico genético pré-implantacional

Em algumas situações, o tratamento de reprodução assistida não resulta na gestação. Isso pode ser decorrente, entre outras coisas, de possíveis alterações cromossômicas no embrião, que interferem em seu desenvolvimento. Em tais casos, o diagnóstico genético pré-implantacional é uma alternativa que pode otimizar as chances de sucesso.

A técnica também é usada em situações específicas, como quando existe risco de doenças hereditárias, em históricos de abortamento de repetição ou mesmo em algumas condições, como idade materna avançada. Nesses casos, a análise do embrião é realizada antes da transferência para o útero materno, durante o tratamento de fertilização in vitro (FIV).

Quer entender melhor o que é e quando o diagnóstico genético pré-implantacional é recomendado? Continue a leitura de nosso artigo!

O que é o diagnóstico genético pré-implantacional?

O diagnóstico genético é uma avaliação da carga genética do embrião formado por reprodução assistida, durante a FIV. O objetivo normalmente é fazer uma busca ampla para detectar qualquer anormalidade ou alteração cromossômica que possa interferir no seu desenvolvimento, mas também pode ser realizado para identificar uma doença específica, presente no histórico dos genitores ou seus familiares.

A prática pode otimizar as taxas de sucesso dos tratamentos reprodutivos, uma vez que permite uma análise mais criteriosa dos embriões, e desta forma, mais assertividade na seleção para transferência. Normalmente, embriões com alterações genéticas não se desenvolvem de forma adequada, o que dificulta a implantação no útero materno ou, quando isso ocorre, a gestação pode ser interrompida por um aborto espontâneo.

Assim, esse teste é discutido em alguns casos específicos, como:

·        casais com histórico de doenças genéticas na família ou alterações no cariótipo;

·        idade materna acima de 40 anos;

·      insucesso em tratamentos de fertilização anteriores ou abortamento de repetição;

·        casais que desejam potencializar a transferência de embrião único;

·        entre outras possíveis indicações.

Desde 2018, os laboratórios de reprodução humana passaram a chamar essa análise diagnóstica de teste genético pré-implantacional (PGT), de forma a padronizar a nomenclatura dos diferentes procedimentos de diagnóstico genético, que passaram a ser denominados PGT-A e PGT-M. Confira, a seguir, as características de cada um.

PGT-A

A letra A da sigla refere-se à aneuploidia. Ou seja, nesse teste é feita uma espécie de varredura total nos 24 pares de cromossomos embrionários para identificar se existe alguma alteração, seja estrutural ou de número, como as síndromes de Down, de Patau ou de Edwards, que se relacionam a presença de cromossomos adicionais e normalmente estão relacionadas a fatores como idade materna avançada.

O PGT-A também possibilita identificar os casos de mosaicismo embrionário, que são mais raros e ocorrem quando há diferentes linhagens genéticas em um mesmo embrião.

PGT-M

Nessa sigla, a letra M é referente à monogenia, ou seja, um único gene. Esse diagnóstico do embrião tem o intuito de identificar doenças monogênicas hereditárias (ligadas a genes específicos), tais como fibrose cística, doença de Huntington e anemia falciforme.

Como é feito o teste genético?

Após a fertilização in vitro são retiradas algumas células do embrião, por meio de uma biópsia. Nesse processo são retiradas células do trofectoderma, que vão dar origem à placenta. Para que a biópsia seja realizada o ideal é que o embrião esteja na fase de blastocisto, estágio atingido após cinco ou seis dias da fertilização. A realização deste procedimento é considerada muito segura, desde que seja realizada por um embriologista experiente.

Depois de biopsiado, o embrião permanece criopreservado aguardando o resultado da análise genética, feita em laboratório específico, para posterior transferência ao útero.

Vale ressaltar que algumas doenças não podem ser detectadas por esse método de diagnóstico. É o caso, por exemplo, do autismo e de algumas malformações congênitas, como fissura labial. Isso ocorre pois algumas alterações do desenvolvimento embrionário e fetal não têm origem puramente genética, sendo decorrentes de múltiplas variáveis.

Quando o diagnóstico identifica os embriões viáveis, eles estão aptos a prosseguirem com o tratamento de reprodução assistida. Ou seja, o embrião está apto a ser transferido para o útero, quando for o desejo da paciente ou casal. Vale explicar que as etapas para a realização da FIV com o estudo genético dos embriões, a princípio, são as mesmas de qualquer tratamento de fertilização in vitro, ou seja, inicialmente é feita a estimulação ovariana, com a coleta de óvulos, que são fecundados com os espermatozoides em laboratório. A necessidade de realizar o PGT-M pode trazer algumas particularidades, sendo a principal delas a necessidade de confeccionar uma sonda genética prévia ao procedimento, com o intuito de identificar o(s) gene(s) que serão pesquisados no embrião. Outra particularidade é que quando realizamos o estudo genético embrionário, geralmente é indicado o congelamento dos embriões para aguardar a liberação do laudo do estudo e programar a transferência embrionária após.

FIV com PGT

Como explicamos, o passo a passo da FIV com o teste genético pré implantacional é muito semelhante a uma FIV convencional. Porém, algumas particularidades podem ser discutidas individualmente. Ao realizarmos esse estudo genético, podemos obter mais segurança no tratamento (por excluir possíveis alterações hereditárias), bem como maior assertividade nas transferências. Isso pode levar a maiores taxas de sucesso em alguns casos específicos, após o diagnóstico.

Outro ponto importante da realização da análise genética é o objetivo de diminuição de tentativas sem sucesso, diminuindo o luto e a jornada das famílias. Como há um refinamento maior na seleção dos embriões, espera-se que a paciente necessite de menos transferências embrionárias, passando assim por menos testes de gravidez negativos. A análise genética não é garantia de gestação, mas possibilita que embriões não viáveis não sejam transferidos para o útero materno.

E o que é PGD?

Embora algumas pessoas ainda utilizem essa nomenclatura, o termo PGD, que se refere ao diagnóstico genético pré-implantacional, foi substituído pelo PGT. Ou seja, trata-se do mesmo procedimento descrito, de biópsia do embrião para análise pré-implantacional.

Antes da atual nomenclatura, o PGD equivalia ao PGT-M, identificando as doenças monogênicas. Já o termo PGS definia o rastreamento genético para várias anomalias cromossômicas, hoje conhecido como PGT-A.

O diagnóstico genético pré-implantacional é um procedimento ético?

Do ponto de vista médico, a resposta é afirmativa. Esse procedimento tem indicações específicas e sua realização está prevista na última Resolução (2.168/2017) do Conselho Federal de Medicina, que versa sobre a Reprodução Humana. No entanto, é importante ter cautela com a indicação do estudo genético. A seleção de características ou puramente escolha do sexo não são permitidas pelo Conselho Federal de Medicina. Além disso, a análise genética do embrião pode esbarrar em crenças individuais e religiosas do casal. Por isso, esse é um aspecto bastante pessoal, que merece ser analisado e discutido com cuidado.

De qualquer forma, existem muitos valores envolvidos. Casais que passam por inúmeros procedimentos e convivem com a frustração dos tratamentos sem sucesso, por exemplo, podem se beneficiar dessa técnica. Afinal, pode ser possível encurtar a jornada rumo à maternidade, otimizar as tentativas e, ainda, reduzir o risco de aborto ou de síndromes, tornando o caminho em busca do bebê mais tranquilo e seguro.

O tratamento individualizado e dentro dos limites éticos proporciona diversos benefícios, especialmente por reduzir o custo emocional ao qual os casais estão expostos. Isso envolve não só a própria realização do estudo genético, mas o atendimento e acolhimento do casal como um todo, proporcionando mais liberdade, transparência e muito diálogo com a equipe de especialistas para que se possa traçar o melhor caminho, único para cada paciente e sua história.

Como encontrar uma clínica que realize esse diagnóstico?

Normalmente, ao procurar um tratamento reprodutivo, o casal já pode estar fragilizado, seja pelo tempo de tentativas frustradas de gestação espontânea, seja pelo insucesso de outros procedimentos.

Assim, é fundamental buscar uma clínica em que o casal possa se sentir confiante e amparado, com um bom laboratório de reprodução humana, com profissionais qualificados e que utilizem os métodos mais modernos disponíveis nos tratamentos e procedimentos laboratoriais.

No CEFERP, a técnica é aplicada em parceria com a Igenomix, que conta com avançada tecnologia e uma equipe pioneira no estudo genético embrionário. Com o uso das melhores práticas e tecnologia de ponta, o diagnóstico genético pré-implantacional vem crescendo, ganhando espaço e proporcionando cada dia mais gestações saudáveis.

Continue a visita em nossa página para saber mais sobre essa técnica e os procedimentos necessários. Grande parte das dificuldades podem ser contornadas e, com o tratamento adequado, é possível realizar o sonho da maternidade!

duostim

Adiar a maternidade é muito comum no cotidiano da mulher moderna. Muitas estão inseridas no mercado de trabalho, são independentes e adiam a gravidez para uma fase de estabilidade profissional, financeira e conjugal. Entretanto, infelizmente, nem sempre esse planejamento coincide com a melhor fase para engravidar, pois o potencial reprodutivo começa a declinar de forma mais acentuada a partir dos 35 anos. Por isso, a American Society for Reproductive Medicine (ASRM) recomenda que mulheres com 35 a 40 anos tentem engravidar espontaneamente por no máximo 6 meses e para aquelas com mais de 40 anos, a investigação das causas de infertilidade deve ser imediata.

Como muitas mulheres vão precisar da FIV para engravidar porque apresentam redução do potencial reprodutivo (baixa reserva ovariana), estratégias que potencializem as taxas de nascimento do bebê podem tornar a jornada curta, segura e confortável. Nesse cenário, o Duostim tem apresentado resultados promissores. Acompanhe este post e saiba mais sobre o assunto!

O que é o Duostim?

Tradicionalmente, a estimulação ovariana na FIV se inicia nos primeiros dias da menstruação (fase folicular precoce) e tem duração média de 10 dias. Por volta do 12º dia é realizada a coleta de óvulos e, se não houver nenhuma intercorrência ou procedimento adicional, a transferência dos embriões para o útero é realizada após 2 a 5 dias.

Para mulheres com câncer que desejam preservar a fertilidade, a estimulação ovariana pode ser iniciada em qualquer fase do ciclo menstrual, pois essas mulheres não têm muito tempo para aguardar a menstruação para iniciar o tratamento. Quando possível, uma nova estimulação poderá ser realizada 2 a 5 dias da primeira coleta ovariana para tentar obter maior número de óvulos antes do tratamento oncológico (dupla estimulação ovariana).

Inicialmente descrito para mulheres com câncer, o Duostim é a dupla estimulação ovariana no mesmo ciclo menstrual, ou seja, no mesmo ciclo são realizadas duas punções ovarianas com o objetivo: de aumentar o número de óvulos e, consequentemente, de embriões.

Quando está indicado o Duostim?

Habitualmente o Duostim foi criado para economizar tempo antes do tratamento oncológico. Recentemente, o Duostim foi utilizado para mulheres com baixa reserva ovariana (redução do potencial reprodutivo). Essa estratégia foi realizada para aumentar o número de óvulos captados em um mesmo ciclo menstrual e, consequentemente, as taxas de gravidez.

Dados preliminares demonstram que o número de óvulos, embriões, taxa de embriões saudáveis geneticamente (euplóides) são semelhantes entre a primeira e a segunda coleta. Entretanto, ainda não há informações sobre a taxa de nascimento de bebês.

Do ponto de vista prático pode-se dizer que o Duostim é para quem pode e não para quem quer! O ideal é que a quantidade de folículos (estruturas do ovário que contêm o óvulo) antes da 2ª estimulação seja ≥ em relação a 1ª estimulação (basal), pois se for iniciada a segunda estimulação com número de folículos muito menor, a quantidade de óvulos captados poderá ser mais reduzida. Nos casos de menor número de folículos antes da segunda estimulação, seria prudente aguardar a menstruação e realizar nova avaliação em outro momento.

Assim, há duas indicações para o Duostim: 1. Pacientes oncológicas; 2. Mulheres com baixa reserva ovariana ou má resposta prévia (três óvulos ou menos captados em ciclos prévios).

Quais as vantagens e desvantagens Duostim?

A indicação do Duostim deve ser realizada com cautela! Ainda faltam estudos de boa qualidade para verificar a real eficácia dessa técnica!

As duas principais vantagens do Duo Stim são: possível aumento do número de óvulos/embriões e redução do tempo para alcançar a gravidez. Entre as desvantagens, pode-se dizer que a segunda estimulação do Duostim pode demorar mais e, consequentemente, a quantidade de medicamentos pode ser maior, o que eleva o custo do tratamento.

Converse com o seu médico especialista e verifique se do Duostim pode ser uma estratégia para você vencer a infertilidade. Acompanhe nossos canais e conheça outras alternativas para a baixa reserva ovariana.

Referências:

Ubaldi FM, Capalbo A, Vaiarelli A, Cimadomo D, Colamaria S, Alviggi C, Trabucco E, Venturella R, Vajta G, Rienzi L. Follicular versus luteal phase ovarian stimulation during the same menstrual cycle (DuoStim) in a reduced ovarian reserve population results in a similar euploid blastocyst formation rate: new insight in ovarian reserve exploitation. Fertil Steril. 2016;105(6):1488-1495.e1.

Vaiarelli A, Cimadomo D, Trabucco E, Vallefuoco R, Buffo L, Dusi L, Fiorini F, Barnocchi N, Bulletti FM, Rienzi L, Ubaldi FM. Double Stimulation in the Same Ovarian Cycle (DuoStim) to Maximize the Number of Oocytes Retrieved From Poor Prognosis Patients: A Multicenter Experience and SWOT Analysis. Front Endocrinol (Lausanne). 2018; 9:317.

Practice Committee of American Society for Reproductive Medicine. Definitions of infertility and recurrent pregnancy loss: a committee opinion. Fertil Steril. 2020; 113(3):533-535.

Homem dando beijo na cabeça da mulher com lenço, como alguém que passou por quilioterapia

Maternidade ou paternidade após tratamento de quimioterapia: conheça as técnicas de preservação da fertilidade

Entenda como a preservação da fertilidade, técnica de reprodução humana assistida, pode auxiliar quem vence o câncer a realizar o sonho de ter um bebê.

Aproximadamente 10% dos casos de câncer ocorrem durante a idade reprodutiva e, por causa do tratamento, muitas vezes a maternidade/paternidade necessita ser adiada.

Nos últimos anos, o desenvolvimento de tratamentos efetivos de combate ao câncer tem reduzido a mortalidade e, consequentemente, a sobrevida tem tido aumento significativo. Por isso, após período adequado livre da doença, muitas pessoas desejam concretizar o sonho de ter um bebê! Entretanto, se não houver um planejamento reprodutivo rápido, seguro e objetivo, pessoas com câncer poderão ter dificuldade para engravidar no futuro.

Apesar dos benefícios do tratamento oncológico, a redução da fertilidade devido à quimioterapia/radioterapia ou mesmo a cirurgia pode esgotar definitivamente a possibilidade de gestação com gametas próprios (óvulos ou espermatozoides). E após o controle efetivo do câncer, a infertilidade pode trazer repercussões emocionais/sociais, desrespeitando a autonomia e desejo da pessoa!

Para minimizar estes prejuízos, a preservação da fertilidade pode aumentar a esperança de ter filhos no futuro utilizando óvulos, espermatozoides ou embriões congelados antes do tratamento do câncer. Você quer saber mais sobre a preservação da fertilidade? Então continue lendo este post!

Quais as técnicas disponíveis para a preservação da fertilidade em pessoas com câncer?

Existem técnicas regulamentadas (congelamento de óvulos, embrião e sêmen) e experimentais (congelamento de tecido ovariano e testicular) para preservar a fertilidade. Mais recentemente, o Oncofertility Consortium, uma renomada sociedade internacional, tem considerado o congelamento de tecido ovariano como uma técnica regulamentada. Entretanto, o sucesso futuro para alcançar a gestação com esta técnica ainda apresenta resultados pouco efetivos. A seguir, serão descritas as principais causas de preservação da fertilidade:

  • Congelamento de embrião: o casal é submetido a fertilização in vitro (FIV) de emergência. A estimulação ovariana com hormônios pode ser iniciada em qualquer fase do ciclo, não sendo necessário aguardar a menstruação.
    No Brasil, a resolução nº 2168/2017 do Conselho Federal de Medicina (CFM) recomenda que os embriões devam ficar congelados por no mínimo 03 anos.
    O congelamento embrionário para preservação da fertilidade envolve a participação do casal e durante a fase do diagnóstico do câncer, a logística pode ficar complicada, principalmente se o parceiro for a pessoa acometida pelo câncer.
    Além disso, o congelamento de embriões para preservação da fertilidade retira a autonomia dos cônjuges, visto que o uso dos embriões deverá ser autorizado pelo casal no futuro (embora existam algumas cláusulas que podem garantir o uso futuro na ausência de um dos parceiros).
  • Congelamento de óvulos: a mulher é submetida a estimulação ovariana de urgência em qualquer fase do ciclo menstrual, mesmo se estiver utilizando anticoncepcional.
    Neste procedimento são realizados vários exames de ultrassom para controle do crescimento folicular (estrutura ovariana que contém o óvulo).
    Após um período de aproximadamente 10 a 14 dias de estimulação dos ovários, os óvulos podem ser captados através da punção ovariana sob sedação e posteriormente congelados em nitrogênio líquido (vitrificação).
    O congelamento de óvulos é a técnica de primeira escolha para mulheres com câncer porque os óvulos mantem a autonomia reprodutiva feminina e podem ser descartados a qualquer momento, sem necessidade de autorização do cônjuge.
  • Congelamento de sêmen: trata-se de uma técnica consolidada nos serviços de reprodução assistida para preservação da fertilidade masculina.
    Antes do congelamento, é necessário fazer alguns exames de sangue. Assim como os óvulos, não existe tempo limite para armazenamento das amostras seminais congeladas e estas amostras podem ser utilizadas/descartadas a qualquer momento, sem necessidade de autorização da parceira.
  • Congelamento de tecido ovariano e testicular: são técnicas experimentais que ainda necessitam de comprovação da eficácia. Por isto, não são realizados de rotina.
    O congelamento do tecido ovariano/testicular representa a única opção de preservar a fertilidade em crianças na fase pré-puberal ou em pacientes que tem poucos dias para iniciar a quimioterapia.
    Esta técnica consiste em retirar um pedaço do ovário ou testículo para realizar o congelamento. Após o tratamento oncológico, o fragmento pode ser descongelado e reimplantado no organismo.

Na figura abaixo estão representados as principais técnicas utilizadas na reprodução assistida para preservação da fertilidade de acordo com a fase da vida.

Técnicas de Preservação da Fertilidade

Tenho câncer! Se eu decidir preservar a fertilidade, vou atrasar o início do meu tratamento oncológico?

A maior barreira para a preservação da fertilidade é a falta de encaminhamento em momento oportuno, antes do início do tratamento oncológico.
Ao se indicar o tratamento do câncer, a paciente tem algumas semanas (2 a 3) para se preparar para a quimioterapia/radioterapia, e, na maioria das vezes, este tempo é suficiente para a realização da estimulação dos ovários e captação dos óvulos sem atrasar de forma significativa o tratamento do câncer ou alterar as chances de cura.

Tive câncer e já fiz o tratamento! Como posso gerar um bebê?

Se você já passou por algum tratamento de câncer e deseja gerar um bebê, a primeira coisa a se fazer é uma consulta com um especialista em reprodução humana. Inicialmente, você será submetida a história clínica e a avaliação da sua fertilidade (reserva ovariana).

Com a informação do tipo de quimioterapia ou o local da radioterapia ou o tipo de cirurgia, bem como após a avaliação ultrassonográfica dos ovários e a checagem dos exames de sangue, o médico poderá verificar qual a melhor alternativa para você: 1) FIV com óvulos próprios; ou 2) FIV com óvulos de doadora anônima.

No caso dos homens, é importante o congelamento seminal antes do tratamento oncológico. Após um período livre da doença, é importante repetir o espermograma para verificar como está a produção de espermatozoides depois do tratamento do câncer. Alguns homens podem voltar a produzir espermatozoides depois de vencer a doença.

No caso das amostras congeladas, após o descongelamento é possível obter a gravidez através da inseminação artificial ou da FIV. Para isso, é importante avaliar a parceira e verificar a quantidade de espermatozoides antes e após o congelamento.

Se você está enfrentando a batalha contra o câncer, converse com seu oncologista e discuta sobre a possibilidade de realizar a preservação da fertilidade. Armazenar seus gametas pode reduzir sofrimento no futuro e oferece a possibilidade de você aumentar sua família. Para saber mais sobre assuntos relacionados a reprodução assistida, acompanhe nossos canais!

Perfil no Doctoralia
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